“Sobral, Terra de Dom José”: Vida e Obra
Análise dos trabalhos feitos por Dom José Tupinambá da frota entre os anos de 1912 a 1954.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Resumo: Esta pesquisa tem o objetivo de analisar os trabalhos feitos por Dom José Tupinambá da frota, entre os anos de
Palavras-chave: Dom José, vida, obras
Abstract: This research aims to analyze the work done by Dom Jose Tupinambá Fleet, btween the years 1912 to 1954, when Sobral cast his “image and likeness.” Giving the connotation of the modernized city. Dom Jose, was Born in Sobral to 10 September eighet hundred and eighty-two. He completed his preparatory studies in Sobral, completing them at the seminar of Bahia; in April one thousand eight hundred ninety-nine went to Rome, enrolling in Latin American PIUS College and attende d the Pontifical Gregorian University, where He received the degree of Doctor of Philosophy and Theology.
Keywords: Dom José, life, works
INTRODUÇÃO
Nesta pesquisa vamos discutir seus trabalhos e as obras e compreender seus esforços dentro do contexto cultural. Além da sua vida política, econômica e social. Voltando de Roma com uma visão européia, Dom José Tupinambá da Frota foi o primeiro Bispo de Sobral, o considerado pela elite local como o maior benfeitor da Cidade sobralense. Dom José cruzou grandes planos para o desenvolvimento da Cidade de Sobral, a ele é creditada a criação de toda infra-estrutura que hoje Sobral possui em várias áreas. Com excelentes edificações de equipamentos sociais e residências requintadas, tanto no século XIX quanto no seguinte, indispensável para o povo sobralense até hoje, é exemplo disto, o acontecimento mais importante da História da Medicina, foi á construção da Santa Casa de Misericórdia de Sobral. Obra grandiosa de Dom José Tupinambá da Frota, ocorrida a 25 de agosto de 1912, tendo inauguração em 24 de maio de 1925, proporcionando qualidade de vida para o povo sobralense (ARAÚJO, 2005. p. 72).
No mesmo ano veio a inauguração do seminário Diocesano, a 15 de fevereiro de
O século XIX foi o ápice da riqueza e do início da construção dos sobrados sobralense. A nobreza da Cidade se destacava pela imagem de “princesa” E quem dava o tom de toda a sua nobreza era Dom José.
Dom José, em sua época era um dos senhores detentores do poder de indicação de pessoas de seu circulo de relação á posição privilegiada no poder público e nas instancias eclesiásticas, assim como nas instituições e entidades de domínio tanto da igreja quanto de fora dela. Ele sempre era chamado para opinar nas construções, ou mesmo inaugurações dos espaços sociais e público da cidade. Ele foi transformado em mito, tudo que era considerado bom para Sobral era atribuído a Dom José Tupinambá da Frota (FREITAS, 2000. p. 88-91).
Esta pesquisa vamos analisar, os objetivo, ás obras e a vida de Dom José Tupinambá da Frota, a partir do conceito de cultura, política econômica e social que proporcionalmente foi mudado ao longo do tempo, relacionado a todos esses conceitos no âmbito educacional, ou seja, relacioná-los na formação escolar. Falaremos á importância que Dom José Tupinambá da Frota, em todas as suas obras tanto no espaço urbano como várias outras instituições sociais, como escolas, a Universidade Estadual Vale do Acaraú, um Banco de credito BANCESA e, outros espaço pensado e edificados pela Igreja que fizeram ou, ainda fazem parti dos equipamentos sociais da Cidade de Sobral (LIRA, 1982.).
“Sobral, terra de D. José”. Esse foi o discurso que nos motivou a querer fazer uma analise tanto deste quanto dos demais discursos proferidos pela elite sobralense em prol da memória de D. José na Cidade, os quais são componentes fundamentais para sua mitificação depois de sua morte.
Freitas nos dá uma noção precisa do que concebe como mito em seu estudo entitulado “Sobral: opulência e tradição”, no qual dispensa um precioso e ousado espaço para uma análise social sobre Sobral, sobre tudo no que concerne ao que ele chama de “sobralidade”, e á Dom José, caracterizados por ele como mitos presentes na Cidade. Mito segundo ele, no sentido de ser uma linguagem selecionadora e selecionada, imperativa, a qual, dessa forma, se propõe a valorizar, e mais do que isso, a impor o que considera ideal ao meio social, sobrepondo-se assim ao tempo real, em que se vive, e a possíveis diferenças ideológicas.
