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INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DA TECNOLOGIA

Análise sobre a inclusão social através da tecnologia.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Este artigo aborda a exclusão digital e tecnológica de grupos desfavorecidos em relação ao acesso a soluções criadas para esses fins, que representam uma grande parcela da população brasileira e que não acompanham a velocidade de aquisição, aprendizagem e capacitação do público geral. Toma como base para desenvolvimento a investigação de dados de institutos que já trabalham sobre o tema de inclusão e conceitos teóricos de Castells (1999), bem como sua definição de tecnologia da informação e comunicação (TICs) e como isso impacta a relação interpessoal, de trabalho e de produção da sociedade. Sob essa ótica foram realizadas pesquisas e através de seus resultados foram oferecidas propostas de ações futuras para práticas de inclusão e maximização de bem-estar social.  

Palavras-chave: Inclusão; Tecnologia; Acessibilidade; Capacitação Tecnológica; Periferia; Idosos; Portadores de deficiência

INTRODUÇÃO

Há cada ano surgem mais soluções tecnológicas e digitais para problemas que a população muitas vezes sequer sabe que tem. E nem sempre todos os grupos sociais são beneficiados por essas soluções, tornando as barreiras já existentes ainda maiores. 

As vantagens de estar na rede crescem exponencialmente, graças ao número maior de conexões […]. Além disso, a penalidade por estar fora da rede aumenta com o crescimento da rede em razão do número em declínio de oportunidades de alcançar outros elementos fora da rede. (CASTELLS, 1999)

E em função dessa penalidade gerada pela exclusão digital, se faz importante identificar o que tem sido feito para públicos desfavorecidos e possíveis espaços de melhoria e inclusão, e com isso responder à questão:  como o avanço tecnológico pode ajudar na inclusão social? 

O estudo foi realizado através de uma pesquisa básica qualitativa, com o intuito de conhecer mais sobre o tema, analisando fontes documentais e através de dados coletados em questionários enviados a amostras de três públicos distintos e que conhecidamente são desfavorecidos socialmente: moradores de regiões periféricas, idosos e pessoas com deficiência. 

Além da coleta de dados realizada, foram feitas análises de soluções de desenvolvimento tecnológico já criadas para esses públicos e dados de institutos e organizações que trabalham nesse setor.  

O estudo sobre esses públicos, e principalmente as ações práticas que podem derivar dele, é importante pois, segundo Furtado (2004) não se trata apenas de aumentar a produtividade, mas sim do estímulo da sociedade coletiva e criativa.

DESENVOLVIMENTO

Desde o aumento do uso de computadores e smartphones e, principalmente, com a chegada do Iphone em 2007, a corrida pelo acesso a esses dispositivos e ao que eles oferecem se tornou visivelmente competitiva, com a intenção de sempre ter a melhor e mais atualizada versão, seja de um software ou de um dispositivo. De acordo com Castells: “[…] essas tecnologias representaram um salto qualitativo na difusão maciça da tecnologia em aplicações comerciais e civis devido a sua acessibilidade e custo cada vezmenor, com qualidade cada vez maior.” (2002, p. 91).  E com a normalização dessa tecnologia digital muitas soluções e atividades da vida cotidiana passam a dependerdesse recurso, por exemplo acesso a recursos financeiros, culturais e até mesmo de saúde. 

Assim como em muitos outros setores de aspectos sociais, a digitalização também não é homogênea entre a população. De acordo com a pesquisa realizada pela TIC Domicílios (2020), organização que monitora uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC), a maior barreira de acesso à internet é o preço da conexão, fazendo com que a parcela da população de classes mais baixas tenha menos condições de digitalização. 

Porém, mesmo com essa barreira financeira, o mesmo estudo aponta um aumento de até 14% no número de domicílios com acesso à internet em relação ao ano de 2019, atingindo agora até 91% entre as classes C e DE. A desigualdade neste âmbito se ressalta então pelo perfil de usuários, que segue maior em áreas urbanas e entre jovens com maior escolaridade.

