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“Deus, eu te vejo na tv...”. A experiência do sagrado através da cultura midiática

Breve análise sobre a experiência do sagrado através da cultura midiática.

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É do conhecimento acadêmico e, por que não dizer, também do meio popular, que os meios de comunicação, devido ao seu grande poder de persuasão, estimulam para o nascimento de uma nova realidade. O cultivo de valores, símbolos e crenças na sociedade é um fato incontestável em relação aos meios. Eles comunicam informações, valores estáveis de um grupo ou de um povo, e deste modo, podem destruir ou substituir valores. Sejam eles culturais, sociais ou religiosos. Os meios, por conseguinte, são lugares rituais onde a sociedade se reconstrói continuamente, gerando nela uma cultura midiática.

Neste cenário, a Igreja Católica, em particular, deve reconhecer o seu papel e usar a cultura midiática – neste caso a televisão -  para apresentar à sua identidade cultural e religiosa e, utilizar o referido espaço para responder às perguntas contemporâneas.

Os elementos desafiadores são inúmeros. Contudo, o fenômeno da comunicação, com todos os seus desdobramentos, coloca para a Instituição religiosa questionamentos novos, valores ambivalentes e provocações que a mesma não pode ignorar ou ficar indiferente. Tais como: primeiro, o redimensionamento do espaço religioso e midiático; neste ponto, é importante identificar os abusos e os critérios que a Igreja adota na transmissão da Missa na TV; segundo, na atual cultura midiática, qual deve ser o papel do cristão católico: protagonista ou espectador do evento religioso?; e por fim, é oportuno fazer o seguinte questionamento ou provocação: diante no número crescente de emissoras televisas católicas, que contribuem para o despertar da nova cultural religiosa midiática, é possível pensar numa Rede Católica de TV para dinamizar o processo da comunicação nesta cultura?

1.  O diálogo entre o espaço religioso e o espaço midiático

O pesquisador e professor da Unisinos-RS, Pedro Gilberto Gomes (2002, pp. 335-350), escreveu um artigo intitulado “Decifra-me ou te devoro... Sobre a Evangelização e Mídia do ponto de vista da comunicação”[1], no qual destacou que um fenômeno muito difuso no mundo contemporâneo, particularmente no Ocidente, vem chamando a atenção de estudiosos do campo da mídia e da religião: “a apropriação de campos midiáticos pelo espaço religioso”.

Partindo desta perspectiva, é relevante refletir o processo e os mecanismos que compõem a realidade deste dois campos ou espaços, ou seja, religioso versus midiático. Todavia, se por um lado o campo religioso utiliza os espaços midiáticos como instância de realização e atualização da questão da fé,  é bem verdade que - e aqui está o outro lado da moeda -, há uma “apropriação do campo religioso pelo espaço midiático”, ou seja, o espaço midiático está ocupando o território religioso e criando, assim, um redimensionamento deste espaço, isto é, uma experiência nova com o com o sagrado e um modo novo de viver e fortalecer a fé. 

Por conseguinte, há uma interação e um processo comunicativo entre os dois espaços, midiático e religioso. A conseqüência mais imediata é o deslocamento e resignificação do espaço tradicional e comunitário, restrito dos Templos, para um campo aperto e multidimensional. Assim, a lógica do templo – direto e dialogal – é substituída pela lógica da mídia que se dirigem a um público disperso, anônimo e heterogêneo. As estratégias dos pregadores[2], a sua oratória e a sua performance são condicionadas pela lei da comunicação de massa, como por exemplo, a rádio e a tv.

A mídia propõe aos telespectadores e crentes[3] a concepção de um novo espaço religioso midiático. Neste espaço, são importantes os processos de comunicação que estimulam as regras e as mudanças dos comportamentos. Se por um lado, a mensagem de cunho religioso deve ser adaptado as exigências midiáticas para que seja eficaz e a atraíam as pessoas por meio das suas percepções e experiências.; neste enfoque, a emoção fala mais forte que a razão.  Por outro lado, os crentes deixam de ser atores do evento religioso para se tornaram espectadores, ou seja, ao invés de ser uma assembléias tornam-se uma platéia. Nesta ótica, a comunidade de fé sai de cena, deixando o seu lugar para os “telespectadores de fé”. A comunidade de fé é substituída pela criação dos vários grupos de espectadores.  Percebemos que, nesta  dinâmica, perde-se o sentido e a importância da comunidade (ser - como outro) e se dá mais ênfase ao indivíduo ( ser-consigo mesmo). De uma experiência comunitária passa-se ao consumo individual dos bens espirituais e religiosos.

