O que é necessário para se ter segurança em escolas e não sensação de segurança
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Foi-se o tempo em que escola era um lugar de crianças inocentes que não poderiam machucar física ou emocionalmente o outro.
Para tudo e vamos começar de novo.
Antigamente também tínhamos violência, havia sim este “machucado emocional” e até o físico, só que não de forma tão extrema quanto hoje.
O Bullying já existia na época em que eu era aluna e até antes, só não tinha esse nome, era tão cruel quanto hoje.
Os meninos por causa de desavenças dentro da escola marcavam brigas fora dela, ou seja, violência no ambiente escolar sempre existiu, pois se chegavam a agendar brigas fora da escola era porque dentro dela não se entendiam. Agora a forma com que está presente e é tratada hoje em dia mostra que o problema só se agravou.
Antigamente quando os pais sabiam de um dos dois casos citados chamavam o filho para uma conversa mostrando que devemos respeitar o outro e a escola se posicionava seriamente para resolver a situação.
Hoje já não é bem isso o que está acontecendo, vemos alguns pais cada dia mais permissivos e ausentes e algumas escolas cada dia mais omissas.
Aluno que vai dar problema dá indícios e pais, professores, bedéis, coordenadores atentos acabam percebendo e evitando a tragédia.
Pais que tem diálogo com seus filhos, que tem relacionamento de verdade percebem comportamento estranho dentro de casa e pais atentos de colegas também podem ajudar.
O número de alunos em sala de aula é outro fator determinante para que o professor possa dar mais atenção a cada aluno e as condições de trabalho deste professor também precisam ser reavaliadas.
Hoje o que temos são professores sobrecarregados que não conseguem pelo esgotamento mental nem dar aula direito, imagine ter um olhar atento sobre cada aluno em salas superlotadas.
No livro “Coisas que os pais precisam saber sobre os filhos” falo tanto da questão da segurança, quanto número de alunos ideal por classe para cada fase, pois este é outro ponto que necessita atenção.
Além de percebermos e transformarmos as relações vividas dentro da escola em relações melhores devemos ter atenção ao projeto de segurança propriamente dito, escola tem que ter um projeto de segurança que feche todos os pontos para evitar casos como os que tem acontecido hoje e assim podem dizer que tem segurança. Óbvio que vai ter risco, mas este será mínimo. Agora vamos à realidade:
Muitas escolas não contratam um consultor especialista em segurança e acabam por instalar câmeras, portas giratórias, detectores de metal e outras coisas mais pensando que assim melhorarão a segurança do local, mas se enganam, pois se você não trata a origem do problema não é com equipamentos que você resolverá alguma coisa.
Quanto às portas giratórias fica ainda uma reflexão, no caso de necessidade de evacuação rápida como fica essa evacuação?
Pense que nem os alunos de todas as idades, nem os colaboradores da escola e professores têm treinamento periódico de segurança baseado em inteligência emocional, então imagine a catástrofe que uma porta destas iria causar em caso de evacuação.
Um projeto completo para escola inclui vários aspectos e obviamente a visão pedagógica não pode ser esquecida.
Entender como estão as relações dentro desta escola é fundamental se queremos manter a segurança e não falo só da relação aluno-aluno, mas também a relação escola (professores, coordenação-direção-bedéis ou auxiliares) – aluno.
Um consultor de segurança especialista em escolas e que não tenha somente a visão da segurança, mas sim uma visão abrangente que entenda como é o dia a dia daquela instituição deve elaborar um projeto de segurança completo e personalizado para aquela instituição, pois cada uma tem variantes que podem alterar drasticamente o que será recomendado.
Sendo assim, o primeiro passo é identificar os riscos e ameaças que precisam ser mitigados. É preciso definir quais objetivos aquele projeto precisa cumprir de maneira racional e executável.
É importante desenvolver políticas de segurança claras e abrangentes que abordem todos os aspectos da segurança, incluindo prevenção e resposta a incidentes e acompanhamento contínuo.
Necessitará implementar medidas de segurança eficazes que além de tratar os recursos humanos deverá propor também os recursos tecnológicos adequados para aquele local, tais como câmeras, controle de acesso incluindo medidas de cibersegurança.
Tudo isto só será eficaz se houver treinamento e conscientização, e para isso será necessário desenvolver a cultura de segurança para que possamos ter verdadeiramente segurança em instituições de ensino e não somente sensação de segurança como a maioria delas tem hoje.
E para fechar devemos ter um plano de gerenciamento de crises, que nada mais é do que o processo de preparação, resposta e recuperação de uma organização diante de uma crise ou emergência. Quando falamos de crise incluímos também desastres naturais, não só ameaças à segurança e integridade física e mental dos alunos, problemas de saúde pública, entre outros.
Sendo assim, não podemos pensar só com o olhar da segurança, pois diversos fatores têm que ser pensados se queremos realmente ter um projeto de segurança que amarre todos os pontos para que assim tenhamos segurança e não sensação de segurança.
E para quem acha o projeto de segurança um investimento alto pergunto:
Quanto vale uma vida?
Yara R.G.Dias
Mini Currículo:
Escritora, consultora e auditora especialista em Segurança Empresarial, Gestão de Pessoas, Liderança e Coaching, Pedagoga.
Membro da Comissão Especial de DIREITO ANTIBULLYING da OAB/SP até 12/2018, cursos em excelência em liderança, engajamento de equipes e qualidade em serviços pelo Disney Institute, EUA.
Graduada em Direito, Pedagogia, Especialização em Gestão de Pessoas- Carreiras, Liderança e Coaching e MBA em Gestão Estratégica de Segurança Empresarial.
Autora do livro: Coisas que os pais precisam saber sobre os filhos, 1a. ed. 2011.
Publicado por: Yara R G Dias
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