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A Concepção da Educação em Rousseau na Obra Emílio

Análise sobre a concepção da educação em Rousseau na obra Emílio.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Resumo

O artigo objetiva fazer uma revisão da Educação a partir da obra Emílio ou da educação de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Nesta obra o filósofo descreve fortes momentos de que o homem nasce naturalmente bom e a sociedade que o torna um indivíduo mau. Então Rousseau destaca esse assunto como seu principal objetivo, tentando evitar que a criança se torne má e fazer com que ela seja um adulto bom.

Palavras-chave: Educação, criança, mulher, homem.

Abstract

The article aims to make a reading of education from Emílio or the education of Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). In this work the philosopher describes strong moments that man is naturally born good and the society that makes him a bad individual. So Rousseau highlights this as his primary goal, trying to prevent the child from becoming bad and making her a good adult.

Keywords: Education, child, woman, man.

Introdução

Em sua obra, Rousseau relata a história em forma de romance, de um menino criado isolado de outras crianças. Com este livro Rousseau tenta instruir os pais a como criar os seus filhos “seguindo a natureza”.

Contudo Rousseau tenta explicar a essência de uma criança. Ele expõe uma importância que se faz necessário para pensar seriamente no significado da infância, que começa desde o nascimento da criança, que deve ser também educada a partir daí.  Por tanto pode-se encontrar uma tese central para este filósofo, quando ele diz que a educação não deve ser vista como em sua época, reprimir e disciplinar as tendências naturais da criança, mas, ao contrário, encorajar sua expressão e desenvolvimento.

O filósofo aborda que a instrução não deveria ser a instrução verbal, muito menos livros, mas a prática e o exemplo, ou seja, a experiência direta das pessoas e das coisas. O ambiente natural para isso acontecer é a família, não a escola; e seus estímulos naturais são a solidariedade e o amor, não às regras e punições. Considerando, portanto, a importância desta primeira educação, Rousseau diz o seguinte sobre as crianças:

Nascemos fracos, precisamos de força, nascemos desprovidos de tudo; temos necessidade de assistência; nascemos estúpidos; precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer, e de que precisamos adultos, é-nos dado pela educação. (ROUSSEAU, 1995, p. 10).

Rousseau defende totalmente a educação natural ou primeira, porque a lei sempre está preocupada somente com os bens e tão pouco com as pessoas, por terem como objetivo a paz e não a virtude, assim é a família que transmiti ao filho os verdadeiros valores de um bom cidadão, apesar que é a sociedade que molda as crianças desde do nascimento, devido aos costumes, crenças entre outros, mas é a educação vinculada de mãe para filho que pode instruir a criança à ser um cidadão de bem.

Biografia do autor

Jean-Jacques Rousseau nasceu em 28 de junho de 1712 em Genebra (Suíça), em uma família de origem francesa. Sua mãe morreu logo após o nascimento, de complicações no parto. Aos dez anos, foi abandonado pelo pai, ficando aos cuidados de tios que o criaram na tradição protestante. Ainda jovem, tomou gosto por histórias romanescas e pela leitura de Plutarco. Aos dezesseis anos deixou sua cidade natal e viajou por diversos países. Tornou-se secretário e protegido de madame Louise de Warens, mulher rica que teve uma profunda influência em toda a vida do escritor. Em 1742, radicou-se em Paris, onde trabalhou como professor, copista e secretário de um embaixador. Inventou um sistema de notação musical e fez-se conhecer como compositor da ópera as musas galantes. Fez amizade com o filósofo francês Denis Diderot, que lhe convidou a colaborar para a prestigiosa Enciclopédia, primeiramente escrevendo sobre música; mas o mais famoso dos seus artigos acabou sendo sobre política econômica. Em 1750, foi premiado pela Academia de Dijon pelo Discurso sobre as ciências e as artes.

Em 1755 publica ”Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens” onde aponta as bases sobre as quais se firma o processo gerador das desigualdades sociais e morais entre os seres humanos.

Alguns livros trouxeram problemas para Rousseau: “Émílio, ou da Educação”, obra pedagógica, e “O Contrato Social” lhe rendeu uma prisão por serem obras consideradas subversivas. Em 1767, de volta à França casa-se com Thérèse Lavasseur.

Jean-Jacques Rousseau faleceu em Ermenonville, França, no dia 2 de julho de 1778. Seus restos mortais foram transportados para o Panteão de Paris.