“Dado que a tecnologia é a sociedade” (CASTELLS, 2002, p. 43) é possível ver muitos projetos e iniciativas que tem como objetivo atender a esse crescente público, garantir os direitos previstos na constituição brasileira e criar uma melhor experiência social.

INCLUSÃO DE PERIFERIAS

Dados do último censo realizado em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que existiam cerca de 3,2 milhões de domicílios particulares localizados em áreas chamadas pelo Instituto de “aglomerados subnormais”, que englobam assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos e palafitas, entre outros. 

Essas comunidades além de enfrentarem problemas com a digitalização sofrem com a falta de serviços que chegam até eles, seja por periculosidade, desinformação ou más condições de terreno. 

O número de pessoas que vivem nessas regiões associado ao potencial de desenvolvimento faz com que sejam um importante público alvo de projetos de inovação e melhorias utilizando tecnologia. 

CASOS

Favelas 4D

O MIT (Massachusetts Institute of Technology - em tradução livre Instituto de Tecnologia de Massachusetts - nos Estados Unidos) possui um laboratório especializado em inovação urbana e social através de design e ciência, o Senseable City Lab, que vem desde 2004 realizando estudos para melhorar a qualidade de vida em cidades de maneira abrangente e sustentável. 

Em 2021 o laboratório divulgou uma pesquisa que liderou na favela da Rocinha, comunidade localizada na cidade do Rio de Janeiro que possui cerca de 100.000 pessoas, chamada Favelas 4D, em que utilizou uma tecnologia de escaneamento tridimensional a laser. Essa tecnologia mede as construções urbanas através de uma nuvem de pontos de luz que ao baterem em uma superfície retornam a um sensor e são
processadas por um software que gera uma imagem tridimensional do lugar, e assim de maneira rápida é possível gerar propostas de melhorias de infraestrutura de forma generalizada.

Um dos maiores benefícios da utilização dessa tecnologia é possibilitar o endereçamento da população desses aglomerados subnormais já que esses lugares possuem pequenas vielas e construções que não contam com mapeamento formal. 

Outros benefícios provenientes do uso da tecnologia, segundo o próprio laboratório, é possibilitar interpretar os dados de maneira mais personalizada, levando em conta o que já funciona e existe na comunidade, poder documentar riscos de deslizamentos ou outros tipos de problemas relacionados ao terreno, monitorar a qualidade da água e do ar e ainda medir acesso de serviços que chegam ao local.

TrazFavela

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest em 2020, com uma amostra de 1500 pessoas, mostrou um resultado de que 92% dos entrevistados utilizavam aplicativos de entrega, sendo o principal uso para entregas de refeições. Porém, uma vez mais, as classes com menos uso eram a C e DE.  

Visando esse tipo de problema, em Salvador, na Bahia, foi criado o projeto TrazFavela nasceu com o objetivo de vencer preconceitos de localização e de produtos e serviços oriundos das favelas e comunidades.

O argumento utilizado para atrair entregadores, comércios e clientes é justamente reforçar a potência local, já que grandes comércios muitas vezes não têm acesso a essas comunidades, o que impossibilita a entrega e consumo dessa população. Com o uso do aplicativo o comerciante vende para um público carente de oferta, o entregador trabalha em um local já conhecido por ele, perto de casa, sem necessidade de muito deslocamento, e o consumidor tem acesso a mais produtos e serviços.

INCLUSÃO DE IDOSOS

Através do site do IBGE é possível visualizar dados e previsões para a população brasileira. Essas informações mostram, por exemplo, a evolução dos grupos etários, onde se vê um crescimento no número de idosos com mais de 65 anos no país, que correspondia a 7,32% da população em 2010 (aproximadamente 14 milhões de pessoas), a 10,49% em 2022 (aproximadamente 22,5 milhões de pessoas) e uma previsão de chegar em 2030 a cerca de 13,5% da população (cerca de 30 milhões de pessoas).

Mais um dado ligado a faixa etária é o de expectativa de vida, que em 2010 era de 73 anos, em 2022 de 77 anos e a previsão para 2030 é de 82 anos.

