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A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Elaboração do projeto político-pedagógico, compreendido como a respectiva sistematização do trabalho pedagógico da escola de uma maneira geral.

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RESUMO

A construção do Projeto Político-pedagógico é necessária para que as instituições educacionais realizem suas atividades de forma dinâmica e participativa. O Projeto Político-Pedagógico é algo que deve estar inserido no contexto escolar, pois é nele onde serão definidos o currículo, a maneira de avaliar, dentre outras questões importantes. É praticamente impossível ter uma escola centralizada nos princípios educacionais se a mesma não possui um PPP bem elaborado, e este, deverá ser construído coletivamente envolvendo a gestão, docentes, discentes e a comunidade local. Todos devem ser pensados de forma que sejam beneficiados com o projeto, já que se espera a qualidade no ensino aprendizagem, que é o objetivo fundamental das instituições de ensino. A escola deve possuir autonomia para suas deliberações, observando as normas vigentes, as esferas superiores, porém, sempre buscando inovar para que se efetive a qualidade do ensino.

Palavras-chave: Construção. Ensino. Projeto.

ABSTRACT

The construction of the Political-Pedagogical Project is necessary for educational institutions to carry out their activities in a dynamic and participative way. The Political-Pedagogical Project is something that must be inserted in the school context, because it is in it where the curriculum, the way to evaluate, among other important issues will be defined. It is practically impossible to have a school centered on educational principles if it does not have a well-developed PPP, and this should be built collectively involving management, teachers, students and the local community. All should be thought of in a way that will benefit from the project, since quality in teaching learning is expected, which is the fundamental objective of educational institutions. The school must have autonomy for its deliberations, observing the norms in force, the higher spheres, however, always seeking to innovate so that the teaching quality is effective.

Keywords: Construction. Teaching. Project.

1 INTRODUÇÃO

Muitos professores, pesquisadores e instituições educacionais no Brasil, em todas as esferas, seja nacional, estadual ou municipal estão na busca da melhor qualidade do ensino e consideram que a elaboração de um bom Projeto Político-Pedagógico é fundamental.

Este trabalho busca contemplar a respeito da elaboração do projeto político-pedagógico, compreendido como a respectiva sistematização do trabalho pedagógico da escola de uma maneira geral.

É na escola que acontece a idealização, promoção e análise do seu próprio  projeto educativo, em consequência de que há uma indispensabilidade de elaborar seu trabalho pedagógico direcionado a realidade de seus discentes. Nesse ponto de vista, é essencial que ela considere suas incumbências, sem esperar que os setores administrativos superiores iniciem tal projeto, porém, que proporcione as devidas possibilidades para que haja a construção do mesmo. Para que isto aconteça, é de grande relevância fortalecer as ligações entre escola e o sistema educacional.

A organização do Projeto Político Pedagógico pelas escolas teve seu início com  a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (n. º 9.394/96) que se tratando do mesmo em seu artigo 12, antecipa que “os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”. E no seu artigo 13, inciso primeiro, determina que: “Os docentes incumbir-se-ão de: participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino”.

No entanto, a elaboração do Projeto Pedagógico deve ir além de seguir regras inseridas dentro da legislação, ele vai muito mais longe. O que está na legislação são os meios de como alcançar os objetivos para a elaboração do PPP e proclama o direito de usufruir a liberdade que autoriza ao coletivo da escola estabelecer as ações fundamentais para que se construa o cidadão desejável. Eyng traz com clareza uma definição de Projeto Político Pedagógico:

Projeto porque faz uma projeção da intencionalidade educativa para futura operacionalização [...], político porque define uma posição do grupo, supõe uma proposta coletiva, consciente, fundamentada e contextualizada para a formação do cidadão [...], pedagógica porque define a intencionalidade formativa, expressa uma proposta de intervenção formativa. (EYNG 2002. p.26)

Nessa concepção, o Projeto Político Pedagógico nada mais é que o efeito que representa o resultado de um período de contemplação e empenho de toda a comunidade escolar para trazer futuramente a escola ideal havendo uma melhoria na qualidade do ensino.