Dito isto, interrogar-se: é possível identificar e explicar as mudanças e a junção dos espaços religioso e midiático? Por que, segundo a  percepção empírica, muitos fiéis católicos, em particular, deixam de participar da experiência de fé na comunidade reunida num espaço Tempo (Igreja - Comunidade) e passam a vivenciar a experiência do sagrado num novo espaço Templo (Casa -TV)? Será uma nova forma de resignificar à sua fé ou à sua religião?.

O  Papa João Paulo II, em sua encíclica Redemptio Missio[4],  n. 38, afirma que

A época em que vivemos é, ao mesmo tempo, dramática e fascinante. Se por um lado, parece que os homens vão no encalço da prosperidade material, mergulhando cada vez mais no consumismo materialista, por outro lado, manifesta-se a angustiante procura de sentido, a necessidade de vida interior, o desejo de aprender novas formas e meios de concentração e de oração.

As culturais sociais e religiosas estão passando por transformações. Neste cenário contemporâneo,  afirma o professor Pedro Gomes que “os cultos e ações das Igrejas tomam novas dimensões, ou seja, se as pessoas não vêm ao templo, o templo vai até elas”.[5] E conclui:

o deslocamento do centro as margens, via processos midiáticos, exige que se façam concessões aos padrões de comportamento ditados pelos meios de comunicação: tanto no que diz respeito à lógica de produção de mensagens quanto no que se refere à do consumo de bens culturais, no caso, culturais religiosos[6].

No contexto da produção de mensagens e consumo de bens culturais e religiosos é oportuno dizer que há, nos últimos anos, o crescente número de meios de comunicação de cunho educacional e religioso, entre eles, as emissoras de televisões[7].

E, como se dá a dinâmica da interação mídia religiosa e telespectador? Uma forma concreta de expressar o compromisso e a interação com o meio se dá através da compra dos produtos e objetos anunciados; das correspondências recebidas e emitidas; das contribuições mensais para que a tv ou o programa  possa se manter no ar, e também, através da participação nas Igrejas e nos Templos.

Percebe-se, portanto, que a mídia televisiva está se interando ao espaço religioso e propõe, de certa forma uma “nova Igreja”, isto é, uma “Igreja virtual”. Onde os templos são os lares, como foi mencionado anteriormente; os púlpitos são os aparelhos televisivos; o sinal da pertença ao grupo se expressa no consumo dos bens religiosos e na participação dos programas. Repete-se, assim, no campo religioso o que G. Canclini “aponta para o campo social e político: consumidores e cidadãos. Aqui, consumidores e fiéis” [8].

Todavia, constata-se que, o uso indiscriminado da mídia, principalmente para a celebração litúrgica (no caso a Missa), pode acarretar, em conseqüência, uma superficialização do mistério e a banalização[9] do que se celebra. E o efeito pode ser o contrário, ou seja, o responsável pela celebração ao invés de utilizar o canal como meio para fazer chegar a mensagem evangélica às pessoas, acaba sendo utilizado por ele, fazendo da celebração um verdadeiro espetáculo midiático e não celebrativo.

Vale recordar que, essa discussão, tem sido constante durante os documentos e os debates realizados, na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, entre comunicadores e liturgistas sobre a liturgia de rádio e televisão,

A Missa na TV

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante o primeiro Encontro Nacional sobre a Liturgia no Rádio e na Televisão, realizado em Apucarana-PR, no ano de 1972, refletiu sobre a importância da mídia para o anúncio do Evangelho e para a difusão da mensagem cristã, particularmente a Celebração Eucarística. Os bispos presentes questionaram “a Liturgia no Rádio e na Televisão, definindo os princípios litúrgicos e técnicos da Missa nos meios radiofônicos e televisivos”[10].

O documento oficial que foi lançado, logo após o encontro, recolheu muitas reflexões sobre a temática: “sendo a liturgia  o ápice e a fonte da vida da Igreja (...), a liturgia de Rádio e de TV deve ter como objetivo central a formação dos membros da Igreja”[11]. Todavia, os bispos focaram-se mais sobre o aspecto estético e na imagem sem nenhuma preocupação, a princípio, para a formação daqueles que seriam envolvidos e produziriam os programas. Escreveram os bispos: “a participação está ligada a transmissão da mensagem. Assim, a liturgia deve ser adaptada seja ao ambiente no qual se desenvolve, seja ao meio que a transmite”[12].