Educação primeira

Segundo Jean-Jacques Rousseau, a educação primeira é que faz toda diferença na vida das crianças e são as mulheres que tem os deveres de estar educando de seus filhos, isto é, desde amamentação. Essa educação deve vir da família, partindo da mãe, pois o autor da natureza deu o dom de produzir leite para a mulher, além dessa perspectiva, ela também pode acompanhar seu filho mais de perto do que o homem, a mãe pode influir e instruir seu filho como deve ser feito, para assim crescer um homem bom. Então disse Rousseau:

A educação primeira é a que mais importa, e essa primeira educação cabe incontestavelmente às mulheres: se o Autor da natureza tivesse querido que pertencesse aos homens, ter-lhes-ia dado leite para alimentarem as crianças. Falai portanto às mulheres, de preferência em vossos tratados de educação; pois além de terem a possibilidade de para isso atentar mais de perto que os homens, e de nisso influir cada vez mais, o êxito as interessa também muito mais, porquanto em sua maioria as viúvas se acham quase à mercê de seus filhos e que sente contra o choque das opiniões humanas. (ROUSSEAU, 1995, p. 9-10).

Segundo Rousseau as coisas acontecem corretamente quando são realizadas pela natureza, mas com a alteração do homem as coisas pioram. Por isso, o homem não pode ficar abandonado e sem diretrizes. Por tanto ele necessita da família e do Estado para poder se desenvolver plenamente, com isso, Rousseau procura justificar a importância e objetivo da educação, afirmando que “moldam-se as plantas pela cultura, e os homens pela educação”. 

O primeiro período de uma criança de 0 a 5 anos de idade, é de pura vida física, tende a fortalecer o corpo, evitando força, por outro lado, o desenvolvimento intelectual e moral da criança é muito ruim para ele possuir mais palavras que ideias e saber mais coisas do que na verdade se pode pensar.

Contudo partindo do pressuposto de que a educação molda os homens o teórico segue defendendo que tal educação deve iniciar já na infância. Então o suíço filósofo segue afirmando que o estado da infância é importante para o amadurecimento do homem, sendo a educação um processo. O homem é desprovido de recursos naturais que o façam forte, tais como garras, dentes e etc.

A importância da criança: saber o necessário para viver melhor

Longe de atentar demasiado para que Emílio não se machuque, me aborreceria que não se machucasse nunca e crescesse sem conhecer a dor. Sofrer é a primeira coisa que deve aprender e a que terá mais necessidade de saber. É de crer que as crianças só são pequenas e frágeis para receberem essas importantes lições sem perigo. Se a criança cair naturalmente, não quebrará a perna, se  chocar contra um pedaço de pau não quebrará o braço, se apossar de um ferro aguçado não se cortará muito fundamento. Nunca soube de alguém ter visto uma criança em liberdade se matar, se estropiar, nem se machucar demasiado, a menos que a tenham absurdamente colocado em lugar elevado, ou sozinha perto do fogo, ou deixado instrumentos perigosos a seu alcance. Que dizer desse amontoado de coisas  que reúnem ao redor da criança para defendê-la contra a dor, até que já crescida, continue a mercê deles, sem coragem e sem experiência, que se acredite morrer á primeira picada e desmaie vendo sua primeira gota dce sangue.

Nossa mania pedente de educar é sempre a de ensinar ás crianças o que aprenderiam muito melhor sozinhas e esquecer o que somente nós lhes poderíamos ensinar. Haverá coisa mais tola do que o cuidado que tomamos para ensina-lhes a andar, como se tivéssemos visto alguém que, por negligênci a de sua ama, não soubesse andar quando grande. E, ao contrário, quanta gente vemos andando mal porque lhe ensinaram mal a andar.

É importante que corra, se debata, caia cem vezes por dia, tanto melhor. Aprenderá mais cedo a levantar-se. O bem-estar da liberdade compensa muitas machucaduras. Eles terão muitas contusões, em compensação estará sempre alegre, se os vossos tiverem menos, mostrar-se-ão sempre contrariados, sempre acorrentados, sempre tristes, e desse modo não terão nenhum aproveito positivo.          

Não sabemos o que seja felicidade ou desgraça absoluta. Tudo se mistura nesta visa; nela não se aprecia nenhum sentimento puro, não se fica dois momentos no mesmo estado, as afeições de nossas almas bem como as modificações de nossos corpos são comuns a todos, mas em diferentes medidas. Mais feliz é aquele que sofre menos pena; o mais miserável que sente menos prazeres. Sempre mais sofrimentos do que gozos; eis a diferença comum a todos. A felicidade do homem nesta terra não passa, portanto de um estado negativo; deve-se medi-la pela menor quantidade de males que ele sofre.

