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Educação para a Paz - Relações Interpessoais na Escola

Informações para a área educacional sobre os relacionamentos interpessoais dentro das escolas

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Resumo: Este artigo apresenta informações para a área educacional sobre os relacionamentos interpessoais que observamos dentro das escolas parceiras, levando em consideração que estamos formando cidadãos. Crianças, adolescentes e adultos que precisam de bons exemplos a se espelhar, bem como serem vistos como seres humanos que têm desejos e necessidades quanto aos seus sentimentos e desenvolvimento pessoal. Sendo que, os profissionais que trabalham nas escolas também têm estas necessidades e a obrigação de dar bons exemplos.

Abstract: School for peace.

Palavras-chave: Educação; Paz; Valores; Relações Interpessoais.

1. Introdução

O objetivo deste documento é mostrar a importância do trabalho sobre valores dentro das escolas para qua possamos propagar a Paz. Isto só é possível através de atividades que envolvam toda a escola e também a comunidade escolar. A escolha deste tema foi feita por acreditar que a Educação para a Paz é de fundamental importância na formação de professores, pois no dia a dia da sala de aula, muitas vezes entramos em conflito com nossos alunos que dizem "não quero fazer, não vou fazer". Outros não respeitam os colegas, o que desencadeia os casos de bulliyng em sala de aula e na escola tornando as agressões frequentes. Sem levar em conta que isso tudo tem cunho social e familiar, tendo influência direta sobre estas ações.

Além disso, nossas escolas parceiras utilizam como teórico norteador Paulo Freire, mas não oferecem atividades que interligam escola e realidade. Os livros continuam sendo as únicas fontes para o preparo de aulas desvinculadas dos interesses dos alunos... Há pouco sendo feito contra estes problemas. Nas escolas parceiras há muitos problemas devido à falta de harmonia entre os alunos. Eles se ofendem o tempo inteiro, sendo necessário um trabalho para tentar amenizar estas questões. Infelizmente, este trabalho ainda não existe sistematicamente, apenas eventualmente.

Em sala de aula, os professores fazem as intervenções que estão ao seu alcance e contando com o auxílio da equipe diretiva quando as coisas tomam grandes dimensões. Diante disso, há apenas um enfoque no que se pode chamar de "apagar incêndios", ou seja, depois que eles se agridem, são chamados, é conversado. Na reincidência, chamam os pais e, em casos mais graves, o Conselho Tutelar.

Para agravar a situação, muitos professores não procuram resolver os problemas de forma harmônica. Há muita falta de tolerância por parte deles o que faz com que os alunos não tenham prazer nem motivos para virem à escola, pois "para que virem até um lugar onde não são acolhidos?”.

Há a necessidade de se buscar a estruturação de um trabalho paralelo, consistente e constante, dando ao aluno segurança e confiança no espaço escolar, através de trabalhos que os envolva como gincanas, projetos pedagógicos, diálogo sobre valores, drogas, violência,... As direções das escolas devem ter como princípio que os alunos participem de todos os projetos que chegam à escola, atingindo também as famílias, trazendo-as até a escola, assim feito em minha escola parceira.

Este é um grande desafio, pois se os professores continuarem tendo pouca tolerância com os alunos, visando apenas o conteúdo e pouco se comunicando com eles, nada avançaremos em prol da paz. Acredita-se que, tanto os pequenos quanto os maiores, necessitam de atenção e acolhimento. Quando há este distanciamento, todo o processo de ensino-aprendizagem e de convívio social fica comprometido. Os demais funcionários da escola tentam intervir através do diálogo, mas há pouco respeito com eles. Assim se pode ver que há boa vontade em intervir em prol de uma Educação para a Paz, mas não tem surtido muito efeito. Por este motivo, não podemos desistir buscando trazer a família - através de projetos - até a escola.

Pretende-se com as atividades deste trabalho, conhecer um pouco mais do dia a dia dos alunos e trabalhar valores como responsabilidade, cuidado, convivência, respeito, amor e amizade e desenvolver a criatividade.

