IMPACTOS POLÍTICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS DA OPERAÇÃO “CARNE FRACA” NO BRASIL
Demonstrar os principais impactos causados pela operação “Carne Fraca” visando não somente na economia, mas também na geração de desemprego e outras questões.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
RESUMO
O presente trabalho visa apresentar o que foi a operação “Carne Fraca” realizada este ano no Brasil. Para isso, busca entender a evolução e conceitos do Comércio Exterior, em especial no setor de carnes, no Brasil e nos países com os quais desenvolve relações comerciais. Tem como objetivo demonstrar se os impactos da referida operação vão muito além da seara econômica, atingindo questões políticas e sociais, por exemplo, vislumbrando a importância de se acompanhar segmentos importantes da economia nacional de modo a preservar e perpetuar aspectos relacionados à segurança e qualidade dos mesmos.
Palavras-chave: Comércio Exterior. Brasil. Operação “Carne Fraca”.
1 INTRODUÇÃO
São muitos os desafios enfrentados entre o comércio de exportação de produtos e serviços brasileiros logo após o surgimento da operação “Carne Fraca”, o que acabou impactando, não somente na economia, mas também no desenvolvimento profissional do país. O comércio exterior brasileiro pode ser definido como uma negociação entre países, e isso afeta diretamente no PIB brasileiro. Desde a divulgação da operação “Carne Fraca”, países membros da União Europeia, Ásia e diversas localidades suspenderam parcialmente ou totalmente a importação da carne brasileira em seu país. Isso nos mostra que a economia do país pode deixar de ser superavitária e passar a ser deficitária, conforme a demanda e oferta de produtos e serviços importados/exportados.
A operação “Carne Fraca” no Brasil envolveu grandes empresas exportadoras de produtos que estão sendo investigadas por serem acusadas de estarem modificando a qualidade de seus serviços. Essa operação não impacta somente na economia brasileira, mas como em um todo. Ou seja, além de estarem deixando de exportar, estão gerando um grande índice de desemprego, sendo que sem emprego não há consumo e onde não há consumo não há circulação da moeda. Nesse sentido, surge a seguinte problemática: os impactos da referida operação vão muito além da seara econômica, atingindo, por exemplo, questões políticas e sociais?
Diante deste contexto, o presente trabalho tem como objetivo demonstrar os principais impactos causados pela operação “Carne Fraca” visando não somente na economia, mas também na geração de desemprego e outras questões. Neste sentido, uma boa provável resposta seria a de que a operação “Carne Fraca” pode causar desde impactos políticos a econômicos e sociais, podendo haver ou não a possibilidade de que países voltem a confiar na qualidade de produtos extraídos do Brasil.
Assim, toma-se como objetivo central, demonstrar os principais impactos ocasionados pela operação “Carne Fraca” no Brasil. Para isso, adotam-se os seguintes objetivos específicos: entender e conceituar aspectos básicos do comércio exterior; apresentar o mercado de carnes no Brasil; explicar a operação “Carne Fraca”. O que se propõe no presente artigo, é demonstrar os principais impactos causados pela operação “Carne Fraca” e se realmente esses impactos vão muito além da mera questão de exportações.
2 O BRASIL NO CONTEXTO DO COMÉRCIO EXTERIOR: breve análise histórica
O surgimento da vida brasileira foi marcado pela comercialização de produtos agrícolas, tendo em vista o trabalho indígena, o qual índios trocavam seu serviço por produtos (CAVALCANTE, 2009). Szezerbicki et al. (2014) afirma que a existência de trocas de mercadorias surgiu em séculos passados, antes mesmo do surgimento da moeda. Era um meio em que se usava para adquirir um produto ou serviço que se necessitava.
O Brasil há tempos pretérito esteve à margem do comércio exterior. Desde seu “descobrimento” quando o país se torna uma colônia de Portugal, firma um pacto colonial onde as trocas comerciais se resumiam ao envio de matérias primas para a metrópole e a compra de mercadorias manufaturadas provenientes da mesma (SZEZERBICKI et al., 2014, p. 2).
Tais acontecimentos ocorreram entre o século XV e XVIII, época em que o mercantilismo era um dos meios de comercialização. As trocas de produtos e serviços entre países só passaram a acontecer com a chegada da corte portuguesa no Brasil, sendo que os produtos brasileiros que eram comercializáveis naquela época eram os de origem agrícola (SZEZERBICKI et al., 2014).
O surgimento do Brasil no cenário do comércio internacional nasceu da necessidade das grandes potências do século XIX de conquistar novos mercados para seus produtos. O bloqueio intercontinental imposto por Napoleão na Europa tornou urgente à necessidade da coroa britânica em buscar uma alternativa para exportar seus produtos. Pelo lado brasileiro, havia a vantagem de comercializar diretamente com países produtores sem a interferência de Portugal (PARODIA, 2013, p. 2).
Dessa maneira, mesmo que o Brasil ainda não possuísse fortes relações internacionais de maneira independente nesse período, tanto o desejo nacional quanto o de potências mundiais direcionava para que o comércio exterior se estabelecesse em algum momento. Uma vez que, após a independência, o Brasil se insere no contexto do comércio internacional, alguns obstáculos surgiram. Por exemplo, naquela época o país não tinha produtos de grande escalão no mercado internacional, gerando um déficit comercial arriscado, onde as exportações não cobriam as importações feitas. Esse déficit só foi superado com a alavancagem do café brasileiro no mercado no século XIX (PARODIA, 2013).
