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Obesidade e Medicamentos Emagrecedores

Avaliar a prevalência de estudantes que utilizaram medicamentos emagrecedores por fins terapêuticos ou estéticos com ou sem orientação médica.

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Resumo

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal no indivíduo, são muitas as causas da obesidade, o excesso de tecido adiposo pode estar relacionado a genética, a maus hábitos alimentares ou a disfunções endócrinas. Este estudo tem por finalidade avaliar a prevalência de estudantes da Faculdade Meta que utilizaram medicamentos emagrecedores por fins terapêuticos ou estéticos com ou sem orientação médica. Trata-se de um estudo de campo transversal cujo a amostra de conveniência utilizada é 50; composta pela população de estudantes de ambos os gêneros com faixa etária de até 55 anos. Dessas 50 avaliações realizadas com estudantes; 32 eram do gênero feminino e 18 do gênero masculino, representando 64% e 36% respectivamente. Foram mensuradas a altura e peso para verificação do índice de massa corpórea (IMC) dos participantes. Os dados foram apresentados por meio de medidas descritivas de posição, variabilidade e tabelas. Os resultados demonstraram que 14% dos estudantes relataram uso de medicamentos emagrecedores e que os motivos variam entre estética, sobrepeso e bem-estar. O estudo mostrou também que os indivíduos com menos de 40 anos de idade estão mais propensos a se tornarem obesos. Além disso, tanto na literatura como em experiência adquirida com a pesquisa detectamos que a maioria se automedica. Estes achados reforçam a necessidade de implementação de programa de reeducação alimentar, programas de atividade física destinados à redução de percentual de gordura corporal, em caso de obesidade fazer um acompanhamento médico com uma equipe de profissionais capazes de promover a saúde desse indivíduo. Também seria de grande utilidade pública que os responsáveis pela prescrição de medicamentos anorexígenos, dispensação dessas receitas sejam conscientizadores do uso inadequado desses medicamentos alertando através de campanhas, debates, propagandas, anúncios e ações sobre os perigos que podem ser causados como alterações fisiológicas, metabólicas, comportamentais e efeitos colaterais.

Palavras-chave: Obesidade. Emagrecedor. Terapêuticos. Saúde. Alterações.

Abstract

Obesity is characterized by the accumulation of body fat in the individual, are many causes of obesity, excess adipose tissue may be related to genetics, poor eating habits or endocrine dysfunction. This study aims to evaluate the prevalence of Meta Faculty students who used weight loss drugs for therapeutic or aesthetic purposes with or without medical guidance. It is a cross-sectional field study whose convenience sample used is 50; composed of the population of students of both genders with an age group up to 55 years. Of these 50 student evaluations; 32 were females and 18 males, representing 64% and 36%, respectively. The height and weight were measured to verify the body mass index (BMI) of the participants. Data were presented through descriptive measures of position, variability and tables. The results showed that 14% of the students reported using diet pills and that the reasons vary between aesthetics, overweight and wellbeing. The study also showed that individuals under 40 years of age are more likely to become obese. In addition, both in the literature and in the experience gained from the research, we found that the majority self-medicate. These findings reinforce the need to implement a program of dietary reeducation, physical activity programs aimed at reducing body fat percentage, in case of obesity make a medical follow-up with a team of professionals capable of promoting the health of that individual. It would also be of great public utility that those responsible for prescribing anorexigenic drugs, dispensing such prescriptions to be aware of the inappropriate use of these medicines by alerting through campaigns, debates, advertisements, announcements and actions on the dangers that can be caused as physiological, metabolic, behavioral and side effects.

Keywords: Obesity. Weight Loss. Therapeutic. Cheers. Change.

1.Introdução

1.1 Obesidade

A obesidade pode ser definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal, sob a forma de tecido adiposo, sendo consequência de balanço energético positivo, capaz de acarretar prejuízos à saúde dos indivíduos. Sabe-se ainda que a etiologia da obesidade seja multifatorial, estando envolvidos em sua gênese tanto aspectos ambientais como genéticos (WORLD, 2004).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica esta doença baseando-se no índice de massa corporal (IMC) definido pelo cálculo do peso corporal, em quilogramas (Kg), dividido pelo quadrado da altura (h)2, em metros quadrados (m)2 (IMC = kg/h(m)2), e pelo risco de mortalidade associada (SANCHES e BATISTA, 2012).