No entanto, a CNBB, através dos seus setores de Liturgia e Comunicação, vem amadurecendo o modo de como usufruir da mídia e de como utilizá-la para difundir a mensagem cristã, particularmente a Missa. Algumas destas reflexões foram propostas no Encontro realizado, nos dias 24 e 25 de setembro de 2003, na Sede da CNBB, em Brasília, onde os participantes do campo da comunicação e da liturgia, por um lado, chamaram à atenção para os abusos que são constatados em algumas celebrações da Missa na TV.  Por outro lado, estabeleceram alguns critérios e normas para melhorar as transmissões seja do ponto de vista litúrgico ou celebrativo seja do ponto de vista estético: 

os destinatários da celebração da Missa na TV são principalmente os que estão impossibilitados de participar da assembléia litúrgica na comunidade eclesial; toda a celebração tenha sempre um tom mais de oração do que e discurso ou de teatro; busque-se um modelo de comunicação dialógica, que valorize a participação; haja empenho na formação[13], tanto litúrgica como na arte da comunicação, dos que presidem e atuam na produção e na realização das Missas de TV; invista-se em recursos técnicos e humanos que garantam a qualidade das transmissões televisivas da Santa Missa; valorize-se o espaço celebrativo, tanto na conveniente decoração do ambiente, como também na disposição dos seus vários elementos: altar, ambão (mesa da Palavra), cadeira de quem preside, estante do comentarista, coral, assembléia e outros; dê-se o devido valor aos símbolos litúrgicos. Cuide-se da expressão artística do canto, do espaço, dos objetos e das vestes litúrgicas; faça-se todo o esforço para que a Missa seja ao vivo e, sempre que possível, transmitida de uma comunidade local. Não se deveria transmitir Missa gravada, o telespectador deve estar informado a esse respeito[14].

A Conferência dos bispos é clara ao propor, nos seus pronunciamentos, os critérios que devem ser considerados pelos responsáveis nas diversas dioceses, e também, por aqueles que participam na realização e na produção das transmissões televisivas. A Conferência afirma ainda que, “a transmissão de várias missas no mesmo dia, numa mesma emissora televisiva, leva a vulgarização e a banalização do mistério celebrado”[15].

Quando se fala em Missa na TV, o conceito de Participação[16] tem um significado e uma relevância neste processo comunicativo midiático. È pertinente refletir: como podemos mesurar os modos ou graus de participação de uma pessoa ou de uma comunidade num evento religioso, no caso a Missa, seja ele presencial ou midiático?

Para a CNBB, na transmissão da Missa na TV é possível distinguir dois tipos de assembléia que participam, distintamente, do mesmo evento religioso: a primeira se refere à assembléia litúrgica, isto é, “uma comunidade de fiéis, hierarquicamente constituída e legitimamente reunida num determinado local para uma ação litúrgica e, altamente qualificada para uma particular presença salvadora de Cristo”.[17] A segunda, se refere à Assembléia eletrônica litúrgica[18], isto é, uma assembléia composta por participantes à distancia e midiatizada pelo rádio ou tv[19]

A Assembléia eletrônica, segundos os bispos, participa da celebração da missa na tv a nível sacramental, ou seja, tem uma participação espiritual do mistério celebrado. Já a Assembléia litúrgica participa do sacramento na sua plenitude[20]. Todavia, a preocupação e o convite que se faz, tanto a assembléia litúrgica quanto a assembléia eletrônica litúrgica, é que todos sejam envolvidos com a ação litúrgica e não meros espectadores, ou seja, tenham uma participação ativa:

a participação plena na Ceia do Senhor está sempre relacionada às possibilidades de cada indivíduo, conforme as circunstâncias em que se encontra, pois todos participam, embora de modo e intensidade diferentes. Não deveríamos perguntar se vale, mas dizer que para todos tem valor, porque todos, a seu modo, participam do mistério da salvação pelo memorial da morte e ressurreição de Cristo renovado em cada Eucaristia.[21]

Conclui-se que, segundo o estudo da Conferência, o maior ou menor grau de participação qualquer que seja a atividade humana depende sempre de um maior ou menor grau de fé de todo aquele que se dispõe a participar de determinada atividade. O sentido mais profundo da presença e da participação não se esgota “no estar presente”, mas se concretiza “nos acontecimentos vivenciais e vividos através dos vários testemunhos da comunhão solidária, do sentimento de comunidade e de sentir-se comunhão com o outro”[22].

2. O cristão católico dever ser protagonista ou espectador na cultura midiática?

É notório, o fato, que o mundo vive hoje constantes e rápidas mudanças. Os valores das pessoas são os mais variados, assim como variam as formas de viver e expressar a fé. A fé, por isso, torna-se mais claramente uma questão de opção, uma escolha pessoal. Todavia, as mudanças, infelizmente,  não caminham sempre no sentido de acabar com as desigualdades e injustiças sociais que, a cada dia, são maiores em todo o mundo. Exatamente por isso, a missão do cristão é propor uma comunicação que promova a vida; uma proposta que se torna cada vez mais necessária e desafiadora.