Todo sentimento de pena é inseparável do desejo de se libertar; toda ideia de prazer é insuperável do desejo de goza-lo; todo desejo supõe privação e todas as privações são penosas. Está, portanto na desproporção entre nossos desejos, nossas faculdades aquilo em que consiste nossa miséria. Um ser sensível, cujas faculdades igualassem os desejos, seria um ser absolutamente feliz.

Assim é que a natureza, que tudo faz da melhor maneira institui inicialmente. Ela só lhe dá de imediato os desnecessários a sua conservação e as faculdades suficientes para satisfazer. Ela põe todas às outras como que em reserva tendo de sua alma para se desenvolverem ai se preciso, e em um estado primitivo que o equilíbrio do poder e desejo se encontram e que o homem não é feliz. Logo que as faculdades virtuais se põem em ação, a imaginação a nativa de todas, desperta e se coloca á frente delas.  É a nação que nos apresenta a medida das possibilidades, de como o mal, e que, por conseguinte excita e alimenta o pela esperança de satisfazê-los. Mas o objeto que dar de início, ao alcance da mão, foge mais depressa do que podemos perseguir quando imaginamos poder atingi-lo, transforma e se mostra ao longe diante de nós. Não vendo o espaço percorrido, não lhe damos nenhum valor; o que a percorrer aumenta, estende-se sem cessar. Assim nota-se sem chegar ao fim, que quanto mais se pode ganhar sobre nós, mais a felicidade se afasta de nós. Acredita-se que o homem tem um vivo amor peal conservação e isso é verdade; mas não se vê que esse amor é igual o sentimos, é em grande parte obra dos homens. Naturalmente o homem só se preocupa com conservá-la na medida em que os meios estão em seu poder, logo que tais meios o escapam se tranquiliza e morre sem se atormentar inultimente.

Desigualdade entre forças e desejos

Embora, até a adolescência, todo curso da vida seja um tempo de fraqueza, há um momento, na duração dessa primeira idade, em que o progresso das forças, tendo ultrapassado o das necessidades, o animal em crescimento, ainda absolutamente fraco, torna-se forte relativamente. Suas necessidades não estando todas desenvolvidas, suas forças, no presente, são mais do que suficiente para provê-las. Como homem seria muito fraco, como menino é muito forte.

De onde vem à fraqueza do homem? Da desigualdade que se encontra entre a força e seus desejos. São nossas paixões que nos tornam fracas, pois fora preciso, para contenta-las, mais forças do que nos dá a natureza. Diminuí, pois os desejos; será como se aumentásseis as forças, quem pode mais do que deseja, as tem, de resto; é certamente um ser muito forte. Eis o terceiro estado da infância e aquele de que me cabe agora falar. Continuo a chama-lo infância, na falta de um termo mais adequado para exprimi-lo; porquanto essa idade aproxima-se da adolescência sem ser ainda a da puberdade.

Aos doze ou treze anos as forças da criança desenvolvem muito mais rapidamente que suas necessidades. A mais violenta, a mais terrível não se faz ainda sentir; o próprio órgão permanece imperfeito e parece, para sair da imperfeição, esperar que sua vontade o leve a isso. Pouco sensível ás injúrias do ar e das estações, a criança as enfrenta sem dificuldade, seu calor em desenvolvimento serve-lhe de roupa; seu apetite serve de condimento; tudo que pode alimentar é bom na sua idade, se tem sono deita-se no chão e dorme, vê-se por toda parte cercada de tudo que lhe é necessário, nenhuma necessidade imaginária a atormenta, a opinião nada pode contra ela, seus desejos não vão além de seus braços.  Não somente ela pode bastar-se a si mesmo, como tem ainda mais força de que precisa, é o único momento de sua vida em que isso acontece.

No estado de fraqueza e de insuficiência, o cuidado de nos conservarmos concentrar-nos dentro de nós; no estádio de potência e de força, o desejo de expandir nosso ser nos leva além e faz lançarmo-nos tão longe quanto possível; mas como o mundo intelectual ainda nos é desconhecido, nosso pensamento não vai mais longe do que nossos olhos e nosso entendimento só se estendem com o espaço que mede.  Transformemos nossas sensações em ideias, mas não pulemos de repente dos objetos sensíveis aos objetos intelectuais. É pelos primeiros que devemos chegar aos outros. Que os sentidos sejam sempre os guias em nossas primeiras operações do espírito, nenhum outro livro senão o do mundo, nenhuma outra instrução senão os fatos. A criança que lê não pensa, só lê, não se instrui, aprende palavras.