2 DESENVOLVIMENTO                                                                                  

2.1 O CONCEITO DE PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Se procurarmos o conceito de projeto, etimologicamente falando, encontraremos que este vem do latim projectu, particípio passado, cujo significado quer dizer aquilo que se lança adiante. Esboço, aquilo que se objetiva, propósito. Empresa, empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de edificação (Ferreira 1975, p.1.144).

Quando se trata de construir os projetos das escolas, é de suma importância observar seu planejamento, aquilo que intencionalmente se dispõe a fazer, qual sua intenção, o que será realizado. Coloca-se adiante, com as estratégias descritas, buscando aquilo que é possível ser feito. É observar futuramente de modo diferente do que está acontecendo.  Gadotti explica como tudo isso ocorre:

Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores. (GADOTTI, 1994, p. 579)

Sendo assim, o projeto político-pedagógico visa ir além de conglomerados de planos de ensino e de variadas atividades. Vale ressaltar que o projeto deve ser feito e colocado em prática, pois muitas das vezes é engavetado e a ideia que passa é que o mesmo só é elaborado por conta de questões burocráticas para que agrade às autoridades educacionais. Ele é elaborado experimentado a todo instante, por todos comprometidos com o encadeamento educacional.

O projeto propõe buscar um norte para a realidade. Trata-se de maneira provocativa chegar ao um consenso, juntamente com todos os envolvidos no mesmo. Nessa visão, pode-se dizer que todo projeto pedagógico escolar é também um ato político, haja visto que está ligado aos interesses de toda a comunidade, esta compromissada com os fins políticos e sociais e coletivos da população predominante. Quando se fala que é político é porque está ligado ao bem comum e tem um comprometimento com a efetivação da cidadania para que esta se insira de maneira adequado ao meio social. "A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica" (Saviani 1983, p. 93). Pedagogicamente falando, encontra-se reside a verossimilhança da efetivação da intencionalidade da instituição educacional, que é a construção do cidadão interativo, consciente, envolvido, crítico e dinâmico. Pedagógico, no entendimento de estabelecer as ações educativas e as particularidades necessárias às escolas de desempenharem suas deliberações e suas finalidades.

Tradando-se de político pedagógico há um significado inseparável. Neste seguimento é que se deve discorrer o projeto político-pedagógico como um processamento definitivo de pensamento e debate dos desafios que a escola passa, na tentativa de requerer meios cabíveis à efetivação de sua intencionalidade. (Marques 1990, p. 23). Em contrapartida, concede a experiência democrática fundamental para a interação de todos da comunidade escolar e a prática da cidadania. Embora se mostre  configurar algo de grande complexidade, o projeto político pedagógico concerne em uma ligação bilateral entre a dimensão política e pedagógica escolar.

O projeto político-pedagógico quando é elaborado de forma democrática, decisoriamente falando, inquieta-se em compor de maneira organizacional no que tange o trabalho pedagógico, consequentemente é tido como algo que busca superar os desafios e conflitos que existe na escola, liberta-se da rivalidade entre os envolvidos, elimina o autoritarismo, rompendo com a rotina do controle impessoal, fundamentado da burocracia que ocorre nas relações internas da escola. Quando isso acontece, há uma queda dos efeitos de quebra da hierarquização do trabalho e elimina as diferenças.

Assim, o projeto político-pedagógico está intrinsicamente ligado com a organização do trabalho pedagógico em dois padrões: observando a escola de uma maneira geral e como está organizada a sala de aula, isso se insere no contexto social de forma imediata, buscando salvaguardar a visão do todo. Nesse caminho é de grande importância salientar que o projeto político-pedagógico tem a intenção de ir em busca da organização da escola de maneira geral.

O que se espera da construção do projeto político-pedagógico é que haja autonomia da escola, que a mesma seja capaz de traçar suas metas e construir sua identidade. Isto quer dizer que se deve resgatar a escola como um bem de todos, lugar de discussão, da conversa, sempre focando no aspecto coletivo. Dessa maneira, é preciso compreender que o projeto político-pedagógico está alicerçado na organização do trabalho pedagógico, e isso inclui a laboração do docente dentro de sua criatividade e capacidade de regência em sala de aula.

