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Precisamos falar sobre a pobreza menstrual nas escolas

Breve análise sobre a pobreza menstrual nas escolas.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Um assunto que vem ganhando espaço nesses últimos dias, impostos pelas mídias sociais retrata um grave cenário no qual a desigualdade acerca limitações e nos mostra uma realidade que cada vez mais se torna evasiva. Mas afinal, o que é a pobreza menstrual?

A necessidade e a falta de acesso que milhares de mulheres, jovens e adolescentes passam todos os dias, essa adversidade se encontra principalmente nas escolas, onde ainda existe a precariedade dos banheiros públicos, e a extrema necessidade em se incluir nas instituições a educação menstrual, na qual a mulher precisa ter o conhecimento sobre seu corpo e adquirir informações de como manter sua higiene pessoal.

Segundo dados relatados pela ONG Girl Up (ONG que zela pelas meninas e que prezam por ajudar mais meninas a não se sentirem acanhadas e não deixar os estudos pelo fato de menstruar, entre outros direitos, incluindo um mundo com maior igualdade; garantindo que essas mesmas garotas consigam oportunidades de serem elas mesmas).

De acordo com alguns relatórios trazidos pela Organização hoje no Brasil cerca de 30 milhões de mulheres menstruam, mas nem todas possuem acesso ao saneamento básico e a produtos. Em paralelo conforme o recenseamento feito pela Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (PENSE), feita em 2015 pelo IBGE na qual obteve dados de que, cerca de 231 mil garotas estudam em escolas que não possuem banheiros com condições plausíveis de uso. Deste levamento, 65% dessas meninas são negras.

Em levamento pelo site ‘Menos 1 lixo’ o qual divulga uma estimativa de que durante a vida da mulher, ela utilizará cerca de 16 mil absorventes descartáveis, o que daria em média cerca de R$ 8 mil a R$ 10 mil, esse fator condiciona a escassez para muitas dessas mulheres que vivem em condições baixas.

Há em questão a relação da adolescente que não possuí tal acesso a estes recursos, e isso afeta drasticamente sua carreira escolar, além do fato de não ter recursos financeiros para comprarem absorventes, é inepto as condições as quais os sanitários escolares estão expostos e esse agravante repercute também com a falta de saneamento básico em muitos lugares do país; há ainda um grande tabu, no qual muitas dessas meninas se sentem envergonhadas por menstruar ( ou sofrem por comentários machistas dentro da sala de aula ). Tudo isso se torna ainda maior quando pensamos nas condições sociais em que milhões de jovens brasileiras vivem todos os dias.

A instabilidade dos lavabos nas escolas preocupa ainda mais, as más conjunturas em que se encontram, a carência de absorventes dentro desses locais (o qual deveria ser obrigatório conter) ainda assim, mesmo que algumas escolas já possuam em seus sanitários produtos para a higiene, é bem pouco comparado a quantidade de jovens por instituição. Com isso, a amplitude de aspectos divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), registra que uma em cada cinco garotas (20%) falta as aulas quando está no período menstrual; ou seja, em resultados são mais de 3 milhões de meninas.

O grande tabu já abarca necessariamente a grande privação da educação menstrual, ou seja, ainda se falta discutir mais nas escolas sobre o assunto, para que não se torne algo anormal; visto que a jovem deve ter consciência de ser uma fase normal que todas as mulheres passam.

A pobreza menstrual não é somente evidente nas academias, o que se refere a inúmeras outras relações sociais onde por alguma instancia diversas mulheres estão inseridas como em campos de refúgios, moradoras de rua, detentas, e aquelas que vivem em condições de extrema pobreza. A ONG Trata Brasil, que trabalha com a criação de projetos de saneamento básico, para pessoas que estão em condições de extrema vulnerabilidade; estipula que 23% das brasileiras com idades entre 15 e 17 anos não possuem acesso algum a esses itens para sua higiene.

Os insuficientes recursos, acabam trazendo ainda, um grande princípio que pode afetar a saúde dessas jovens; essa escassez resulta na utilização de objetos que são usados no lugar do absorvente pela falta de condição. Parte disso, se resulta em se colocar miolos de pão, folhas de caderno, papéis, e até mesmo a reutilização de um absorvente descartável, os quais podem provocar sérios problemas vaginais e atrair diversos tipos de infecções.

Pensando nisso, para caminharmos em direção a soluções que ajudem cada vez mais garotas pelo Brasil, é em primeira instância abominar o tabu que a menstruação traz, pois esse fator deve ser visto como um processo natural, as informações devem ser discutidas nas salas de aula. As escolas devem buscar a criação de projetos para arrecadar produtos de saúde e proporcionar a correta higienização dos absorventes, reivindicar das políticas públicas um posicionamento, pois a higiene básica é direito de todas elas.

Ao que se instaura, a partir da instituição feita pelo PL 005/2021 na qual engloba-se o projeto ‘Menstruação sem tabu’, no qual visa introduzir o absorvente descartável como item essencial em cestas básicas, e coletivamente promover ações nas quais possam buscar doações de absorventes que sejam todos de materiais sustentáveis, com o intuito de ajudar garotas em situações vulneráveis.

O país ainda precisa de mais estimulação, da criação de mais projetos e arrecadações. A priori necessita-se de mais equidade, a maneira em que conduzirá o assunto nas escolas deve ser algo feito de forma leve, evitando todo o tabu que ainda é visto como tema polêmico e que causa bastante desconforto por algumas meninas. O que se espera é que as mídias sociais abram ainda mais espaço para relatarem essa temática, as pessoas mantenham mais conhecimento, e que se crie pelos órgãos governamentais mais ações para que tragam essas jovens de volta ao ensino e não se esquecer de que sempre devemos falar sobre a pobreza menstrual nas escolas.

REFERÊNCIAS:

O DOCUMENTO. PL prevê doação de absorventes e menstruação sem tabu. Disponível em: https://odocumento.com.br/pl-preve-doacao-de-absorventes-e-menstruacao-sem-tabu/#:~:text=O%20PL%20005%2F2021%20institui,absorventes%20sustent%C3%A1veis%20e%20coletores%20menstruais. Acesso em 8 mai.2021.

OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR. No Brasil, estudantes negras são mais afetadas pela pobreza menstrual. Disponível em: https://observatorio3setor.org.br/noticias/no-brasil-estudantes-negras-sao-mais-afetadas-pela-pobreza-menstrual/. Acesso em: 5 mai. 2021.

MENOS UM LIXO. #NósTestamos/Menstruação. Disponível em: https://www.menos1lixo.com.br/posts/nostestamos-menstruacao. Acesso em 4 mai.2021.

Autora: Alessa Cristina Silva


Publicado por: Alessa Cristina Silva

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.