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Professor; Ser Emancipado

Elementos significativos relevantes para uma reflexão de uma educação baseada na formação de um saber docente com fins emancipatórios.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

O objetivo deste artigo é trazer elementos significativos que sejam relevantes para uma reflexão de uma educação baseada na formação de um saber docente com fins emancipatórios. Utiliza literatura atual disponível, onde reflexões a respeito de educação emancipatória são foco principal. A educação aprisionada e aos cuidados da classe burguesa, não há outra finalidade senão a perpetuação dos poderes burgueses, transformando a sociedade numa massa amorfa de indivíduos desprovidos de motivação própria e preenchidos de sentimentos e idéias reprodutoras. Tornam-se escravos, cúmplices de uma sistema que é fortalecido por ele próprios. Um coletivo anulado, onde tudo se vê, porém muito pouco se enxerga. É preciso, portanto, uma discussão da formação cultural dos professores , para o encontro de uma educação emancipatória.

Palavras-chave : emancipação, professor, educação emancipatória.

1 INTRODUÇÃO

O propósito deste breve artigo, é trazer elementos para uma discussão efetiva e produtiva , do universo docente; no que diz respeito ao cumprimento de seu papel emancipaório. Ou seja, procura analisar de um foco sutil, a influência ideológica do Estado, sobre seu exercício de lecionar, o qual deveria estar conectado com a preocupação de valorização da emancipação do indivíduo, refletindo em todo seu contexto social.

De acordo com Althusser apud Marques ( 2008 ), o Estado é o reflexo da classe dominante, que reproduz sua essência e fome pelo poder, através dos Aparelhos Ideológicos do Estado. Dentre eles, a escola que exerce papel de grande influência social.

Para uma educação emancipatória, haveria a necessidade de professores com postura de indivíduos emancipados. Estariam, portanto, em condições de exercerem o papel de educadores emancipatórios, já que não são seres distantes e localizados fora da esfera social ? encontram-se, pelo contrário, influenciados pelos movimentos sociais que interferem em todo contexto social, e por que não, mundial. Indubitavelmente , os professores compartilham de um mundo vivido, onde reside um reservatório cultural, possibilitando a integração de cada indivíduo, favorecendo seu desenvolvimento e socialização. De acordo com Adorno apud Resende ( 2003 ),

a formação é um tema amplo , profundo e de interesse geral, dando ênfase aos indivíduos ligados de forma bem aproximada as instituições educacionais.

Os professores possuem desempenho fundamental nesta formação; sendo definida por este como cultura pelo lado de sua apropriação subjetiva. As relações existentes entre cultura, sociedade, indivíduo e meio social, estão muito próximas, ou seja, presentes e pertencentes umas as outras de maneira simbiótica. E, o professor , participa de todas estas esferas, pois não encontra –se isento e excluso do convívio social. Pelo contrário, o mesmo posiciona-se dentro da sociedade; recebendo portanto, influcências sócio-político e econômicas.

De que maneira, pode o professor atuar profissionalmente numa postura emancipatória , em uma sociedade , ou sistema opressivo, onde atos de reflexão e crítica são constantemente abafados e concretados no vazio ? Haveria brechas clamando por atitudes criativas e revolucionárias voltadas para a prática educativa direcionada principalmente ao desenvolvimento intelectual e social? A educação emancipatória somente pode ser fundamentada sobre práticas emancipatórias. A vivência educativa é reafirmada com a prática educativa.

Este breve artigo, propõe-se trazer aspectos para reflexão da atividade docente emancipatória, num cenário onde a educação brasileira não recebe devido valor de instituições governamentais, no intuito de alcançar a verdadeira elevação intelectual e social. Favorece apenas, a liberdade de consumo e fortalecimento do ideal burguês. Cenário, que apesar do avanço tecnológico, nas áreas de comunicação e informação , permanece engessado e sem perspectiva de grandes melhorias em tão pouco tempo. De acordo com Resende ( 2003 ),

o indivíduo deve ser pensado como uma categoria da sociedade, mediado na origem pela convivência social. Assim, percebe-se que a atualidade favorece o individualismo competitivo; um movimento educacional direcionado a desenvolver “ soldados para grandes batalhas contra eles próprios “.

Individualismo , torna-se vocábulo importante, não para desenvolvimento social, mas opostamente em degradação social. O homem quando direciona sua atenção para outro ser de sua espécie, somente consegue ver por entre um embassamento incutido em seus olhos, seu maior adversário.

Emancipar-se intelectualmente e socialmente é agregar valor social ao indivíduo, ou seja, é fazê-lo notar a importância de sua vivência, experiência e intelectualidade para a própria sociedade. De acordo com Althusser apud Marques ( 2008 ), sem as bases ( infra-estrutura ), não há como o cume ( superestrutura ) sustentar-se , o que comprova ser este dependente daquele; embora seja o último quem detém o poder sobre o Estado e a ideologia, caracterizando-se como classe dominante.