A obesidade é caracterizada quando o IMC encontra-se acima de 30 kg/m2. A OMS define a gravidade da obesidade em: grau I (moderado excesso de peso) quando o IMC situa-se entre 30 e 34,9 kg/m2; a obesidade grau II (obesidade leve ou moderada) com IMC entre 35 e 39,9kg/m2 e, por fim, obesidade grau III (obesidade mórbida) na qual IMC ultrapassa 40 kg/m2  (SEGAL e FANDINO, 2002).

Em 10 anos, a prevalência da obesidade passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, atingindo quase um em cada cinco brasileiros. Os dados divulgados fazem parte da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) realizada pelo Ministério da Saúde (MS) em todas as capitais do país (VIGITEL, 2017).

Segundo NAHAS (2003), a obesidade torna mais numerosa as chances do aumento da mortalidade e da piora dos indicadores de qualidade de vida em mesmo grupo etário de indivíduos obesos e não obesos.

1.2 Doenças relacionadas com a obesidade

Doenças cardiovasculares, renais, digestivas, diabetes mellitus, problemas hepáticos e ortopédicos estão associados ao excesso de gordura corporal e a incidência dessas doenças é duas vezes mais alta entre homens obesos e quatro vezes mais altos entre mulheres obesas, comparados à população não obesa (VASCONCELOS, 2008).

A qualidade de vida dos obesos, de acordo com TAVARES, et al., (2009), está intensamente comprometida quando associada à comorbidades, podendo gerar também distúrbios emocionais e psicológicos causados por prejuízo e discriminação. Em consequência, poderão surgir sintomas depressivos e ansiosos, diminuição da sensação de bem-estar e aumento da sensação de inadequação social.

Em países em desenvolvimento, o tipo de alimento consumido na zona rural apresenta-se diferente daquele consumido na zona urbana, numa relação diretamente proporcional ao poder aquisitivo ou ao nível socioeconômico. Estudos bibliográficos demonstram que a população urbana de baixa renda, apresenta uma ingestão calórica inferior, se comparada à população rural, apesar de a primeira consumir proporcionalmente mais proteína e gordura animal do que a segunda. A população urbana consome maior quantidade de alimentos processados, como carnes, gorduras, açúcares e derivados do leite, em relação à área rural, onde a ingestão de cereais, raízes e tubérculos é mais elevada. (OLIVEIRA, 2004).

1.3 Obesidade e Genética            

Segundo a OMS ocorrência da obesidade nos indivíduos reflete a interação entre fatores dietéticos e ambientais com uma predisposição genética. Contudo, existem poucas evidências de que algumas populações são mais suscetíveis à obesidade por motivos genéticos, o que reforça serem os fatores alimentares em especial a dieta e a atividade física, responsáveis pela diferença na prevalência da obesidade em diferentes grupos populacionais (FILHO e CONTELLI, 2010).

Há evidências sugerindo forte influência genética no desenvolvimento da obesidade, mas seus mecanismos ainda não estão esclarecidos.

Acredita-se que esses fatores possam estar relacionados ao consumo e gasto energético. O controle do apetite e o comportamento alimentar também sofrem influência genética. Por essa razão, especialmente visando o controle do apetite, diversas pessoas recorrem ao uso de medicamentos (PRADO et al., 2000).

O tratamento farmacológico da obesidade está indicado quando o paciente tem um IMC maior que 30 ou quando o indivíduo tem doenças associadas ao excesso de peso com IMC superior a 25, em situações nas quais o tratamento com dieta, exercício ou aumento de atividade física e modificações comportamentais provou ser infrutífero (MANCINI e HALPERN, 2002).

1.4 Medicamentos emagrecedores

É importante também saber que o tratamento farmacológico da obesidade não é eficaz quando descontinuado, pois, como em qualquer outro tratamento em Medicina, os medicamentos apenas serão eficientes se administrados corretamente, considerando sempre os riscos e consequências para obter uma terapêutica confiável e estável (MANCINI e HALPERN, 2002).

Os medicamentos constituem um símbolo, algo a ser adquirido/consumido para um fim maior: a saúde, a beleza, o bem-estar físico, mental e comportamental. Eles podem ser considerados um exemplo de grupo de medicamento que simboliza a beleza, nesse caso um corpo magro (MAGALHÃES e RAMALHO, 2011).