Na sequência, o presente trabalho busca demonstrar de maneira sucinta como se ocorreu a evolução do Brasil no cenário econômico e produtivo interno e externo.
2.1 Industrialização
A industrialização no Brasil ocorreu na segunda metade do século XX, por volta de 1930, quando o país passava por um declínio ocorrido pela crise cafeeira. Naquela época, o café era de grande importância para a economia do país. Quando a crise acabou comprometendo os cafeicultores, eles passaram a ter que procurar outros meios. A indústria brasileira teve início com uma diversidade de produtos, os quais a produção era limitada para produtos que utilizassem pouco de sua tecnologia (FREITAS, [201-?]).
Vários foram os fatores que contribuíram para a intensificação da indústria brasileira, entre os principais estão: crescimento acelerado dos grandes centros urbanos graças ao fenômeno do êxodo rural, promovido pela queda do café. A partir dessa migração houve um grande aumento de consumidores, apresentando a necessidade de produzir bens de consumo para a população (FREITAS, [201-?]).
Como surgimento de um centro econômico capitalista, o Brasil começou a dar continuidade no seu processo de industrialização, mas ainda se sentia vulnerável pelo sistema capitalista. No entanto, nem todos os países e regiões brasileiras haviam o mesmo nível de ampliação industrial. Muitos países utilizam-se do sistema capitalista, que passou por constantes inovações tecnológicas, buscou proporcionar o melhor desempenho de seus resultados. Esse sistema consta em poder de oligopólios e cartéis, que vem desempenhando um papel de grande influência no mercado e na economia mundial (CARA; FRANÇA, 2009).
Pode-se considerar a industrialização como um processo sócio-econômico que consiste na criação de indústrias e no aprimoramento da tecnologia. A máquina passa a exercer várias funções até então realizadas pelo homem intensificando o processamento das matérias-primas em bens de produção e de consumo (CARA; FRANÇA, 2009, p. 2).
Todo o processo de industrialização estimula um aspecto de crescimento por onde passa. “Suas principais características são: aumento da divisão de trabalho, progressos na produtividade industrial e agrícola, crescimento rápido da renda per capita e do padrão de consumo, entre outros” (CARA; FRANÇA, 2009, p. 2). Desde então, a produção agrícola acabou ficando cada vez mais escassa. Mesmo com todos os novos recursos disponíveis, jamais iria superar a produção industrial. Vários setores começaram a se expandir e outros cresceram (CHIOCHETTA; HATAKEYAMA; LEITE, 2004).
Nesse sentido, faz-se interessante conhecer a história da industrialização brasileira em seus períodos anteriores desde o descobrimento para que se possa entender melhor a sua atual situação e inserção no contexto do comércio internacional. A seguir, serão demonstrados os diferentes períodos de industrialização do Brasil.
2.2 Períodos da industrialização brasileira
O Brasil é um país que se encontra hipoteticamente em desenvolvimento, porém esse fato não impede que ele fique para trás em relação a outros países que começaram a industrialização no período da Primeira Revolução Industrial, ficando desatualizado em questões de tecnologias e indústrias (FREITAS, [201-?]). Nesse contexto, pode-se observar que o Brasil vem passando por várias dificuldades em se manter estabilizado na economia mundial, ficando sempre a um passo atrás em relação a outros países, podendo-se até dizer que o país vive atualmente em um momento de crise.
Decorrente disso, várias mudanças vêm ocorrendo em relação ao trabalho, principalmente com a expansão do serviço remunerado, o qual vem gerando um aumento significativo no consumo de mercadorias desde a abolição da escravatura, ocorrida em 1888, e a entrada de estrangeiros no país, os quais vieram para alavancar a mão de obra, além de contribuir para a povoação. A proclamação da República é evidenciada como um dos maiores acontecimentos. Perante estes fundamentos históricos, podemos afirmar que o processo industrial passou por quatro etapas (FREITAS, [201-?]), que são expostas na sequência.
2.2.1 Primeira etapa: período de proibição
A primeira etapa “ocorreu entre 1500 e 1808 quando o país ainda era colônia. Dessa forma, a metrópole não aceitava a implantação de indústrias, salvo em casos especiais como os engenhos e produção em regime artesanal” (PORTAL SÃO FRANCISCO, [201-?]). De acordo com Azevedo (2010), nesse período o desenvolvimento era restrito apenas a atividades de indústrias. Somente uma indústria era permitida, sendo essas atividades poucas em consequência da distância entre a metrópole e a colônia.
No decorrer do século XVIII, muitas indústrias expandiram seu desenvolvimento, podendo transformar a colônia financeiramente independente. Foi então que Dona Maria I, no dia 05 de janeiro de 1785, assinou um alvará extinguindo todas as manufaturas têxteis da colônia devido ao crescimento das indústrias, fazendo com que assim houvesse concorrência com o comércio da corte, podendo haver a possibilidade de poder político de modo que o alvará não extinguisse a produção de panos grossos para uso de escravos e trabalhadores (AZEVEDO, 2010).
2.2.2 Segunda etapa: implantação
A segunda etapa ocorreu entre o século XIX e XX, época em que o país obteve a autorização para a fundação da indústria, sendo que em 1828 foi designado taxas de 15% para produtos importados. Posteriormente, em 1844, houve um grande aumento da taxa tributária, subindo para 60%, o qual foi denominado como tarifa de Alves Branco, imposta por Manuel Alves Branco.
