A pedagogia Tradicional ontem e hoje
Um olhar sobre a pedagogia tradicional, no seu início e nos dias atuais.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo
A pedagogia tradicional teve seu inicio no século XIX, passou com grande força para o século XX e ainda perduram raízes dela pelo século XXI. Reconhecida como tendência liberal, esta chegou como pioneira e sem muitas mudanças ela fora sempre muito bruta, pois faltaram modificações drásticas, já que esta foi substituída pelo paradigma posterior tempos mais tarde. A pedagogia tradicional deixou muitas marcas em função de ser a primeira a ser aplicada, contudo sua queda era questão de tempo á que não fora analisada com o contexto psicológico, visto que esta ciência surgiria anos mais tarde, até hoje se sabe de características dessa pedagogia porque ela fora implantada e de certa forma foi muito efetiva no seu ideal.
Palavras Chave: Pedagogia Tradicional; Educação; Sociedade.
No inicio do século IX surgem os sistemas nacionais de ensino e se embasavam no que dizia que a educação é direito de todos e dever do estado, nisto a educação é visada diretamente no orientador e com sabe em fazer os indivíduos venceram a barreira da ignorância, ou seja, a questão era fazer com os esses indivíduos pensassem por si só, como diz Saviani, “o objetivo é transformar os súditos em cidadãos”, fazer com eles se libertem dessas grilhetas através do esclarecimento e do esforço próprio, fato este que só poderia ser feito pela escola já que alienação era muito grande em vários sentidos.
Então o papel da escola tradicional é justamente fazer com que o aluno cresça pelo próprio mérito a partir do professor que repassa a eles todo o conhecimento obtido pela humanidade, de uma forma extremamente mecânica, fria e crua, e de uma forma generalizadora na qual as particularidades são eram respeitadas, alunos sempre seriam alunos independente das especificidades, e o professor seria o dono do saber e do conhecimento, deixando assim vigente a posição do professor como sujeito ativo, e o aluno como sujeito passivo, sujeito este que deveria apenas receber o conhecimento e por si só desenvolver suas características sociais, políticas e humanas em geral de uma forma que os menos capazes ficariam para trás nessa escala de desenvolvimento.
“O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Assim, os menos capazes devem lutar para superar as dificuldades e conquistar um lugar junto aos mais capazes. Caso não consigam, devem procurar um ensina mais profissionalizante.” (GÔNGORA. 1985, p. 23).
Com isso podemos notar que a educação vinha direta de um professor que não se preocupava com aluno e sim com o conhecimento repassado, os alunos menos capazes, deveriam procurar um curso que seria mais profissionalizante, ou seja, um curso de puro ensino sem desenvolvimento humano. Vemos então que o professor é o centro do processo educativo e sendo o responsável pela transmissão dos conteúdos ele deve ser muito bem preparado e desta forma é visto como um “Mestre todo poderoso”, o doutor de toda a sapiência e incontestável.
A experiência relevante que o aluno deve vivenciar é a de ter acesso democrático às informações, conhecimento e idéias, podendo assim conhecer o mundo físico e social. Enfatiza-se a disciplina intelectual para o que se necessita de atenção e concentração, silêncio e esforço. A escola é o lugar por excelência onde se raciocina e o ambiente deve ser convenientemente austero para o aluno não se dispersar, de tal forma que o interesse seja dos alunos em geral, o ensino aberto para eles e para eles irem atrás e demonstrarem essa vontade de aprender.
A pedagogia tradicional é marcada por um ensino baseado em verdades impostas, os conteúdos repassados eram basicamente os valores sociais acumulados com o passar dos tempos com o intuito de prepará-los para a vida, e esses conteúdos são determinados pela sociedade e ordenados na legislação independente da experiência do aluno e das realidades sociais, fazendo com que a pedagogia tradicional seja vista como enciclopedista.
O ensino independia do aluno, pois este não tinha o poder de contestar e nem de dar a sua opinião, neste caso cabia ao aluno a função da aprendizagem crua e decorativa, e ao professor a função do ensino direto e sem delongas.
As grandes realizações da humanidade também tinham uma ênfase muito grande ente a esses conteúdos, sendo este ensino considerado enciclopedista, os conhecimento da humanidade eram todos repassados de uma forma decorativa e repetitiva para que o conhecimento se firmasse na cabeça.
Os conteúdos realmente eram bem aplicados aos alunos, a capacidade cognoscitiva deles era muito apurada, pois eles decoravam todo o conteúdo, porém a parte da inteligência em si era muito fraca, o desenvolvimento dos alunos dependia da vontade própria deles.
