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Transtorno do pânico: o corpo grita por sentir as dores da mente

Dificuldades e consequências do transtorno do pânico, tratamentos psiquiátricos a base de fármacos e fatores de risco da ansiedade.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

O corpo humano reage a situações em que a integridade física está sobre ameaça, produzindo um mecanismo de defesa que ocorre no Sistema Límbico - conhecido como a parte do cérebro responsável por nossas emoções - e no Sistema Autônomo, mais precisamente no Sistema Autônomo Simpático, onde ocorrem todos os processos involuntários, possuindo uma importante participação do Hipotálamo - uma estrutura cerebral bem pequena que fica na parte interna do cérebro relacionado a esses dois sistemas citados. 

Esse mecanismo é chamado ansiedade, a qual nos prepara para uma situação de luta ou fuga. O nosso Sistema Nervoso apresenta reações comportamentais, glandulares e estruturas corporais que controlam as funções involuntárias como circulação do sangue.

A ansiedade é positiva, porém quando elevada, torna-se um risco pra saúde psíquica do indivíduo. Quando estamos ansiosos recebemos alguns estímulos na região do Sistema Nervoso Central, aumentando o nível de Cortisol (o famoso hormônio do estresse). Esse hormônio aumenta a glicose sanguínea, o combustível que faz com que todas as funções da ansiedade sejam ativadas. O Cortisol é positivo quando é moderado. Em exagero, ele provoca a morte celular e prejudica nosso sistema de defesa do organismo. Cada vez que você se estressa, você perde neurônios!

O Transtorno do Pânico é muito recorrente e é caracterizado como um tipo de Transtorno de Ansiedade que, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), afeta cerca de 3,6% da população geral. O Transtorno do Pânico atinge mais adultos jovens, geralmente entre 25 e 44 anos de idade e tem duas vezes mais chance de atingir pessoas do sexo feminino.  

Segundo o DSM V (Manual Diagnósticos e Estatístico dos Transtornos Mentais), o Transtorno do Pânico se dá como um surto imprevisto de medo ou desconforto intenso. Sendo assim, quando o corpo ativa a ansiedade, faz com que ela apresente-se desproporcional ao estímulo que recebe. Frequentemente uma descarga energética é liberada junto com a adrenalina - neurotransmissor associado a situações em que o corpo precisa estar em alerta.

Conforme o DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), durante uma crise, o indivíduo pode apresentar quatro ou mais dos seguintes sintomas:

01. Palpitações, coração acelerado, taquicardia

02. Sudorese

03. Tremores ou abalos

04. Sensações de falta de ar ou sufocamento

05. Sensações de asfixia

06. Dor ou desconforto torácico

07. Náusea ou desconforto abdominal

08. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio

09. Calafrios ou ondas de calor

10. Parestesias (anestesia ou sensação de formigamento)

11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciando de si mesmo)

12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”

13. Medo de morrer

O medo exagerado, que caracteriza o transtorno, não tem hora para chegar. Ao passar por essa onda de sintomas, a pessoa entra em pânico iniciando outra crise. O que define melhor esse transtorno é: o medo de sentir medo.

Portanto, o indivíduo com Transtorno do Pânico tem grandes dificuldades e consequências em sua vida, o afastamento social é uma das medidas tomadas por ele, pois está constantemente buscando um lugar seguro (dentro de casa), evitando público desconhecido e até reuniões familiares, o mesmo não sabe como lidar e sente vergonha da situação, já que a maioria das crises é gerada por gatilhos que acontecem fora de sua zona de conforto. A pessoa deixa de seguir sua rotina normal, passa a faltar a eventos importantes, se tornando refém do temor.

A boa notícia é que todo esse desconforto pode ser tratado. Existem tratamentos psiquiátricos a base de fármacos, geralmente antidepressivos inibidores de serotonina - um neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar -. A inibição de serotonina tem um efeito bifásico sobre a ansiedade, aumentando os sintomas no início do tratamento e, a partir da segunda semana, diminuindo a ansiedade. Depois do tempo estipulado geralmente é acrescentado no tratamento os fármacos benzodiazepínicos, por isso é importante e necessário o contato direto com o médico, para regulação de dosagem, tempo de uso e definição do melhor tratamento.

A psicoterapia é de grande ajuda para o indivíduo, seja ela acompanhada de tratamento farmacológico ou não. A abordagem psicoterápica mais efetiva e com melhores resultados é a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), com objetivos claros a serem atingidos. Ela objetiva corrigir interpretações catastróficas e os medos condicionados das sensações corporais e evitações. Diante disso, pode-se concluir que o transtorno do pânico é uma condição crônica e que deve ser acompanhada e tratada por um profissional seja ele psicólogo ou psiquiatra.

REFERÊNCIAS

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ROSA, Thais GonÇalves et al. INFLUÊNCIA DOS AGENTES ESTRESSORES NO AUMENTO DOS NÍVEIS DE CORTISOL PLASMÁTICO. Disponível em: . Acesso em: 04 abr. 2019.

SHINOHARA, Helene. Transtorno de pânico: da teoria à prática. Disponível em: . Acesso em: 03 abr. 2019.

TORRES, Albina R; LIMA, Maria Cristina P; RAMOS-CERQUEIRA, Ana Teresa de Abreu. Tratamento do transtorno de pânico com terapia psicodramática de grupo. 2001. Disponível em: . Acesso em: 04 abr. 2019.

Por: Jennifer Lauanna Pereira


Publicado por: Jennifer Lauanna Pereira

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.