Logo após o período, houve uma queda do café, forçando muitos fazendeiros a deixaram suas atividades rurais e migrarem para o setor industrial, o qual pretendiam atender grandes perspectivas de desenvolvimento. As primeiras empresas do ramo industrial foram principalmente as de produção de alimentos e têxtil, já que estes produtos não precisavam de muita tecnologia investida (PORTAL SÃO FRANCISCO, [201-?]).
2.2.3 Terceira etapa: revolução industrial
A terceira etapa ocorreu no século XX, momento que foi marcado pelo alto número de aplicações que a indústria recebeu de ex-cafeicultores. Proveniente disso, a logística também investiu em edificações de vias para obter um grande fluxo, visando o crescimento de outros meios, facilitando assim o compartilhamento de mercadorias em diversos lugares, utilizando antigas ferrovias que transportavam café.
De 1942 a 1947 foi inaugurado a Companhia Siderúrgica Nacional, empresa que teve grande influência no processo de industrialização já que a mesma abastecia outras indústrias com matérias-primas e, principalmente, metais. Em 1953 é criada uma empresa estatal com mais perspectiva de promissão e prosperidade denominada de PETROBRAS (PORTAL SÃO FRANCISCO, [201-?]).
2.2.4 Quarta etapa: internacionalização
Por fim, a quarta etapa teve início em 1955 e ainda se mantém presente. Essa fase foi criada por Juscelino Kubitschek, o qual favoreceu a acessibilidade da economia e das fronteiras produtivas, autorizando assim a instalação de grandes empresas multinacionais e entrada de recursos convertidos em empréstimos. Em 1964, iniciou-se a ditadura militar que mudou a direção do comércio, autorizando a entrada de instituições e capitais estrangeiros, causando um comprometimento no desenvolvimento do país. Isso acabou ocasionando o aumento de sua dependência econômica, industrial e tecnológica. Porém, no final do século XX, o Brasil consegue obter um breve crescimento econômico, ocasionando em uma qualidade de vida melhor, proporcionando mais poder de compra ao brasileiro e consequentemente estabilizando a moeda e progredindo com o crescimento do país (PORTAL SÃO FRANCISCO, [201-?]).
A alavancagem do poder de compra no Brasil, mão-de-obra remunerada e povoamento foram fatos que acabaram possibilitando, em partes, o crescimento do país, resultando assim numa melhora em relação ao desenvolvimento econômico que se passava naquele século. Pode-se destacar a importância do setor cafeeiro desde o seu surgimento histórico em relação ao comércio exterior no Brasil, o que colaborou para o desenvolvimento e expansão do país e abriu as portas para novas oportunidades que pudessem surgir no decorrer dos séculos.
2.3 Comércio exterior: conceitos atuais e algumas ferramentas
O comércio exterior é uma relação entre compra e venda de mercadorias e serviços importados e exportados, podendo ser executado por operações dentro e fora do país (SILVA, 2014). Luz (2015, p. 26) apresenta uma diferenciação entre comércio exterior e comércio internacional, para ele “‘Comércio Exterior’ e ‘Comércio Internacional’ não são equivalentes. “Comércio Exterior” está vinculado ao comércio que um país tem com o resto do mundo. Já a expressão “Comércio Internacional” se refere ao comércio considerado de forma global.
Há outra argumentação para a expressão “comércio”, a de que a expressão não atribui somente relação entre compra e venda, mas também para os demais tipos de contratos, como por exemplo leasing e aluguéis, transferência de produtos, bem como a prestação de serviços. No entanto, o fluxo de produtos para dentro ou fora do país estão inseridos no conjunto de comércio exterior (LUZ, 2015).
Comércio internacional pode ser definido como a troca de bens e serviços entre países. Este comércio está presente em grande parte da história da humanidade e, nos últimos séculos, sua importância econômica, social e política se intensificou. O aumento do comércio internacional pode ser relacionado com o fenômeno da globalização (BUZZO, 2014, p. 8).
Fonseca (2009) define importação como a entrada de produtos e serviços em um país originário do exterior, podendo assim possibilitar o país a adquirir produtos com tecnologias avançadas. O mesmo autor define exportação como sendo a venda de bens e serviços para outro país, em alto significado da moeda, como por exemplo o dólar americano e o marco alemão. Nesse contexto, é importante falar sobre a estruturação da balança de pagamentos, em especial, a da balança comercial para que se possa fazer uma análise mais adequada do tema central do presente trabalho. Esses dois tópicos são apresentados na sequência.
2.3.1 Conceitos sobre balanço de pagamentos
O balanço de pagamentos é comumente chamado de balança de pagamentos. Para Simonsen e Cysne (1985), balanço de pagamento é o registro sistemático do fluxo de residentes internos e externos de um país durante determinado prazo. Há três observações a serem feitas para esta definição. A primeira é a de o nome poderia ser substituído pela expressão “balanço de transações”. A segunda, quando fossem efetuados os lançamentos contábeis não seria necessário incluir as transações entre residentes internos e externos, como por exemplo, no caso da monetização que é adquirida pela compra de ouro por parte do Banco Central do Brasil. A terceira é o que seria a definição de residente interno e externo.