2.1.1 A construção do projeto político-pedagógico

O entendimento do projeto político-pedagógico neste trabalho, infere-se na própria organização do trabalho pedagógico da escola. Para que se possa construir um PPP é necessário que se inicie focado nos princípios de igualdade, qualidade, liberdade, gestão democrática e valorização do trabalho docente. A escola nasce como um espaço que é marcado pelas ideias e práticas paradoxais, e ainda, direcionam para uma batalha constante ou relaxamento dos envolvidos na organização da prática pedagógica.

O que deve ser destacado é que há a necessidade de fazer uma análise e entender como funciona o trabalho pedagógico, no sentido de dirigir uma organização mais contemporânea, capaz de diminuir os efeitos de sua divisão do trabalho, de sua ruptura, e controlar o nível hierárquico. Assim sendo, a construção do projeto político-pedagógico se faz por meio do enfrentamento dos instrumentos, é um meio de contestar a ruptura do trabalho pedagógico e sua práxis, observando os efeitos que tragam negatividade inerentes ao autoritarismo dos órgãos de administração central.

Construir um projeto político-pedagógico demanda uma reflexão sobre tudo aquilo que é primordial à instituição educacional. Acredita-se que fazer uma análise dos elementos que constituem a organização, fará com que o projeto político-pedagógico seja de grande importância na construção da cidadania.

2.1.2 Para que construir um projeto político-pedagógico?

Os docentes inseridos no ambiente escolar devem estar sempre atentos em quais são os objetivos de sua escola. Para que isso ocorra é necessário pensar nas ações educativas que a escola desempenha a partir des suas finalidades. Os propósitos da escola estão ligados aos efeitos propositalmente solicitados e desejados. (Alves 1992, p. 19).

Os professores devem procurar os seguintes questionamentos:

Dos propósitos acordados na legislação em vigor, quais deles a escola segue, com menos ou mais destaque?

De que maneira é seguida seu propósito cultural, ou seja, a de fazer com que os envolvidos se preparem para viver da melhor forma em sociedade?

De que forma a escola busca alcançar seu propósito em relação à política e o social, haja visto que existem direitos e deveres?

Como a formação profissional oportuniza o entendimento do papel do trabalho para auxiliar na formação do aluno?

A escola trabalha de maneira humanizada?

Os questionamentos citados concebem conclusões e mais questionamentos por parte da gestão, do corpo docente, discente e dos próprios pais. O empenho crítico de todos os envolvidos no processo educacional viabilizará o reconhecimento de quais propósitos são necessários fortalecer, quais estão em segundo plano e como estes serão disponibilizados em suas áreas, das diferentes estruturas curriculares e conteúdo programático. Para que haja um fortalecimento dentro da escola no que tange o PPP, é preciso que se trabalhe de maneira coletiva formando assim um cidadão consciente.

De acordo com Alves (1992), existe uma necessidade em investigar se a escola possui autonomia para determinar seus propósitos e, assim sendo, sua multiplicação em objetivos específicos. O autor ainda salienta que:

Interessará reter se as finalidades são impostas por entidades exteriores ou se são definidas no interior do "território social" e se são definidas por consenso ou por conflito ou até se é matéria ambígua, imprecisa ou marginal. (ALVES, 1992, p. 19)

Essa colocação está alicerçada na ideia de que é dever da escola apropriar-se, como uma de suas fundamentais competências, a reflexão de suas atividades educativas. Assim, ela procura focar a definição de autonomia, distribuindo a responsabilidade de todos os envolvidos, sem que interfira nos outros níveis de organização.

Quando se trata de autonomia, há uma relação de julgamento emancipador da educação. Para que a escola seja detentora de autonomia é preciso que não haja total dependência dos órgãos administrativos centrais que regem as normativas as quais ela está vinculada.  Ela precisa assumir uma postura de liderança, afinal, o projeto político-pedagógico lhe concede a capacidade das deliberações.

