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A evolução social e as dificuldades na Amazônia

Análise sobre A evolução social e as dificuldades na Amazônia.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Introdução:

A história da raça humana apresenta períodos de abundância econômica que resulta em maior poder financeiro para investimentos em diferentes setores do mercado produtivo. Entretanto, também apresenta momentos de dificuldades, onde a expansão econômica é parcialmente paralisada resultando em prejuízos sociais e financeiros aos países e pessoas envolvidas. As Ciências Sociais analisam o comportamento da sociedade ao longo dos diferentes períodos históricos, coletando dados e desenvolvendo estudos na tentativa de inibir novas crises e evitar a desordem social.

Esse texto apresentará um contexto geral sobre o desenvolvimento da organização social humana, trazendo comparativos históricos entre diferentes partes do mundo em mesmo período. Juntamente com informações da situação do modelo social internacional atual, com ênfase a região da Amazônia brasileira, trazendo dados e relatos sobre as tentativas frustradas e proveitosas de gerar competitividade econômica e produtiva dentro das necessidades e filosofia de cada época.

Avanço social e civilizatório

Diógenes, filósofo da Grécia Antiga, acreditava que os deuses sabiam a fórmula da vida fácil e feliz, mas esconderam dos homens, sendo dever de cada indivíduo buscar sua essência e sua natureza. Para Diógenes, matérias como matemática e física são inúteis, e o mais importante seria a ação e os exemplos.

Assim como a filosofia de Diógenes, a Ciência Social aprende com seus erros e exemplos, gerando desenvolvimento no campo teórico de seus estudos empíricos. Com o decorrer dos anos, vem elaborando formas e modelos com maior precisão sendo suas falhas a principal fonte de teorias cada vez mais complexas. Algumas vezes, saindo do campo acadêmico e tornando-se ação prática, servindo de modelo para elaboração e desenvolvimento de projetos de Política Pública.

Parte da comunidade de cientistas sociais afirma que o processo civilizatório surgiu quando o indivíduo passou a conviver em comunidade, produzindo e dividindo sua riqueza, a princípio, no período em que a humanidade deixou de se comportar de maneira nômade e passou a habitar em assentamentos sedentários. Com o decorrer dos anos, a organização social foi se tornando mais complexa, provendo estudos mais aprimorados sobre a sua estrutura. Segundo o pensador Émile Durkheim, ela se divide em: família, igreja, escola, trabalho e Estado.  

Na Idade Medieval, a Igreja Católica passou a exercer forte influência no modelo de organização social, o acúmulo de riqueza para fins não religiosos era considerado pelo clero um comportamento errado e pecaminoso. No período, a principal preocupação da sociedade era a justiça divina e a vida eterna, nem que para obtê-los tivessem que comprar o perdão de seus pecados ou financiar um terreno no Céu Celestial.

Até o momento, o conhecimento abstrato e subjetivo superava o empírico. “A Mão de Deus,” era a única explicação diante todas as situações. Com o desenvolvimento e discernimento da vertente de pensamento Iluminista associado com o avanço do mercantilismo, o comportamento social do Ocidente se modificou mais uma vez.

Agora, não apenas a vida eterna importava, mas também o conforto na vida em Terra, fato atribuído as significativas atribuições do pensador John Locke e mais tarde as análises desenvolvidas pelo economista Adam Smith, conhecido como o “Pai da Economia Moderna”, em função do desenvolvimento da teoria econômica do Liberalismo, com sua máxima da “Mão Invisível” que afirmava que as trocas de capitais e mercadorias não necessitavam da intervenção do Estado, sendo a economia capaz de se autorregulamentar. Além da expansão de teorias econômicas mais terrenas, as descobertas de riquezas naturais nas colônias que poderiam ser transformadas em riqueza capital, também auxiliaram para justificar o acúmulo de riqueza para fins não religiosos.