Residentes internos e externos podem ser definidos como:
Teoricamente, a residência de um determinado agente econômico deve corresponder ao país onde esteja localizado o seu "centro de interesse", ou seja, onde se espera que ocorra, em termos não apenas temporários, a sua participação na produção e absorção de bens e serviços. Sob este prisma, consideram-se residentes os indivíduos que vivem permanentemente no país (incluindo os estrangeiros com residência fixa), os funcionários em serviço no exterior e as pessoas que se encontrem transitoriamente fora do país em viagens de turismo, negócio, educação, etc... Consideram- se também residentes as pessoas jurídicas de direito público ou privado sediadas no país, inclusive sucursais ou filiais de empresas estrangeiras (SIMONSEN; CYSNE, 1985, p. 3).
Já de acordo com o Banco Central do Brasil (BACEN, 2002b), o balanço de pagamentos pode ser definido como registro de todas as transações contábeis ocorridas em certo período, sendo elas as contas do ativo (bens e direitos) que agregam valor econômico e podem ser adquiridas entre residentes e não residentes.
Gremaund et al. (1998) faz a seguinte definição de balança de pagamentos:
A balança de pagamentos é registro contábil de todas as transações de um país com outros países do mundo. Assim, na balança de pagamentos estão registradas todas as importações que o Brasil faz de outros países do mundo, todas as exportações brasileiras, os fretes pagos a navios estrangeiros, os empréstimos que o Brasil recebe em moeda estrangeira, o capital das firmas estrangeiras que abrem filiais no Brasil, o capital das firmas estrangeiras que saem do Brasil etc. (GREMAUND et al., 1998, p. 465).
Transações ocorridas entre residentes de dentro e fora do Brasil, de acordo com as normas estabelecidas no país, independente da moeda utilizada, são realizadas por meio do sistema bancário ou de agentes fornecidos pelo BACEN. Tais operações são garantidas pelo Sistema do Banco Central Câmbio (SISBACEN-CÂMBIO) e são classificadas em relação à finalidade às quais se destinam, dando origem a Estatística Nacional das Operações de Câmbio.
Pode-se afirmar que essa estatística abrange a integralidade dos acordos que o Brasil executa com o exterior. Não são feitas pressuposições de operações ilegais. Ainda assim, o balanço de pagamentos é exposto com um atraso de 20 dias. Geralmente esses dados são extraídos de balancetes dos dados comerciais, os quais não estão disponíveis (BACEN, 2002b).
2.3.2 Conceitos sobre balança comercial
O BACEN (2002a) apresenta que balança comercial é o resultado obtido ao subtrair exportações das importações. Os valores das exportações e importações que são considerados nessa conta são os valores FOB[1]. Sendo assim, a transportação é segura e livre de tarifa internacional.
Ainda de acordo com o BACEN (2002a):
Com relação ao momento do registro das exportações utiliza-se o Sistema Geral, que leva em consideração a fronteira física de um país. Para as importações utiliza-se o Sistema Especial, ou seja, o momento do despacho aduaneiro (liberação alfandegária) da mercadoria. A metodologia e cobertura utilizadas na apuração estatística de comércio exterior no Brasil estão baseadas nas recomendações internacionais.
Já Rossetti (1997, p. 886) define balança comercial como “o resultado líquido das transações com exportações e importações de mercadorias”. A balança comercial, dependendo dos seus resultados, pode vir a ter superávit ou déficit.
Superávit, ao contrário do déficit, indica acesso aos recursos líquidos livre de despesas. Com alavancagem de armazenamento de ativos externos do país, o superávit tende a ser um fator de impacto positivo para o país economicamente (ROSSETTI, 1997). Há ainda uma diferença entre os dois tipos de superávit, o primário e o nominal. De acordo com o site Senado Notícias ([201-?]), designa-se superávit primário o resultado de todas as receitas e despesas do governo, desde que sejam positivos, com exceção dos gastos de pagamentos com juros. Já o superávit nominal acontece quando o país gera saldo suficiente para efetuar os pagamentos dos juros, sendo normalmente utilizado para liquidar dívidas públicas (ADVANCED CÂMBIO, 2015).
Por sua vez, o déficit da balança comercial tende a ocorrer quando “as situações de déficit indicam saídas de reservas cambiais superiores às entradas, implicando geralmente a queda das reservas cambiais do país” (ROSSETTI, 1997, p. 888).
Vistos esses conceitos iniciais e relevantes para o comércio exterior, no tópico seguinte serão trabalhadas discussões e informações acerca do próprio segmento de carnes, buscando demonstrar a sua importância para o cenário nacional, em especial nas exportações e na balança comercial.
3 O MERCADO BRASILEIRO DE CARNES E SUA INSERÇÃO NO CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL
A pecuária brasileira tem sido de grande importância em relação às exportações, pois é um fator que supri o mercado interno. Com desenvolvimento, principalmente, em áreas rurais, a pecuária brasileira restringe-se na criação de animais com o propósito de comercialização. A principal produção tem sido de gado bovino que, além da carne, também são extraídas outras fontes de matérias-primas (FREITAS, [201-?]).
A produção nacional de carne bovina está crescendo a taxas maiores do que no passado em decorrência do aumento da produtividade. Por outro lado, a escolha do consumidor no mercado interno é muito condicionada à oferta de outras carnes substitutas, principalmente a de frango (BASCO; GUANZIROLI, 2009, p. 159).
