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Análise semiótica da cena de comparação de épocas do longa-metragem: Meia-noite em Paris

Análise com base na teoria geral dos signos, por C. S. Peirce, uma das cenas do filme Meia Noite em Paris.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

O conteúdo que será apresentado neste artigo tem o objetivo de analisar com base na teoria geral dos signos, por C. S. Peirce, uma das cenas do filme Meia Noite em Paris, dirigido por Woody Allen, onde as personagens inseridas em seu contexto histórico voltam no tempo e é feita a comparação entre duas épocas que são consideradas marcantes para a história da literatura, música, arte, que continham em suas obras vários reflexos da cultura e sociedade da cidade de Paris em suas respectivas épocas.

Antes de analisarmos estes aspectos iremos definir a comparação das duas épocas – Renascença e Belle Époque – como objeto dinâmico do signo analisado. O signo (cena de MeiaNoite em Paris) representa um diálogo entre Gil (Owen Wilson) e Adriana (Marion Cotillard), que viajam da década de 1920 para 1890, as personagens abordam Toulouse-Lautrec (Vincent Menjou Cortes) para uma conversa que é enfatizado apreciação de Adriana nas obras do mesmo e também da época em questão. Paul Gauguin (Olivier Rabourdin) e Edgar Degas (François Rostain) entram em cena e iniciam a discussão de comparação sobre a Renascença e Belle Époque. Vale ressaltar que as comparações dos dois períodos mencionados também possuem outros signos, no caso comparações de historiadores, pesquisadores, escritores e etc.

O longa-metragem de Woody Allen utiliza os recursos cinematográficos para fazer a abordagem desta questão, sendo que livros históricos possuem outros meios para justificar tal comparação, sendo assim, a cena do filme Meia-Noite Em Paris é apresentado de forma dessemelhante em cada signo.

"Semiótica” origina-se do grego semeion, ou seja, signo. Portanto, semiótica é a ciência dos signos. Há que se distinguir duas ciências da linguagem que se desenvolveram no século XX: a linguística, ciência da linguagem verbal, e a Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem. Em qualquer tipo de fenômeno, a Semiótica busca seu ser de linguagem ou sua ação de signo. Essa consciência de linguagem em sentido lato trouxe a demanda por uma ciência hábil para elaborar mecanismos de investigação e ferramentas metodológicas capazes de abarcar o domínio multiforme e variado dos fenômenos de linguagem.

A sequência audiovisual da cena do diálogo dos personagens, na volta ao tempo para a Belle Époque, possui aproximadamente 3 minutos de duração, cerca de 60 planos e é extraída do longa Meia-Noite em Paris. A cena é parte de um filme, que é uma das obras da filmografia de Woody Allen. É um filme feito no século XXI, no início da década de 2010, tendo cenas em dias contemporâneos, e contextualizando momentos históricos dos séculos XX e XIX, com uma brincadeira cinematográfica da "viagem no tempo". O filme é parte dos gêneros Fantasia/Romance, escrito e dirigido por Woody Allen, que constrói um verdadeiro diálogo entre o cinema e outras expressões artísticas, como a literatura, a pintura e a música.

Os filmes pertencem ao paradigma fotográfico, o caráter dominante dessas imagens está na interatividade que possibilita uma imersão do espectador no interior das circunvoluções da imagem, pois é feita a captação do mundo visível, e contém um caráter referencial. Um dos melhores pontos de todo o longa-metragem é o fato de que Allen não tenta explicar a razão das viagens pelo tempo, já que isso realmente não tem importância para a história. Levando em consideração o contexto do filme, que se diz respeito a Gil (Owen Wilson) que é transportado a Paris de 1920 e para outros momentos, onde considera, local e época melhores de se viver. Podemos ver uma similaridade entre as roupas usadas por cada personagem, representado cada era em questão. Além do plano, que se passa em um cabaré ser condizente a época representada em cena.

A música que está inserida em seu ambiente - Ballad Du Paris (François Paris, 2011) - faz transparecer toda a essência de Belle Èpoque, suas músicas tranquilas e clássicas francesas, de um tempo em que o mundo se deparava com calmaria e evolução artística, revela o período em que se passa tal acontecimento, possibilitando o espectador a se sentir inserido no contexto da cena.