A partir de então, o capitalismo passou a conquistar parte dos países do Primeiro Mundo. Depois de algum período após a independência das colônias americanas os Estados Unidos se tornou sinônimo do Liberalismo e desenvolvimento econômico. A nova filosofia do Mundo Moderno visava o aumento da produção das nações, acreditava-se que o PIB (Produto Interno Bruto) era o mais importante dos indicadores para medir o sucesso econômico e civilizatório de um país.

Entretanto, esse indicador se mostrava falho, não exibindo as diferenças e concentrações de renda entre as diferentes camadas sociais. Resultando em revoltas de uma população indignada, alegando que o aumento substancial da riqueza parecia não atender as necessidades de significativa parcela dos trabalhadores.

Reinvindicações Populares

Apesar de o novo modelo econômico ter resultado no aumento da riqueza das nações, principalmente na Europa e Estados Unidos, a concentração de capital ainda era gritante, ideias socialistas e anarquistas se espalhavam pelo mundo na tentativa de tornar a sociedade mais igualitária.

No Brasil, os imigrantes europeus divulgaram os ideais socialistas e anarquistas para o operariado brasileiro, resultando em greves pela reivindicação de direitos e melhorias trabalhistas. Uma das mais marcantes foi a Paralização Geral de 1917, suas reivindicações serviram de base para a Lei n° 5.452, colocada em vigor em maio de 1943, no governo de Getúlio Vargas, garantindo direitos como a jornada de oito horas, o salário mínimo e férias.  

No cenário internacional, o maior resultado da insatisfação da classe operária foi a Revolução Socialista, ocorrida na Rússia, em 1917. Onde a população russa estava revoltada, atribuído ao fato de que enquanto a maior parte da população vivia em condições insalubres, sendo exposta a fome, falta de liberdade de expressão, e trabalhos análogos à escravidão, a Dinastia Romanov, possuía confortos e privilégios inacessíveis à população. Além da situação interna, a Rússia também participava da Primeira Guerra Mundial, enfraquecendo e desmoralizando a economia e popularidade do Czar, agravando a insatisfação da população, gerando caos e revoltas nas ruas de São Petersburgo.

Após forte pressão e desordem popular, mais de 300 anos de Dinastia foram derrubados, Nicolau e sua família foram assassinados em 1919, pelos revolucionários, que posteriormente formariam a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1922. O cruel fato exibiu que a população queria Teorias Econômicas que não apenas mostrassem formas de aumentar a riqueza produzida, mas também discutir e elaborar meios de como a riqueza gerada poderia ser distribuída de forma que atendesse a vontade da maioria.

Após pouco tempo da formação do mais icônico Estado com víeis socialista da história humana, em 1929 o Mundo Capitalista Globalizado Ocidental, que parecia inabalável com sua indústria em acelerado ritmo de crescimento, sofreu um dos mais fortes e marcantes abalos em sua estrutura. A Crise de 29 desencadeou a insegurança dos povos de diferentes nações em relação ao modelo de economia liberal.

Cidadãos que antes acreditavam que o mercado poderia se autorregulamentar passaram a questionar o modelo instituído nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos. Entre diversos fatores, o questionamento do Estado junto à insatisfação da população resultaria no aumento da popularidade da Teoria Keynesiana, a nova teoria afirmava que o Estado deve intervir de forma mínima no Sistema Econômico para evitar um novo colapso.

A teoria de Keynes era uma das representações mais fortes de que as teorias de Adam e Marx estavam defasadas, Keynes não defendia o liberalismo, afirmando que o excesso de desigualdade deprecia o mercado interno, uma vez que pobres consumem pouco e ricaços entesouram seu capital, por conta disso o Estado deveria intervir para minimizar a desigualdade social. Entretanto, diferente da forma socialista onde empresas, indústrias e propriedades privadas são estatizadas.