Por outro lado, em 2021 foi realizada uma pesquisa a pedido da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) para entender melhor a relação entre idosos e a tecnologia durante a pandemia. Da amostra entrevistada, 97% confirmou ter acesso a internet, sendo a grande maioria através do celular e para uso, principalmente, de redes sociais e aplicativos bancários. 

Esse grupo se torna então, assim como o grupo anterior, uma possível potência em questões de mercado tecnológico e inovação, já que vem crescendo e se digitalizando cada vez mais. E hoje o maior problema abordado por empresas que desenvolvem essas soluções digitais é o de saúde, com aplicativos que lembram de tomar remédios, que ajudam a marcar consultas médicas e que ajudam o idoso a se manter ativo.

CASOS

HelpCare

Criados para ajudar idosos, os dispositivos da empresa HelpCare foram feitos para facilitar a atenção e cuidados em caso de emergências. 

Os dispositivos são pulseiras ou colares com um botão de emergência, com um desenho simples para facilitar o manuseio e com funcionamento independente de internet, utilizando a tecnologia de GPS. Caso o idoso necessite de alguma assistência, basta
apertar esse botão para que um chamado seja enviado a uma central da empresa, que automaticamente contata os familiares e envia ajuda. 

Além do uso por botão, os dispositivos possuem um sensor que, em caso de queda ou mal súbito, ou casos que não permitiriam o uso padrão do aparelho, enviam o sinal à empresa. 

Esse tipo de tecnologia pode ajudar na redução de fatalidades e na admissão hospitalar além facilitar ações de prevenção (GEISINGER, 2014).  

CPQD Facilita

Aplicativo criado pela CPQD, organização focada em pesquisa e desenvolvimento de TICs, com objetivo de ajudar pessoas idosas a lidarem com tecnologia. 

O software possibilita a divisão da tela de dispositivos eletrônicos em partes, e assim cada parte fica com um tamanho maior, facilitando a visualização de textos e ícones. Também serve como leitor de tela e permite a customização da interface, para que fique o mais fácil possível para o usuário. 

Esse tipo de solução facilita a experiência não só de idosos, mas de pessoas com deficiência visual e cognitiva, sendo assim um aliado na inclusão digital.

INCLUSÃO DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

De acordo com dados do último Censo, 24% da população brasileira possui alguma deficiência (IBGE, 2010).  Em 2015 a então presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) que define pessoa com deficiência como “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade [...]” (Art. 2º).

Essa lei cita como um dos obstáculos as barreiras tecnológicas e as define como: “barreiras que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias;” (Art. 3º, item IV). E portanto, desde a instituição do estatuto, dentre as obrigatoriedades estão a de que todo site e arquivo digital sejam acessíveis e reconhecidos por leitores de tela e tecnologias assistivas (Art. 63 e Art. 68) e de que “devem ser estimulados a pesquisa, o desenvolvimento, a inovação e a difusão de tecnologias voltadas para ampliar o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias da informação e comunicação e às tecnologias sociais.” (Art. 78).

Porém, mesmo com a lei em vigor e desenvolvimentos focados em melhorias para as pessoas com deficiência, ainda existe desigualdade, visível por exemplo no mercado de trabalho, que, de acordo com a pesquisa feita pela empresa Talento Incluir, tem 63,1% das empresas sem um plano de inclusão (2021), e no varejo, que ainda possui limitações tanto online quanto offline, como falta de preparo no atendimento e sites pouco acessíveis (Procon SP, 2020).

CASOS

Colibri - mouse de cabeça

Em 2021 a startup brasileira TiX, que já vinha trabalhando há mais de 10 anos com acessibilidade digital, criou o mouse de cabeça Colibri, que permite pessoas com mobilidade reduzida nos membros superiores, como tetraplegia, paralisia cerebral, dificuldades com o uso das mãos ou que tenham sofrido acidente vascular cerebral (AVC), a operarem celulares ou computadores através de movimentos com a cabeça e olhos. 

Trata-se de um sensor que pode ser acoplado a qualquer tipo de óculos e assim permite controlar o ponteiro do mouse em qualquer dispositivo com bluetooth. 