È pertinente ajudar as pessoas a fazer escolhas conscientes, sem cair no individualismo e no egoísmo; é preciso estimulá-las e motivá-las para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Entretanto para responder a este desafio, não podemos cair num proselitismo religioso, e sim, promover a cultura e os valores cristãos e humanos.

Comunicar o Evangelho de Jesus num mundo em transformação é um apelo constante que requer uma análise da realidade atual da Evangelização e da missão da Igreja diante dos novos desafios da cultura e da fé. Neste cenário, “os meios de comunicação social assume um rolo importante para orientar estas mudanças para o bem da pessoal e da sociedade”[23].

Para compreender melhor a relação entre meios de comunicação, cultura e missão da Igreja Católica, faz-se necessário mencionar “an passant” à analise de alguns pensadores do campo sociológico e religioso sobre o impacto da mídia no contexto social e religioso.

2.1.  Visão sociológica

Segundo o pensamento de Zygmunt Bauman[24], nós vivemos num contexto onde é preciso tomar consciência, mas uma consciência séria e, ao mesmo tempo, dá uma resposta firme diante do jogo midiático que parece ser capaz de “globalizar” e de tornar operativo somente o “Mal”. O autor afirma que “o cidadão comum pode “defender-se” dos efeitos midiáticos somente se for capaz de tornar-se ator ao posto de espectador dos meios”[25]. No entanto, as imagens de vários eventos e situações desagradáveis[26] que tomamos conhecimento e, que nos coloca numa posição de desconforto e de meros espectadores, vem aumentando dia após dia. Muitas vezes, a consciência que nos pesa diante destes acontecimentos se traduz num único gesto de caridade. Seria esse exatamente o “único” gesto concreto que se pode esperar dos residentes, por assim dizer, das “telecidades”?. O que podemos fazer para mudar isso? Que forma pode assumir o nosso empenho, quando muitos são chamados a agir, mas, encontram-se a milhares de quilômetros distante dos que sofrem, comodamente sentados, na sala, diante do televisor?

Segundo Bauman, estas atitudes do telespectadores devem tomar um novo rumo, pois mesmo virtualmente somos testemunhas dos fatos que acontecem nos lugares longínquos.  Não somente passamos a conhecer os sofrimentos que as pessoas enfrentam, mas os vemos com os nossos próprios olhos. Os resultados das nossas ações e omissões vão além dos limites da nossa imaginação moral e da nossa disponibilidade para assumir a responsabilidade da boa ou má sorte de pessoas cuja vida foi diretamente ou indiretamente atingida[27].

Verifica-se que, a globalização, na opinião de Bauman, está produzindo mudanças nos espectadores e nos seus modos de ver a realidade; tolera-se sempre menos a dor do outro, dos humanos e dos animais. Isto não significa que os telespectadores estão se tornando menos insensíveis do que os seus antepassados diante da dor humana.

Um empenho constante e a longo prazo voltado para uma ação coletiva com o objetivo de intervir junto as raízes da miséria humana, causada pelo ‘voto ético global’ aparece como um sonho ainda confuso. Porém, é um desafio que nos atinge e nos impulsiona a tornarmos participantes desta ação. Bauman acrescenta: “compete aos espectadores lutar para transformar-se em atores e responder a este desafio, ou seja, ser eles mesmos a resposta”[28].

No intuito de ser ator da ação, ou seja, participante ativo nos processos de transformações do contexto atual, Crispian Hollis[29], baseado na parábola do Semeador (Mc 4, 1-20) “convida os cristãos para semear a Boa Notícia no mundo no qual vivemos, cristianizando a cultura midiática que plasma muitos dos nossos comportamentos e valores”[30]. O desafio existe e não podemos ignorá-lo, pois vivemos numa sociedade pós-moderna com todas as suas relativas implicações que se exprimem em termos de “desencanto”. Hollis, todavia, nos recorda que “os meios de comunicação social não podem assumir o nosso lugar, isto é, eles são o que são: instrumentos, meios utilizados para um fim”[31].

Portanto, diante deste cenário, conclui-se que não há nenhum comunicação midiática ou máscara virtual que possa substituir o contato pessoal e direto com a realidade.

2.2.  Visão religiosa

No contexto das mudanças culturais e sociais, estimulas pela mídia, o campo religioso ou campo da fé vem enfrentado desafios que até então não eram relevantes, como por exemplo: o indiferentismo religioso, a descrença, etc.  Para dialogar com estes desafios, o Cardeal italiano Camillo Ruini[32], convida todos os operadores dos meios de comunicação católica para empenhar-se e estar presentes neste processo de transformações, que reveste a pessoa humana nas suas várias dimensões. Afirma o cardeal: “somos chamados a uma nova obra conjunta de discernimento e empenho na ação evangelizadora da Igreja”[33]. É consenso entre  os estudiosos[34] da sociedade ao indicar o processo da comunicação midiática como um aspecto essencial, que articula e move a lógica da mudança cultural, social e religiosa.

