Liderança Servidora: Os Novos Líderes
A liderança servidora na administração aplicando o pensar não somente nos negócios, mas também nas pessoas.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
Introdução
Muito se fala em liderança, mas o que vemos são sempre os mesmos conceitos baseados nas teorias de estudiosos de décadas atrás, que são aprendidos nas faculdades e até nos treinamentos que tem o assunto como temática. Mas será que esses conceitos ainda geram resultados?
O mundo está cada vez mais mutante e as mudanças cada vez mais rápidas. Alguns novos modelos de gestão estão tomando lugar nessa nova realidade e não poderia ser diferente no tocante a liderança, tema bastante discutido no meio dos negócios, mas também nas outras áreas onde haja atuação de grupos e equipes.
James C. Hunter trouxe uma nova tendência de liderança que certamente será o modelo mais utilizado nas próximas décadas, a liderança servidora.
Surgido há apenas alguns anos, esse modelo vem ganhando força a cada dia nas organizações e na vida de executivos de alta direção das mais variadas empresas.
A liderança servidora na administração consiste em aplicar o pensar não somente nos negócios, mas também nas pessoas. Essa é talvez a mais importante mudança que deve ocorrer nas empresas para torná-las mais competitivas no mercado.
O Conceito de Liderança
FIORELLI (2004) define a liderança como sendo “a capacidade de exercer influência sobre as pessoas.” Para ele existe um forte componente emocional no exercício da liderança e a mesma instala-se pela emoção. Ele afirma ainda que líderes são pessoas significativas para os liderados.
É preciso distinguir liderança de líder, muito embora esses dois conceitos geralmente sejam confundidos.
A liderança é a capacidade de envolver e influenciar pessoas, podendo ser nata ou desenvolvida. O líder é aquele que está no comando, mas que não necessariamente possuirá liderança.
Segundo SPECTOR (2003), só porque alguém está no comando isso não quer dizer que as pessoas irão ouvi-lo ou fazerem o que esse alguém diz.
O líder além de ser capaz de influenciar é dotado de habilidades de comunicação, empatia e senso de justiça. Um líder deve servir de exemplo e acima de tudo ser ético.
Existem vários estilos de liderança e cada um deles tem seus pontos positivos e negativos, mas a personalidade de quem dirige interfere e muito na maneira de liderar. Os principais tipos de liderança são:
Democrático;
Autocrático;
Liberal;
Carismático.
Mas há também o que vem sendo discutido como tendência do futuro, o Servidor, que traz uma nova forma de liderar as pessoas, tornando-as parte importante dos processos os quais estejam inseridas.
Veremos a seguir algumas das características dos principais estilos de liderança para finalmente chegarmos ao estilo servidor, sua origem, forma de atuação e perspectivas.
Líder Democrático
Nesse estilo todo o grupo pode e deve contribuir com sugestões. A responsabilidade do líder é dirigir as opiniões para que na prática atinjam os objetivos esperados. O grupo passa a entender que atingir os objetivos é responsabilidade de todos.
O líder com este estilo geralmente tem um conceito equilibrado de si e não teme que hajam liderados melhores do que ele em determinados aspectos.
Aqui a dificuldade é a demora na tomada de decisões em tempos de crise.
Líder Autocrático
Caracteriza-se pela confiança na autoridade e pressupõe que os outros nada farão se não lhes for ordenado. Geralmente não se importa com o que os liderados pensam além de desestimular inovações.
Ele julga-se indispensável, mostrando que apenas a sua maneira de fazer as coisas é a correta. Toma uma postura muitas vezes paternalista, sentindo-se feliz por perceber que os outros dependem dele. Divide pouquíssimo serviço. Centralização é sua maior característica.
São comuns a esse estilo reações coléricas, de irritação e incompreensão com erros alheios. Infunde certo temor nos liderados.
As decisões são tomadas com rapidez, o que é muito positivo. Mas, quando um líder autocrático termina seu mandato, muitas vezes o grupo fica perdido, pois não está acostumado a tomar decisões próprias, provocando um vazio no poder de comando.
Líder Liberal
Este acha que seu principal trabalho é a manutenção do que já foi conseguido. Não dá ordens, não traça objetivo, não orienta os liderados, apenas deixas as coisas correrem. É comum encontrarmos liderados inconformados com essa atitude.