Esse tipo de tecnologia assistiva se faz importante já que, segundo dados da última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2,7% (5,5 milhões) da população entre 5 e 40 anos têm alguma deficiência nos membros superiores e poderiam ser beneficiados por esse tipo de inovação.

Be My Eyes 

Aplicativo criado com o objetivo de ajudar pessoas com deficiência visual, possibilitando que pessoas sem deficiência possam, através de uma chamada por vídeo, ajudar a solucionar problemas do cotidiano, como saber a cor de uma roupa ou quem enviou uma correspondência.

Hoje o aplicativo conta com mais de 5 milhões de voluntários em diversos países e já ajudou mais de 580 mil pessoas cegas ou com visão reduzida. 

A PNS, pesquisa mencionada anteriormente, de 2019 mostrou que aproximadamente 7 milhões de brasileiros possuem deficiência visual, mostrando assim a importância de acessibilidade a este público.

PESQUISA

Objetivo

Corroborar os dados já existentes e previamente vistos sobre o acesso e a relação com a tecnologia de comunidades periféricas, idosos e pessoas com deficiência, identificar suas necessidades e possíveis melhorias, e entender se há um espaço disponível para desenvolvimento e inovação tecnológica dentre esses públicos.

Metodologia

Levantamento de informações realizado por meio de questionários online enviados para amostras dos três públicos recrutados por convite em redes sociais. Um questionário foi enviado para pessoas moradoras de regiões periféricas, favelas e comunidades durante os dias 08 e 25 de fevereiro de 2022, com uma amostra de 20 pessoas com idade entre 30 e 58 anos. O segundo questionário enviado a pessoas de idade igual ou superior aos 60 anos, durante os dias 15 e 22 de fevereiro de 2022, com uma amostra de 23 pessoas. O terceiro questionário foi enviado para pessoas com deficiências ou seus cuidadores, durante os dias 21 de fevereiro e 02 de março de 2022, com uma amostra de 7 pessoas com deficiência e 1 cuidador. 

Resultados e percepções

Em relação ao primeiro questionário, nenhum dos participantes possui computador pessoal e tampouco utilizam um para trabalho e por isso acessam a internet através de celulares que, para 31,8% dos entrevistados, dependem de conexão por wifi, ou seja, não
possuem um plano de conexão por operadoras. 

A frequência de uso de internet varia, sendo que somente metade dos participantes utiliza diariamente, e tem como principal finalidade a comunicação e uso de redes sociais, que assim mesmo foram apontadas por 27,8% como difíceis de manejar e entender.

Os principais problemas relatados são sobre sites que consomem muitos dados de internet e por isso não funcionam como deveriam, e sobre o espaço de armazenamento que alguns aplicativos ocupam. 

Os participantes demonstraram uma visão positiva sobre tecnologia, enxergando-a como uma forma de ajuda, e citam como uma importante melhora a disponibilização de redes de wifi nas comunidades. 

A interpretação desses dados, juntamente com dados de pesquisas realizadas por outras instituições, como foi apresentado, pode concluir que esse público é aberto a novas tecnologias, com interesse de uso para diversos fins, e que sua inclusão digital pode ser ampliada com o acesso a dispositivos com mais capacidade e/ou o desenvolvimento de sites e aplicativos que demandem menos espaço e dados, e disponibilização de redes de conexão com mais qualidade.

Sobre o segundo questionário, a grande maioria dos participantes possui computador próprio, porém 66% não utiliza a internet por esse meio diariamente, sendo o principal objetivo o uso de sites bancários. Já o uso de celular é presente diariamente na vida dos entrevistados, apresentando um uso para acessar sites de notícias, redes sociais e aplicativos bancários. 

Como dificuldade principal são citados problemas com excesso de informação e uso de idiomas estrangeiros.
A visão de tecnologia para o grupo participante se mostrou técnica e não necessariamente otimista, com demonstrações de receio em relação à dependência excessiva de inovações.

Como pontos de melhoria, demonstram a necessidade de segurança, comunicação mais clara e direta, e centralização de informações.

