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Tecnologia da Informação da Linguagem XBRL ( Extensible Business Reporting Language) Paradoxo para o Mercado Globalizado

O que é a linguagem XBRL.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

A tecnologia da informação tem avançado em uma velocidade difícil de ser acompanhada e a pressão competitiva tem forçado inovações dentro das organizações. A maneira habitual dos profissionais de propiciar informações aos seus gestores, tem se tornado cada vez mais insuficientes para as necessidades de decisão. Análise de desempenho, profissionalismo, transparência das informações e planejamento de investimentos são, entre outros, alguns conceitos gerenciais utilizados atualmente por essas organizações para atingirem os seus objetivos, para o sucesso dessas entidades se faz necessário que a Contabilidade, como um instrumento valioso de informações para a tomada de decisões, passe a administrar a sua base informacional e aproveitar as oportunidades de diferenciação que as novas tecnologias de informação oferecem. Por conseguinte, o presente estudo tem como objetivo demonstrar que uma empresa para ser competitiva no mundo globalizado e sobressair-se neste ambiente no qual esta inserida, é necessário adotar uma nova postura com a busca da informação aderindo novas tecnologias entre elas o XBRL (Extensible Business Reporting Language) para uma gestão eficaz, no qual, permite uma maior flexibilidade, eficiência, agilidade e segurança aos gestores, que passam a avaliar melhor as diversas decisões a serem tomadas.

Palavras Chaves: tecnologia da informação, XBRL (Extensible Business Reporting Language)

ABSTRACT

The technology of the information has advanced in a difficult speed to be monitored and the competitive pressure has forced innovations within organizations, the professional´s usual ways to provide information to their mangers have became increasingly insufficient. Analysis of performance, professionalism, transparency of information and planning of investiments are, among others, some managerial, concepts currently used by these organizations to reach its goal, for the success of such intities is necessary that accounts, as a valuabe tool of information for decision – making, pascing to manage the basis of information an sieze the opportunities of differentiation as the new information as the new information technologies offer.Therefore this study aimed demonstrate that an organization to be competitive in the globalized in the word and produide in the environment in wich was inserted. It´s necessary adopt a new posture with the search for informations ad hering new technologies among them the XBLR (Extensible Business Reporting Language) for a effective management, which permits let greater flexibility efficiency, agility and safety to the managers to evalvate the various decisions to be takem.

Keyword: information technology, XBRL (Extensible Business Reporting Language)

1. INTRODUÇÃO

O cenário atual das informações financeiras no mundo é armazenado em diferentes formatos de bancos de dados, documentos texto e planilhas. Estas informações precisam ser traduzidas de um formato para outro, já que os mais diversos tipos de aplicações e sistemas computacionais podem utilizá-las como fonte de dados. Os dados, que estão armazenados nos mais diversos formatos, podem ser distribuídos por meio de relatórios para diversos fins. As informações contidas nesses relatórios podem ser redirecionadas para outro tipo de relatórios, tais como; páginas de internet, relatórios externos e internos às organizações, relatórios de aplicações financeiras, assumindo assim os mais variados formatos. Todo esse processo de transformação das informações financeiras de formato para outro faz com que organizações despendam esforços excessivos, o que pode provocar um incremento de custos para utilização de uma mesma informação.

Um possível cenário para a redução da necessidade dessas transformações é a utilização de uma linguagem padrão para o intercâmbio das informações financeiras. A conversão para um formato poderá trazer benefícios, como; diminuição de custos, facilidade de extração e utilização dos dados. Com a padronização e com o uso da internet como meio de comunicação poderá trazer outros benefícios, como a democratização da informação, pois por ser a Internet largamente difundida e de baixo custo, o seu uso proporciona ampla publicidade da informação. As melhorias na forma de fazer a contabilidade de uma empresa, utilizando-se a tecnologia da computação, trouxeram enormes benefícios para os profissionais da área. O processo manual de escrituração contábil foi substituído pelo mecânico e, logo em seguida, pelo eletrônico. Assim a escrituração passou a ser feita eletronicamente, dando aos relatórios contábeis uma melhor aparência e organização.