Tornai vossos alunos atentos aos fenômenos da natureza, muito breve o tornareis curioso. Mas, para alimentar sua curiosidade, não vos apresseis nunca em satisfazê-la.  Ponde os problemas ao seu alcance e deixai-o que os resolva.  Quando vejo um homem tomado por amor dos conhecimentos deixar-se seduzir por seu encanto e correr de um a outro sem saber parar. Durante a primeira infância o tempo era longo; só procurávamos perdê-lo, de medo de mal o empregar. Agora é o contrário e não temos mais bastante para fazer tudo que seria útil. Pensai em que as paixões se aproximam e que logo que baterem a porta, vosso aluno só prestará atenção a elas. A idade serena da inteligência é tão curta, passa tão rapidamente, tem tantas utilizações necessárias, que seria loucura querer que baste para tornar sábia uma criança. Não se trata de ensinar-lhe as ciências e sim de dar-lhe inclinação para amar e métodos para às aprender, quando a inclinação se tiver desenvolvido bastante.

A lei da necessidade, sempre renascente, ensina  desde cedo o homem a fazer o que não lhe agrada a fim de prevenir um mal que lhe desagradaria mais ainda. Tal é o emprego da previdência e desta previdência bem ou mau regrada nasce toda a sabedoria ou toda a miséria humana. Todo homem quer ser feliz; mas para chegar a sê-lo seria preciso começar por saber o que é a felicidade. A felicidade do homem é tão simples quanto sua vida; consiste em não sofrer: a saúde, a liberdade, o necessário a constituem.

As primeiras paixões

Este livro relata a adolescência de Emílio dos 15 aos 20 anos de idade. Quando ele começa a se tornar um verdadeiro humano, esse é o período em que o homem floresce para a educação moral, religiosa, sexual e a racional, que emerge junto com a educação moral. Essa idade é a fase das paixões e a idade da razão que caracterizam um novo nascimento no homem: “Nascemos, por assim dizer, duas vezes: uma para existir, outra para viver; uma para a espécie, outra para o sexo”.

Contudo, pode-se perceber diante as leituras que Rousseau está preocupado em manifestar mais uma necessidade humana: a de que o homem evolui, porém, sua evolução deve ser acompanhada. Ele considera essa idade como um momento de crise, mas muito importante para a vida vindoura, é um período, que sem dúvida, merece uma atenção especial.

O adolescente será expostos a uma mudança no humor, arroubos frequentes, uma contínua agitação de espírito que tornam a criança quase indisciplinável. Torna-se surda a voz que a fazia ficar dócil; é um leão em sua febre; desconhece seu guia, já não quer ser governada. Por tanto o autor considera isso como o segundo nascimento; é a hora em que a realidade se apresenta como realmente é. E Emílio está começando a conviver com os homens, essa é fase que Emílio começa a viver as novidades que a vida impõe, as paixões e responsabilidades, regras que devem ser seguidas diante a sociedade.

O amor de si modifica-se para o amor próprio desencadeando as primeiras paixões. Contudo Rousseau diz que o homem necessita de uma mulher, para deixar de ser um indivíduo isolado, sendo assim, a partir desse momento em que ele encontra sua mulher, seu coração deixa de estar só. Afirma o suíço filósofo:

Logo que o homem precisa de uma companheira, não é mais um ser isolado, seu coração não está mais só. Todas as suas relações com sua espécie, todas as afeições de sua alma nascem daquela. Sua primeira paixão faz com que, sem demora, fermentem as outras. (ROUSSEAU, 1995, p. 237).

Rousseau entende que as paixões naturais são limitadas. Discorrendo sobre as paixões naturais, ele evidencia uma que considera como a primeira, a fonte de todas as paixões: o amor de si. “O amor de si é sempre bom e sempre conforme a ordem estando cada qual encarregado de sua própria conservação, o primeiro e mais importante de todos os cuidados é e deve ser zelar por ela continuamente.” Contudo, Rousseau identifica uma paixão benigna, uma necessidade natural de o homem se conservar. O amor de si não é egoísta como o amor-próprio, é ele que começa a despertar o homem para a consciência moral.  Rousseau, também considera o amor a si mesmo não só bom e útil, como necessário para a conservação do homem. O homem, ao comparar-se com os demais, desenvolve uma reflexão rudimentar que lhe possibilita perceber tanto as diferenças como a sua superioridade em relação aos outros.