O agronegócio tem sido um dos principais meios de desenvolvimento econômico do país e um grande suporte para a balança comercial. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC):
Em 2015, o saldo da balança comercial brasileira foi de US$19,69 bilhões. As exportações do agronegócio, que atingiram US$88,22 bilhões, contribuíram para o saldo positivo do setor, que por sua vez foi fundamental para o saldo positivo da balança comercial brasileira. Já as exportações de carne bovina geraram receita de US$ 5,9 bilhões em 2015, que representaram, em receita, 3% de tudo o que o Brasil exportou em 2015 (ABIEC, 2016).
Em relação ao que foi exposto acerca do mercado brasileiro de carnes, no tópico seguinte será abordado informações relativas ao segmento de carnes e sua importância para a economia brasileira.
3.1 Descrição do segmento de carnes
Produções advindas de derivativo animal tem sido um ramo que tem gerado bilhões de dólares por ano. Produtos agropecuários têm gerado cerca de 13% da energia e 28% da proteína consumidas, principalmente, nas dietas de todo o mundo. Para um melhor atendimento aos consumidores de origem animal, as indústrias tendem a investir em tecnologias nas quais buscam fazer diagnósticos concretos por meio de análises, visando sempre a saúde e qualidade do gado. Ambos são influenciados por genética e principalmente pela forma que o gado tem sido criado, podendo impactar diretamente no produto final.
A saúde dos animais deve ser acompanhada diretamente para que seja evitado surto de doenças, pois é indispensável para a economia e saúde do país. Surtos de doenças podem ocasionar um detrimento de milhões de dólares, afetando diretamente a saúde humana e a saúde pública. Animais saudáveis demonstram maior produtividade agrícola, fornecimento de alimentos mais seguros e, principalmente, melhoria do bem-estar dos animais.
A produção agrícola tem cerca de 40% do valor global, atualmente com grandes avanços tecnológicos tem tido uma maior facilidade na criação de animais, contribuindo para que a indústria tenha agilidade em seus processos, a qual é de suma importância para uma melhor qualidade de serviço e atendimento, ocasionando também reduções de custo no setor pecuário (UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE - USDA, 2017a, 2017b, 2017c).
O segmento de carnes (bovinos, suínos, aves) enfrenta desafios formidáveis, pois as empresas estão estruturalmente comprimidas entre duas forças de mercado que afetam fortemente a sua rentabilidade e, portanto, sua viabilidade econômico-financeira. De um lado, temos a pressão dos insumos agrícolas que representam a maior parte do custo de produção. De outro lado, temos a variação dos preços do animal adulto (e seus cortes) que sofre os efeitos do câmbio, desequilíbrios entre demanda e oferta e dos mercados internacionais (CHAVES, 2017).
O Brasil é um dos maiores exportadores de carne no mundo. Nesse sentido, a Tabela 1 mostra os principais países importadores da carne brasileira no ano de 2016 e a Tabela 2 apresenta esses dados no acumulado de janeiro a setembro de 2017.
Tabela 1 – Dez maiores importadores de carne brasileira em 2015/2016
Exportações Brasileiras de Carne Bovina |
|||
Destino |
U$$ (000) |
Toneladas |
U$$/TON. |
Hong Kong |
718.344 |
181.292 |
3.962 |
China |
702.766 |
164.754 |
4.266 |
Egito |
528.246 |
164.903 |
3.203 |
Rússia |
389.769 |
130.604 |
2.984 |
Irã |
374.264 |
96.170 |
3.892 |
Chile |
296.016 |
70.078 |
4.224 |
Itália |
160.795 |
25.723 |
6.251 |
Países Baixos |
149.911 |
17.536 |
8.549 |
Venezuela |
130.794 |
22.508 |
5.811 |
Arábia Saudita |
110.602 |
28.653 |
3.860 |
Fonte: Adaptado de ABIEC (2017).
A Tabela 1 lista os dez países que mais importaram carne brasileira em 2016. A partir desses dados pode-se tirar como conclusão que Hong Kong foi o país que mais importou carne do Brasil, totalizando cerca de 718.344 milhões de dólares, seguido da China que totaliza cerca de 702.766 milhões de dólares. A diferença entre os dois países foi de aproximadamente 15.578 milhões de dólares. Porém, o país que apresenta o preço por tonelada inferior aos outros países foi a Rússia, esse fato não fez o país o maior importador, ficando em quarto lugar em comparação aos outros países.
Tabela 2 – Dez maiores importadores de carne brasileira no acumulado de janeiro a setembro de 2017
Exportações Brasileiras de Carne Bovina de Janeiro a setembro 2017 |
|||
Destino |
U$$ (000) |
Toneladas |
U$$/TON. |
Hong Kong |
701.679 |
168.759 |
4.158 |
China |
629.705 |
146.471 |
4.299 |
Rússia |
366.774 |
80.118 |
4.116 |
Irã |
360.179 |
100.470 |
3.585 |
Egito |
351.594 |
107.638 |
3.266 |
Chile |
190.099 |
43.627 |
4.357 |
Arábia Saudita |
141.461 |
34.981 |
4.044 |
Itália |
107.503 |
16.779 |
6.407 |
Países Baixos |
103.585 |
12.357 |
8.383 |
Israel |
76.892 |
15.999 |
4.806 |
Fonte: Adaptado de ABIEC (2017).