Diante das referências estudadas e da realidade que presenciamos em nossa parceria, é de infinita importância e também fundamental trabalhar paralelamente a outros subtemas, as RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ESCOLA, buscando um convívio mais humano, trazendo prazer ao aluno que frequenta às aulas, resgatando o respeito e o comprometimento entre professor e aluno por serem fundamentais para a propagação de uma cultura de paz!

2. Paz... O que é?

Para entender a dimensão e importância da cultura da paz nas escolas e, em extensão, nas comunidades, devemos ter conhecimento claro do que ela significa:

“Para continuarmos vivos, precisamos de certas coisas. Comida, água, moradia, roupas que nos protejam, ajuda quando estamos doentes ou machucados... Paz é ter as coisas de que se precisa.” (Livro Tempos de Paz, Ed. Global, 1999. Katherine Scholes e Robert Ingpen).

Figura 1. “Paz é ter o que precisamos para viver.” Simone Pizzio

Tendo este pensamento, professores, pais, funcionários e alunos devem focar suas energias na construção de pilares consistentes nos valores morais dentro das escolas e das comunidades em que estão inseridos. Os adultos são modelos para as crianças e adolescentes. Adultos conscientes formam cidadãos conscientes, íntegros e éticos.

O homem muito tem corrido atrás da Paz, esquecendo-se que ela muitas vezes está dentro de si mesmo. Uma comunidade egocêntrica que não leva em consideração o que ocorre fora dela jamais proliferá a paz. Faz-se necessário que sejamos mais humanos para que consigamos atingir os outros. De nada adianta discursos, documentos e leis. A paz se constrói no dia-a-dia entre as pessoas com quem se convive.

3. Atividades realizadas durante o estudo e construção do artigo

Durante a elaboração deste estudo, foram postas em práticas algumas atividades em prol do resgate e da construção dos valores morais nas escolas parceiras, tendo como resultado singelo uma boa convivência – PAZ - nas comunidades escolares em foco:

a) Conhecimento e divulgação dos projetos sociais que as escolas desenvolvem;

b) Conversa com os professores de educação infantil a séries finais para conhecer quais as estratégias que são utilizadas para a construção dos valores morais;

c) Identificação das concepções teóricas nas quais os professores embasam suas práticas pedagógicas, identificando a construção dos conceitos e das práticas dos valores morais nas atividades diárias dos educandos;

d) Conhecendo os motivos dos desentendimentos entre alunos-alunos e/ou alunos-professores e demais relações que ocorrem na escola;

e) Investigando as intervenções feitas quando estes desentendimentos acontecem;

f) Propondo atividades de integração entre todos os segmentos tendo como finalidade auxiliar na construção destes valores e na construção da paz.

4. A procura da Paz

A Paz procura espaço na sociedade de hoje, mas muitas vezes só encontra egoísmo e desencontros. As pessoas não valorizam a paz enquanto a têm. Reclamam muito e pouco dão valor ao sentido real da paz que se espelha no suprimento de nossas necessidades, na oportunidade de estudar, de respirar, de estar vivo...

Geralmente se reclama muito e pouco se reconhece no dia-a-dia. Como se não bastasse, ainda existe o consumismo que leva as pessoas a comprar e até roubar, mesmo sem necessidade:

“Em sua forma mais pura a paz é silêncio interno preenchido com o poder da verdade. Paz é a característica proeminente do que nós chamamos de “uma sociedade civilizada”, e o caráter de uma sociedade pode ser visto através da consciência coletiva de seus membros. (UEMBK – Manual de Valores Maria Radespiel, 2009)”.

“A paz consiste em pensamentos puros, sentimentos puros, desejos puros.” (UEMBK – Manual de Valores Maria Radespiel, 2009)

Paz é quando conseguimos encontrar o ponto de equilíbrio entre o pensamento, a palavra e a ação sendo o primeiro grande princípio da construção da paz a não-violência e os princípios morais.