Percebe-se que em seu trabalho, este autor esclarece a necessidade pulgente da classe dominante em permanecer no poder às custas de muitos; utilizando como focos frutíferos e veiculantes de quadros de opressão, as igrejas, escolas, família, jurídico, político, sindical, cultural e outros. Apresentando a educação emancipatória como objeto principal de estudo, no cenário brasileiro; refletir-se-á sobre a atuação do educador emancipatório; neste cenário opressivo e reprodutor de práticas educativas fundamentadas na teoria burguesa.

2 DESENVOLVIMENTO

O professor na sua postura de orientador , educador, mediador, desempenha na verdade, muito mais do que uma ação de construção do conhecimento conjunto; ele tem um papel atuante no universo da responsabilidade social. As vivências, pensamentos, atitudes enfim, são reflexos de seu tempo, ou seja, de alguma forma absorveu e foi obra da construção de seu tempo.

Mas, mesmo assim, a atualização constante profissional é muito bem vista, tanto no âmbito profissional, como no pessoal. A figura do professor, no cenário brasileiro, ainda permanece sem melhorias significativas, ou seja, capazes de mudar efetivamente a realidade educacional em todo território a fim de contribuir para a erradicação do analfabetismo. De acordo com Adorno apud Resende ( 2003 ),

observa-se por todo lado os sintomas do colapso na formação cultural, mesmo no extrato das pessoas cultas. Ocorrem reformas pedagógicas, porém estas são realizadas isoladamente, não trazem grandes significados.

As teorias pedagógicas apresentam-se com intuito de construir um individuo mais autônomo, mais emancipado. Mas, o que nota se é o domínio irracional, atuante na sociedade burguesa, não liberta o indivíduo para sua autonomia, estando ele consciente de suas necessidades e de seus fins. Esta racionalidade trabalha com o intuito de mascarar o indivíduo, não deixando-o perceber este domínio. E , devido a isto, não vislumbre a possibilidade de se libertar da dominação , ou seja, não há anseio para este fim. O indivíduo permanece em zona de conforto, e ali mesmo vive.

De acordo com o mesmo autor, a sociedade atual tende a uma decadência de seus valores, enfatizando a individualização, distanciando mais e mais as pessoas umas da outras, fortalecendo com muita intensidade o fator competitividade. A sociedade deforma o ser humano; até mesmo aquela humanidade que no início o caracterizava como indivíduos.

Uma realidade onde o indivíduo desaparece e simultaneamente há um individualismo desenfreado , e cada vez mais, fortalecido, onde “ tudo é possível “.

Seguindo Resende ( 2003 ),

a cultura tem proporcionado poucos elementos que direcionam para a emancipação humana. As chances humanas de autodeterminação e de autoconsciência são pouquíssimas. Portanto, o que diferencia o indivíduo da natureza, é justamente sua autonomia . a cultura apresenta-se como emblema de dominação.

Assim, a única forma de quebra da perpetuação da dominação , no indivíduo e na cultura, é compreender como ocorrem estas condições de atravancamento intelectual. Entendê-las como um todo, ou seja, sua complexidade. O foco humano está demasiadamente centrado no individualismo, e é justamente por este traço capitalista, que constrói-se indivíduos pseudoformados, socializados apenas fisicamente , meros reprodutores de valores que reforçam da individualidade e o consumismo irracional.

De acordo com Adorno apud Resende ( 2003 ),

a crise do processo formativo e educacional é o fruto inevitável da dinâmica atual do processo produtivo, ou seja, uma sociedade que prioriza pelo individualismo, não permitindo verdadeiros processos de socialização e cooperação, trabalho em equipe regida pelo processo de dominação, em todas as suas formas. Somente basta afirmar que há uma indução a barbárie e à miséria intelectual e deformidade cultural.

A burguesia encontrou na formação , um meio para sua emancipação, ao mesmo tempo em que conquistou o apreço por pessoas no contexto social. Através da formação, encontra a possibilidade de se desdobrar em funções como empresários, gerentes, funcionários, etc . a classe dominante apropriou-se da formação cultural, o que propiciou a criação de uma sociedade ignorante, ou seja, negou o direito aos trabalhadores a uma verdadeira formação. As pessoas sentem-se peças de um grande jogo, mas permanecem passivas, felizes em suas zonas de conforto; adaptando a esta mentira com salvas exceções. Entretanto, através de um esforço na busca de uma identidade emancipada e emancipatória, nota-se que esta busca é demasiada custosa a todos.

De acordo com Resende ( 2003 )

mentiras cristalizadas fazem com que os indivíduos acreditem em algo que não se deveria crer. O que chega a eles faz parte de uma realidade falsa, irreal.

Adorno apud Resende ( 2003 ) ,

a ideologia burguesa é desenvolvida pela presença constante da importância do capital , fazendo com que as relações estejam relacionadas a sensação mediadora do medo. O medo surge diante da existência de que é possível diferenciar-se num mundo indiferenciado.

Existem dois tipos de medo : um de ser destruído, e outro , a ameaça de não pertencer à unidade social. Estes medos impedem a dilatação da autonomia , ou seja, a dominação goza de perfeitas condições para sua crescimento e frutificação.

