Roteirização no Transporte Rodoviário de Cargas
Breve análise sobre roteirização no transporte rodoviário de cargas.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Quais as Características Básicas da Coleta e Distribuição de Produtos? Que Questões Metodológicas Surgem Durante a Análise das Regiões a Serem Atendidas? Como Dimensionar a Frota Necessária?
Um dos problemas típicos da operação de frotas no transporte rodoviário de cargas é o da coleta e distribuição de produtos. Este problema enquadra-se no contexto da Logística de Transporte e suas características básicas são:
- Uma região geográfica é dividida em zonas, cujos contornos podem ser regidos ou, em alguns casos, sofrer alterações momentâneas para acomodar diferenças de demanda em regiões contíguas;
- A cada zona é alocado um veículo, com uma equipe de serviço, podendo ocorrer outras situações, como mais de um veículo por zona, por exemplo;
- A cada veículo, é designado um roteiro, incluindo os locais de parada, pontos de coleta ou entrega, atendimento de serviços etc. e sequência em que a equipe deve atendê-los;
- O serviço deve ser realizado dentro de um tempo de ciclo predeterminado; no caso de coleta/entrega urbana, o roteiro típico se inicia de manhã e se encerra no fim do dia (ou antes, se o roteiro for totalmente cumprido antecipadamente). Nas entregas regionais o ciclo pode ser maior, e há casos de entregas rápidas em que o ciclo é menor que um dia útil.
Os veículos são despachados a partir de um depósito, onde se efetua a triagem da mercadoria (ou serviço) em função das zonas. Nos casos em que há mais de um depósito o problema pode ser analisado de forma análoga, efetuando-se, para isso, as divisões adequadas da demanda e/ou da área geográfica atendida. Para NOVAES ([1]) e VALENTE et ali ([2]) algumas questões metodológicas surgem durante a análise, destacando-se as seguintes:
- Como dividir a região de atendimento em zonas de serviço?
- Como selecionar o veículo/equipe mais adequado ao serviço?
- Qual a quilometragem média da frota e dos diversos tipos associados ao serviço, de forma a quantificar os custos? Qual a fração do serviço (carga coletada ou distribuída, número de chamada etc.) não cumprida em um dia útil?
- Qual a frequência ideal de serviço?
- Como, enfim, selecionar a configuração mais adequada?
Planejamento das Rotas
Trata-se do processo de planejar a entrega de cargas visando atender ao nível de serviço aos clientes (pedidos/prazos) e otimizando os custos operacionais envolvidos. Define-se quais cargas devem ser encaminhadas a quais veículos/equipe, a que destinos (rotas) e em que sequência devem ser entregues; traduz o resultado da roteirização.
Tipos de Problemas
Segundo NOVAES (2001), pode-se classificar os problemas de distribuição em três (3) grandes grupos:
- Problemas do tipo “roteamento”: ocorrem quando a ordem ou o horário em que as tarefas devem ser cumpridas não são impostos a priori;
- Problemas do tipo “sequenciamento”: nesse caso, existem restrições de ordem de atendimento a serem satisfeitas;
- Problemas do tipo “roteamento e sequenciamento”: ocorrem quando, no problema de sequenciamento, a questão da escolha de uma rota também deve ser levada em conta. A maioria dos problemas encontrados na prática é desse tipo, cujo objetivo é melhorar a prestação de serviços.
Na determinação da rota ou do plano de viagem, o movimento pode ser definido pela mínima distância, mínimo tempo ou por uma combinação desses fatores. Nesses estudos, técnicas matemáticas programáveis em computadores podem ser bastante atrativas. Um método bem conhecido é o do caminho mais curto.
