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IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS AVANÇADAS COMO MEIO TRANSFORMADOR DE MATERIAIS DESCARTADOS PARA MOBILIÁRIO

Processo de reaproveitamento de materiais e suas vantagens, o papel do designer na mudança dos padrões de produção, assim como na valorização do consumo sustentável e a viabilidade de comercialização de mobiliário produzido por meio deste processo.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Este artigo comunica o resultado de um estudo que teve como tema, o reaproveitamento de materiais. Um contexto onde os impactos ambientais, a escassez de matéria-prima e o consumo são cada vez maiores justificou a sua realização. Por meio de pesquisa bibliográfica, buscou-se discutir a possibilidade de reaproveitar materiais para construção de mobiliário. Foi possível concluir que, por meio de tecnologia avançada, tal reaproveitamento possa se efetivar.

Palavras-chave: reaproveitamento de materiais; mobiliário sustentável; upcycling

INTRODUÇÃO

A questão de como o reaproveitamento de materiais, antes descartados, podem ser utilizados para criação de mobiliário, deu origem a uma pesquisa bibliográfica.

Num contexto onde os impactos ambientais, a escassez de matéria-prima e o consumo estão cada vez maiores, justificou-se a realização do estudo.

O seu objetivo geral foi discutir tal problemática. Para isto, descreveu-se: o processo de reaproveitamento de materiais e suas vantagens; o papel do designer na mudança dos padrões de produção, assim como na valorização do consumo sustentável e a viabilidade de comercialização de mobiliário produzido por meio deste processo.

REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS E SUAS VANTAGENS

“O reaproveitamento consiste em transformar um determinado material já beneficiado alumínio, madeira de demolição, papel, plástico, vidro, dentre outros. Um exemplo claro é a madeira de demolição.” (SILVA, 2009, p. 15-16).

O termo madeira de demolição refere-se basicamente a madeiras nobres de lei, como ipê; peroba rosa, que atualmente é a mais comum e é encontrada principalmente na região sul do país; angelim pedra; jacarandá; jatobá; carvalho; castanheira e outras. Estas madeiras são reaproveitadas de demolições de obras muito antigas e de casas da década de 1940 para substituição por construções em alvenaria (MADEIRA DE DEMOLIÇÃO, 2017).

Embora o processo da reciclagem da madeira, que consiste em separação, trituração, limpeza e seleção das peças seja trabalhoso e demorado, os benefícios são incomparavelmente maiores do que as inconveniências (PENSAMENTO VERDE, 2017).

Os benefícios do uso da madeira de demolição são inúmeros. O mais importante está ligado ao apelo social que se vive no momento, com relação à preservação do planeta. Busca-se reduzir a extração de matéria-prima e a possibilidade de desenvolvimento e execução de novos projetos de utilização desse material, por se tratar de madeiras nobres que não podem mais se encontradas (MADEIRA DE DEMOLIÇÃO, 2017).

PAPEL DO DESIGNER NA MUDANÇA DOS PADRÕES DE PRODUÇÃO E NA VALORIZAÇÃO DO CONSUMO SUSTENTÁVEL

Para que se pratique uma produção sustentável, faz-se necessária, uma revisão das práticas, buscando aumentar a eficiência do uso de recursos naturais e adotar uma abordagem mais eficaz no ciclo de vida das cadeias produtivas. O designer pode atuar nas etapas de concepção, projeto, planejamento, produção, distribuição, consumo e destinação pós-consumo dos produtos, visando ao reaproveitamento máximo e redução de impactos (AMARAL, 2017).

A escolha dos métodos construtivos afeta o impacto ambiental de um projeto. Sendo assim, os designers de interiores encontram-se em uma posição ideal para influenciar, contribuindo na escolha de projetos, métodos, acabamentos e materiais de modo reduzir os problemas ambientais (MOXON, 2012).

Para o processo de criação de móveis, há uma gama de possibilidades, desde o reaproveitamento de partes e substituição de peças, o que facilita a reutilização do mesmo, oferecendo-lhe uma nova função, tornando-o, portanto, um novo móvel (CÉSAR et al, 2010).

E, muitas vezes, esse novo uso deve ser melhor do que o inicial, de onde vem o termo upcycling[1], ainda mais eficaz do que a reciclagem. O reuso e a reciclagem são algumas das respostas mais sustentáveis ao processo de criação de móveis, pois são processos que não envolvem quantidades excessivas de energia (BOOTH; PLUNKETT, 2014).

“Madeiras como jacarandá, a caviúna, a braúna e o mogno – praticamente esgotadas pelo intensivo uso – foram substituídas pela sucupira, cedro, freijó, certificadas pela Forest Stewardship Council (FSC), oriundas do manejo florestal sustentável.” (JATOBÁ, 2014, p. 37).