O interesse católico sobre o terreno da cultura e dos meios de comunicação emerge de maneira significativa. O que parece constituir centralidade nas mídias católicas são os desafios da cultura contemporânea, que no contexto das tecnologias de comunicação, giram ao redor de dois pontos centrais: o desafio cultural e o desafio ético. Quando pensamos em desafios, somos tentados a nos voltar para as perspectivas de “futuro”. No entanto, temos que falar já no “presente”, pois os desafios se entrelaçam com a interação simbólica dos processos de comunicação midiática, trazidos em mecanismo e praticas mais ou menos adequados à finalidade das Instituições, no caso a Igreja, com uma missão definida.

Nesta ótica, a professora Joana Puntel[35],  reforma a idéia de que as tecnologias comunicativas atuais, o processo de produção medial e as ciências da comunicação tem operado uma revolução: a comunicação não é mais um conjunto de meios ‘singulares’ (cinema, rádio, televisão, internet, jornal, etc), mas a comunicação se tornou um ‘ambiente vital’,  isto é, uma cultura que influi e na qual se move cada aspecto da vida individual e social[36].

A visão atual e de futuro que propõe a sociedade em sua mudança de época e, os Documentos do Magistério da Igreja[37] a impulsiona a levar em consideração, é compreender a comunicação social como um fenômeno cultural do nosso tempo. Na Constituição Pastoral Gaudiun et Spes, n. 231, do Concílio Vaticano II (1963) encontra-se: “a Igreja constata mudanças no mundo nos âmbitos social, psicológico, moral e religioso. Nas mudanças sociais, inclui-se o desenvolvimento e o constante aperfeiçoamento dos meios de comunicação social”.  Pois, o papel dos meios de comunicação na sociedade, segundo a Instrução Pastoral Communio et progressio (1971)[38],  é “dar a conhecer os problemas e aspirações da sociedade humana, para que sejam satisfeitas o mais rapidamente possível, contribuindo assim para estreitar os laços de união entre os homens

Assim, a comunicação precisa ser um espaço midiático compreendido como um espaço para o efetivo diálogo com as diferentes culturas, identidades, raças, grupos religiosos, ideologias e crenças. Neste, os meios católicos, em particular, têm um compromisso ético de promover o devido diálogo.

3.  É possível pensar numa Rede ou Sistema de Comunicação Televisiva Católico?

A importância da comunicação para a Evangelização vem sendo destacada pela Igreja Católica há muito tempo. Muitos de seus documentos (por exemplo, Communio et Progressio, 1971, e Aetatis Novae, 1992) chamam a atenção para que os meios de comunicação atuais sejam usados de forma eficaz para divulgar os valores cristãos. Nesta ótica, os meios católicos assumem um papel fundamental na promoção da dignidade e da cultura. Tais documentos, chamam a atenção para a importância da comunicação dos valores cristãos na ação evangelizadora da Igreja. Eles alertam também, entre outras coisas, para a necessidade de um maior investimento, por parte da Igreja, na formação de comunicadores cristãos e na aquisição de novos veículos de comunicação e modernas tecnológicas.

Seguindo este desafio, algumas fundações educacionais de cunho católico responderam a este desafio e lançaram-se no mercado televisivo propondo um novo modo de viver a dinâmica da fé. Agora, oportunamente, o desafio é identificar o fenômeno religioso e o novo estilo de viver a fé, proposto pelos meios televisivos católicos, assim como a disponibilidade na troca de experiências e na produção dos produtos de evangelização.

No âmbito Latino-Americano, a Associação do Senhor Jesus e a TV Século 21 em parceria com a One América Internacional (OAI) organizou e realizou, de 06 a 10 de novebro de 2006, o I Encontro Latino-Americano de TV´s católicas. O evento contou com ações conjuntos da América Latina, para que seja garantida uma programação diversificada e de qualidade nas emissoras católicas. Uma das propostas do evento, segundo o Pe. Camilo Castelhanos, da TV Família de Bogotá, Colômbia, é reunir as forças dos meios de comunicação católico para atender a necessidade dos próprios meios, isto é, “os programas que passam na Colômbia, podem também ser transmitidos para a Argentina, Bolívia, Panamá, Peru e Brasil, além de disponibilizar isso num banco de dados através de uma biblioteca virtual[39].

