AS ESCOLAS DO PENSAMENTO ECONÔMICO
Breve análise sobre as escolas do pensamento econômico.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Como se Caracterizou o Mercantilismo? O Que Tratava a Teoria da Fisiocracia? Quem Foram os Principais Defensores do Liberalismo? Qual a Importância de John M. Keynes Para a Macroeconomia? Qual o Foco da Análise de David Ricardo?
Sabe-se que algumas das principais funções da Economia é descrever, analisar, explicar e correlacionar o comportamento da produção, do desemprego, dos preços e outros fenômenos semelhantes. E, para que tudo isso tenha significado, é necessário que essas descrições sejam mais do que narrativas separadas, devendo estabelecer um padrão sistemático a fim de constituir a verdadeira análise. Para isso, é preciso recorrer a alguns episódios que ocorreram no passado que servem de parâmetros explicativos para as ocorrências dos dias atuais e, diante disso, é importante conhecermos a origem do pensamento econômico.
O Mercantilismo
Conforme Rossetti (2000), em períodos anteriores, a atividade econômica do homem era tratada e estudada como parte integrante da Filosofia Social, da Moral e da Ética e dos costumes individuais. A atividade econômica orientava-se de acordo com alguns princípios gerais de ética, justiça e igualdade. Os conceitos de troca, em Aristóteles, e preços justos, em São Tomás de Aquino, a condenação dos juros ou da usura, encontravam sua justificativa em termos morais, não existindo um estudo sistemático das relações econômicas. A partir do século XVI, assistimos o surgimento da primeira escola econômica – o Mercantilismo – o qual se constituiu um momento de forte evidência da intervenção do Estado na Economia. As premissas básicas dessa escola do pensamento econômico são:
- O governo de um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque de metais preciosos.
- Os estímulos das guerras justificavam a forte e constante presença do Estado em assuntos econômicos.
Naquela época, havia a crença de que a riqueza das nações estava na quantidade de ouro e prata que possuíam e que poderiam acumular. Por essa razão, o principal objetivo dos portugueses e dos espanhóis no continente americano era o de descobrir fontes de ouro e prata. Mas, como aconteceu na América, nem sempre era possível achar o metal precioso para abastecimento dos cofres dos Estados europeus. E a saída era acumular ouro e prata através do comércio, que recebeu uma série de características para atender essa necessidade. Essa era uma outra alternativa viável na época.
- A Fisiocracia (do grego "Governo da Natureza”): Trata-se de uma teoria econômica desenvolvida por um grupo de economistas franceses do século XVIII que acreditavam que a riqueza das nações era derivada unicamente do valor de "terras agrícolas" ou do "desenvolvimento da terra", e que produtos agrícolas deveriam ter preços elevados.
- Teoria Agrícola do Excedente: Os fisiocratas formularam seus estudos no momento em que a economia era quase que essencialmente agrária. Pode ter sido esse o fator motivador que considerava apenas o trabalho agrícola como sendo valioso e produtivo. O excesso de produção permitiria o desenvolvimento do comércio, a existência de artesãos e a organização governamental.
- Lucro: O lucro advindo da indústria e do comércio não poderiam ser geradores de riquezas. As mercadorias e outros bens que circulavam nesses dois setores representavam uma transformação daquilo que era gerado pelo uso da terra, fonte de toda e qualquer riqueza. Segundo a Fisiocracia, os proprietários da terra deveriam ser considerados os verdadeiros geradores de toda a riqueza nacional.
O Liberalismo
Trata-se da teoria de maior destaque entre as que tentaram justificar a organização da sociedade industrial capitalista e, seus principais pensadores foram Adam Smith e David Ricardo. Sua principal ideia era a liberdade desassociada completamente do controle e a regulação em excesso advinda do governo na Economia a fim de assegurar as condições da produção de mercadorias. A questão é: até que ponto a não participação do Estado permite uma condição de sustentabilidade econômica? Os próprios pensadores do liberalismo divergiam entre si e acredita-se haver muito mais questões envolvidas do que simplesmente o equilíbrio econômico. As principais ideias de Adam Smith eram a teoria do “deixai fluir livremente” (laissez-faire), uma política econômica liberal que estimulava a competição e condenava o controle e a regulação excessiva do governo na economia. Segundo Fontes (2010), uma de suas ideias liberais mais divulgadas refere-se à mão invisível, metáfora criada por ele. O sistema de mercado age como uma mão invisível, pois nele as ações individuais e egoístas dos agentes econômicos resultam nos melhores resultados do ponto de vista da sociedade como um todo. Significa que, mesmo quando o indivíduo busca apenas o seu próprio interesse, os resultados acabam gerando benefícios para a coletividade.