Apesar do Plano New Deal executado pelo presidente Franklin Roosevelt em 1933 ser baseado na Escola de Estocolmo, o programa exibiu de forma prática a teoria do economista Jonh Keynes, que lançaria sua teoria completa apenas em 1936. O governo norte-americano interviu na economia, realizando empréstimos facilitados para evitar a falência de empresas privadas, criando o seguro desemprego e realizando diversas obras públicas na tentativa de reerguer a industrial estadunidense e estabilidade social. O plano foi um sucesso, em 1939 a economia se mostrava aquecida, o consumo intensificado e a qualidade de vida elevando-se.

Por volta de 1970, o keynesianismo foi perdendo espaço, abrindo caminho para implementação do neoliberalismo, impulsionado por Friedman, que defendia a diminuição de impostos, de leis trabalhistas e repreensão sindical. A nova teoria foi fortalecida principalmente pelos Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália e Alemanha que buscavam incorporar outros países no sistema neoliberal, alegando levar desenvolvimento e expansão do mercado consumidor à países em desenvolvimento. Um dos marcos da tentativa de expansão do neoliberalismo foi o Conselho de Washington, que tinha como principal objetivo integrar a América Latina ao novo sistema.

A maior parte da população acreditava que o avanço civilizatório iria durar longos anos, e que novas guerras demorariam a acontecer, acreditando que A Grande Guerra tivesse sido a guerra para acabar com todas as guerras. Entretanto, em 1939 estoura a Segunda Guerra Mundial, iniciada principalmente pelas insatisfações do povo alemão contra as imposições do Tratado de Versalhes, resultantes da sua derrota na Primeira Guerra. Além de antigas potências europeias como França e Inglaterra, os rivais Estados Unidos e União Soviética somaram forças para derrotar a Alemanha Nazista e a Itália Fascista.

Mesmo que URSS e EUA tivessem estabelecido uma aliança para derrotar os nazistas, após a Segunda Guerra os países foram protagonistas do maior conflito ideológico da história humana, a Guerra Fria. Onde o Governo Soviético com características socialista passou a competir diretamente com o neoliberalismo ocidental. Além do receio de uma Terceira Guerra Mundial Nuclear, essa época também foi marcada pela corrida tecnológica, armamentistas e conflitos regionais com objetivo de expandir a zona de influência ideológica de ambos, como a Guerra do Vietnã e Guerra das Coreias.

No mesmo período, o cenário nacional brasileiro se mostrava instável, o presidente João Goulart aproximou o país do bloco socialista defendendo o modelo político-econômico em Brasília, causando insatisfação em brasileiros que apoiavam o modelo capitalista. O estopim da crise entre Governo e oposição foi o Golpe Militar de 64, que perdurou até 15 de março de 1985, quando José Sarney foi eleito o primeiro presidente civil, após a Ditadura Militar. Segundo o Relatório da Verdade, 434 pessoas morreram, ou desapareceram, vítimas do Regime Militar.

Em 1991, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, liderada por Nikita Gorbachev, elaborou politicas de abertura de mercado na tentativa de se aproximar do ocidente para evitar a iminente e desestruturação do bloco. Apesar de implantar politicas desenvolvidas em países capitalistas, o bloco se fragmentou e quebrou. Resultado principalmente de longos anos da planificação da produção industrial e opressão política. Apenas no governo do líder socialista Josef Stalin, estima-se que aproximadamente um milhão de pessoas foram executadas, 9,5 milhões foram enviadas para campos de trabalho forçado, além das mais de 14 milhões de mortes ocasionadas por frio ou fome.

Com a queda da União das Repúblicas Socialistas, tanto a população dos países soviéticos quanto dos países ocidentais, notaram a ascensão do capitalismo, acreditando que esse seria o modelo econômico mais avançado a ser adotado, sendo divulgado como sinônimo de estabilidade institucional e civilizatória.

As complexidades do novo milênio

Embora a busca pelo enriquecimento nacional e elevação do PIB, terem sido os fatores primordiais para o desenvolvimento de tecnologias, produção de renda e qualidade de vida, no final do século XX o avanço industrial gerou preocupações na Comunidade Cientifica, em razão de estudos que exibiam a relação do avanço econômico com as mudanças no comportamento climático da Terra.