Por sua vez, o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, órgão oficial do Vaticano, realizou, em Madri (Espanha), de 10 a 12 de outubro de 2006, o I Congresso Mundial de Televisões Católicas. Durante as explanações foi ressaltado a importância de definir o que significa “ser católico” na televisão e, como estimular a formação de uma rede de televisão católica, na qual desperte a criação de um movimento cooperativo cuja finalidade seja destinada à evangelização. No entanto, podemos dizer que este trabalho na Igreja Católica ainda é “tímido”, sobretudo se tomamos a maneira como as Igrejas protestantes/pentecostais têm investido neste setor.

Na proposta e na discussão de uma possível rede de TV´s católicas, algumas iniciativas por parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estão sendo tomadas, isto é, "os bispos brasileiros estudam a possibilidade de integrar os diferentes canais de televisão católicos do País. Desejam uma rede nacional forte, em vez de várias redes com poucos recursos”.[40]

Ao falar sobre esta articulação das TV´s católicas, o bispo Dom Décio Zandonado, responsável pela área de comunicação da referida instituição, até o ano de 2003, afirmou que, “a articulação entre os veículos é o melhor caminho para minimizar custos e aumentar o alcance da evangelização. Mas tudo ainda não passa de uma idéia[41].

Por sua vez, a Irmã Joana Puntel, doutora em comunicação social, durante o seu discurso, no I Mutirão de Comunicação do Regional Nordeste II, da CNBB, em João Pessoa, ressaltou que as TVs católicas têm grande chance de retransmitir a mensagem evangelizadora. Apesar disso, admitiu que acaba sendo um “paradoxo” essas emissoras precisarem aceitar patrocínios para sobreviver. Ficam submetidas ao dinheiro dos anunciantes e substituindo programas por outros que tragam maior audiência (informação verbal).[42]

A Igreja Católica, todavia, tem realizado, neste campo, várias experiências que precisam se amadurecidas e difundidas. Por exemplo, o programa “A Igreja no Brasil”[43]. Um programa da CNBB que tem como objetivo ser um elo de comunicação contínuo e eficiente com toda a comunidade católica e a sociedade. O programa é semanal, com duração de 30 minutos e, é feito em parceria de emissoras católicas[44] de várias partes do país. Entre os objetivos do programa  estão a divulgação do pensamento oficial da Igreja Católica para o maior número de pessoas possível, o contato com a sociedade brasileira de forma sistêmica e atual, a apresentação da palavra oficial da Igreja no Brasil. Mas, a motivação primeira é a criação de laços de comunhão e participação através da colaboração das tv´s católicas.

Verificar-se, portanto, que alguns passos estão sendo dados. Todavia, uma experiência que motiva a criação da Rede Católica de Televisão, no âmbito da comunicação católica, vem sendo feita através da Rede Católica de Radio (RCR), uma associação que reúne as emissoras católicas do Brasil com o objetivo de evangelizar, através de uma programação informativa e formativa, transmitida via satélite digital. “O grande ideal da RCR é realizar a comunhão, em primeiro lugar, entre as emissoras da Igreja Católica em vista da evangelização e, em segundo, com as outras emissoras que tenham os meus ideais e compromissos. A comunhão pautada no respeito às diferenças e no pluralismo das emissoras, pode ser resumida em três palavras: integração, solidariedade e partilha. Por fim, a RCR busca o fortalecimento das emissoras locais para que, bem constituídas e gerenciadas, possam passar aos ouvintes e anunciantes a noção de cidadania nacional, a macrovisão junto com a inculturação estadual e municipal”[45].

Deste modo, se por um lado, as emissoras católicas de rádios vêm executando e aperfeiçoando a idéia de rede de comunicação. Por outro lado, embora encontrem-se sinais de preocupações, as TV´s católicas refletem lentamente a importância de uma Rede Católica de TV ou Sistema Católico de TV, na qual favorecerá uma maior dinamicidade, competências, qualidades na produção de programas, menos custos e mais benefícios.

4. Considerações

Neste contexto de transformação e de interação entre a cultura religiosa e os meios de comunicação, muitos são os desafios que a Instituição católica deve enfrentar e dialogar, para que, o fenômeno da cultura midiática seja um instrumento eficaz na sua obra de Evangelização. Todavia, é de suma importância identificar os mecanismos do processo de comunicação que poderão enriquecer, ainda mais, a sua mensagem. Neste processo, a bandeira de comunhão e partilha de experiências e produtos de evangelização, erguida pela proposta da criação da Rede Católica de TV, poderá dinamizar a política deste processo.

[1] GOMES, Pedro Gilberto. Decifra-me ou te devoro... Sobre a Evangelização e Mídia do ponto de vista da comunicação.  In: Revista Perspectiva Teológica. Belo Horizonte. v. 94.  p. 335-350, 2002.