A partir dos dados coletados pode-se entender que esse público demonstra menos abertura ao uso de novas tecnologias e principalmente com o que não é capaz de entender. E que para uma maior inclusão podem ser consideradas ações como educação tecnológica, menos uso de linguagem especializada e sites e aplicativos mais minimalistas, com fluxos de interação mais simplificados.  

E em resultado ao terceiro questionário, entre o grupo participante, dois tipos de deficiências foram reportados, sendo elas paralisia nos membros inferiores e deficiência visual, sendo a maioria do segundo tipo. A totalidade da amostra utiliza diariamente a internet através do celular, porém metade diz sentir mais facilidade no uso através do computador, o que aparenta ser por razões pessoais de adaptação. Os principais acessos são aos aplicativos Whatsapp, Youtube e Instagram, e o grupo relata ter dificuldade ao utilizar sites e aplicativos com pouca acessibilidade, citam o Facebook como um exemplo, assim como outros meios de entretenimento. 

Os participantes com deficiência visual utilizam leitores de tela como tecnologia assistiva e os com deficiência nos membros inferiores utilizam bengalas e andadores.

Quanto aos que usam leitores de tela percebe-se que existe dificuldade no manejo da tecnologia e que seu uso não é sempre fácil e intuitivo, o que permite intuir que mesmo com a obrigatoriedade da acessibilidade esse público ainda não é capaz de utilizar os meios digitais como o público padrão, gerando um espaço de melhoras em diversos setores.

CONCLUSÄO

Com base na análise dos exemplos citados de inovações para os três grupos abordados, juntamente com a interpretação das respostas oferecidas através dos questionários, é possível concluir que existe de fato um interesse do mercado em desenvolver novas tecnologias que voltadas à essas pessoas, porém não necessariamente os novos desenvolvimentos vem apoiando na inclusão digital. 

Para o grupo de pessoas que vivem em regiões periféricas, os casos analisados mostram de fato ações de melhorias na qualidade de vida, mas quando esse público é indagado sobre o que precisam, o que sentem falta e o que esperam, a resposta é de que, por exemplo, um ponto de wifi público e facilidade para comprar um celular com melhor capacidade já ajudaria na inclusão e acesso.
Se tratando do segundo grupo, o de idosos, a visão mais negativa que eles possuem sobre a tecnologia pode inclusive fazê-los evitar o uso de algum dispositivo novo. As ações exemplificadas mostram o interesse no cuidado desse público, porém através das respostas enviadas nota-se que suas necessidades, para se sentirem mais cômodos e incluídos, envolvem o uso de comunicação mais simples nos meios digitais, um desenvolvimento de novas tecnologias com informações mais centralizadas, que não dependa de novos aprendizados a todo momento. Ou seja, centralizar o máximo de ações digitais possíveis em um só lugar simples e confiável, pode aumentar a digitalização fazendo-os mais incluídos e seguros.

A análise do grupo de pessoas com deficiência permite dizer que hoje eles utilizam os meios digitais de maneira autônoma, sozinhos, mas com a ajuda de tecnologias assistivas, e os utilizam diariamente. Porém ainda sentem muita dificuldade com sites e aplicativos que não possuem uma boa acessibilidade, principalmente no que se refere a leitura de tela, o que ocorre geralmente em meios de entretenimento, como redes sociais e jogos online. Portanto seriam ainda mais incluídos e beneficiados caso os desenvolvimentos fossem mais pensados para eles, mais testados e com conteúdos mais simples. 

Mesmo reforçando que as ações criadas pelo mercado que beneficiam os públicos analisados são de fato importante, nota-se que ainda existe uma necessidade básica de cada grupo que pode ser atendida e assim leva-los a serem considerados realmente incluídos e com acessos iguais ao público geral, livres das penalidades da falta de conexões.

O estudo, realizado de forma remota devido às condições da pandemia, pode ser aprofundado com uma análise maior de cada grupo, já que a amostra que respondeu aos questionários é baseada em pessoas com acesso a internet, com mais diversidade e representatividade, o que poderia revelar novas oportunidades de desenvolvimento e novas problemáticas.

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Publicado por: Ana Julia Garcia Machado

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