Modelo de Inovação Para Estruturas Organizacionais
Breve resumo sobre modelo de inovação para estruturas organizacionais.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Para inovar são necessárias tecnologias ou técnicas? O que distingue inovação de invenção? Você concorda que esses termos nos causam dúvidas? Quais são os elementos da inovação?
Desde os tempos das cavernas o homem sempre tentou superar os obstáculos a ele impostos pela natureza e, na busca pela sobrevivência, ele inventou ferramentas a fim de facilitar sua segurança e a busca por alimentos. Nesse processo, ele aprendeu a se utilizar da pedra, do fogo, dos metais e culminou com a invenção da roda. Mas, quando nos referimos à inovação, provavelmente pensamos em invenção – ou criar algo novo – e acabam surgindo as seguintes dúvidas: Para inovar são necessárias tecnologias ou técnicas? O que distingue inovação de invenção? Você concorda que esses termos, em um primeiro momento, nos causam dúvidas? Para esclarecermos essas questões devemos compreender a diferença entre esses termos, conforme os conceitos a seguir.
Do ponto de vista conceitual, uma primeira distinção é usualmente feita entre tecnologias e técnicas. A tecnologia pode ser definida como conhecimento sobre técnicas, enquanto as técnicas envolvem aplicações desse conhecimento em produtos, processos e métodos organizacionais. Outra distinção importante é feita entre invenção e inovação. A invenção se refere à criação de um processo técnica ou produto inédito. Ela pode ser divulgada através de artigos técnicos e científicos, registrada em forma de patente, visualizada e simulada através de protótipos e plantas piloto sem, contudo, ter uma aplicação comercial efetiva. Já a inovação ocorre com a efetiva aplicação prática de uma invenção ([1]).
Para Rodriguez y Rodriguez (2010, p. 310), “a inovação é regida por dezenas de princípios e requisitos complexos que interagem e se complementam. Ações pontuais e isoladas definitivamente não transformarão uma organização em uma empresa inovadora”. A inovação deve ser parte da cultura da empresa e permear todas as áreas da companhia. Algumas empresas criam seus departamentos de inovação e podem, em dados momentos, alcançar resultados significativos, acelerando processos e liderando mudanças. Entretanto, o ideal é que a cultura organizacional incorpore de tal forma o espírito de inovação que os profissionais de todas as áreas assumam a responsabilidade para inovar, seja nos laboratórios de P&D – Pesquisa e Desenvolvimento, seja no atendimento ao cliente, no departamento de crédito e cobrança, e assim por diante (RODRIGUEZ y RODRIGUEZ, 2010).
Freitas Filho (2013) enfatiza que, para inovar, é fundamental a coexistência de três (3) elementos: conhecimento, criatividade e empreendedorismo. Uma inovação muito raramente nasce ao acaso. Você já deve ter ouvido, em alguma fase da sua vida a seguinte frase de nossos antepassados: “a necessidade é a mãe da imaginação”. Nesse sentido, os elementos da inovação são descritos por esse autor da seguinte forma:
- Conhecimento: um dos elementos para a geração é o conhecimento. Não se inova se não houver conhecimento sobre o assunto. E esse é um ponto muito importante quando se vai rodar uma seção de geração de ideias. Nesse tipo de evento, a fase de preparação é fundamental e os conhecimentos sobre o assunto devem ser nivelados de alguma forma, ou especialistas sobre o assunto devem participar do processo.
- Criatividade: a criatividade é o princípio da inovação. Sem criatividade, não se inova. Pessoas criativas são fundamentais em seções de geração de ideias, pois são elas que produzirão o maior número de propostas e farão as ligações e farão as ligações entre as ideias apresentadas.
- Empreendedorismo: O empreendedorismo é o fazer acontecer, é pôr a ideia em prática, é implementá-la. Pessoas com este perfil são fundamentais para que haja inovação. São elas que irão tirar as ideias do papel e farão o caminho da ideia à realidade.