A linguagem XBRL — Extensible Business Report Language, é uma linguagem estendida da XML para representação e intercâmbio de informações financeiras. A sua especificação é baseada em tecnologias XML — Extensive Markup Language, que aperfeiçoa a transmissão de informações pela internet. A linguagem XBRL foi desenvolvida para a preparação e intercâmbio de dados financeiros, fornecendo uma estrutura baseada em XML para uso na criação, intercâmbio e análise de demonstrações contábeis ou financeiras, especificamente para áreas contábeis. Companhias poderão usar o padrão XBRL para desenvolver diversos tipos de relatórios: XBRL para livros diários e razão, XBRL para prestação de informações de Imposto, XBRL para órgãos fiscalizador e reguladores, XBRL para relatórios de análise de crédito, XBRL para indicadores econômicos, XBRL para relatórios de risco.

O formato XBRL Internacional é formado por um consórcio global de mais 300 organizações que representam praticamente todos os componentes das entidades reguladoras contábeis e financeiras. Os membros do consórcio incluem grandes participantes de governos, entidades reguladoras, organismos econômicos, bolsas de valores, contabilistas e auditores, empresas, bancos e avaliação do riso de crédito, analistas de investimentos, programadores de software e organismos de normalização contábil.

No Brasil os estudos de viabilidade começaram efetivamente com a constituição de uma comissão composta pelos representantes do Conselho Federal de Contabilidade, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e BM&F Bovespa. A comissão está preparando o credenciamento da jurisdição brasileira. É importante que o Brasil faça parte desse círculo de desenvolvimento, uma vez que a maioria das instituições está inserida no mercado financeiro mundial. Assim, as entidades fiscalizadoras governamentais como Banco Central, Receita Federal e Receitas Estaduais, Comissão de Valores Mobiliários, entre outras, necessitam solicitar formalmente às entidades que disponibilizem suas informações em um formato padrão. Isso proporcionaria uma maior facilidade na coleta e agregação dos dados no menor tempo possível, possibilitando uma análise e comparatividade em nível econômico e financeiro nos segmentos de mercados envolvidos e, conseqüentemente, maior confiabilidade no processo.

2. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

A divulgação das demonstrações contábil-financeiras das empresas de capital aberto deve seguir as determinações da Lei nº 6.404/76 Lei das Sociedades Anônimas, Lei nº 11.638 Sociedades por Ações, Lei nº 101/2000 que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, Lei Complementar nº 123/2006 que Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. A Instrução Normativa 787/07, que instituiu a Escrituração Contábil Digital (ECD) que passou a ser obrigatória a determinadas pessoas jurídicas com relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2008 e as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). De forma geral a Constituição brasileira de 1988 instituiu entre seus princípios o da publicidade das informações.

De acordo com Bulos (2000), “o princípio da publicidade tem como escopo manter a total transparência na prática dos atos da administração pública” .

Desta forma o art . 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei nº 101/2000)

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

O artigo estabelece que deva ser dada ampla divulgação da gestão fiscal, inclusive em meios eletrônicos de acesso público. A Lei no 9.755/98 determina que toda entidade gestora de recursos públicos deve divulgar suas movimentações financeiras no portal da internet Contas Públicas, que é mantido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), enquadrando nessa obrigatoriedade todas as entidades públicas das esferas federal, estadual e municipal, das administrações públicas diretas, indiretas e fundacionais dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Nesses casos, a preocupação com a transparência é que predomina, tanto na área privada quanto na área pública. No entanto, no ambiente globalizado, as informações precisam ter a mesma dinâmica com que fluem as informações do mercado financeiro, e também precisam ser confiáveis para que possam ser utilizadas pelos destinatários, além de permitirem a comparabilidade entre as informações das diversas entidades.

3. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO XBRL (Extensible Business Reporting Language)

3.1 Motivos para usar XBRL

As atividades contábeis de uma empresa através a tecnologia da computação, trouxe enorme benefício para os profissionais da área. Todavia, os contadores brasileiros têm debatido o esforço global para simplificar e unificar as demonstrações contábeis, assim como para encontrar formas de melhorar a eficiência no preparo e na comunicação dessas informações financeiras.

Os avanços tecnológicos na área contábil vêm sendo marcados pelo ritmo acelerado e pelas variedades de inovações tecnológicas que estão sendo introduzidas no mercado. Traduzindo em números mais corretos e erros minimizados.

A preocupação dos gestores com a qualidade da informação tem levado os estudiosos a aperfeiçoarem continuamente os processos e mecanismos que se apresentam de uma forma mais complexa atualmente, abordando-os como instrumentos do mundo tecnológico. Eis o enfoque de alguns autores sobre o assunto:

Padoveze (2000) assevera que: “Tecnologia da Informação é todo o conjunto tecnológico à disposição das empresas para efetivar seu subsistema de informação”.

Já Cruz (199820) assim a conceitua:

“Tecnologia da Informação é todo e qualquer dispositivo que tenha capacidade para tratar dados e/ou informações, tanto de forma sistêmica como esporádica, quer esteja aplicada no produto, quer no processo”.

Laidon (2005) assim conceitua;

“Tecnologia de informação é um conjunto de componentes inter-relacionados que coleta ou recupera, processa, armazena e distribui informações para dar suporte à tomada de decisão e ao controle da organização”.

Considerando as definições, é válido afirmar que este instrumento representa organizações, operações e concorrências das companhias uma com as outras. Por conseguinte, o uso da tecnologia da informação deixa de ser uma preocupação essencialmente técnica para assumir uma importância estratégica, passando a ser responsável por grande parte do sucesso das organizações.

O crescimento da utilização da Internet não só está mudando a maneira como as companhias conduzem seus negócios, mas também prometem alterar o modo como elas comunicam o desempenho de seus negócios.

A Contabilidade necessitava de uma mudança nos meios como era executada; precisa-se cada vez mais, operacionalizar as suas atividades e, para isso, o contador deverá estar atualizado com as ferramentas tecnológicas existentes no mercado. Uma delas é a implantação do XBRL no Brasil. A tecnologia XBRL (Extensible Business Reporting Language) é baseada na linguagem XML que transforma informações num determinado formato, permitindo a comparação com as demonstrações financeiras de outras empresas.

Atualmente, não existe jurisdição de XBRL no Brasil para interligar as várias partes interessadas e para coordenar os esforços nacionais de qualquer demonstração contábil digital. Esta iniciativa irá também estimular os fornecedores locais de soluções em software a incorporar taxonomias ao XBRL dentro de suas próprias aplicações.

Bicudo (2007) assim conceitua; “taxonomia é uma ciência da identificação”.

Figueiredo (2008) considera;

“A taxonomia corporativa é um poderoso instrumento para organizar, expor e recuperar informações. E, curiosamente, é o modo mais ignorado pelas empresas como alternativa de apoio à gestão da informação”.

Bahmanziari (2008) assim conceitua; “A taxonomia é um dicionário de etiquetas utilizadas no processo de marcação”.

A necessidade de uma taxonomia brasileira se justifica em função de que os registros contábeis seguem princípios que são diferentes dos de outros países. A taxonomia do XBRL pode ser utilizada como parte do projeto de convergência às normas internacionais, facilitando a preparação dos dados a serem manuseados interna e externamente. Além disso, o XBRL apóia a reengenharia de processos dos setores público e privado, sendo uma forma comum para a coleta de dados para os reguladores, a administração fiscal, as estatísticas e para outras entidades, nacionais ou locais, contábeis ou não.

Para que o XBRL possa ser lançado com sucesso em qualquer jurisdição, processo deve ser facilitado por uma organização independente que não tenha qualquer interesse financeiro e que possa agregar representantes das esferas públicas e privadas, além de ser, de preferência, uma entidade representantes dos profissionais de contabilidade.