Com o objetivo de aumentar o consumo destes medicamentos, a mídia expandiu os produtos termogênicos usados como emagrecedores naturais, sendo os mais procurados nas farmácias e casas de produtos naturais: o óleo de coco, chás e alguns tipos de sementes. Outra grande procura tem sido notada em farmácias de manipulação, que são vantajosas, pela personalização da terapêutica, dosagens ajustáveis, associações de fármacos, além de preço mais baixo (DE SOUZA et al., 2017),

A sociedade torna-se, cada vez mais, dependente da utilização de fármacos para conseguir a “cura” de determinada enfermidade, cuja existência, muitas vezes, é criada a partir de um processo complexo que retira das condições de vida os determinantes do adoecer, fazendo com que este recaia sobre o indivíduo e seu corpo (MELO e DE OLIVEIRA, 2009).

Estão registrados no Brasil cinco fármacos para a intervenção da obesidade. Esses medicamentos estão divididos em dois grupos: os que minimizam a fome (anfepramona, femproporex e mazindol) ou alteram a saciedade (sibutramina) e os que diminuem a digestão e a absorção de nutrientes (orlistat) (BERLEZE, 2013).

Atualmente podem ser prescritos a sibutramina e o orlistat, no entanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou em outubro de 2011, a Resolução Nº 52 que suspende a venda de femproporex, mazindol e anfepramona, e impôs medidas mais severas no controle da receita e liberação da sibutramina (BUSATO e PAULA, 2013).

A decisão foi baseada na ocorrência de efeitos adversos graves com o uso destes medicamentos, além da insuficiência de dados que comprovam a eficácia e segurança dos mesmos. (BUSATO e PAULA, 2013).

O tema sobre medicamentos emagrecedores é de extrema importância por serem utilizados como primeira escolha para redução de perda corporal.

A promessa de emagrecimento rápido com a utilização destes medicamentos faz com que muitas pessoas utilizem achando terem encontrado a solução para o problema de excesso de peso. Contudo, desconhecem que a utilização errônea pode levar ao efeito sanfona, além de desidratação, irritabilidade, sonolência, depressão, ansiedade, dentre outros efeitos adversos.

Todo medicamento utilizado no tratamento da obesidade deve ter a indicação de profissional especializado, não podendo ser utilizados abusivamente, pois a terapêutica medicamentosa somente é recomendada em casos específicos quando a obesidade está associada a outras comorbidades.        

Percebe-se que a obesidade tem tido prevalência de uma forma mundial, atingindo todas as faixas etárias e classes sociais, merecendo uma atenção especial pela crescente opulência, tornando-se um problema de saúde pública. Com isso, é notável o crescimento da venda de produtos estéticos, medicamentos manipulados, e serviços que auxiliam na busca pelo remodelamento da aparência, leva muitos indivíduos a ultrapassarem limites para alcançar esse objetivo.

2. Metodologia

O questionário foi aplicado a 50 acadêmicos da Faculdade Meta- FAMETA, instituição particular de ensino superior que conta com cerca de 3.125 alunos e 14 cursos de graduação.

O presente estudo tem caráter descritivo transversal, que se caracteriza pela transversalidade, ou seja, o pesquisador tem contato apenas uma vez e registra as informações pertinentes ao estudo. É de abordagem quantitativa.

A amostra do estudo foi aleatória e de conveniência composta por 50 questionários e estimou a prevalência de consumo de medicamentos emagrecedores entre estudantes. A quantidade de alunos pesquisados baseou-se em um Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia de (VALGAS e OLIVEIRA, 2015).

Foram incluídos no estudo, alunos matriculados em algum dos cursos oferecidos pela FAMETA, do gênero masculino ou feminino e que concordaram em participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

Os dados foram coletados em março de 2018 no espaço da instituição de ensino, FAMETA. Os pesquisadores usaram como estratégia um banner (anexo A) convidativo para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC) e responder ao questionário (anexo B).

Um profissional de educação física se fez presente na realização da pesquisa, esclarecendo dúvidas e dando orientações sobre saúde. Os alunos escolhidos de forma aleatória tomavam conhecimento do TCLE (destacando a liberdade de participação ou não da pesquisa) e eram convidados a responder o questionário. Os termos foram recolhidos, devidamente assinados e guardados em envelope.

As variáveis dependentes utilizadas na pesquisa foram sexo, idade, situação conjugal atual, tabagismo, atividade física, conhecimento do uso de medicamentos emagrecedores, índice de massa corporal (calculado a partir do peso e altura dos referidos) e categorizado como normal (menos de 25 Kg/m2),sobrepeso (de 25 a 29,9 Kg/m2) ou obesidade (30 Kg/m2ou mais) e auto percepção de saúde (excelente, muito boa/boa, regular ou ruim). As variáveis independentes foram fatores como efeitos adversos, uso irracional, ineficácia ou eficácia no tratamento.