Assim, é possível observar que bilhões de pessoas em todo o mundo dependem da carne brasileira, pois ela é a principal fonte de proteína e nutriente para os humanos, não se tratando apenas de comércio exterior, mas também da segurança de um todo. A concorrência internacional é devastadora, tendo como principal concorrente os Estados Unidos, onde seus princípios são trabalhar para defender os interesses econômicos das empresas. Um dos seus principais investimentos é a tecnologia utilizada para o benefício da qualidade do produto (MILENA, 2017).
No tópico a seguir será apresentado como ocorreu a evolução da carne brasileira no cenário interno e internacional.
3.2 Evolução do mercado de carnes no Brasil
O Brasil inserido no comércio internacional dependia muito de investimentos em longo prazo em relação à exportação de carne bovina. Nos últimos anos o país tem alcançado avanços em consequência de parcerias de atores do cenário doméstico e mundial desde pesquisadores a pequenos e grandes produtores rurais (LEAL, 2017)
O mercado brasileiro vem passando por grandes dificuldades. No ano de 2015 o setor da pecuária, mais especificamente, o da carne bovina teve que enfrentar diversos problemas. Um deles foi a queda de consumo interno e externo pelo fato de que os consumidores estavam em busca de opções mais baratas. Não somente os consumidores brasileiros, mas também os compradores externos, diminuíram parte de suas aquisições, gerando assim um breve impacto na economia do país (RYNGELLBLUM; PEREIRA, 2015).
Carvalho e Zen (2017, p. 85) afirmam que “as atividades relativas à pecuária bovina de corte possuem destaques, dado que o país possui o maior rebanho comercial do mundo, sendo o segundo maior produtor e o maior exportador mundial de carne bovina”. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina commodity, sendo a pecuária um dos maiores contribuintes para o PIB pecuário e para o balanço comercial nacional de maneira que é preciso ter uma padronização, planejamento e controle no setor de processo produtivo, gerando assim um grande desafio na agregação de valores do produto bovino (WHATELY, 2013).
Os dados apresentados na Tabela 3 fazem referência ao consumo per capita de carne bovina no Brasil, expondo sua breve evolução entre os anos 2000 e 2017. Vale ressaltar que, de acordo com os dados fornecidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), o ano de 2017 foi o ano de maior consumo per capita de carne no País.
Tabela 3 – Consumo per capita de carne bonina no Brasil
Consumo per capita de carne bovina no Brasil |
|||
Ano |
KG/HAB./ANO |
Var. Ano |
Var. Acum. |
2000 |
24,50 |
- |
- |
2001 |
23,85 |
-2,61% |
-2,61% |
2002 |
24,66 |
3,34% |
0,64% |
2003 |
24,60 |
-0,24% |
0,40% |
2004 |
24,60 |
0,02% |
0,42% |
2005 |
23,78 |
-3,34% |
-2,93% |
2006 |
23,43 |
-1,46% |
-4,35% |
2007 |
25,09 |
7,08% |
2,42% |
2008 |
25,24 |
0,60% |
3,04% |
2009 |
26,50 |
4,97% |
8,16% |
2010 |
25,05 |
-5,46% |
2,25% |
2011 |
24,53 |
-2,10% |
0,11% |
2012 |
24,71 |
0,77% |
0,88% |
2013 |
26,25 |
6,21% |
7,14% |
2014 |
26,46 |
0,82% |
8,02% |
2015 |
25,61 |
-3,25% |
4,51% |
2016 |
25,66 |
0,22% |
4,74% |
2017 |
26,47 |
3,14% |
8,04% |
Fonte: OECD (2017) apud Formigoni (2017).
Neste contexto, na próxima seção serão abordados assuntos que fazem referência a operação “Carne Fraca” e seus principais impactos no cenário econômico nacional.
4 A OPERAÇÃO "CARNE FRACA" ER IMPACTOS NO CENÁRIO NACIONAL
“A operação ‘Carne Fraca’ é uma operação que apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura e Abastecimento em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos” (G1 RONDÔNIA, 2017). A operação “Carne Fraca” foi uma das maiores operações organizadas pela polícia federal. No dia 17 de março de 2017 a Polícia Federal deflagrou uma operação que tinha como finalidade combater a venda ilegal de carnes no país. A operação contou com a ajuda de mais de 1.000 agentes espalhados em sete estados brasileiros (ÉPOCA, 2017).
De acordo com a Polícia Federal, ao menos 30 empresas produtoras de carne no Brasil adulteravam a data de validade dos produtos comercializados. Para mascarar a aparência e o cheiro ruim da carne vencida, eram usados produtos químicos – o ácido ascórbico (ou vitamina C) e o ácido sórbico (ambos são ingeridos regularmente em dietas normais, mas podem causar problemas de saúde em quantidades exageradas). As empresas também injetavam água nas peças, para aumentar o peso dos produtos, e acrescentavam papelão no preparo de embutidos. As carnes chegavam aos supermercados graças ao pagamento de propina a fiscais do Ministério da Agricultura, que afrouxavam a vigilância. Nem sempre a propina envolvia dinheiro – até mesmo caixas de carnes, frangos e botas foram dadas como forma de pagamento pela vista grossa das autoridades (ÉPOCA, 2017).