Levando em consideração o apelo da sociedade civil e científica, em 1972 foi realizada a Conferência de Estocolmo, estabelecendo 26 princípios de desenvolvimento com responsabilidade e sustentabilidade, desde então novas reuniões foram efetuadas, incluindo a Rio 92, onde 175 países participaram da discursão sobre a importância do desenvolvimento sustentável.

A partir do avanço em outras áreas de estudos, as Teorias Econômicas não deviam apenas responder como expandir e dividir o capital, mas também desenvolver um processo interdisciplinar, descrevendo como executar uma atividade produtiva de impacto ambiental reduzido.

A virada do milênio foi marcada pela mudança da mentalidade tanto da população quanto dos governantes. Se no passado o mais importante era produzir muito para elevar o PIB e gerar uma divisão de renda que atendesse aos interesses da maioria, a nova geração também se preocupou com os efeitos climáticos provocados pelo avanço econômico, manifestando-se contra a atuação governamental e corporativa em relação às atividades produtivas de alto impacto ambiental.

Além das questões climáticas, as crises financeiras do século XIX e XX, no Ocidente e Oriente, resultaram em organizações sociais ainda mais complexas, países sinônimos de capitalismo e livre mercado adotaram medias de princípios socialista, intervindo e regulamentando a economia. E países de princípios socialistas adotaram praticas de características capitalistas, desregulamentando parte de seu mercado, na tentativa de expandir a movimentação financeira nacional.

Um dos casos mais icônicos da virada do novo milênio foi quando a República Popular da China, governada pelo Partido Comunista da China ou PCC, em 11 de dezembro de 2000, firmou a participação da nação na Organização Mundial do Comércio. Entre outras medidas, o Governo Chinês teve que desregulamentar seu mercado e se aproximar do capitalismo desenvolvido no Ocidente.

Os fatos evidenciaram que nem o marxismo de Karl Marx, nem o liberalismo de Adam Smith, correspondiam às complexidades da estrutura social do novo milênio, tornando-se teorias defasadas para explicar a atual organização econômica e social das nações contemporâneas, servindo apenas de base para o desenvolvimento de novas teorias que possam satisfazer as dificuldades que não existiam, ou não eram notadas, na época do desenvolvimento das teorias de Smith e Marx.

No começo do novo milênio os Estados Unidos e Europa Ocidental eram sinônimos de desenvolvimento econômico, social e humano. A Europa fortalecida principalmente ao fato da formação da União Europeia no final do século XIX, em 1991. O continente palco da Primeira e Segunda Guerra Mundial deu espaço para o mais bem sucedido plano de integração econômica e social.

Parte da sociedade civil e governanças de países de Segundo e Terceiro Mundo, enxergavam no Velho Continente, o auge do progresso civilizatório, por se apresentar como uma região com alto desenvolvimento econômico, excelentes indicadores de qualidade de vida além de possuir as regiões mais seguras do globo.

Nesse período, o Brasil também chamava a atenção do mundo, devido ao fato que mesmo sendo um país subdesenvolvido, crescia na média de 5% ao ano. Alguns economistas atribuíam o fato ao evento conhecido como “Boom das       Commodities”, sendo a alta dos preços de matérias primas, como alimentos e petróleo. O crescimento econômico brasileiro era associado com programas de distribuição de renda, um dos mais simbólicos foi o Bolsa Família, implantado pelo presidente petista Luís Inácio Lula da Silva.

Não apenas o Brasil, mas a América Latina estava otimista com o novo século, parecia que finalmente a região iria prosperar tanto em questões econômicas, sociais, quanto institucionais.

Entretanto, revoluções de caráter autoritarista enfraqueceram a economia e a democracia de nações sul-americanas, resultando no declínio social e institucional de parte de nações latinas.