Os papéis sociais são reproduzidos e, apropriados, devido sua condição de apropriação ter sido enfraquecida. Adorno apud Resende ( 2003 ) enfatiza que a pressão geral que se direciona de encontro ao homem, sobre seu particular; possui a tendência de destruir todo o particular, e neste vazio preenche com elementos fundamentais da burguesia.

A formação já não mais existe, pois sua ruína já está incluída na sua origem. Portanto, a formação , já corrompida por valores burgueses, multiplicaria seus valores , conceitos e anseios, instaurando em seus seguidores, novos anseios inconscientes , destrutivos; impedindo a gênese de qualquer manifestação que seja contrária a ela.

A sociedade burguesa privou a formação de sua base, sendo assim, não há desenvolvimento racional do ser humano, mas sim, a domesticação. Uma instituição educacional não constitui um fim em si mesma, pelo fato de estar inserida no contexto global da formação cultural, devido a isto, questiona-se o papel do profissional da educação. Estaria ele reproduzindo valores burgueses fundamentais para a anti-emancipação ?

Segundo Adorno apud Resende ( 2003 ),

educar não é modelar uma pessoa baseado em algo externo, nem transmissão de conhecimento pura e simplesmente. Educação teria como responsabilidade primordial “ a produção de uma consciência verdadeira “.

Porém, como produzir uma verdadeira consciência, se a pseudoformação passou a ser a forma dominante da consciência, numa estrutura onde a alienação do indivíduo é enfatizada ? Qual o papel do educador emancipatório neste processo ?

Emancipação, segundo Adorno apud Resende ( 2003 ),

necessita ser inserida no pensamento e também na prática educacional; porém observa-se a existência de problemas que impedem com que o processo de emancipação ocorra de forma natural: organização do nosso mundo, ideologia dominante e processo de adaptação gerado pela sociedade.

O papel do educador, tem que estar direcionado a um esclarecimento , de libertação. Porém, não de fuga que , juntamente com a sociedade, o sufoca. Necessita estar permanentemente em superação da ideologia burguesa; onde poucos prosperam e muitos permanecem em estado de miséria cultural, intelectual e econômica.

A experiência, deve ser utilizada na construção do conhecimento e fortalecimento da autonomia, pois, de acordo com Adorno apud Resende ( 2003 ),

a educação para experiência é idêntica à educação para a emancipação. Tornar real a educação emancipatória , mesmo que inspiradora de poucos interessados, é uma atitude onde a energia maximizada e focada para a educação, objetivando resistência a opressão; faz-se única saída.

Todos os seguimentos da vida tem que estar envolvidos, engajados neste processo ; pois esta luta não se faz ativa apenas nas instituições de ensino, e sim; em toda a sociedade, no âmago do ser humano.

3 CONCLUSÃO

Na perspectiva de educação para contradição e para resistência, alcançando-se assim, autonomia intelectual, vivencia emancipatória.

Adorno apud Resende ( 2003 ), diz que o educador desempenharia papel muito interessante; pois se este apresenta deficiências na sua formação cultural e não esteja disposto a uma reformulação e renovação de sua posição social e responsabilidade diante dos demais, não há, por que desempenhar tal militância; pois estará reproduzindo sua deficiência aos alunos.

Desempenhará papel de operário alienado numa rede de linha de produção, ou seja, é movido por ferramentas que nem ele mesmo é capaz de esclarecer. É de suma importância, a pesquisa e reflexão sobre a atuação do educador, quanto seu posicionamento diante de ações emancipatórias.

Seus olhares não devem estar focados a um mundo de quatro paredes, ele deve desenvolver a capacidade de autocrítica, auto-análise e questionamentos a respeito de sua autonomia. A maneira como lida com processo de dominação vigente é um forte indício para se concluir se o educador está cumprindo seu papel de conter a barbárie e promovendo ações para a resistência desta; desenvolvendo uma consciência verdadeira. Pesquisar sobre a docência faz-se importantíssima ferramenta para uma reanálise do ato de lecionar. Desta forma, toda classe docente estará verificando se sua formação está realmente contribuindo para o fomente de mentes críticas e responsáveis para a sociedade como um todo. Trará para todos os seguimentos da vida, o valor emancipatório, ou seja, educação para libertação.

4 REFERÊNCIAS

ADORNO , Theodor W. Educação e Emancipação. Tradução Wolfgang , Leo Maar. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.

LUDKE, Menga. O Professor , Seu Saber e Sua Pesquisa.2001. Disponível em : http://www.scielo.br/pdf/es/v22n74/a76v2274.pdf . Acesso em 10 jul. 2011.

MARQUES, Rafael da Silva. Os Aparelhos Ideológicos de Estado: Breves Considerações Sobre a Obra de Louis Althusser. 2008. Disponível em : http://www.ihj.org.br/pdfs/rm2008.pdf . Acesso em 10 jul. 2011.

RESENDE, Maria do Rosário Silva. A Educação com Base em uma Formação para a Emancipação: Uma Reflexão. 2003. Disponível em : http://www.revistas.ufg.br/index.plnp/interacao/article/download/1439/1442 . Acesso em 10 jul. 2011.


Publicado por: daniel da costa reis

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