3.2 O Surgimento de XBRL

A linguagem XBRL foi desenvolvida para a preparação e intercâmbio de dados financeiros, fornecendo uma estrutura baseada em XML para uso na criação, análise de demonstrações contábeis ou financeiras. Pode, também, ser utilizada para a disponibilização de taxas de câmbio, de juros, relatórios gerenciais internos e externos à organização.

As linguagens de marcação XML — Extensible Markup Language (Linguagem extensível de formatação) tiveram sua origem em 1960, quando a IBM constatou que diferentes tipos de sistemas não “conversavam” entre si, ou seja, não eram integrados. Trata-se de uma linguagem que é considerada uma grande evolução na internet.

Em 1990, o físico suíço Tim Berners Lee liderou o desenvolvimento da linguagem de marcação HTML Hypertext Markup Language, e denominou tal sistema de WWW, World Wide Web, que foi parcialmente responsável pela explosão da internet (Hoffman Estrand, 2001). A linguagem HTML aparentemente veio resolver o problema de complexidade, pois sua simplicidade e praticidade foram alguns dos fatores responsáveis pela “explosão” da internet. Porém, tal simplicidade também foi fator de limitações.

Em 1998, o consórcio internacional World Wide Web Consortium (W3C) desenvolveu tecnologias para a web e disponibilizou formalmente a linguagem XML, que é compatível com a linguagem SGML — Standard Generalized Markup Language, mas considerada menos complexa, podendo incorporar códigos de formatação com uma grande variedade de programas de computador. Em abril de 1998, quando Charles Hoffman, um contador público certificado nos Estados Unidos (Certified Public Accountant - CPA), que passou a pesquisar o uso da linguagem XML para passar informações financeiras para divulgação eletrônica (Truman State University, 2004). Em 1998 apresentou suas idéias ao American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), que se interessou e apoiou seu projeto. Em janeiro de 1999 surgiu o protótipo do projeto. Convencido da utilidade da linguagem, o AICPA deu início a um projeto, em junho de 1999, denominado XFRML — Exnsible Financial Reporting Markup Language. Em agosto de 1999, mais 11 companhias também se juntaram ao projeto e formaram o comitê de desenvolvimento da linguagem, entre elas: Arthur Andersen, Ernest & Young, Edgar Online, KPMG, Microsoft Corporation, Price water house Coopers. O nome do consórcio foi mudado oficialmente, em abril de 2000, para XBRL e, em julho de 2000, foi anunciada a conclusão da taxonomia para companhias comerciais e industriais dos EUA, sendo também anunciada a internacionalização do consórcio, visando rápida expansão da linguagem (XBRL History, 2004).

O XBRL Internacional é formado por um consórcio global de mais 300 organizações que representam praticamente todos os componentes das entidades reguladoras contábeis e financeiras. Os membros do consórcio incluem grandes participantes de governos, entidades reguladoras, organismos econômicos, bolsas de valores, contabilistas e auditores, empresas, bancos e avaliação do riso de crédito, analistas de investimentos, programadores de software e organismos de normalização contábil. Os membros do consórcio comprometeram-se a estabelecer um consenso com base em um formato único para compartilhar informações e idéias. As jurisdições estão representadas atualmente: Austrália, Canadá, Alemanha, Irlanda, Japão, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos.

Jurisdições provisórias: Bélgica, Dinamarca, Suécia e Correia. Atualmente estima-se em 7.500 empresas que devem preparar as demonstrações financeiras com base no padrão internacional.

3.2.1 Implantação no Brasil

No Brasil, as pesquisas sobre XBRL e taxonomia foram iniciadas, em 2001, pelo TECSI/FEA USP – Laboratório de Tecnologia e Sistemas de informação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, sob responsabilidade do professor Dr. Edson Luiz Riccio. Este grupo possibilita a reunião, divulgação e interação entre os membros e todos os demais interessados no assunto, ao nível brasileiro e internacional. Atualmente, não existe jurisdição de XBRL no Brasil. Esta iniciativa irá estimular os fornecedores locais de soluções em software a incorporar taxonomias ao XBRL dentro de suas próprias aplicações para fornecer uma demonstração contábil-digital.