Nos dias atuais, as pessoas clamam por paz, mas a grande maioria não a cultiva no dia-a-dia. Há uma grande guerra de poder entre os homens de todas as classes sociais que culminam com discussões inúteis, às vezes até mesmo sem propósito.

Segundo Katherini Scholes e Robert Ingpen:

"Pode haver discussões,... ou até mesmo brigas... Até um dos dois lados ganhar. Até conseguir o que quer ou precisa e o outro desistir... Mas pode acontecer algo completamente diferente. Um outro tipo de discussão em que ambos os lados explicam o que querem ou precisam e por que razão... Em que um escuta o que o outro tem a dizer. Em que trabalham juntos na solução do problema, de modo que ambos os lados possam ter aquilo que querem ou precisam - pelo menos em parte..." (Livro Tempos de Paz, Ed. Global, 1999).

Muitas vezes as pessoas aniquilam com sua paz interior por levar fatos para o lado pessoal. Não raras as vezes que as pessoas discordam. Mas, por falta de discernimento, acabam brigando enquanto o problema acaba ficando sem solução e se cria um novo problema que mina as relações interpessoais. Neste sentido, se vê a importância de trabalhar a questão do respeito mútuo, a capacidade de levar em consideração o que o outro tem a dizer e ponderar as opiniões para se chegar a uma solução coerente sem resquícios pessoais. A moral não deve ser abalada por uma perda em discussões para ver quem tem mais razão.

5. Educação para a paz e valores morais

Valores morais e paz andam juntos em todos os sentidos. Cada ser humano tem sua própria história e a cada dia constrói uma nova página. Por este motivo, torna-se perfeitamente acessível o poder se remodelar com novas atitudes, mais coerentes e menos egocêntricas. Todo o ser humano é passível de se reeducar e educar os demais para a construção de um mundo melhor.

“Educar para a Paz consiste em transformar valores da Cultura de Paz em realidade na vida cotidiana”. (Marlova Noleto, 2001)

“Mais do que ensinar a educação para a paz consiste em transformar o ser humano em homem de verdade com princípios e valores humanitários e não egocêntricos.” (Simone Pizzio, 2009)

Para se contribuir para uma cultura de paz devemos seguir bons valores: amizade, zelo, amor, disciplina, respeito, tolerância, responsabilidade, justiça, diálogo... Com estes princípios, o Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não-violência, foi esboçado e milhões de pessoas de todo o mundo assinaram-no comprometendo-se em cumprir seis itens primordiais, propagando a Cultura de Paz em suas famílias, trabalho, cidades, tornando-se “mensageiros da tolerância, da solidariedade e do diálogo”.

“MANIFESTO 2000”

  • RESPEITAR A VIDA
  • REJEITAR A VIOLÊNCIA
  • SER GENEROSO
  • OUVIR PARA COMPREENDER
  • PRESERVAR O PLANETA
  • REDESCOBRIR A SOLIDARIEDADE”.

(Roizman, 2002)

5.1. Valores Morais:

“Conjunto de procedimentos que facilitam a comunicação e as linguagens, estabelecendo laços sólidos nas relações humanas”. (Celso Antunes, 6ª Ed., Ed. Vozes, 2009).

Através das suas relações com o outro é que o homem realmente vive. A qualidade desta relação dependerá dos princípios morais que cada um dos envolvidos tiver construído durante o decorrer de sua vida. Por este motivo a escola é essencialmente importante juntamente s famílias destes indivíduos.

Quando a família falha resta a esperança na escola. Uma escola firme em seus propósitos quanto formadora de cidadãos conscientes de quem são e como devem agir, é indispensável dentro da sociedade.