O método dos professores, o conteúdo e a avaliação eram todos de poder decisório deles, a explanação oral era à base do compartilhamento de conhecimento, as aulas eram todas preparadas de forma minuciosa, sendo que a explanação e até a analise eram todas feitas pelo professor, direcionando o aluno para onde se queria, dentre as características do método a aplicação de conteúdo repetitivo de forma que aluno decorasse, a falta de dinamismo fazia com que certos alunos prendessem e outro não, já que a capacidade de aprendizagem varia entre as pessoas, cada um tem sua forma de aprender.
Nesse contexto educacional o processo de educação que deveria envolver professor-aluno e ensino-aprendizagem e/ou vice-versa, é falho, pois o professor é visto como um ditador em sala de aula, e praticamente não há uma relação entre ele e os alunos, o professor é como uma maquina de repassar conhecimento sem nada de sentimentos, para o professor tradicional alunos eram apenas alunos, e as especificidades não existiam, todos eram os mesmos.
A transferência da aprendizagem depende do treino, sendo imprescindível à retenção, a memorização, para que o aluno responda a situações novas de forma semelhante às situações anteriores. Em resumo, pode-se afirmar que nesta pedagogia há uma redução do processo educativo a, exclusivamente, uma de suas dimensões: a dimensão do saber.
Mesmo com a pedagogia tradicional tendo varias falhas e defeitos, não há como não dizer que não há pontos positivos nela, fato este que faz com que perdure até hoje algumas marcas dessa educação.
Esta pedagogia trazia ao individuo uma capacidade decorativa imensa, já que era à base da aprendizagem, outro fator é que o individuo precisava ter bastante disciplina já que a aprendizagem dependia muito dele, sem contar que com a força da imposição que o professor passava, o aluno se via praticamente obrigado a ter disciplina, já que essa pedagogia surgiu antes da psicologia então não se tinha uma preocupação com possíveis traumas que o aluno pudesse ter, logo a imposição era tão forte que ser disciplinado era necessário para que o individuo não chegasse a um nível considerado ínfimo ou talvez até humilhado, sendo assim vê-se que a capacidade dos indivíduos que passaram por esse processo era muito grande.
Surpreenderemos-nos com a fortaleza que foi a escola dentro de um contexto dominado pelo fanatismo religioso, político e econômico, onde pessoas foram educadas de forma a se transformarem em seres humanos responsáveis, fortes moralmente, e bem preparados para viver o seu tempo da maneira rígida como naquela época era a exigência.
Então sabe-se que a pedagogia tradicional vive até hoje em pequena escala, sua raiz foi de uma força muito grande e mantém essas influencias até hoje, sejam elas boas ou más, boas no sentido disciplinar e cognoscitivo do aluno, má na questão psicológica e bruta do ensino sem emoção e sem relação entre professor e aluno, e a falta de dinamismo e o excesso de conteúdo passado.
A questão entre a dicotomia da educação atual e a tradicional não é de atraso e progresso, pois a educação de hoje em dia passa por problemas sérios, isso se da por uma falta de analise histórica nas correntes pedagógicas bem como a tradicional, já que é uma das primeiras, é necessário ser feito um comparativo e saber aproveitar cada fator necessário, cada corrente teve seus fatores positivos e negativos, tanto que a corrente que vinha a substituir a outra era fundamentada principalmente na falha da anterior, as pedagogias apareciam em contrapartida a de antes, com o objetivo de “tapar o buraco” que esta deixava, e assim sucessivamente até que se entraria num circulo vicioso, sempre haveriam defeitos e sempre uma viria a cobrir certa falha e apresentar outra, então a questão seria uma analise nas pedagogias e uma contextualização que abrangesse os fatores sociais em geral, principalmente políticos, econômicos e culturais, já que esses são a base de toda uma sociedade.
A educação brasileira é carente de uma práxis realmente efetiva e que não seja provisória, necessita de um plano fundamentado onde seja reconhecido o processo de aprendizagem embarcando todos os fatores, visando a questão ensino-aprendizagem e professor-aluno, de tal forma que a relação seja de uma forma mais humana e estratégica, e acima de tudo que seja analisada em função da história da educação.
Refências:
GÔNGORA Francisco Carlos, Tendências Pedagógicas na Pratica Escolar, Edições Loyola. São Paulo. 1985.
LANE, Silva T.M, “Uma Redefinição da Psicologia Social”, In educação e Sociedade, nº.6, Junho.1980, São Paulo.
A educação tradicional, vista por outro ângulo in http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=30990 acesso em 02/11/2008 às 01 horas.
Em torno de algumas questões educacionais in http://www.obore.com/acontece/textos_especiais_em_torno_de_algumas.asp acesso em 01 /11/2008 às 15 horas.
Publicado por: Helder Mourão
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