A inovação contribui de diversas formas para o sucesso das organizações e, uma forma que merece destaque no cenário atual, é a obtenção de diferencial competitivo por meio da cadeia de valor. A cadeia de valor é considerada uma importante ferramenta estratégica para identificar oportunidades de inovação em diversos níveis da organização, melhorando a performance do sistema, até o projeto de ofertas de produtos ou serviços inéditos. O ato de inovar, na vida pessoal ou profissional, implica necessariamente em sair da zona de conforto, promover mudanças, fazer as coisas de um modo diferente, criar algo novo, transformar o meio à nossa volta.
As pessoas normalmente associam inovação à invenção, o que é errado. Para ser inovador basta apenas mudar um processo ou um procedimento, tornando-o mais eficaz. A inovação se transformou em um imperativo organizacional. É importante para que a empresa obtenha um diferencial competitivo, ou vantagem competitiva, atraindo com isso a preferência do consumidor por meio de programas de inovação. Os programas inovadores desenvolvidos pelas organizações estão atrelados à uma estrutura organizacional voltada para inovação dentro de uma empresa.
Estrutura Organizacional Para a Inovação.
Conforme Rodriguez y Rodriguez (2010, p. 247), “os atuais gestores começam a olhar para a adoção de um modelo de inovação altamente colaborativo, a inovação aberta ou open innovation”. Este modelo pressupõe que o conhecimento para promover inovações é encontrado em qualquer lugar da rede de valor da organização e do mundo globalizado. Desta forma, qualquer empresa que queira se tornar inovadora deverá abrir as portas de sua organização para ideias que venham de fora; de centros de pesquisa, universidades, outras empresas, mesmo que concorrentes.
Nesse sentido, Freitas Filho (2013) destaca que, ao se criar um programa de inovação dentro de uma empresa, o sucesso vai depender de alguns fatores: é preciso que haja patrocínio do principal executivo da empresa; que se tenha uma pessoa que gerencie todo o processo, desde a geração de ideias até a análise dos resultados e os times que irão conduzir os projetos de inovação, além do suporte das diversas áreas da empresa, pode ser necessária também a figura do mentor de inovação, ou seja, do profissional treinado na metodologia e ferramentas de inovação que irá auxiliar os times a gerar e captar ideias e conduzir seus projetos.
Com relação à formação do Comitê Executivo – que é o grupo que irá definir as estratégias de inovação da empresa e que irá monitorar os resultados – Freitas Filho (2013, p. 69) descreve: É normalmente formado pelos principais diretores e pelo gestor de inovação, que se reúnem mensalmente para avaliar o desenvolvimento do programa de inovação. O gestor de inovação tem um papel fundamental no comitê, pois ele é o responsável pelo repasse das informações sobre o andamento do programa e dos projetos, bem como pela análise preliminar dos resultados. No comitê são discutidos os projetos, analisados os indicadores e monitoradas as metas. As diretrizes de trabalho também estão a cargo do comitê.
Mas, a construção das organizações requer que elas sejam abertas à mudança, ou seja, capazes de aprendizado contínuo, é uma das principais tarefas da estratégia de inovação. P&D e outras funções relacionadas dentro da empresa são aspectos fundamentais dessa capacidade de aprendizado. No entanto, a natureza e o propósito das atividades tecnológicas das grandes empresas variam bastante. É possível comparar as atividades de P&D de interesse para diferentes áreas da empresa ([2]):
- Nível Empresarial: as perspectivas de tempo são longas, o feedback de aprendizagem é lento, as conexões internas são frágeis, as conexões com fontes externas de conhecimento são fortes, e os projetos são relativamente baratos.
- Nível da Unidade de Negócios: as perspectivas de tempo são curtas, o feedback de aprendizagem é rápido, as conexões internas (com produção e marketing) são fortes, e os projetos são onerosos.