2.2 A ORGANIZAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

A escola é composta basicamente de duas estruturas: administrativas e pedagógicas. As estruturas administrativas são responsáveis pela locação e administração de recursos humanos, estrutura física e financeira.  A competência da administração é assegurar que a escola, em sua estrutura física, esteja em perfeitas condições, observando sempre sua imagem, a preservação dos equipamentos da escola, mobílias, a limpeza do estabelecimento, verificação das redes elétricas e hidráulicas.

Já a parte pedagógica é responsável pela contribuição para que a escola consiga alcançar seus objetivos que é o de formar cidadãos competentes para a inserção na sociedade. (Alves 1992, p. 21).

As estruturas pedagógicas estão relacionadas com o ensino-aprendizagem, as políticas da escola e ao currículo. São nas estruturas pedagógicas que se encontram todo o trabalho pedagógico.

A escola é de grande relevância para que se possa desenvolver o ensino-aprendizagem, sempre observando suas finalidades, para isso, deve-se sempre observar quais estruturas são valorizadas e quem as valoriza, isso implica em sempre questionar a respeito de suas características, seus polos de poderes e seus conflitos. É preciso saber sobre a estrutura pedagógica, que tipo de gestão está sendo exercida, qual o cronograma previsto, qual a lógica interna, que funções educativas predominam na escola e quais os fundamentos que regem a instituição.

Em síntese, é imprescindível definir a melhor maneira para a organização da escola e identificar em quais pontos desafiadores ela deve ser superada, atendando-se para o processo de ensino- aprendizagem de forma a atender as tomadas de decisões cabíveis.

Fazer uma avaliação da estrutura organizacional da escola no sentido de interpelar as hipóteses que fundamentam a estrutura burocrática, que dificulta a formação de cidadãos capazes de criar ou modificar a realidade na qual a sociedade está colocada é tarefa fundamental. Para que o ensino seja efetivado de forma qualitativa e cumprir seus propósitos, as escolas tem que abandonar a atual organização burocrática que persegue o trabalho pedagógico, pois, há muitas questões que estão inseridas no contexto da organização que dificultam o andamento do trabalho, como por exemplo, colocar em primeiro plano as regras que são estabelecidas, que são emanadas do poder central.

Seguindo esse caminho, ao observar a estrutura organizacional, ao avaliar os requisitos teóricos, ao localizar os desafios e avistar as possibilidades, os educadores vão se empenhando em seu trabalho dentro da realidade escolar, estabelecendo relações, apontando finalidades comuns e formando novas maneiras de compor as estruturas administrativas e pedagógicas para que o trabalho de todos os envolvidos seja realizado com a competência devida e os objetivos sejam alcançados. Sendo assim, sempre é importante ver os limites da instituição, até onde é possível chegar para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem, observar quais os recursos financeiros disponíveis, bem como também a capacidade dos educadores em suas atividades laborais, respeitando a coletividade.

2.2.1 A caracterização do currículo

O Currículo é um importante componente que integra organização escolar. Currículo envolve, impreterivelmente, a relação entre indivíduos que têm um mesmo propósito e a opção por um referencial teórico que o segure.

Currículo é uma estruturação social do pensamento, antevendo a estruturação dos meios para que se efetive; o repasse dos conhecimentos historicamente realizados e os modos de apropriar-se, consequentemente, produção, transmissão e apropriação são procedimentos que formam uma metodologia de estruturação coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currículo propriamente dito. Neste sentido, o currículo refere-se à estruturação do conhecimento escolar.

O conhecimento escolar está sempre em processo de construção e não simplesmente o conhecimento científico reduzido além do mais, está de acordo com o interesse dos alunos e obedece sua faixa etária. Desse ponto, é necessário que se faça, na escola, uma reflexão a respeito do processo de aquisição do conhecimento escolar, haja visto que, ele é ao mesmo instante, processo e produto. A análise e o entendimento do processo de produção do conhecimento escolar alargam o entendimento inerente as questões curriculares.