Ao longo de seu estudo, fica explicito também que o que Freitas caracteriza como seleção do mito, é representada pelo uso metódico de símbolos, imagens e oralidade que se vão disseminando pelas áreas sociais de abrangência, a fim de solidificá-lo e alcançar os objetivos pretendidos, mesmo que os seus destinatários não consigam se perceberem como assim em vista da intencional aparente descrição da proposta do mito, fato esse tratado pelo mito como uma espécie de poder ideológico deste sobre os mesmos (destinatários):
“As relações de poder adentram esta construção ideológica, sem necessariamente ser absorvidas como tal. (...) construção ideológica que muitas vezes não se apresenta tão claramente para quem olha, confundindo a definição das personagens envolvidas neste processo.” (FREITAS, 2000. p. 205.)
Essa relação de poder definida por Freitas é, imperativa, ao mesmo tempo contida de “inocência”, inocência essa camuflada por um “ar de normalidade” que acaba sendo assim absorvido, originário da massificação da ideologia divulgada sobre seus alvos, a qual impõe-se e expõe-se sem “pudor”, sem receios:
“... o mito é sempre imperativo. É dirigido ao sujeito que é obrigado a suportar e receber sua ambigüidade. É uma fala que atinge a subjetividades, circula sobre si própria. Suspende-se e recupera sua generalidade, construindo sobre si uma inocência. A idéia é estar sempre além das classes e das diferenças sociais, econômicas, políticas e intelectuais.” (FREITAS, 2000. p. 203.)
O que é importante colocar em evidencia, contudo, é que diante desses “embates ideológicos”, a Dom José é atribuída a posição de (“vitima”) “vitima de sua auto-valorização”, os políticos contra as idéias de obras do Bispo, ou seja, se Dom José era visado criticamente por alguns integrantes da sociedade, era por seu destaque na cidade, mas esse destaque que ele mesmo construía e pelo qual se empenhava, segundo o autor, era fruto da “super proteção” de seus familiares e mais próximos da educação recebida desde a sua infância, o que acabou revelando-se ao longo de sua vida, envolta pela sua convicção de tudo poder, tudo saber, de tudo ser capaz, tudo ser válido e justo quando executado por ele, quando e tratava de beneficiar a sua terra Natal.
A pesar de Lira ressaltar a bondade que representava Dom José, ele destacava também características na tão “positivas” sobre o Bispo, como o mau humor, seu temperamento forte, mas sem deixar, também, de justificá-lo, amenizando uma percepção negativa do mesmo: Quase todos os grande homens, os grandes heróis tiveram também seus grandes defeitos, ou seja, poderia haver “defeitos” em sua trajetória, mas para Dom José, um “grande homem, herói”, isso era válido. E mais, além de justificados os seus “defeitos”, pelo seu “heroísmo”, havia mais um fator que amenizava tais características “negativas”: Suas obras segundo o autor, as obras que Dom José realizou em Sobral, por serem “inéditas”, e pelo alcance social que tiveram” apagavam momentaneamente todo o negativo de seu gênio, de seu temperamento, de suas atitudes intempestivas” (LIRA, 1982.p. 08).
Podemos destacar ainda aqui, diante do exposto acima, que assim como as obras naquela época correlacionada sobrepunham uma imagem de Dom José ás outras, atualmente situação correspondente acontece: as obras de Dom José são intensamente frisadas nos discursos na cidade, ressaltando tal fator como intrínseco, característico e louvável no Bispo e engrandecedor dele, sendo que tais obras também faziam parte, além de fator de sustentação positiva, da preocupação de Dom José com sua imagem, sua reputação, principalmente diante da posteridade, utilizando-se das mesmas para abrilhantá-la:
“Para que sua personalidade não sofresse qualquer desgaste. Começa uma série de realizações matérias destinadas ao bem estar social, à educação, ao serviço religioso. Assim ia se saindo muito bem de todas as pedras atiradas contra ele com ou sem razão. Cada obra concluída era uma manifestação de poder do Padre. Doutor ou do Bispo José Tupinambá da Frota.”
Como não poderia faltar, em sua obra o autor faz uma “rica” comparação de D. Jose com outras personalidades, ou melhor, faz uma correlação:
“... um homem que muitas vezes se mostrava profundamente humano ebondoso como Cristo, duvidoso e disfarçado como Pilatos, impetuoso como um Cesar, intrigante como um Fouché, amigo leal comoRichelieu, temido como Napoleão Bonaparte, amante de si próprio como Ditadores.”
Da citação acima podemos notar um certo “antagonismo” nas características destacadas nas personalidades correlacionadas com Dom José, nas quais, apesar da “contrariedade”, podemos ressaltar a existência característica em comum: todos os nomes citados na correlação foram “grandes” homens, de “destaque” na História, pois foram homens que de alguma forma, detinham poder, seja ideológico, social, mas poder. Portanto, Dom Jose é relacionado a poder, é enfocado como poderoso e como tal, evidente em Sobral.