Para atender à finalidade de se aperfeiçoar a promoção, o desenvolvimento e a adoção o XBRL, o estabelecimento da jurisdição é uma iniciativa que exige participação de representantes de todos os tipos de reguladores, além de outros interessados, como instituições financeiras, analistas, empresas, contabilistas e provedores de software.

As discussões preliminares para a criação da jurisdição brasileira tiveram início com reuniões realizadas entre os presidentes das entidades que compõem o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) que recomendaram a análise mais aprofundada do tema.

Os estudos de viabilidade começaram efetivamente com a constituição de uma comissão de especialistas, instituída por portaria assinada pela presidente do CPC, em abril de 2008. A comissão é composta pelos representantes do Conselho Federal de Contabilidade, Luiz Antonio Balaminut e Homero Rutkowisk; pelo professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) Edson Luiz Riccio; e pela representante do CFC e da BM&F (Bolsa Mercantil & de Futuros Bovespa) , Wang Jiang Horng.

A comissão está preparando o credenciamento da jurisdição brasileira, uma vez que o CFC assumiu temporariamente a função de entidade facilitadora de jurisdição brasileira, ficando inclusive como responsável pela disseminação do XBRL no Brasil.

As empresas brasileiras pioneiras nesse formato são: Petrobrás, Bradesco e Net Serviços fazem parte do grupo experimental de 17 companhias que se dispôs a testar o sistema. Elas encaminharam à SEC (Securities and Exchange Commission) seus balanços no padrão americano com a nova linguagem. Hoje, 85 empresas já publicaram balanços nesse formato XBRL na SEC.

3.3 Funcionamento do XBRL

Alguns aspectos devem ser discutidos quanto à implementação da XBRL. A divulgação de informações financeiras das entidades sempre foi limitada ao material impresso, sendo que uma mudança para meio eletrônico certamente demandará estudos e discussões amplos, até que sejam aceitos e consolidados os novos procedimentos. Isto porque nela encontraremos vantagens e desvantagens nem sempre fáceis de serem avaliadas, muitas vezes compreendendo valores difíceis de serem mensurados, como agilidade, segurança, transparência e também os custos, difíceis de serem comparados, em parte devido à dificuldade de avaliar monetariamente benefícios intangíveis.

Silva (2004), afirma:

“a informação é trabalhada atualmente não permite grande velocidade no tratamento dos dados, devido às diversas atividades que as entidades precisam executar, como preencher questionários ou alimentar bases de dados manualmente. havendo um método de extrair essa informação automaticamente, os agentes econômicos poderão analisar mais empresas, com os recursos que têm à sua disposição. Isto terá diversas conseqüências positivas: melhorará a representatividade das amostras utilizadas na base de diversas análises; aumentará a probabilidade de se extrair conhecimento relevante dos dados; diminuirá o erro esperado na inferência, a partir dos dados, de descritores do universo de referência. Assim sendo, as decisões dos agentes econômicos estarão mais bem fundamentadas e as pessoas que, nas diversas entidades, preenchem manualmente o formato da base de dados poderão dedicar–se a atividades de maior valor acrescentado, para si e para a entidade em que trabalham”

Pensando nisso, sente-se a necessidade de aproveitamento das potencialidades já existentes, de forma que os dados disponibilizados possam ser acessados de maneira automática, sem necessidade de redigitação pelos demais usuários. Essa idéia vem exatamente ao encontro dos potenciais recurso da XBRL. Sua integração, dentro de um sistema de informações, vê–se o XBRL acessando o banco de dados da entidade, usar a taxonomia necessária para a formatação dos dados baseada nos princípios fundamentais de contabilidade e outras definições específicas para os usuários, permitir a entrada de dados e notas e gerar um arquivo no formato XML, que pode ser utilizado para as mais diversas finalidades, como os das agências regulatórias, impressão de demonstrações financeiras, geração de outros arquivos no formato de dados Word ou Excel, por exemplo, e emitir as informações diretamente no meio da Internet.