Quando se trata de organização curricular, vale a pena ressaltar alguns pontos fundamentais. O primeiro ponto é que há uma neutralidade no currículo. O currículo é uma das marcas de credibilidade da escola, e ela necessita identificar e descobrir os componentes que transmite a ideia do conhecimento escolar que a classe mais favorecida utiliza para a manutenção de benefícios. Sendo assim, definir o conhecimento escolar requer uma análise esclarecedora e crítica, tanto da cultura prevalecente, quanto da cultura popular. Desse modo, o currículo representa uma forma de cultura.

Como segundo ponto, o currículo não pode ser desmembrado do contexto social, uma vez que ele é algo cultural.

O terceiro ponto trata sobre o tipo de organização curricular que a escola deve eleger. De modo geral, nossas escolas têm sido direcionadas para a organização de uma hierarquia e a quebra do conhecimento escolar. Com base em Bernstein (1989), vale a pena ressaltar o fato de que a escola necessita procurar novas formas de organização curricular, em que os conteúdos estabeleçam uma relação aberta e comunicar-se ao redor de um pensamento constitutivo. A esse tipo de organização curricular, o autor denomina de currículo integração. O currículo integração, portanto, visa diminuir o afastamento entre as diferentes disciplinas curriculares, procurando uni-las num todo mais abrangente.

Segundo Domingos (1985, p.153) "cada conteúdo deixa de ter significado por si só, para assumir uma importância relativa e passar a ter uma função bem determinada e explícita dentro do todo de que faz parte".

O controle social está descrito no quarto ponto, uma vez que o currículo formal, que abrange os conteúdos curriculares, metodologia e as relações pedagógicas, demanda controle. De outro ponto de vista, o controle social é operacionalizado pelo currículo oculto, que são as informações repassadas em sala de aula e pelo ambiente escolar. (Cornbleth 1992, p. 56). Dessa maneira, toda a série de perspectivas do mundo, os regimentos e os valores essenciais são transmitidos aos alunos no ambiente escolar, no livro didático, na relação pedagógica, nas rotinas escolares. Como resultados do currículo oculto "estimulam a conformidade a ideais nacionais e convenções sociais ao mesmo tempo que mantêm desigualdades socioeconômicas e culturais" (ibid., p. 56).

Moreira (1992), ao verificar as teorias de controle social que têm atravessado as principais vertentes do pensamento curricular, buscou proteger o ponto de vista de que controle social não engloba, necessariamente, diretrizes conservadoras, opressivas e de acordo comportamental. De acordo com o autor, pressuposto ao discurso curricular crítico encontra-se uma ideia de controle social orientada para a autonomia. Faz sentido, então, debater sobre controle social incluído com fins de liberdade que deem ao estudante uma voz ativa e crítica.

Apoiando-se em Aronowitz e Giroux (1985), o autor enfatiza que não se pode deixar de debater a noção crítica do controle social, pois:

o contexto apropriado ao desenvolvimento de práticas curriculares que favoreçam o bom rendimento e a autonomia dos estudantes e, em particular, que reduzam os elevados índices de evasão e repetência de nossa escola de primeiro grau. (1992, p. 22)

A noção de controle social na teoria curricular crítica é mais uma ferramenta de refutação e resistência a convicções difundidas por meio dos currículos, tanto do formal quanto do oculto.

Conduzir a organização curricular para intenções emancipatórias implica, em primeiro momento empenhar as visões reduzidas de sociedade, estruturada como um todo homogêneo, e de ser humano como alguém que concorda com papéis necessários à sua adequação ao contexto em que vive. Controle social na visão crítica, é uma contribuição e uma ajuda para a contestação e a resistência à ideologia veiculada por intermédio dos currículos escolares.

2.2.2 A avaliação

Conduzir as atividades e analisá-las transportam-nos ao raciocínio embasado de maneira efetiva a respeito de como a escola estrutura-se para pôr em prática seu projeto político-pedagógico. A avaliação do projeto político-pedagógico, num olhar crítico, tem como ponto de partida a necessidade de se perceber a realidade escolar, procura esclarecer e entender duvidosamente os motivos da existência de problemas bem como suas ligações, suas modificações e se engaja em propor ações alternativas. Isso é o que se conhece como autocrítica.