Os mesmos autores enfatizam que o equilíbrio dessas várias atividades é uma tarefa extenuante que envolve escolhas entre (i) P&D (e outras atividades tecnológicas) desempenhada em divisões operacionais e no laboratório empresarial; (ii) P&D (e outras atividades tecnológicas) desempenhadas no país de origem da empresa e em países estrangeiros. Até pouco tempo atrás, um método prático bastante adotado para decidir as atividades de P&D deveriam ser desempenhadas era:
- P&D de suporte para negócios já existentes (como produtos, processos, divisões) deveria ser alocada em divisões estabelecidas.
- P&D de suporte para novos negócios (como produtos, processos, divisões) deveria, inicialmente, ser alocada em laboratórios centrais, e depois transferida para as divisões (estabelecidas ou recentemente criadas) para exploração.
- P&D de suporte à produção estrangeira deveria ser alocada perto daquela produção estrangeira e estar voltada, principalmente, para a adaptação de produtos e processos às condições locais (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008, pp. 226-227).
Gestor da Inovação: é a peça principal do programa de inovação. É ele quem lidera o desenvolvimento, a implantação e o gerenciamento do programa de inovação. É o responsável em receber as diretrizes e metas da alta direção da empresa e transformá-las em projetos que gerem os resultados para que as metas sejam atingidas. O gestor de inovação também é a pessoa que vai puxar os times para geração e implementação dos projetos de inovação. A seguir seguem as principais atividades do gestor de inovação:
- Auxiliar o Comitê Executivo na elaboração do plano estratégico de inovação;
- Coordenar as reuniões do Comitê Executivo;
- Apresentar ao Comitê Executivo o andamento do programa de inovação, o cronograma dos projetos, os resultados alcançados e os planos de ações;
- Gerenciar o programa de inovação;
- Aplicar a política de reconhecimento e recompensa;
- Conduzir as seções criativas para geração de novas ideias;
- Treinar e dar suporte na competência inovação aos colaboradores que participam do programa;
- Buscar alternativas de fomento junto aos órgãos do governo e aplicar os projetos aos editais;
- Gerenciar a criação e aplicação de patentes;
- Criar uma cultura de inovação na empresa (FREITAS FILHO, 2013, pp. 69-70
Mentores da Inovação: A implantação de um programa de inovação em uma empresa exige que os participantes se capacitem na competência da inovação. Dependendo do número de pessoas envolvidas, é necessário que, além do gestor de inovação, outras pessoas se capacitem nessa competência, que são os mentores da inovação. Eles receberão os treinamentos necessários e serão preparados para assumir parte das atividades do gestor, principalmente aquela de suporte aos times de projeto. Quanto mais pessoas capacitadas na competência, mais fácil se torna a criação de uma cultura de inovação, pois os mesmos mentores também serão os disseminadores da inovação na organização (FREITAS FILHO, 2013, p. 70).
Times de Projetos de Inovação: a formação de times de inovação vai depender muito de como o programa de inovação foi estruturado. Existem diversas atividades que precisam ser realizadas que vão desde a geração e captação de novas ideias até a implementação das mesmas. Os times de projeto podem ser formados já na fase de geração de ideias. Nesse caso é recomendável é que haja a participação de pessoas de todas as áreas da empresa. Isso irá permear a cultura corporativa de inovação. Cada pessoa que participa na geração de novas ideias torna-se um disseminador em potencial de inovação (FREITAS FILHO, 2013, p. 70).
REFERÊNCIAS
FREITAS FILHO, Fernando Luiz. Gestão da inovação: teoria e prática para implantação. São Paulo: Atlas, 2013.
RODRIGUEZ y RODRIGUEZ, Martius Vicente. Gestão do conhecimento e inovação nas empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2010.
([1]) TIGRE, Paulo B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006
([2]) TIDD, Joe; BESSANT, John; PAVITT, Keith. Gestão da inovação. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.
JULIO CESAR S. SANTOS
Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial e especialista em Marketing Estratégico
Publicado por: JULIO CESAR DE SOUZA SANTOS
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.