Esse estilo geralmente é exercido por pessoas que ausentam com freqüência do grupo. Não querem ter o trabalho de organizar, planejar e fiscalizar. Em muitos casos, foram eleitos porque ninguém queria o cargo ou então porque queriam apenas o título de líder, não tendo a garra e a vontade de liderar.
Líder Carismático
É aquele líder que surge no meio do grupo por empatia e influência positiva. Geralmente os próprios membros identificam-no antes mesmo que ele tenha consciência disso. Importa-se com as pessoas, é ético e com boa comunicação. Esse possui a liderança nata. É o tipo que mais se assemelha ao líder do futuro, o líder servidor.
Líder Servidor
LACERDA (2005) relata que o maior propósito dessa liderança é ajudar a sua equipe a se desenvolver, é estar mais preocupado em servir os seus liderados, do que apenas dar ordens. É aquele que percebe que o seu sucesso depende diretamente de sua equipe. Pensando e agindo assim, recebe mais retornos que os outros tipos de liderança. Trata-se de um líder espiritualizado, que ajuda em vez de ser servido e acima de tudo é ético.
O Sentido de Servir no Processo de Liderança
Esse conceito refere-se ao propósito de ajudar as pessoas de sua equipe a se desenvolverem junto à empresa e pessoalmente. É colocar seus liderados como item principal de suas preocupações.
Nesse sentido busca o bem estar pessoal e profissional de cada membro, agindo contrariamente aos modelos em que o líder está para ser servido e dar ordens. Nessa nova realidade, o líder torna-se mais um membro da equipe e deixa de lado aquele antigo conceito de que líder está no topo e apenas observa os outros trabalharem.
Quando se busca ajudar as pessoas, elas por retribuição tornam-se parceiros, e é esse o grande trunfo do líder servidor, é fazer com que todos os membros da equipe percebam que ambas as partes, líder e liderados, são peças do mesmo quebra-cabeça e que juntos se complementam. É fazer uso do “amor”.
O Sentido do Amor no Processo de Liderança
LACERDA (2005) afirma que na liderança, amar significa ajudar ao outro a se tornar alguém melhor, sendo esta a base da liderança servidora.
Embora muitos executivos não aceitem ou ainda não tenham assimilado esse conceito, já é fato que traz mais retornos que os antigos modelos. O amar a que se refere não aquele de pai para filho, de mulher para marido, é um amar ao próximo, ensinamento de Jesus que parece estar sendo inserido nas organizações de forma a ser mais um elemento motivador em busca de mais e melhores resultados. Muitas empresas e alguns líderes já perceberam essa nova forma de gerir pessoas, que está levando grandes organizações ao sucesso.
Espiritualidade e Religiosidade a Serviço da Liderança
A espiritualidade refere-se à capacidade de pensar e perceber que existe algo maior que apenas bens materiais, e perceber que nós, enquanto seres humanos, temos um papel a desempenhar nessa vida. Não envolve rituais religiosos, trata-se de uma filosofia de vida.
A partir do momento que o indivíduo se vê como um ser a cumprir uma missão nesta terra, percebe que a vida é muito mais do que apenas trabalhar e estudar, e algumas empresas que estão valorizando isso no funcionário, estão também colhendo os seus frutos.
A religiosidade, essa sim representa correntes de religiões, que por sua vez conduzem a espiritualidade. A diferença é que segue normas criadas por fundadores da religião, seus rituais e costumes.
O líder servidor além de ser alguém que geralmente também tem um entendimento espiritualizado, é capaz de utilizar essa característica para influenciar as pessoas, ou aproveita essa característica quando identifica em algum de seus liderados, em benefício de toda a equipe. Ele consegue desenvolver o espírito da servidão mútua, proporcionando uma inter-relação mais intensa nos membros entre si e entre o líder.
Papel do Líder Servidor enquanto Gerente no Processo de Mudança na Organização
Segundo DAFT (2002), as pressões para que as organizações se modifiquem provavelmente aumentarão nas próximas décadas e os líderes devem desenvolver qualidades pessoais, habilidades e métodos necessários para ajudar suas empresas a permanecer competitiva. Ele afirma ainda que os gestores devem converter suas organizações em agentes de mudança, utilizando o presente para realmente recriar o futuro.
O líder servidor pode e deve aplicar métodos de desenvolvimento organizacional, os chamados DO, como denominado por ROBBINS (2005). Para ele, as técnicas do DO envolvem valores, feedbacks e treinamentos.