 Avaliadores que associam as ideias de uma óptica global, apreciam o projeto político-pedagógico, não como algo dissociado dos aspectos políticos e sociais. Não descartam as incompatibilidades e os desacordos. A avaliação tem um engajamento mais alargado do que a mera eficiência e eficácia das sugestões conservadoras. Consequentemente, acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da própria organização do trabalho pedagógico.

3 METODOLOGIA

Fonseca (2002), traz um significado para metodologia que diz que  methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica.

A pesquisa realizada trata-se de uma pesquisa bibliográfica e exploratória, pois estabelece critérios e métodos para conseguir informações sobre o objeto de estudo. Também, possui o método dedutivo por fazer deduções nos levantamentos das conclusões.

A pesquisa é de natureza qualitativa, pois tem a intenção de trazer respostas bastante particulares, pois há uma preocupação com a realidade que não pode ou não deveria ser qualificada. Trabalha interligada com o universo dos significados, os motivos, desejos, crenças, valores e atitudes. Os fenômenos que ocorrem dentro desse tipo de pesquisa é parte de uma realidade social.

3.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES

É importante ressaltar que através do Projeto Político Pedagógico a escola tem a capacidade de construir sua identidade, de tal forma que caracterizará uma escola única, focada no desenvolvimento do ensino-aprendizagem e levando um bom retorno para a comunidade a qual se encontra inserida, favorecendo uma relação amigavelmente entre seus participantes, que inclui corpo docente, discentes e comunidade local.

Na construção do PPP da escola, devem ser observados todos os aspectos inerentes a ela, como a localização desta, sua estrutura, seus recursos humanos, condições dos materiais e etc. Também, é preciso sempre está atento ao currículo da escola, pois é um componente cultural e deve ser respeitado as necessidades de quem irá usufruir.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para que a escola se desprenda do nível hierárquico do trabalho e de sua ruptura necessita elaborar meios para desenvolver novas técnicas de estruturação do trabalho pedagógico. A reestruturação da escola deverá ser feita de dentro para fora

A reorganização da escola deverá ser buscada de dentro para fora. A essência para que esta incumbência seja realizada dependerá de um trabalho onde toda a equipe deverá abraçar a causa para a construção do projeto político-pedagógico, e para que isso aconteça é preciso a fragmentação de algumas normas que de certa forma acabam reduzindo a eficácia do projeto.

O Projeto Político-Pedagógico deve ser visto como algo pensado diariamente, e não simplesmente no momento de sua elaboração. Isso demanda um tempo para que as ideias sejam organizadas e colocadas em prática em consonância com os objetivos que se pretende atingir.

Construir um projeto político-pedagógico exige um trabalho permanente, onde deverá haver uma democracia no que diz respeito a tomada de decisões, pois como já foi ressaltado, não se constrói um projeto que se deseje a qualidade necessária sonho, é preciso o envolvimento de todos.

Por fim, deve-se entender que existe uma luta por traz da construção de um PPP, pois são muitos envolvidos e a participação dos educadores é fundamental para que o projeto traga mudanças significativas para o desenvolvimento educacional e consequentemente a construção do indivíduo cidadão.

5 REFERÊNCIAS

ALVES José Matias. Organização, gestão e projeto educativo das escolas. Porto Edições Asa, 1992

BERNSTEIN, Basil. Clases, códigos y control. Madri Ákal,1989.

DOMINGOS, Ana Maria et alii. A teoria da Bernstein em sociologia da educação. Lisboa, Fundação Calouste Gulhekian, 1985.

EYNG, A. Projeto pedagógico: construção coletiva da identidade da escola, um desafio permanente. Revista Educação em Movimento, Curitiba. V. 1 – n.1 p. 25-32. jan/abril 2002.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 5 ed., p. 1. 144.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 28/8 a 2/9/94.

MARQUES, Mário Osório. "Projeto pedagógico: A marca da escola". In: Revista Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola no 18. ljuí, Unijuí, abr./jun. 1990.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: Teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. São Paulo, Cortez e Autores Associados, 1983.

Por  Daniel Lima


Publicado por: DANIEL LIMA

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