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Coronavírus revela a necessidade do letramento digital no contexto escolar

Análise sobre a necessidade do letramento digital no contexto escolar.

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Inegavelmente, a expansão do Coronavírus em todo o planeta e a tentativa de pará-lo, por meio do isolamento social tem sido um choque de realidade para todos. Segundo estimativa da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a suspensão das aulas atingiu cerca de 776 1 milhões de educandos, em mais de 114 países. No Brasil, como medida de contingência epidemiológica, todas as escolas suspenderam as aulas, a fim de conter o avanço da doença.

Em razão dessa medida, muitas escolas se viram perdidas ao tentar desenvolver uma proposição pedagógica, capaz de atender à comunidade nesse período de crise. O problema, em primeiro lugar, concentra-se na formação docente, visto que a “Geração Y” nasceu na era da internet, sendo considerados como “nativos digitais” e, no currículo acadêmico dos cursos de licenciatura, nota-se uma ênfase maior nas teorias pedagógicas em detrimento de aulas que levem os futuros professores a vivenciarem o uso das TICs, bem como o seu papel no  processo de ensino-aprendizagem. Além do fato de muitos professores não estarem atualizados quanto as tendências em tecnologia e educação, em muitos casos, por falta de formação ou adaptação no uso dessas ferramentas.

Freitas e Almeida (2012) apontam que é necessária uma revolução na prática pedagógica no uso das TICs, de modo que os alunos sejam capazes de compreender a realidade, para além dos modelos expositivos de ensino, muito comuns em sala de aula. Esse cenário, na prática, mostra-se como um desafio para as escolas em que o letramento digital tanto para professores, no sentido de capacitá-los para usar as ferramentas que ensejam esse espaço, quanto para os discentes, que nas palavras de Buckingham (2010),  o letramento digital como prática social não  é restrito ao domínio eletrônicos digitais, mas  dominar as habilidades de seletividade, análise e aplicabilidade da informação no processo de aprendizagem (grifo meu). A falta dessa experiência pedagógica na cultura escolar, em tempos de coronavírus, levou as escolas e muitos professores a se adaptarem pedagogicamente para manter os inúmeros alunos que se encontram confinados em casa, sem aulas.

Por um lado, existem as escolas que adotam os sistemas de ensino com amplo material pedagógico para atender a demanda, por meio de videoaulas, atividades virtuais, fóruns e espaços de debate, além de ofertar aos professores, ao longo do ano, formação docente direcionada para uso dessas ferramentas. Dentre esses, destacam-se: SAS, Bernoulli, Poliedro, SAE Digital, A a Z, Eleva e tantos outros que compõem a carteira de sistemas de ensino. Por outro lado, existem as escolas que, embora sejam instituições privadas, não possuem sistemas com esse arrojado leque de serviços e, em alguns casos, em razão da falta de usabilidade tanto de alunos quanto dos professores, encontram-se sem norte para dar utilidade pedagógica nesse período tão crítico para a manutenção dos processos educativos. Não esqueçamos, além disso, da realidade da escola pública brasileira que, nesse contexto, está com as aulas suspensas e, os milhares de alunos que compõem essa rede serão, não prática, penalizados pela suspensão das aulas.

Pereira (2007), aponta a emergência da formação docente dos professores em tecnologia, pois a falta de domínio desses espaços, apresenta-se como um risco para a formação discente do Séc.21. De modo geral, escolas privadas de todo o Brasil estão se mobilizando para dar continuidade ao currículo pedagógico, todavia o que fica para todos nós, educadores em constante formação, é a necessidade das escolas (na figura dos gestores e coordenadores) potencializarem a formação docente em tecnologias, para que os professores da “velha e nova geração” estejam familiarizados com essas soluções. Além disso, incentivar os alunos a fazerem uso na prática de estudo, por meio de um planejamento escolar que leve o educando a fazer uso do pensamento crítico, seleção e uso da informação de maneira coerente, através dessas ferramentas. BNCC (2018).  Claramente, para muitos, é um cenário desafiador. No entanto, fica evidente a mensagem de que, após esse processo, a educação, como forma de ensino-aprendizagem, deverá ser repensada, inclusive, levando em consideração o papel protagonista, em muitos aspectos, que as TICs, vem e vão desempenhar para continuidade do trabalho pedagógico nessa batalha contra o coronavírus.

Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2018.

FREITAS, M. C. D., ALMEIDA, M. G. Docentes e discentes na sociedade da informação (A escola no Século XXI; v.2). Rio de Janeiro: Brasport, 2012.

BUCKINGHAM, D. Cultura digital, educação midiática e o lugar da escolarização. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 35, n. 3, p. 37-58, 2010. Disponível em: . Acesso em: 24 jun. 2016.

PEREIRA, João Thomaz. Educação e Sociedade da Informação. In: COSCARELLI, Carla V. RIBEIRO, Ana E. (orgs.) Letramento digital – aspectos digitais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora, 2005. p. 12-23.

|1| Covid-19 deixa mais de 776 milhões de alunos fora da escola. AGENCIA BRASIL, 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2020-03/unesco-covid-19-deixa-mais-de-776-milhoes-de-alunos-fora-da-escola.

 

Por José Nelson S. Santos

Graduado em Letras Vernáculas pela Universidade Salvador – UNIFACS

Especialista em Educação pela Universidade Candido Mendes – UCAM


Publicado por: Zé Nelson (Nelson Vilhia)

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