As diferenças e semelhanças entre homem e mulher

De inicio, o autor já aponta as diferenças e semelhanças existentes entre o homem e a mulher, onde aponta como maior semelhança à parte física. Dizendo que “Sofia deve ser mulher igual Emílio é homem” sendo que o comum é da espécie e o que tem de diferente é do sexo. E essas diferenças influem em tudo com relação a moral de cada sexo e sua educação. A principal diferença apontada demonstra que o objetivo de ambos é comum, mas que as maneiras de atingirem estes objetivos são diferenciadas. O homem é um ser ativo e forte e a mulher é o passivo, frágil e fraco. Assim, necessitando que um possa e queira que o outro possa e resista um pouco a mais.

Na união dos sexos, cada qual concorre igualmente para o objetivo comum, mas não da mesma maneira. Dessa diversidade nasce a primeira diferença assinalável entre as relações morais de um e de outro. Um deve ser ativo e forte, o outro passivo e fraco: é necessário que um queira e possa, basta que o outro resista pouco. (ROUSSEAU, 1995, p. 424).

A partir desta diferença se impõe que a mulher é feita especialmente para agradar ao homem e o homem agrada apenas pelo simples fato de ser forte. Então, a mulher deve tornar-se um ser agradável ao homem. Escravizando-o por meio de sua decência e do seu pudor e pela sua facilidade de impressionar os sentidos dos homens. O Ser supremo ainda quanto à espécie humana. Diz, segundo o autor, que ao homem foi dada liberdade sem medida e paixões imoderadas com a razão para o governar. E a mulher, desejos ilimitados, e o pudor para contê-los.

Ainda é retratado pelo autor, que a desigualdade entre os sexos é obra da razão, e sendo assim, a cada um é dado deveres. E também pode-se relatar que o homem é infiel diante sua esposa, por privar a mulher de seus deveres como ser do sexo frágil. No entanto, já a mulher ao ser infiel rompe a família e os laços da natureza. Rousseau afirma que a mulher deve ser modesta, atenta, reservada, virtuosa, cuidadosa com sua conduta e atitudes, honesta e dócil. Ainda tendo como deveres cuidar da aparência, saúde e reputação.

Sofia foi educada seguindo o seu gosto. É bem nascida, tem o temperamento naturalmente bom; tem o coração muito sensível e essa extrema sensibilidade dá-lhe por vezes uma atividade de imaginação difícil de ser moderada. Sofia não é bela mais perto dela os homens esquecem as mulheres belas. Então Emílio se apaixona por Sofia, por ela ser amável e virtuosa e passa por um obstáculo que é à distância, pois Emílio reside a duas grandes léguas dela.

Depois, desta breve diferenciação entre homens e mulheres, pode-se afirmar que ambos não podem ter a mesma educação. As mulheres devem ter direito a conhecer muitas coisas, porém apenas as que convém saber.

Considerações finais

Segundo Jean-Jacques Rousseau, seu conceito de educação é centrado no aluno e seus apontamentos em relação à interação e a liberdade, podem ser considerados bastante atuais, mas devem apenas servir como alvo de reflexões de educadores no contexto da educação contemporânea.

No entanto, a obra de Rousseau é importante enquanto um elemento problematizador de liberdade e autonomia que constitui o ideário de educação natural. Mas, não pode ser considerado um receituário, pois a educação idealizada por Rousseau era educação individualizada, não cabendo transpô-la para a escola atual. Por tanto, não se pode negar a importância das obras de Rousseau hoje. Nem descartar sua análise, que já problematizava “o mundo do capital” e suas influências nefastas sobre os indivíduos, antes mesmo, que ele se colocasse como dominante.

Ao estudar os livros contidos na obra Emílio, ou da Educação de Rousseau, pode-se perceber a preocupação que o preceptor tem em cuidar de Emílio, para que ele esteja preparado em viver em sociedade, lembrando que a função do preceptor é de instruir o Emílio para que ele possa agir corretamente, não se desviando de tudo que lhe foi ensinado, a preparação do educando foi feita com o máximo de cuidado, respeitando todas as etapas, afim de que nada pudesse escapar ou ser adiantado. Porém o próprio Rousseau tem a consciência de que o seu papel não é se isolar Emílio do mundo afim de não ser corrompido. Ao contrário, Rousseau sabe que chegará uma fase da vida, que o próprio indivíduo terá que fazer as suas próprias escolhas.

Referência

ROUSSEAU, Jean. Emílio ou da educação. Trad. Sérgio Milliet. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

 

Cristina Araújo Silva de Miranda

Graduando Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás – UEG.

Bacharel em Administração (Fasem – Uruaçu)

 

Maiza Carvalho do Nascimento

Graduando Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás – UEG.


Publicado por: MAIZA CARVALHO DO NASCIMENTO

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