O Nobel da Paz vai para a Economia

Mesmo que no começo do século a Europa fosse sinônimo de desenvolvimento, a América Latina estivesse em rápido crescimento, a China ter aberto sua economia e os Estados Unidos se estabelecendo como potência a ser alcançada. O Mundo foi surpreendido, quando em 2006, o Premio Nobel da Paz foi para Bangladesh, um país pouco conhecido do sul asiático, mais precisamente para o economista Muhammad Yunus, fundador do Banco Grameen, que mais tarde ficaria internacionalmente conhecido como o “Banco dos Pobres”.

Diferentemente de Programas Sociais como o Bolsa Família, Muhammad, afirma que o crédito para o financiamento de projetos econômicos de classes marginalizadas é fundamental para o crescimento não apenas individual mas também estrutural, uma vez que além de gerar o aumento da renda familiar, também gera riqueza ao país e combate o problema de escassez produtiva.

Em entrevista, o banqueiro ressaltou que os programas de microcrédito para pobres não exclui a importância social do Bolsa Família, mas é dever tanto do Estado como do cidadão tornar o individuo independente das “caridades estatais”. Ele afirma que, o assistencialismo retira o espirito humano da capacidade criativa. Em trecho do seu livro, é citado: ‘’O microcrédito ajuda cada pessoa a atingir seu pleno potencial. “Ele não trata de capital humano. É uma ferramenta que libera os sonhos dos homens”.

O estudioso ainda afirma que a estabilidade financeira, além de gerar conforto ao individuo, renda ao Estado, é elo fundamental da manutenção da paz. Ele diz que: “uma pessoa que sobrevive de migalhas não tem nada a perder”.

Muhammad apresenta seus resultados com dados e estatísticas, segundo o Banco de Desenvolvimento da Ásia, as pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza eram de 73,5% em 2010, caiu para 10,4% em 2018.

Amazônia: ambiente rico, população pobre.

Assim como Bangladesh, a região da Amazônia é assolada por altos índices de desemprego. Em 2021, 15% da população do Amazonas estava desempregada e mais de dois milhões de amazonenses viviam em situação de pobreza, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), atingindo quase 50% da população do estado.

Alguns fatores como o isolamento geográfico devido a densa floresta na região, associada com a dificuldade logística, além de uma série de doenças tropicais como malária e leishmaniose, que cotidianamente dificultam a capacidade física produtiva dos moradores do interior da Amazônia, que dependem do esforço braçal para produzir sua renda familiar, agravam os problemas sociais, humanos e civilizatórios no norte do Brasil. Nos anos em que a pandemia de Covid 19 gerou uma grave crise sanitária, ela exibiu para o Mundo as dificuldades de se desenvolver economicamente e socialmente quando uma doença reduz a capacidade produtiva de uma região.

Apesar de atualmente ter péssimos indicadores sociais e econômicos, algumas tentativas históricas de gerar competitividade e desenvolvimento econômico na Amazônia foram frustradas. Uma das mais icônicas foi quando Henry Ford tentou estabelecer uma cidade com característica estadunidense na Amazônia. A cidade seria anexa a uma plantação de dois milhões de pés de seringa, e seria uma das mais desenvolvidas do país, com hospitais, escolas, sistema de distribuição e tratamento.

A estimativa era de produzir borracha para atender a produção industrial de Detroit, nos Estados Unidos. Em agosto de 1928, dois grandes navios vindos da América do Norte chegaram à região que seria a futura Fordlândia. Entretanto, apesar de que na época a Ford ser a maior indústria do mundo, e a cidade ter uma infraestrutura de referência, fungos e pragas dizimaram parte da plantação, além da malária ter tirado a vida de moradores, funcionários e visitantes da cidade.

Além das pragas tanto nas plantações quanto nas pessoas, a diferença cultura entre americanos e brasileiros, principalmente pelo fato dos brasileiros não aceitarem as alimentações típicas estadunidenses e vice versa, resultou no movimento conhecido como Quebra Panela, em 1930. Em 1945, a Ford deixava a Amazônia com um prejuízo estimado em valores atuais de mais de 100 milhões de dólares.