A personalidade de Dom José, segundo Lira, era de tal forma presente na cidade, composta por um forte conservadorismo e controle social e político, que o autor chega a assim se colocar ao pensar sobre sua morte:
“Atualmente ainda é cedo para avaliar-se se a morte desse maior benfeitor de Sobral foi uma irreparável perda, foi uma “necessidade histórica”, ou uma coisa que o povo desejava. “Nenhum povo do mundo quer hoje viver sob pressão”.
Percebe-se então que o discurso do PE. Lira, além de analítico, mostra-se “contraditório”, ou “ambíguo”, ao relatar sobre um D. José simultaneamente com personalidades várias: tanto “virtudes”, quanto “defeitos”, embora ambas “memoráveis”. Seu discurso torna-se diferenciado com relação a outros por não ser tão “unilateral”, menciona os dois lados da “moeda”.
“Estudar a personalidade de Dom José é fazer o passado sobralense vivo, cadente: é abrir-se novas perspectivas para o presente e dimensionar o futuro. Com suas monumentais construções, fez Sobral uma idéia, um símbolo, e, por essa razão, jamais desaparecerá da memória de seus compatriotas. “O José que realizou em pouco tempo o que uma pessoa normal poderia fazer em um século”.
Assim começa PE. Lira a segunda parte de outro livro seu sobre Sobral, Sobral, sua história documental e a personalidade de Dom José. Somente neste trecho do seu discurso, percebemos como o Bispo será colocado no seu transcorrer. Dom José é colocado como passado, presente e futuro de Sobral, é o “fio da história” sobralense, em torno do qual tudo girou, gira e deverá girar como exemplo de progresso, de desenvolvimento.
As obras de D. José são mais uma vez ressaltadas como maior “prova”, prova real de sua dedicação à Sobral, e mais, de tão indefinível importância, valor e utilidade, que servem como permanentes lembranças da existência de D. José, e assim, firmadoras de um Dom José eterno na cidade (LIRA, 1975. p. 61-131).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Sobral, terra de Dom José” anuncia e lidera os demais componentes do processo mitificante do Bispo, composto de seleções, repetições, discursivas exaltadas, no qual utilizam-se de vários artifícios para a propagação e emblematização de Dom José na cidade, sendo que, como um processo, vem se construindo ao longo do tempo, sobretudo depois de sua morte, em prol da construção de uma imagem maravilhosa dele.
O conjunto discursivo em torno de uma imagem para Dom José coloca-se como maior, superior a concepções, ideologias diferentes, como um discurso homogêneo, de consenso geral, como que todos que o presenciassem e por ele fossem “atingido” o considerassem da mesma forma que foi exposto, proposto, afirmado, ou seja, como o ideal, o essencial, importante, exemplar e louvável. E mais do que isso, é um discurso que enaltece explicitamente um ser Dom José, e exclui os demais que o rodearam durante sua caminhada e existência na cidade; os demais sobralenses, os quais foram e são componentes essenciais e determinantes para sua história.
Os discursos mitificantes ressaltam uma relação de reciprocidade existente e/ou que deve continuar a existir entre uma Sobral áurea e Dom José, como se os dois independessem de outrens e não fizessem ou tivessem feito parte de um processo histórico composto de vários “Josés” e de várias “Sobrais” que não a Distinta Real e Januária; tentando silenciar discursos contrários ao lançados pela elite sobralense, que visualmente patrocina e sustenta ideologicamente a mitificação de Dom José, através de uma fala exaltante, repetitiva e selecionada e que restringe-se a equivaler-se de outros seres proporcionalmente destacáveis, como D. José, ressaltando, também, a busca de algumas pessoas por igualar-se a esse ser “exemplar que é transmitido por essa fala (FREITAS, 2000. p. 84-85).
Como possíveis motivadores para essa mitificação de D. José, podemos constatar as raízes religiosas de Sobral, que colocam o Bispo como um ser essencial para a católica cidade, além do mais pelo que ele contribuiu para mesma administrativamente, desembocando numa saudade do tempo em que esteve presente, saudade essa constituinte do sentimento de sobralidade, que busca fazer presente uma imagem, uma memória de Sobral; a da cidade áurea, progressiva, destacável, nobre, tendo como um de seus maiores, senão maior “possibilitador” – Dom José - , por isso sendo essencial que o mesmo seja trazido à memória maravilhosamente como gratidão, reconhecimento é meio para se tornar lembrado o bom tempo que Sobral viveu com ele, e que seria o ideal ainda estarmos vivendo.
Nesta pesquisa analisamos a vida e a obra de Dom José Tupinambá da Frota, na sua vida política, social, cultural e religiosa, do maior benfeitor da cidade de sobralemse.
Publicado por: Vicente Parente Moita
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