Mudar as pessoas dentro da organização não é tarefa fácil, mas cabe ao gestor criar métodos que levem sua equipe a uma melhor performance profissional e pessoal, principalmente em tempos em que a competitividade é que dita as regras do mercado.
Embora não seja tarefa fácil mudar comportamentos e atitudes das pessoas, para um líder servidor isso é uma conseqüência natural do seu estilo de liderança e forma de agir com as pessoas. Ele é quem passa a receber o feedback dos liderados e busca reformular métodos e processos baseados nas reais necessidades dos membros do grupo, pois acredita que estes por estarem constantemente inseridos no processo, compreendem melhor as dificuldades. Logo, busca reformular os processos de forma a obter um melhor retorno da equipe.
Com esse empenho em atender os anseios e buscar eliminar as dificuldades do grupo, o líder servidor, por assim pensar nas pessoas, consegue sutilmente fazer acontecer o processo de mudança na organização, fato que não é facilmente conseguido por outros estilos de liderança. Tipos como o autocrático não conseguem mudar a organização, ou conseguem apenas sob sua pressão.
O que os Novos Líderes Precisam Aprender
Deverão aprender a serem indivíduos com uma formação técnica atualizada, mas principalmente deverão ter uma excelente sensibilidade para o trato com as pessoas e as equipes.
Deverão desenvolver habilidades de trabalhar, entender e motivar pessoas, sendo este último um dos grandes desafios que se apresentam neste século, muito embora seja um conceito antigo.
É preciso conseguir manter a motivação dos funcionários, fazendo-os perceber que são partes integrantes e importantes dos processos da empresa.
Os novos líderes precisam aprender que aquele modelo “de cima para baixo” já não obtém mais resultados satisfatórios e que o modelo agora deverá ser horizontal. Tem que perceber que pesando no funcionário, este também pensará nele e o ajudará na realização dos objetivos. Esse é o princípio da liderança servidora.
Jesus foi um grande líder porque pensava nas pessoas, se preocupava e buscava ajudá-las, e assim as pessoas o seguiam. É preciso que os novos líderes pensem nas pessoas e busquem servi-las. Assim elas o seguirão e formar-se-á então, um grupo, uma equipe.
Conclusão
Existem muitos estudos e conceitos acerca do tema liderança, mas todos sempre envoltos dos mesmos modelos existentes que já não estão mais obtendo resultados satisfatórios como antes. Um novo conceito veio para mudar e está ganhando força nas organizações, pois seus resultados estão se tornando cada vez mais visíveis, a liderança servidora. Esse estilo baseia-se no exemplo do maior líder que já existiu: Jesus.
Percebeu-se que a forma com que ele conduzia e influenciava as pessoas merecia um estudo mais aprofundado, retirando-se a questão religiosa. Logo, verificou-se que o simples fato de pensar e se preocupar com as pessoas foram fatores determinantes em sua grande influência sobre elas. Então, sua forma de agir foi prontamente denominada de servidora e como conseguia influenciar, logo se nomearia de liderança servidora.
As organizações que já tinham visão de futuro passaram a utilizar esse método de um passado distante e perceberam que essa forma de liderança passou a ser uma nova porta que se apresentou para o amento da geração de resultados, era a chave que faltava para apertar as engrenagens organizacionais que já vinham se desajustando. Contradizendo muitos dos estilos de lideranças anteriores, passou-se a estimular e aplicar esse modelo em algumas organizações, e estas obtiveram retornos maiores do que antes.
Com funcionários mais motivados e se sentido parte importante do processo, as empresas melhoram seu desempenho no mercado e conseqüentemente tornam-se mais competitivas.
Cabe agora aos novos lideres buscarem se desenvolverem dentro dessa nova realidade e tornarem-se também mais competitivos, profissional e pessoalmente.
Referências
DAFT, Richard L. Organizações: Teorias e Projetos. São Paulo: Pioneira, 2002.
FIORELLI, J.O. Psicologia para Administradores. São Paulo:Atlas, 2004.
HUNTER, James C. O Monge e o Executivo. 15 ed. Rio de Janeiro: Sextante,2004
LACERDA, Daniela. O Líder Espiritualizado. Você S.A. São Paulo, n 82, p.22-30, Abr 2005
ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
SPECTOR, Paul E. Psicologia nas Organizações. São Paulo: Saraiva,2003.
Publicado por: Hamilton Felix Nobrega
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