A Violência que Toma São Paulo
Uma análise sobre a guerra brutal, entre a PM e criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC).O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
'Por fraqueza dos bons é que vemos com frequência no mundo, a influência dos maus vencerem a influência dos bons. Porque os maus são intrigantes e audaciosos, e os bons são tímidos. E que, quando os bons quiserem, predominarão'. Allan Kardec, filósofo francês moderno, diz, com propriedade e clareza, porque a violência prevalece há muito.
A guerra brutal, entre a PM e criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, merece uma análise mais ampla, assim, convido o leitor a pensar. Um triste dado: desde 1990, agentes da Lei vem sendo assassinados à luz do dia. Neste ano, são mais de 90 mortes.
Afinal, o que acontece nas ruas da cidade? Vários fatores podem tentar explicar, ao menos em parte, o que ocorre. Em nossa opinião, o que assistimos hoje e que nos deixa atônitos é fruto de política de abandono do Estado.
Ou seja, à medida que o Estado deixou de cumprir o seu papel, ao longo dos anos, a bandidagem foi se estabelecendo. Tudo teve início, por volta, da década de 90. Naquele momento, a elite paulistana saiu do centro. Em seguida, os barões das drogas foram se instalando na região. Eles se aproveitaram do mau funcionamento do Estado e sua ausência. Assim, passaram a fornecer medicamentos aos doentes e prestar assistência alimentar e jurídica aos necessitados, entre outras coisas. Por sua vez, o poder público tem se eximido, muitas vezes, de atender as demandas da população mais pobre.
O fato é que, neste ano, em São Paulo, virou rotina ônibus incendiados, arrastões em condomínios e restaurantes, assaltos a bancos e aumento nos casos de estupros. A violência atinge, também, as crianças. Anualmente 3.600 são mortas. Entre janeiro e junho, deste ano, houve crescimento de 21% nos homicídios dolosos.
VIGIAR E FISCALIZAR
É fato que a violência assusta e amedronta os paulistanos. Principalmente à noite. Não é à toa que, empresas, escolas e universidades, no período noturno, estão dispensando funcionários e alunos mais cedo. Por quê? Porque há toque de recolher em alguns bairros da capital. Está na mídia. A ordem vem dos traficantes. O governo nega a situação. Mas, o terror é real e se justifica. Existe uma matança indiscriminada nas ruas.
Neste contexto, efervescente de violência, o que cabe a mídia? Em tempos difíceis que as instituições e a sociedade civil se intimidam, é papel da mídia vigiar e fiscalizar, de perto, quem está no poder. Cobrar ações. O mesmo se aplica aos partidos políticos e criminosos. Em uma palavra: a vigilância deve ser ininterrupta. No entanto, não cabe à mídia ser mera reprodutora de notas oficiais. Ela deve ir a campo e ouvir o outro lado da história, ou melhor, investigar e saber o que pensa a população. O que não pode é ficar na zona de conforto.
A MELHOR ESTRATÉGIA
O governo paulista erra em usar a força policial como única opção de combate ao PCC. No momento, o mais importante é aumentar o policiamento preventivo. Ante essa guerra insana, não serve como justificativa, o raciocínio de que o melhor caminho para o fim da violência seja o adotado no momento. Existem outras possibilidades. Por exemplo, garantir ao cidadão o acesso aos bens culturais. Para que servem? Eles objetivam proporcionar ao cidadão comum 'o conhecimento e a consciência de si mesmo, e do ambiente que o cerca'. Leva o individuo a perceber que deve se apropriar da pólis, que pertence a ela. Ou melhor, que a cidade é sua. Que é responsável por ela.
De outra forma, contribui para a formação da identidade cultural de nosso povo e fortalece a cidadania. Propicia qualidade de vida. Por isso, investir em bens culturais são ações que cabem ao poder público. É fundamental oferecer condições reais para que a população pobre possa vislumbrar melhor condição de vida e se sentir inserida socialmente. Então, para isso tem de melhorar a saúde pública, a educação, o transporte público, oferecer programas de qualificação para jovens e adultos. Enfim, suprir as necessidades dos cidadãos.
Em outras palavras, dessa forma, ao investir em prevenção, o poder público minimiza a desigualdade absurda entre ricos e pobres. Isso enfraquece o aumento da criminalidade. Há quem diga que problemas sociais – como o crack - não devem ser tratados como casos de polícia. Em nossa opinião, miséria e pobreza – são uma das piores formas de desrespeito ao ser humano – portanto, são motores, sim, da violência. Há opiniões em contrário. No entanto, ninguém nega que faltam políticas públicas focadas na promoção do bem-estar de nossa população.
Em conclusão, precisamos aproximar a polícia do cidadão. Mais ainda, sem investimento social, vamos continuar assistindo o tiroteio sangrento nas ruas. Tem mais: a violência interessa a todos aqueles que não querem mudanças reais em nossa sociedade. Caro leitor, diante de tudo o que foi discutido aqui, em sua opinião, qual é a melhor maneira de lidar com o problema da violência na cidade de São Paulo? Por que não há, efetiva, incorporação das polícias civil e militar? (Ricardo Santos é jornalista e prof. de História )
Publicado por: RICARDO SANTOS
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