Após a deflagração da operação “Carne Fraca”, dados apontam em reduções de até 6% na produção de carnes, estipulando prejuízos com cerca de US$ 260 milhões. A operação acabou impactando não somente a economia, mas também no aumento do índice de desemprego, já que uma das empresas interditadas teve que dispensar funcionários por conta de prejuízos ocasionados pela operação. Diversos países deixaram de adquirir carne brasileira, porém alguns voltaram atrás como o caso de Hong Kong que retornou o processo de importações. O país acabou perdendo parte da credibilidade por conta do escândalo (G1 SANTA CATARINA, 2017).
Alguns países juntamente com a União Europeia restringiram a carne brasileira desde a deflagração da operação “Carne Fraca”. Alguns deles suspenderam a importação da carne, como por exemplo a China, reduzindo a restrição logo em seguida. Hong Kong foi um dos países mais rigorosos que além de paralisar a importação, ainda solicitou a retirada da mercadoria no local.
A cessação da importação de carne bovina brasileira por Hong Kong atingiu o mercado brasileiro, sendo o estado de Rondônia (RO) o mais afetado com base em informações disponibilizados por frigoríficos do estado. Hong Kong é um dos maiores consumidores de carne, seguido da Rússia e Egito. Com a breve suspensão nas exportações houve um declino de 40% em relação aos abates (G1 RONDÔNIA, 2017).
Em entrevista à Rede Amazônica, o secretário de agricultura, Evandro Padovani, disse que a carne bovina é importante para a economia do país.
"Toda a economia não só de Rondônia, mas de todo o Brasil. Nós precisamos do agronegócio e a cadeia produtiva da carne a nível de estado e a nível Brasil é o que puxa a alavanca comercial. E é o recurso que gira dentro do estado, dentro dos municípios", disse (G1 RONDÔNIA, 2017).
Rondônia garante que seus produtos são somente de carne in natura e o problema que tem ocorrido devido a operação carne fraca são de frigoríficos que trabalham com produtos totalmente processados, afirmando a qualidade de seus produtos fornecidos tanto no mercado interno quanto no mercado externo, defendendo, ainda, que a carne bovina está em primeiro lugar nas exportações e em segundo a soja (G1 RONDÔNIA, 2017).
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou todos os produtos fabricados por quatro frigoríficos investigados pela Operação Carne Fraca. Segundo a Anvisa, a interdição dos produtos vale por 90 dias. Os frigoríficos interditados são duas unidades da Peccin (Curitiba, SIF 2155, e de Jaraguá do Sul, SIF 825), um da Transmeat (SIF 4644) e o Frigorífico Souza Ramos (SIF 4040) (G1, 2017).
De acordo com as informações disponibilizadas pelo site G1 (2017), o prazo da interdição imposto pela Anvisa será o tempo para que as análises de amostras coletadas nos frigoríficos fiquem prontas. No Quadro 1 é apresentado uma relação das empresas que estão sendo investigadas após o escândalo da operação “Carne Fraca”.
Quadro 1 – Empresas investigas pela operação “Carne Fraca”
EMPRESAS DO SETOR DE CARNE INVESTIGADAS |
Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda. |
BRF- Brasil Foods S.A |
Dagranja Agroindustrial Ltda./ Dagranja S/A Industrial |
E. H. Constantino |
Central de Carnes Paraense |
Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda. |
Frigomax- Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda. |
Frigorífico 3D |
Frigorífico Argus Ltda. |
Frigorífico Larissa Ltda. |
Frigorífico Oregon S.A. |
Frigorífico Rainha da Paz |
Frigorífico Souza Ramos Ltda. |
JBS S/A (3 unidades) |
Mastercarnes |
Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda. |
Peccin Beef- JJZ Alimentos S.A. |
Seara Alimentos Ltda. |
Breyer e Cia Ltda. |
Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda. EPP |
Cerca de 300 funcionários foram demitidos do frigorífico Peccin Agro industrial após o envolvimento da empresa no escândalo da operação “Carne Fraca”.
A Peccin é investigada por "armazenamento em temperaturas absolutamente inadequadas, aproveitamento de partes do corpo de animais proibidas pela legislação, utilização de produtos químicos cancerígenos, produção de derivados com o uso de carnes contaminadas por bactérias e, até, putrefatas" (G1 PARANÁ, 2017).
Foi apresentado um laudo pericial no qual a PF apontou grande quantidade de amido em quatro amostras de salsichas e em duas de linguiça calabresa, ambos fornecidos e fabricados pela empresa. Os produtos analisados foram considerados desproporcionais (G1 PARANÁ, 2017).
Após o escândalo, empresas como JBS e BRF, ambas envolvidas na operação, vêm trazendo prejuízos, tendo impacto diretamente na economia.
A BRF reportou prejuízo líquido de 167,3 milhões de reais no segundo trimestre de 2017, ante o resultado positivo de 31 milhões de reais apresentado no mesmo período de 2016. [...] Entre estes, 117,7 milhões de reais relacionados a perdas operacionais decorrentes da Operação Carne Fraca, tais como devoluções, fretes e armazenagem adicionais, ajuste no valor dos estoques, entre outros (VEJA, 2017).
A JBS também apresentou queda nos lucros gerados pela empresa durante o processo da operação “Carne Fraca”. “A processadora de carne JBS teve lucro líquido de 309,8 milhões de reais no segundo trimestre, o que representa uma queda de 79,8% ante mesma etapa de 2016, resultado marcado por queda nas receitas, aumento das despesas e impacto do câmbio” (VEJA, 2017). A empresa optou por colocar à venda seus ativos imobilizados de não relevância para que se pudesse dar um reequilíbrio para a situação sua financeira (VEJA, 2017).