O XBRL que serve para comunicar os dados financeiros. Essas comunicações são definidas por um conjunto de meta dados estabelecidos nas taxonomias. As taxonomias compreendem a definição dos elementos de reporte individual bem como as relações entre os elementos numa taxonomia e noutras taxonomias. Elas fornecem uma forma extremamente poderosa de modelar as semânticas de um reporte e são facilmente extensíveis.

Ao utilizar o XBRL, as empresas automatizam os processos de coleta de dados. Os dados de diferentes divisões de uma empresa, com vários departamentos e diferentes sistemas contábeis, podem ser grupados rapidamente a um baixo custo e de maneira eficiente se as fontes de informações forem customizadas para utilizar o XBRL.

Depois que os dados são coletados em XBRL, diferentes tipos de relatórios, usando diferentes subconjuntos de dados, podem ser produzidos com o mínimo esforço. O departamento financeiro de uma empresa poderá de forma rápida e confiável gerar relatórios internos de gestão, demonstrações financeiras e contábeis para publicação, fiscais, regulamentares e outras, bem como os relatórios de crédito para gestores. Além de automatizar a manipulação de dados e diminuir o tempo de processo dessas informações, os dados também podem ser controlados por software específicos. Pequenas empresas podem se beneficiar, ao lado das grandes, pela uniformização e simplificação de sua montagem e apresentação de informações às autoridades.

Os usuários dos dados que serão recebidos por via eletrônica em XBRL podem automatizar a sua manipulação, diminuindo demoras e onerosas formas de processo de informação, bem como diminuindo os custos de revisão de informações.

O software pode também imediatamente validar os dados, destacando os erros e as falhas que podem ser imediatamente acessados. Ele também pode ajudar na análise, na seleção e no processamento dos dados para nova utilização.

Dessa forma, os analistas, investidores e órgãos reguladores se beneficiam com novas possibilidades de análise automatizadas e atualização mais freqüente da informação, poupando esforços, simplificando significativamente a seleção e a comparação de dados e análises.

Consultores de informática podem descobrir oportunidades novas com a adoção do XBRL. Estas oportunidades incluem: integração de dados e de aplicações, como também personalização de programas analíticos e estudos do impacto que a XBRL pode causar na Tecnologia da Informação da organização.

Fornecedores de software podem usar o XBRL para formatação de seus dados para exportação e importação, aumentando o seu potencial de interoperabilidade com outras aplicações de softwares, financeiras e analíticas.

Gestores podem reduzir custos e acelerar os seus contatos com os clientes. Reguladores e departamento de Governo podem reunir, validar, comparar e analisar os dados com muito mais eficiência e utilidade do que pelos métodos tradicionais.

O XBRL permite aos auditores focalizarem esforços no trabalho de análise da informação, reduz os erros de transformação de formatos dos dados e aumenta a velocidade na qual a informação é acessível.

O que se espera é que, estando cada comunidade com sua taxonomia desenvolvida em XBRL, uma transação financeira de uma companhia brasileira realizada no exterior possa ter seu registro automaticamente convertido no padrão contábil do país onde se realizou a transação para o brasileiro, sem a necessidade de entrada ou conversão manual de dados.

3.3.1 Benefícios da adoção do XBRL

• Demonstrações padronizadas de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade; com a necessidade das empresas terem que gerar dois conjuntos de demonstrativos financeiros, um atendendo as normas adotadas pela matriz, e outra obedecendo às exigências do país no qual está localizada sua subsidiária. Esta situação cria dois problemas para a gerência dessas multinacionais, segundo Flower (2002):

“1. Consistência: Os dois relatórios podem gerar mensagens completamente que podem conduzir à confusão e à incerteza excedentes, ao medir o desempenho da subsidiária estrangeira. A gerência do grupo pode exigir que o desempenho esteja medido de acordo com seus princípios padrões. Entretanto, isto não impede que o feeling da gerência local seja tratado injustamente e, que seu desempenho seja medido de acordo com os princípios não aceitos localmente”.