Além da Ford, a empresa Madeira Mamoré Railway Company (MMRC), responsável pela Ferrovia Madeira Mamoré ou popularmente conhecida como “Ferrovia do Diabo”, perdeu 6.000 dos seus 21.000 operários para a malária. Apesar das perdas e dos prejuízos em 1912 a obra foi finalizada, entretanto com a desvalorização da borracha, devido ao fato que Henry Wickham conhecido como o “pai da biopirataria” ter roubado 70 mil sementes brasileiras e plantando em colônias britânicas na Ásia. Diferentemente do caso de Ford, a Coroa Britânica obteve êxito na produção do látex pela não existência de inimigos naturais da árvore fora do seu habitat originário.

Os exemplos exibem que a Amazônia é historicamente e geograficamente fadada ao subdesenvolvimento econômico, entretanto em 1967 quando o Governo Militar estabeleceu uma zona de inserção fiscal dentro da Amazônia, sendo conhecida como a Zona Franca de Manaus, a região voltou a crescer. No projeto inicial estava previsto os incentivos burocráticos e fiscais até 1997, depois 2013, em seguida 2023 e mais recentemente o incentivo permanecerá pelo menos até 2073.

A prorrogação do prazo dos incentivos é fruto da dependência da Região Norte, principalmente do estado do Amazonas, em relação a economia movimentada pelas indústrias instaladas na região. Apenas em 2022, o Polo Industrial faturou mais de R$175 bilhões de reais, além de gerar aproximadamente 100 mil empregos nas mais de 500 indústrias instaladas na zona de incentivo fiscal.

Apesar do sucesso econômico da Zona Fraca de Manaus, o estado do Amazonas e a Região Norte se mostram economicamente dependente do Polo Industrial de Manaus, e as bancadas de parlamentares de outras regiões tentam derrubar os incentivos fiscais, alegando a dificuldade logística em produzir na Amazônia e distribuir aos grandes centros urbanos das outras regiões, ou seja, é necessário que os governantes dos estados amazônicos junto ao Governo Federal se unam para gerar uma forma de desenvolvimento econômico na Amazônia independente ao Polo Industrial.

Atualmente todos os estados do norte possuem mais pessoas recebendo auxílios sociais do que trabalhando formalmente, exibindo a incapacidade social estabelecida na Amazônia de gerar perspectiva de renda e autonomia do cidadão, diferentemente da filosofia estabelecida em Bangladesh. Ipixuna no interior do Amazonas foi considerada a cidade com o menor índice de desenvolvimento do país, segundo dados de 2016 da Federação Industrial do Rio de Janeiro.

É possível ter prosperidade na Floresta?

É possível os estados da Amazônia pararem de depender de incentivos fiscais para sobreviverem economicamente, mesmo que demore bastante tempo, é possível a população dos estados da Amazônia deixar de viver majoritariamente de Programas Sociais, é possível desenvolver uma economia dentro dos critérios estabelecidos pela população do novo milênio, onde o aumento do PIB seja alcançado, salários dignos serem gerados, derrubando o número de pessoas que subsistem de Bolsas Sociais, além de promover atividades economicamente viável socialmente justo e ambientalmente correto

Como cidadão amazonense, acredito que o microcrédito para abertura de pequenos negócios seria o maior agente contra os altos números de pessoas que dependem de Bolsas Estatais, além que com os impostos pagos pelos negócios seria possível investir na logística dentro da região, tornando as cidades mais acessíveis à chegada de estruturas que possam acarretar no desenvolvimento econômico e social, principalmente das cidades distantes as capitais, gerando dignidade a uma das populações mais pobres do país.

Além do microcrédito, é necessário gerar uma mudança na estrutura federal, os altos impostos e a excessiva burocracia impendem o desenvolvimento econômico não apenas na Região Norte, mas em todo o território nacional, segundo levantamento do Banco Mundial, entre 190 países o Brasil está na 123° posição na facilidade de fazer negócios, sendo necessário em média 79 dias para abertura de uma empresa. Para efeito de comparação, em países com elevados índices de qualidade de vida como a Nova Zelândia, se leva menos de um dia para abrir uma empresa.