Os dados coletados foram tabulados em planilha de Excel para posterior descrição nos resultados.

3. Resultados e Discussões

A amostra apresentou média de idade para homens de 24 anos e para mulheres 21 anos. Do total foram 36% (n=18) homens e 64% (n=32) mulheres totalizando 50 entrevistados. 

Em concordância com a revisão da literatura ANDRADE; BOSI, 2003 o alto consumo desses fármacos nas mulheres mais jovens se dá pelo fato de que as mesmas, principalmente no período da adolescência, sofrem grande influência da mídia e da sociedade, que cultuam a magreza e o corpo “perfeito”.

Quanto ao estado civil 72% (n=36) são solteiros, 18% (n=9) são casados e 10% (n=5) divorciados.

Entre os participantes da amostra 94% (n=47) não são fumantes, 42% (n=21) praticam exercício físico, 60% (n=30) relataram ter uma saúde muito boa.

Quanto ao uso de medicamento para emagrecer 14% (n=7) relataram uso. Dos entrevistados que fizeram o uso do medicamento 8% (n=4) relataram ter auferido perda de peso e 10% (n=5) obtiveram melhora na qualidade de vida com a perda de peso.

Os resultados apontaram que os pacientes que fizeram ou fazem o uso de medicamentos emagrecedores só obtiveram qualidade de vida quando obtiveram perda de peso.

Além disso, a satisfação do uso desses fármacos está ligada à realização de desejos inseridos nos usuários que objetivam a perda de peso, a qual o medicamento comprovadamente proporciona (CLIVATI, 2008).

Quanto à busca 14% (n=7) relataram que foram por estética, sobrepeso, difíceis resultados sem os medicamentos, perda de peso e bem-estar.

Segundo CLIVATI, 2008 a sociedade e a mídia também influenciam na busca por emagrecedores por cultuar a magreza, estando esta, dentro desses meios, associada à imagem de poder, beleza e mobilidade social.

Dos entrevistados 6% (n=3) não fizeram consulta médica antes de fazer o tratamento farmacológico e 12 % (n=6) fez automedicação. Além disso, tanto na literatura como em experiência adquirida com a pesquisa mostrou-se que a maioria se automedica colocando em risco sua saúde.

É sabido que o uso irracional de anorexígenos implica um grave problema de saúde pública, visto que estudos têm evidenciado o aumento considerável do consumo desse tipo de substância (MELO e OLIVEIRA, 2010).

Indica-se então com os resultados da pesquisa que algumas farmácias infringem a lei, fazendo do medicamento apenas uma forma de comércio, sem dar importância aos agravos que o uso irracional dos mesmos pode trazer aos usuários.

O estudo mostrou também que os indivíduos com menos de 40 anos de idade estão mais expostos aos riscos da obesidade (tabela 1).

Tabela 1: Relação entre idade e índice de massa corpórea (IMC) em alunos da FAMETA.

Idade   índice de massa corpórea (IMC)
19 27.6
20 28.1
20 51.5
22 27.8
22 34.1
24 29.4
26 27.6
29 26.6
33 31.2
39 30.0

Fonte: Pesquisa de campo, 2018.

4. Conclusão

O percurso teórico-metodológico e a pesquisa realizada com os alunos da FAMETA permitiram evidenciar que o consumo de tais substâncias pode ser associado à grande preocupação por parte dos indivíduos com relação à imagem corporal.

O perfil de usuários encontrado foi principalmente adultos jovens, que continuam em busca de se encaixar no padrão de beleza exigido pela sociedade. Além disso, alguns estão no seu peso normal, mas para atingir o corpo “perfeito” fazem uso de medicamentos sem qualquer acompanhamento médico.

Para que o uso inadequado de medicamentos emagrecedores possa ser resolvido, seria necessário prescritores adotarem critérios plausíveis para tratamento da obesidade, avaliando melhor cada paciente e o risco-benefício de se utilizar esses medicamentos.

Outro fator para solução seria a intensificação da fiscalização para que a lei vigente se faça cumprida.

Também seriam profícuas que todos os responsáveis pelo uso inadequado desses medicamentos fossem mobilizados através de campanhas, debates, propagandas, anúncios, ações, programas educativos. Medidas de divulgação na mídia, alertando os perigos, bem como os efeitos colaterais.

O farmacêutico também como profissional da saúde, desempenha um papel fundamental com estes pacientes, orientando-os no ato da dispensação, além disso alertando que a mudança de hábitos é melhor que o uso de fármacos.

5. Referências

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Publicado por: Talita Karollyne Matny da Costa

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