Múltiplos Destinos e Origens
Veja que um problema de rota também pode envolver múltiplos destinos e origens. Na sua resolução, devem-se considerar as restrições das capacidades de oferta nos pontos de origem e das necessidades de produtos (demanda) nos pontos de destino, assim como os custos associados aos diversos caminhos possíveis. Estes são problemas comuns que ocorrem ao se roteirizar mercadorias de fornecedores, de fábricas aos depósitos e de depósitos aos clientes, e é frequentemente resolvido por programação linear.
Exemplo: Um fabricante enlata produtos vegetais à medida que a colheita é realizada. Existem duas fábricas que abastecem três (3) depósitos. São feitas projeções de demanda para cada depósito ao longo da temporada. As fábricas têm um nível máximo de produção baseado na sua dimensão e na safra prevista. O departamento de transporte deseja atender a demanda dos depósitos sem exceder a capacidade de suprimento das plantas industriais, minimizando o custo total de transporte.
Uma solução aparentemente simples para esse caso seria designar a máxima demanda possível para a rota mais barata (ou seja, 2.000 unidades devem mover-se da fábrica 2 para o depósito 2). A demanda restante deve ser suprida a partir da fábrica 1. Essa é uma solução ótima e pode ser verificada pelo uso de uma técnica específica de programação linear.
Existem algumas regras práticas para a construção de roteiros. Em um problema típico de roteirização envolvendo muitas paradas e veículos, o total de roteiros possíveis é muito grande, daí o interesse no uso de técnicas matemáticas programáveis em computadores e de princípios operacionais que resultem em boas soluções, como, por exemplo, roteiros formando um desenho como pétalas de uma margarida.
Nesse caso, os roteiros adjacentes não se tocam e nenhuma das rotas tem caminhões que se cruzam, formando assim um roteamento adequado, para o caso de o volume de carga em cada parada ser apenas pequena parte da capacidade do veículo. Bons roteiros geralmente podem ser conseguidos pela aplicação das seguintes regras:
- Inicie o agrupamento pelo ponto (parada) mais distante do depósito;
- Encontre o próximo ponto, tomando o ponto disponível que esteja mais perto do centro (centroide) dos pontos no grupo. Agregue esse ponto ao grupo (veículo), caso a capacidade do veículo não tenha sido excedida;
- Repita o passo b, até que a capacidade do veículo tenha sido atingida;
- Sequencie as paradas, de maneira a ter a forma de uma gota d’água;
- Encontre o próximo ponto, que é a parada mais distante do depósito ainda disponível, e repita os passos de b a d;
- Continue até que todos os pontos tenham sido designados.
O método descrito pode coerentemente gerar bons roteiros, os quais, muitas vezes, rivalizam com os obtidos por métodos matemáticos e computacionais desse problema. Por isso que, por vezes, o gerente de transporte pode estar mais interessado na minimização da quantidade de caminhões necessários para atender a uma dada programação do que na definição dos roteiros. Isso exige o sequenciamento dos roteiros, de forma a minimizar o tempo ocioso no programa e, portanto, a quantidade de caminhões necessários.
Exemplo: Uma indústria de enlatados envia produtos acabados de sua fábrica para nove (9) armazéns. Os caminhões são enviados com carga completa, e tanto os tempos de viagem como os de descarga são bastante previsíveis. Cerca de cem rotas são programadas semanalmente. A tarefa do programador é sequenciar esses roteiros, de modo que haja o menor número de veículos possíveis para atender ao programa.
REFERÊNCIAS
NOVAES, A. Galvão. “Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição”. Ed Campus, São Paulo, 2007.
VALENTE, Amir; PASSAGLIA, Eunice; SANTOS, S “Qualidade e produtividade nos transportes”. Cengage Learning, São Paulo, 2008
([1]) NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Elsevier, 2007
([2]) VALENTE, A.M.; PASSAGLIA, E; SANTOS, S. Qualidade e Produtividade nos Transportes. Cengage, 2008
JULIO CESAR S. SANTOS
Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial e especialista em Marketing Estratégico
Publicado por: JULIO CESAR DE SOUZA SANTOS
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