Os diretores de fotografia – Johanne Debas e Darius Khondji – da obra escrita e dirigida por Allen foram essenciais para a elaboração dos planos e tratamento de imagem, para causar no espectador, sensações específicas para a ambientação do mesmo. A câmera em plano médio na cena analisada, da à impressão do espectador estar sentado à mesa junto aos personagens, o que causa uma sensação de intimidade. A tabela de cores icônica do filme, que é iluminada e amarelada, com uma saturação no ponto correto, combina bastante com o sentimento de nostalgia na finalidade que a obra quer representar ao espectador.

O desenrolar do roteiro na cena, dá-se por Adriana (Marion Cotillard) abordando Toulouse-Lautrec, para enaltecer seus desenhos e obras, expressando a ele que nem Picasso ou Matisse – que são artistas de sua época – o reproduziria da mesma maneira. A fala presente destaca-se uma comparação entre dois períodos culturais que se passaram na história da sociedade europeia. Onde Paul Gauguin (Olivier Rabourdin) e Edgar Degas (François Rostain) pintores pós-impressionistas expressam aos personagens – que são inseridos em outro contexto histórico – a vontade de viverem na Renascença do que a Belle Époque, pois a então geração, para eles, não possui imaginação.

A caneta, a tinta e o papel em que Henri de Toulouse-Lautrec (Vincent Menjou Cortes) desenha, envolve o espectador diretamente na realidade do filme, que se trata de arte. A chegada dos outros personagens e as frases faladas deixa claro que a intenção geral do diretor com esta sequência, é mostrar como ninguém está feliz na época em que vive e sim com a anterior. Um dos planos da cena, em que se mostra a apresentação de uma dança típica francesa em um cabaré nos anos 1890.

As relações do filme com a realidade se completam, pois apresentam artistas que influenciaram cada época apontada na cena analisada e em demais partes no filme. A preocupação em ambientar cada personagem na cena foi feita de maneira correta, usando fatos históricos e artefatos referentes à data retratada. A vontade do protagonista de conhecer seus pintores, artistas e escritores favoritos de Paris se concretizou, passando para o espectador a sensação de imersão a história e a compreensão da trama. A personagem Adriana, sentada à mesa com artistas contemporâneos da Belle Èpoque.

Como o enredo do filme se trata de um escritor que gostaria de estar em Paris dos anos 1920, com os mais conhecidos artistas, pintores, escritores e desenhistas dessa época como Pablo Picasso e Salvador Dali, quando está nessa época conhece a amante de Pablo Picasso e inspiração para o quadro La Baigneuse, 1928 – Adriana – que por sua vez gostaria de viver em La Belle Èpoque, quando os personagens vão para essa época, entramos na cena que deu origem a esse estudo, quando nos são apresentados personagens originários desta época e que gostariam de viver na Renascença.

Através desta análise, podemos constatar vários recursos cinematográficos que foram utilizados para causar a imersão do espectador a fatos históricos, ao conhecimento e ambientação do espectador em uma cidade em que o diretor do filme admira, mostrar a mesma em diferentes pontos de vista, com personagens distintos e em contextos históricos diferentes.

Com isso, o diretor deixa a crítica de como as pessoas contemporâneas nunca estão satisfeitas com suas épocas em questão e buscam sempre conforto em épocas que eles admiram. Após este estudos é possível também, compreender melhor a teoria dos signos, de como os signos podem ser percebidos de diferentes maneiras, e como a obra cinematográfica nos permite ter um bom entendimento das expressões através da linguagem audiovisual, que podem causar um impacto intimista e claro no consumidor deste signo.

Referências bibliográficas

HUNT, Robert Edgar / MARLAND, John / RAWLE, Steven. A Linguagem do Cinema. Bookman, 2013.

SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1990.

http://melhorangulo.com/2011/08/meia-noite-em-paris-de-woody-allen/

https://blog.emania.com.br/linguagem-narrativa-do-cinema-fotografia-planos-de-uma-cena/

MIDNIGHT IN PARIS, 2011, todos os direitos a Sony Pictures Classics


Publicado por: Igor Henrique da Silva

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.