2. Custo: É caro manter um sistema de contabilidade que prepare duas demonstrações financeiras diferentes”.

Dessa forma, as multinacionais convencionaram adotar princípios padronizados para o grupo de empresas. Assim, as subsidiárias estrangeiras são submetidas às normas adotadas pela matriz, geralmente as adotadas em seu país de origem. Além desses problemas, essas organizações se deparam com a dificuldade de interpretação das demonstrações financeiras preparadas sob a ótica de órgãos e agências regulamentadoras e princípios contábeis locais que são adotados em outros países.

No Brasil, no ano de 1999, deparamo-nos com alguns casos de empresas brasileiras que negociavam suas ações na Bolsa de Valores de Nova York, obrigadas a seguir as normas contábeis norte-americanas, onde o resultado operacional perante estas normas se mostrou bem diferentes do resultado evidenciado perante as normas e princípios brasileiros de contabilidade.

Não é mais possível que uma empresa tenha de preparar demonstrações contábeis com padrões diferentes para um lançamento de ações em Londres ou New York, e outras para a Bolsa de Buenos Aires, daquelas que usualmente prepara para os investidores brasileiros. O que acontece é que normalmente as normas contábeis de um país estão restritas ao contexto econômico deste, submissas a sua legislação, limitadas às características marcantes de sua estrutura societária e, comprometidas com tradições culturais. Isso leva-nos claramente à idéia de que haveria grandes melhorias na economia e na consistência das informações contábeis se usuários internos e externos de empresas de vários países pudessem se basear no mesmo arcabouço de princípios e normas contábeis.

• Redução dos custos com preparação de demonstrações; pois em relação a métodos de relatórios tradicionais, decorrentes do fato de que a informação, uma vez produzida e representada em formato XBRL, pode ser reutilizada muitas vezes sem manipulação ou distorção.

• Simplificação do acesso pelos usuários; permite às empresas uma forma eficaz de se comunicar com os seus consultores, com a total transparência, a integridade e confiança nas informações em um ambiente corporativo. Pelo XBRL, assim que uma empresa divulgar seu balanço, infinitas pessoas que tenham em seus computadores códigos específicos cadastrados receberão as informações. Essa linguagem tem a mesma origem do sistema de divulgação de notícias RSS, pelo qual é possível receber informações, quando conectado, em tempo real.

• Informação com mais ampla disponibilidade; fornecendo importantes benefícios para os reguladores e os governos, por meio de um menor volume de informações assim como segura a precisão dos dados. Cria-se um padrão para a comparação de companhias. A replicação desses dados também é livre de erros de digitação, porque ela será toda automática.

Segundo Riccio (2005, p. 58)

“Será mais fácil e seguro, por exemplo, comparar o lucro líquido de diversas empresas, sem ter de buscar os balanços em papéis ou o seu formato completo no site da cada companhia. Em apenas um programa de computador, será possível ter esses dados, sempre atualizados conforme divulgados pelas companhias”.

• Racionaliza a comunicação entre diferentes tecnologias; permitindo que essas tecnologias funcionem de uma forma mais integrada, resultando num aumento da qualidade de dados e disponibilização mais rápida. O XML se configura assim como uma linguagem universal, tanto para formatar como para apresentar a informação. Uma vez que os dados estão codificados ou identificados com etiquetas, estes podem ser utilizados de formas diferentes. Através de uma série de regras, guias e convenções desenham o formato dos textos e dos dados de modo que pode facilmente ser lido e gerado por um ordenador, de forma não ambígua e evitando falhas comuns como falta de exportabilidade ou dependência específica de uma plataforma.

• Beneficia as bolsas de valores, melhorando a eficiência da informação financeira proporcionando um ambiente transparente e transformando tais informações em aplicações analíticas.