Estes são alguns benefícios:

• redução de custos, pela otimização do uso de materiais e energia, processos mais eficientes, redução da disposição de resíduos;
• estímulo à inovação e criatividade;
• identificação de novos produtos, por exemplo, a partir de materiais descartados;

• atração de financiamento e investimento, particularmente de investidores ambientais conscientes;
• redução de infrações legais por meio da redução de impactos ambientais;

 (MALAGUTI, 2005, p. 22)

“A palavra ‘mobiliário’ será empregada para descrever qualquer elemento que for independente, em termos funcionais, das paredes, do piso e do teto que delimitam o espaço em que ele se insere.” (BOOTH; PLUNKETT, 2014, p. 7).
Segundo Booth; Plunkett (2014), deve-se, primeiramente, observar os vários tipos de resíduos de madeira e seus diversos processos produtivos, além de produtos à base de madeira que seriam descartados em forma de pedaços ou na sua forma integral original. Pode-se desenvolver projeto e processo produtivo com base na reciclagem, no reaproveitamento de materiais e na valorização dos mesmos.
Conforme o Ministério do Meio Ambiente (2017), o consumo sustentável significa comprar aquilo que é realmente necessário, estendendo a vida útil dos produtos tanto quanto possível e buscar novas escolhas de compra, privilegiando produtos e empresas responsáveis. Deve-se dar preferência a produtos mais eficientes e com menor utilização de recursos naturais e que sejam de fácil reaproveitamento ou reciclagem. Mudança de comportamento é algo que leva tempo e amadurecimento do ser humano, mas ela é acelerada, quando toda a sociedade adota novos valores. Este novo olhar sobre o que deve ser buscado por cada um, promove a mudança de comportamento, o abandono de práticas nocivas de alto consumo e desperdício e adoção de práticas conscientes de consumo.

VIABILIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO DE MOBILIÁRIO PRODUZIDO A PARTIR DO REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS

O Brasil produz diversos tipos de móveis, de todos os materiais. Atualmente, existem 14.400 empresas produtoras de móveis em todo o país (SERVIÇO DE APOIO ÀS PRENAS EMPRESAS, 2017).
O mercado de móveis de madeira de demolição é constituído por consumidores da classe média. Este segmento está em expansão devido à conscientização da preservação da natureza e o modismo, devido ao status que se criou em torno dos móveis em madeira de demolição (FRANCO et al [20-]).
O portal do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2017) oferece conteúdo para quem quer abrir uma empresa de móveis de madeira de demolição, cujo objetivo é desmistificar e dar uma visão geral de como se posicionar no mercado, verificar suas variáveis que mais afetam este negócio e levantar as informações necessárias para ao se iniciar o empreendimento.
Feiras e exposições também são uma boa opção para disseminar o consumo desses produtos, como a Feira Madeira & Design, de produtos de madeira e a FIMMA Brasil - Feira Internacional de Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios, pois elas possibilitam a apresentação de novas tendências e exposição de produtos e serviços,  em um só local. (FIMMA BRASIL, 2017).

CONCLUSÕES

Por meio de tecnologia avançada, é possível que materiais, antes descartados, possam se tornar mobiliário.

Os designers de interiores se encontram em posição ideal para intervir na escolha de projetos, métodos, acabamentos e materiais, de modo que se pratique uma produção mais sustentável. Sendo assim, faz-se necessária uma revisão das suas práticas, buscando-se aumentar a eficiência do uso -seconsumo dos produtos de projetos, m    de recursos naturais nas etapas de concepção, projeto, planejamento, produção, distribuição, consumo e destinação pós-consumo dos produtos.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Gilmar do et al. Guia ambiental da indústria de transformação e reciclagem de materiais plásticos. São Paulo: CETESB; Sindiplast, 2011. Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2017.

BOOTH, Sam; PLUNKETT, Drew. Mobiliário no design de interiores. Barcelona: Gustavo Gili, 2014.
CÉSAR, S. et al. Design, arte, sustentabilidade – móveis a partir da reciclagem de madeira. In: WORLD CONGRESSO ON COMUNICATION AND ARTS,1., 2010, Guimarães, Anais…abr. 2010. p. 2-6.
FIMMA BRASIL. Feira internacional de máquinas, matérias-Primas e acessórios. [1991]. Disponível em:  . Acesso em: 28 maio 2017.

FRANCO, C. et al. Perfil dos consumidores de móveis de madeira de demolição. (S.I., s.n, [20-]).

JATOBÁ, Waldick. Desafios do design sustentável brasileiro. São Paulo: Versal, 2014.

MADEIRA DE DEMOLIÇÃO. Sobre madeira de demolição. Disponível em: . Acesso em: 22 abr 2017.

MALAGUTI, Cynthia. Requisitos ambientais para o desenvolvimento de produtos. São Paulo: CSPD, 2005.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. O que é consumo sustentável. Brasília/DF. Disponível em: . Acesso em: 30 abr. 2017.

MOXON, Siân. Sustentabilidade no design de interiores. Barcelona: Gustavo Gili, 2012.

PENSAMENTO VERDE. Como funciona a reciclagem de madeira. Disponível em: . Acesso em: 30 abr. 2017.
SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Como montar uma fábrica de móveis de madeira de demolição. Disponível em: . Acesso em: 28 maio 2017.
SILVA, Roberta. A importância ambiental da reciclagem nas escolas. Niterói: Candido Mendes, 2009.


[1]O upcycling é o termo utilizado para o processo de reutilização de materiais em seu estado original, não fazendo uso de processos químicos.

Por Evandro Rodrigues de Almeida


Publicado por: Evandro Rodrigues

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