[2] Por exemplo, o fenômeno padre Marcelo Rossi e seu terço bizantino ganharam grande adesão popular. A Rede Vida apostou firme no modelo alegre de celebrações, fazendo programas especiais com o sacerdote da Diocese de Santo Amaro. Hoje, outras emissoras apostam neste modelo. É o caso da Rede Globo que transmite a Missa dominical, celebrada pelo bispo de Santo Amaro Dom Fernando e o Pe. Marcelo Rossi, às 6h. O Pe. Marcelo Rossi, é um padre midiático, e já está presente hoje em vários meios de comunicação: rádio, tv, internet, cinema, livros, cds, dvd etc. Aqui, poderíamos citar também vários pastores e pastoras das Igrejas Protestantes que estão presente nos meios de comunicação de massa.

[3] Pessoas de fé. Sejam elas católicas, protestantes ou de outras denominações religiosas.

[4] JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Redemptoris Missio.  Petrópolis: Vozes, 1991.

[5] GOMES, P. Gilberto. Decifra-me ou te devoro... Sobre a Evangelização e Mídia do ponto de vista da comunicação. In: Revista Perspectiva Teologia. Belo Horizonte. v. 94, p. 341, 2002.

[6] _________. Belo Horizonte. v. 94, p. 341, 2002.

[7] No âmbito católico: Rede Vida, Canção Nova, TV Século 21, TV Horizonte, TV Aparecida, TV Nazaré, entre outras. No âmbito protestante: Rede Super, Rede Gênesis, TV RIT, entre outras.

[8] CANCLINI, N. G. Consumidores e cidadãos. Conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1996,  266 p.

[9] Vale recordar: a falta de formação e respeito pelo sagrado e pelos sinais religiosos por parte dos organizadores e produtores dos eventos religiosos; ou também, o telespectador pode está executando, ao mesmo tempo que assisti a Missa na TV, outras atividades. E assim, não dá a devida atenção ao evento religioso.

[10] CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (Org.). Missa de televisão. Estudos da CNBB. N. 70, São Paulo: Paulus, 1994,  p. 19.

[11]  CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (Org.). Liturgia de Rádio e Televisão. Estudos da CNBB. n. 33. São Paulo: Paulus, 1972, p.15.

[12] __________. São Paulo: Paulus, 1972, p.15.

[13] É muito importante a formação de uma equipe de produção. Faço um exemplo de um fato que aconteceu durante uma transmissão televisiva da Missa, na cidade do Rio de Janeiro, pela Rede Globo de Televisão, no ano de 1997.  O horário para o início da Missa estava marcado para às 7h do Domingo. Faltavam apenas 7 minutos entrar no ar e ser transmitida para todo o território nacional.  Porém, o sacerdote que deveria celebrar ainda não tinha chegado. Estava presente somente o seu ajudante. Aproximando cada vez mais o momento da transmissão, isto é, quatro minutos, o diretor do programa vai até o ajudante e lhe diz: está chegando a hora, se o padre não aparecer há tempo, você vai celebrar a Missa”.  O ajudante tomou um susto e respondeu: “ mas eu não sou padre, não posso celebrar a Missa”. O diretor replicou-lhe: “não importa, ninguém vai se perguntar se você é ou não sacerdote. O importante é que você coloque as vestes litúrgicas e faça o que lhe digo”.  Pois se você não fizer isso, o que faremos com o horário da transmissão da Missa?

[14] CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (Org.). Encontro sobre a Missa na TV. Brasília, maio 2003. Disponível em: . Acesso em: 23 nov. 2004.

[15] CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Encontro sobre a Missa na TV. Net, Brasília, set. 2002. Disponível em: < http:/www.cnbb.org.br/setores/liturgia/missaNaTv.doc >. Acesso em 13 dez. 2003.

[16] No sentido de tomar parte. Exige adesão e intervenção.

[17] CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (Org.). Missa de televisão. Estudos da CNBB. n. 70, São Paulo: Paulus, 1994,  p.36.

[18] Quando a CNBB fala de Assembléia eletrônica litúrgica, ela faz referência principalmente, aos enfermos, aos anciãos e as pessoas impossibilitadas de ir até o Templo “Igreja” para participar presencialmente.

[19] CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Assembléia Eletrônica Litúrgica. Estudos da CNBB. n.48. São Paulo: Paulinas,1985.

[20] _______. Missa de televisão. Estudos da CNBB. n. 70, São Paulo: Paulus, 1994,  p.28.

[21] _______. São Paulo: Paulus, 1994,  p.42.