Ainda de acordo com Fontes (2010), a competição é o principal mecanismo do sistema de mercado, impondo naturalmente certa disciplina aos diversos agentes econômicos. Por exemplo, se um vendedor quiser comercializar um produto por um preço acima do que o mercado deseja comprar, ele não encontrará comprador. Ou, se um trabalhador exigir um salário acima do praticado pelo mercado, ele continuará desempregado. Smith (economista e filósofo escocês) foi o que mais contribuiu para a moderna percepção da economia de livre mercado. Segundo seu livro mais importante, uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações, publicado em 1776, a riqueza das nações e dos indivíduos em geral era fruto de interesses próprios (self-interest), sendo que o bem que todos os indivíduos proporcionam não são auto percebidos.
- Karl Marx: Segundo Fontes (2010), Marx é considerado o pai do comunismo, uma doutrina que propõe o fim das classes sociais e do Estado, com a abolição total da propriedade privada e igual distribuição dos bens produzidos pela sociedade. Fez-se importante naquele momento a expressão “mais-valia”, um dos pilares do Marxismo referente à diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o valor pago ao trabalhador, sendo considerada a base da exploração do sistema capitalista. O que distingue Smith de Marx é principalmente o fato de o primeiro ter visualizado a acumulação e o crescimento econômico como aspectos inerentes e positivos do capitalismo, enquanto o segundo via a acumulação e o crescimento como processos que ocorreriam à custa da marginalização das pequenas firmas e dos trabalhadores, reduzindo eventualmente a estrutura social a uma grande massa de proletariados e a um pequeno número de poderosos capitalistas.
- John M. Keynes: Keynes foi um economista britânico cujos ideais serviram de influência para a macroeconomia moderna, tanto na teoria quanto na prática. Na década de 1930, Keynes iniciou uma revolução no pensamento econômico; ele era contrário às ideias da economia neoclássica, as quais defendiam que os mercados livres ofereceriam automaticamente empregos aos trabalhadores desde que eles fossem flexíveis na sua procura salarial. Após o término da 2ª Guerra Mundial, suas ideias econômicas foram adotadas pelas principais potências econômicas do Ocidente e, durante os anos de 1950 e 1960, o sucesso dos princípios de Keynes foi tão evidente que a maioria dos governos capitalistas adotou suas recomendações. Conforme citado por Antônio Delfim Netto, "É incrível o que Keynes pensou. Ele foi muito mais do que um economista. O que ele escreveu é muito mais relevante para a economia do que tudo que fizeram depois”.
- Jean B. Say: O economista francês Jean Baptiste Say (1768-1834) continuou os estudos de Adam Smith e foi o formulador da chamada Lei de Say, a qual pode ser assim resumida: (a) A oferta de um produto sempre gera demanda por outros produtos; (b) A oferta cria sua própria demanda. Como curiosidade histórica, o que acontece com a Lei de Say é que ele jamais escreveu que "a oferta cria a sua própria procura", mas ficou conhecido por isso. Em outras palavras, ele ficou famoso pelo que não fez. É um grave erro de interpretação do que ele escreveu.
- David Ricardo: Ricardo (1772-1823) pode ser considerado como outro expoente do período clássico, desenvolveu alguns modelos econômicos com grande potencial analítico. Ele analisou o comércio entre as nações e tais estudos constituíram um importante item da teoria do comércio internacional, chamada de Teoria das Vantagens Comparativas.
- Thomas Malthus: Esse economista inglês (1766-1834) elaborou uma teoria afirmando que a população iria crescer tanto que seria impossível produzir alimentos suficientes para alimentar o grande número de pessoas no planeta. Para ele, o mundo deveria sim ter doenças, guerras, epidemias, ele também propôs uma política de controle de natalidade para que houvesse um equilíbrio entre produção de alimentos e população. Entre suas obras, a principal foi “Ensaio Sobre o Princípio da População”. Para Malthus, a produção de alimentos crescia de forma aritmética enquanto o crescimento populacional crescia de forma alarmante.
REFERÊNCIAS
FONTES, R. Economia: um enfoque básico e simplificado. São Paulo: Atlas, 2010.
FARINA, E. M. ; AZEVEDO, P. F. ; SAES, M. S. Competitividade: Mercado, Estado e Organizações. São Paulo: Editora Singular, 2000.
MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
MOCHÓN, F. Princípios de economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
JULIO CESAR S. SANTOS
Professor, Jornalista e Escritor. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial e especialista em Marketing Estratégico
Publicado por: JULIO CESAR DE SOUZA SANTOS
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