Com menor burocracia mais negócios iriam se formalizar, diminuindo a pirataria, o desemprego e aumentando da arrecadação pública, podendo gerar valores mais dignos pagos à  aqueles que dependem de Programas Sócias, uma vez que após a formalização de novos negócios o número de empregos formalizados iria subir.

Além do microcrédito e da diminuição da burocracia para abertura de negócios, é necessário à manutenção das estruturas logísticas dentro da Amazônia, como a pavimentação da BR-319, gerando dignidade as pessoas que vivem as margens da pista e necessitam trafegar para realizar suas atividades cotidianas. Além do fato que os comerciantes que escoam sua produção pela 319 chegariam com produtos mais baratos aos mercados consumidores, devido ao fato que reduziriam seus gastos resultante das péssimas condições de rodagem.

Com crédito acessível aos mais pobres, menor burocracia a quem quer abrir negócios e estruturas logísticas melhoradas, a região chegaria mais perto de gerar dignidade e renda a umas das populações mais pobres do Brasil. É dever da sociedade civil pressionar seus representantes para encaixar a população amazônica nos novos moldes da sociedade, além do dever de Cientistas Sociais analisarem o passado da região e desenvolverem novas teorias de como melhorar a qualidade de vida dos nortistas. Apenas com a associação entre população, políticos e cientistas sociais, poderemos alcançar a plena dignidade que a população do Norte merece. .

Referências:

WEBER, Adriana. O BANQUEIRO DOS POBRES. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942007000200017>. Acesso em: 05 de março de 2023.

Monografias.com. BIOGRAFIA DE CZAR NICOLAU II. Disponível em: . Acesso em: 06 de março de 2023

SILVA, Daniel Neves. ILUMINISMO. Disponível em: . Acesso em: 04 de março de 2023

PINTO, Tales. HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO RUSSA. Disponível em: . Acesso em: 04 de março de 2023

FÁBIO, André Cabette. O QUE É KEYNESIANISMO E SUA RELAÇÃO COM O PACOTE BILIONÁRIO PARA ENFRENTAR CRISE DO CORONAVÍRUS. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/economia/o-que-e-keynesianismo/. Acesso em: 05 de março de 2023

BUARQUE, Cristovam. DA ÉTICA À ÉTICA MINHAS DÚVIDAS SOBRE CIÊNCIAS ECONÔMICAS. InterSaberes.1ª ed. 2013.

Sobre o autor:

Tálison Ferreira da Cunha nasceu em Itacoatiara no interior do Amazonas, no dia 10 de dezembro de 2004. Filho de Rosane Ferreira  e Otaide Cunha, ambos naturais de Eirunepé, também no interior do estado, e irmão de Tayná Ferreira da Cunha, advogada formada pela Universidade Estadual do Amazonas, na cidade de Itacoatiara.

Seus antepassados saíram do estado do Ceará atraídos pela economia borracheira desenvolvida na Amazônia no auge do Ciclo da Borracha. Entretanto, com o fim do ciclo a região entrou em declínio, gerando uma crise generalizada nas regiões próximas aos seringais.

Seus pais migraram de Eirunepé para Manaus, ainda adolescentes, buscando melhor qualidade de vida. Otaide se formou em técnico agropecuário pela Escola Agrotécnica Federal e Rosane em técnica de contabilidade pela Escola Sólon de Lucena,  e encontraram em Itacoatiara oportunidade de renda e prosperidade.

Tálison estudou seu ensino fundamental na Escola SESI Abrahão Sabbá e o ensino médio no Colégio Católico Nossa Senhora do Rosário. Entre outros, uns dos seus feitos no Ensino Fundamental foi chega na  4° fase da Olimpíada Nacional de História. No Ensino Médio foi aprovado em 1° lugar no curso de Agronomia pela Universidade Federal do Amazonas, além de ser aprovado em Economia e Administração pela Universidade Estadual do Amazonas. 


Publicado por: Talison Ferreira da Cunha

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