[22] _______. São Paulo: Paulus, 1994,  p.75.

[23] CONFERENZA EPISCOPALE ITALIANA (Org.). Parabole medianiche. Fare cultural nel tempo della comunicazione. Strumento di lavaro per la preparazione del Convegno Nazionale sulla comunicazione. Roma: Mediagraf SpA, 7 a 9 nov. 2002, p. 1

[24] Sociólogo polonês e docente da Universidade de Leeds, Inglaterra.

[25] BAUMAN, Zygmund. Parlare insieme ou morire insieme: dilemma di tutto il pianetta. In: CONFERENZA EPISCOPALE ITALIANA (Org.).Atti del Convegno Nazinale della CEI sulle Comunicazionre. Roma: Mediagraf Spa, 7 a 9 nov. 2002, p.1.

[26] Recordemos: as inúmeras guerras no mundo e, que de certa forma, tornam-se produtos midiáticos; as situações de fome no mundo e do desperdício dos alimentos, etc.

[27] BAUMAN, Zygmund. Parlare insieme ou morire insieme: dilemma di tutto il pianetta. In: CONFERENZA EPISCOPALE ITALIANA (Org.).  Atti del Convegno Nazinale della CEI sulle Comunicazione. Roma: Mediagraf Spa, 7 a 9 nov. 2002, p.7.

[28] ­_____._____.  Roma: Mediagraf Spa,  7 a 9 nov. 2002, p. 11

[29] Bispo de Portmouth e Presidente da Comissão para as Comunicações da Conferência Episcopal de Inglaterra e Gales.

[30] HOLLIS, Crispian. I cattolici e le sfide della comunicazione. In: CONFERENZA EPISCOPALE ITALIANA (Org.). Atti del Convegno Nazinale della CEI sulle Comunicazione. Roma: Mediagraf Spa, 7 a 9 nov. 2002, p.1.

[31] _____._____.  Roma: Mediagraf SpA, p. 2.

[32] Exerce a função de vigário da Diocese de Roma.

[33] RUINI, Cammilo. Prolusione. In: CONFERENZA EPISCOPALE ITALIANA (Org.). Atti del Convegno Nazinale della CEI sulle Comunicazione. Roma: Mediagraf Spa, 7 a 9 nov. 2002, p. 2.

[34] Joshua Meyrowitz,  Melvin DeFleur, Ball-Rokeach, David K. Berlo, Martin Barbero, entre outros.

[35] È doutora em comunicação social pela Simon Fraser University de Vancouver e pós-doutora pela London School of Economics and Political Science.

[36] PUNTEL, Joana. Contribuições e desafios das mídias católicas. III Mutirão Brasileiro de Comunicação, Salvador (BA), 12 a 19 jul. 2003.

[37] Entre eles: PAULO VI. Carta Encíclica Ecclesiam Suam. Roma: Paoline, 1964; CONCILIO VATICANO II. Constituição Pastoral Gaudiun et Spes e Decreto Inter Mirifica.. In: COMPÊNDIO VATICANO II. Constituições, decretos e declarações. Petrópolis (RJ): Vozes, 1972.

[38] CONCÍLIO VATICANO II. Instrução Pastoral Communio et Progressio. In: COMPÊNDIO VATICANO II. Constituições, decretos e declarações. Petrópolis (RJ): Vozes, 1972.

[39] LEITE,  Maria do Rosário do C. I Congresso Latino-Americano de TV´s Católicas. Brasil Cristão. Valinhos, n. 113, p. 41-41, dez. 2006.

[40] ARRUDA,Roldão. Igreja Católica na TV. Net, São Paulo, abr.  2002. Seção Entre Aspas. Disponível em :  < http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/arquivo/inde24042002.htm>. Acesso em: 07 fev. 2007.

[41]_______.  São Paulo, abr. 2002.

[42] PUNTEL, Joana. Comunicação e responsabilidade social. In: I Mutirão de Comunicação do Regional Nordeste II da CNBB.  João Pessoa (PB),  4 a 6 de nov. 2005.

[43] O Programa “A Igreja no Brasil” nasceu de uma proposta de Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo da arquidiocese de Mariana (MG), que faleceu em 26 de agosto de 2006, e contou com o apoio de diversos religiosos.

[44] Dentre as emissoras parceiras do projeto estão a TV Nazaré, a Rede Vida, a Canção Nova, TV Horizonte, a TV Século 21 e TV Aparecida.

[45] REDE CATÓLICA DE RÁDIO - UNDA/BR. História da RCR, Net, São Paulo,. Disponível em:< http://www.rcrunda. com.br/historcr.htm>. Acesso em: 8 fev. 2007


Publicado por: Héliton Marconi Dantas de Medeiros

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