3.3.2 Ponto Negativo do XBRL

§ Confiança a mais, sobrevalorização; Apesar de XBRL parece bem adaptada para a tarefa, esta ainda é uma gigantesca quantidade de gerir a mudança, e alguns terão de ser convencidos de que um novo formato tornará mais fácil. Alguns críticos afirmam ainda que a XBRL é demasiado complexo, pelo que nem todos têm sido conquistado ainda.

De acordo com Walter Hamscher, diretor executivo do XBRL Internacional.

"Como qualquer norma que tem que fazer um lançamento , temos de gerir as expectativas em torno de estabilidade. O fato é que o XBRL é um grande passo para o mercado .Estamos trabalhando com fornecedores de os levar para com toda a velocidade possível. Acho que ainda há uma deficiência de off-the-shelf vendedor de software que é devidamente habilitado para o âmbito familiar e varrer da aplicabilidade da XBRL. Acho que precisamos de mais open source. Muitas organizações usuário final vai ver isso como um obstáculo, embora reguladores, curiosamente, não parecem preocupados com isso ".

Como é uma nova tecnologia os reguladores e investidores poderão estar a espera de algo mais do que o XBRL pode dar, levando depois a uma desvalorização do XBRL em si por não corresponder as expectativas. Muito já se fez no XBRL, mas muito ainda falta fazer (ainda está em desenvolvimento).

§ Insegurança de dados; Uma vez que a informação está acessível a uma quantidade acrescida de pessoas dentro e fora da empresa. Temos um risco de segurança. Como a informação está partilhada e é construída por várias entidades da empresa e fora dela, temos o risco de a informação ter discrepâncias, e não ser totalmente coerente se as tarefas não forem devidamente distribuídas.

§ Custo de implementação iniciais; Para muitas empresas os custos podem ser proibitivos, levando a uma manutenção de sistema atual ou a Empresa em questão poderá esta a um nível da “Idade da Pedra” o que levaria a mudanças drásticas, a nível de formação, de novos equipamentos de hardware para uma tecnologia de ponta. Os principais custos são; custo de manutenção constante de web sites, custo de certificação digital

4. CONCLUSÃO

Se compararmos os procedimentos de apenas 10 anos atrás, com os que hoje são exigidos de um empresário, veremos que não mais são aceitáveis, como eficazes, os conceitos que anteriormente eram os predominantes. A contabilidade ao adotar uma função consultiva, auxiliando os empresários a especificarem suas necessidades de informação antecipadamente, é decisiva, para que as informações contábeis sejam utilizadas na gestão das empresas.

O grande avanço da tecnologia e a necessidade de um número maior de informações, cada vez mais rápidas e precisas levam as empresas a buscarem soluções mais eficientes que possibilitem agilizar as decisões a serem tomadas. O XBRL (Extensible Business Reporting Language) é uma das soluções apontadas neste artigo, pois possibilita analisar a empresa de forma sistêmica, não como várias partes de um todo, mas um sistema único repleto de interações para facilitar a divulgação de demonstrativos financeiros por meio desse novo meio de comunicação. Para adaptar a linguagem XBRL aos demonstrativos financeiros de cada país, são necessários estudos visando a adaptar a linguagem ao tipo de demonstrativo financeiro divulgado em cada setor de cada um desses países, de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade neles adotados. Essa adaptação é a construção da taxonomia voltada par a os seus demonstrativos financeiros, seus formatos e suas regras. Esse é o desafio que cada setor de cada um desses países. Em sumo o XRBL é a reinvenção da forma de transmitir e utilizar os dados no negócio.

A mudança de postura esperada do contador, de apenas aquela pessoa responsável pela escrituração dos fatos que alterem o patrimônio das empresas para um parceiro efetivo nas tomadas de decisões, pode ser facilitada com a implantação dos Sistemas Integrados, pois o tempo a ser despido pelo profissional de Contabilidade será o da análise, deixando para o sistema a parte operacional dos registros.

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Publicado por: HUGO DA SILVA ASCENÇÃO

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