As atividades da JBS chegaram a ser suspensas após a deflagração da operação “Carne Fraca”, da Polícia Federal, que investigou um esquema de suborno a fiscais agropecuários para liberação da venda de carnes inadequadas para o consumo. Logo que a operação foi iniciada, mais de 30 servidores foram afastados de suas funções (R7 NOTÍCIAS, 2017).
Nesse contexto, com base nas informações apresentadas, a operação “Carne Fraca” vem devastando todo o cenário econômico brasileiro que além de impactar diretamente na economia do país também impactou em questões do desemprego. Foi demonstrado que alguns frigoríficos tiveram suas portas fechadas levando diretamente ao desemprego de diversas famílias brasileiras. Empresas grandes como JBS e BRF tiveram perda de milhares de dólares somente no primeiro trimestre desde o surgimento da operação, chegando a ter que vender ativos imobilizados de baixa relevância para que pudesse ter um breve controle na situação que se passava.
5 METODOLOGIA
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar o comércio exterior no cenário econômico brasileiro com enfoque na operação “Carne Fraca”, o qual é demonstrado por meios de pesquisa o declínio da economia brasileira, sendo o Brasil um dos maiores exportadores de carne. Após o escândalo dessa operação o mercado brasileiro vem passando por diversas dificuldades.
O artigo foi realizado por meio de pesquisas bibliográficas e sites de grande referência, usando o método dedutivo e buscando demonstrar o Brasil no contexto do comércio exterior, fazendo assim, uma breve análise histórica, expondo todos os seus períodos até a etapa em que ocorre a internacionalização. Foi apresentado alguns conceitos referentes ao que é comércio exterior, balança de pagamentos e balança comercial para que se possa ter uma melhor compreensão do que se trata o trabalho apresentado. Foi exposto como funciona o segmento de carnes e como o mercado brasileiro de carnes se inseriu no cenário econômico mundial.
Marconi e Lakatos (2010), conceitua que a pesquisa bibliográfica, também denominada de fontes secundárias, engloba toda a bibliografia que foi tornada pública relacionada ao tema de estudo específico. As publicações podem ser por meio de boletins, periódicos, revistas, livros, pesquisas, monografias e até meios de comunicação oral. Seu principal objetivo é fornecer ao pesquisador acesso a tudo o que foi escrito a respeito de determinado tema.
Segundo as considerações de Diniz e Silva (2008, p. 6):
O método dedutivo parte das teorias e leis consideradas gerais e universais buscando explicar a ocorrência de fenômenos particulares. O exercício metódico da dedução parte de enunciados gerais (leis universais) que supostos constituem as premissas do pensamento racional e deduzidas chegam a conclusões. O exercício do pensamento pela razão cria uma operação na qual são formuladas premissas e as regras de conclusão que se denominam demonstração.
Concernente com os autores Marconi e Lakatos (2003) define método dedutivo como o objetivo de demonstrar o conteúdo de ideias principais que apontam se estão corretas ou incorretas. As ideias principais mantém de modo íntegro a conclusão ou quando o meio é logicamente incorreto.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho, procurou, em síntese, abordar e analisar a inserção do Brasil no comércio exterior e sua evolução no cenário econômico mundial com o objetivo de demonstrar e expor todo o trajeto e desenvolvimento do país até os dias atuais. Possuindo como objetivo demonstrar os principais impactos causados pela operação “Carne Fraca” e suas consequências na economia, na geração de emprego e em outras questões decorrentes desse escândalo.
Verificou-se que o agronegócio tem sido um dos principais meios de desenvolvimento econômico do país e um grande subsídio para o superávit da balança comercial. Sendo o Brasil um dos maiores exportadores de carne no mundo com desenvolvimento principalmente em áreas rurais, a pecuária brasileira restringe-se na criação de animais com o propósito de comercialização.
Os dados obtidos evidenciaram que a operação “Carne Fraca” foi uma das maiores operações organizadas pela polícia federal e tem impactado de forma negativa em toda a economia brasileira e, principalmente, nos resultados da balança comercial devido a desalavancagem das importações e a intensificação das exigências de países importadores em relação à qualidade da carne brasileira.
Além disso, vem influenciando na elevação do índice de desemprego ocasionado pelo fechamento de frigoríficos em todo o Brasil devido à redução da receita que vem levando as empresas a apresentar prejuízos em seus resultados. As empresas JBS e BRF para conseguirem restabelecer seu equilíbrio financeiro, precisaram vender uma grande parte de seus ativos imobilizados, impactando, dessa forma, nos seus resultados no aspecto econômico, patrimonial e financeiro.
Esse setor é bastante importante para a economia do país, o Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo e devido ao escândalo acabou perdendo sua credibilidade perante os países importadores da mercadoria. As empresas que estão envolvidas no ocorrido estão tentando recuperar sua confiabilidade no mercado interno e externo, com políticas rígidas e eficientes de controle de qualidade da carne e atendimento sinérgico às exigências sanitárias, porém esse é um processo lento, complexo e que devido a extensão da operação demanda tempo, comprometimento e investimento das empresas.
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[1] FOB (Free on board) “livre a bordo” é exatamente o inverso. O frete será pago somente pelo destinatário, ou seja, por conta de quem compra a mercadoria. O comprador será o encarregado a contratar e pagar pelo transporte (AXADO, 2012).
Publicado por: Kendra Dias
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