6. Educação para a Paz: Relações Interpessoais na Escola

Para vivermos bem com as pessoas precisamos saber como comunicar claramente nossos pensamentos e objetivos, dando espaço para a interação e troca de saberes. O tema "Educação para a Paz: Relação professor-aluno e as relações interpessoais" têm grande importância no espaço escolar. Geralmente é na pré-escola que a criança realmente inicia sua socialização com seus colegas, professores, funcionários e o espaço escolar, onde se criam novos vínculos:

"O vínculo é sempre um vínculo social, mesmo sendo com uma só pessoa; através da relação com essa pessoa repete-se uma história de vínculos determinados em um tempo e em espaços determinados." (Teoria do vínculo - Pichon-Rivière, Enrique, 1907-1977; tradução Eliane Toscano Zamikhouwsky - p. 31).

A partir deste contato, há várias possibilidades de construirmos com eles regras a serem seguidas, discutidas e respeitadas igualmente por todos. Neste momento, podemos ver que se distinguem lideranças e desejos das crianças. Infelizmente, para uma criança que tem pouco contato com regras na família, torna-se difícil a adequação e aí surgem conflitos em sala de aula. Por este motivo, quanto mais cedo expormos as crianças às regras, mais possibilidades de termos um aluno participativo, humano e com autocontrole criamos. Referente às regras, podemos citar o esperar a vez de falar, saber compartilhar, pedir ao invés de pegar, autocontrole entendo as razões e reações do outro:

“Essas revelações não devem jamais ser apresentadas como uma exposição ou como regras incompreendidas que devem ser assumidas para satisfazer o adulto; mas podem ser descobertas através do jogo, numa compreensão que pouco a pouco se construirá." (Relações Interpessoais e autoestima - Antunes, Celso - p. 22).

Tanto para as crianças quanto para os adultos, o jogo é de fundamental importância para compreensão e assimilação das regras de convivência. Outro fator essencial é a família. Ela é o princípio de tudo para a criança. É nela que se desenvolvem os primeiros sentimentos que nortearam nossa existência. Fraternidade, entusiasmo, alegrias, tristezas, seguranças e inseguranças. Tudo isso permeia o relacionamento familiar que refletirá no contexto escolar:

"Onde quer que os pais ou figuras afetivas importantes para as crianças estejam certamente carregarão consigo, em seus corações e suas mentes, essas mesmas crianças. O contrário também é correto afirmarmos: onde quer que nossas crianças estejam, levam consigo a marca que nós, adultos significativos em sua formação, deixamos em suas vidas. Assim são as famílias na vida de cada um de nós, “pequenos ou grandes”: marcam-nos, nos formam nos acompanham, nos ajudam a ser, a escolher..." (LACAN, 1981).

Quando temos uma turma que não se respeita entre seus componentes, onde há a competição de uma forma extrema e os pais estão totalmente ausentes à percepção destes fatos, cabe ao professor procurar entender seus alunos, verificando sua história de vida, e, de forma criativa levar os alunos a outro foco que não seja seu colega, mas os objetos de estudo.

Figura 2 – “Paz significa diferentes coisas para diferentes pessoas, em diferentes lugares e em diferentes épocas de suas vidas”. Livro “Tempos de Paz”, Ed. Global, 1999.

Sabemos também que, para atuarmos bem dentro da sala de aula, é necessário que estejamos em paz e harmonia com nosso grupo de trabalho. Tanto com os alunos quanto com nossos colegas. Sabemos ainda que seja uma tarefa difícil, mas precisamos ter harmonia nas relações. Nas relações há sempre três lados: o meu o do outro e o que está certo. Cabe a nós sabermos administrar quando estamos de um lado ou de outro. Neste contexto, as palavras e suas tonalidades de uso exercem um papel fortíssimo que influenciam as reações do outro.

As relações dos homens se dão através das redes ou pontes que nos ligam aos corações e pensamentos do outro. Assim, temos o poder de tornar nossas relações positivas com resultados promissores ou não. Dentro deste novo contexto, as ideias não devem se perder, mas se engajarem umas às outras dando uma dimensão única em prol de um objetivo conjunto.

Figura 3 – “Somente através da união de nossas forças é que poderemos realmente construir a Paz.” Simone Pizzio.

Na escola, todos os seus integrantes devem ter como objetivos principais o conhecimento e a construção de valores consistentes para a vida. Não podemos nos deter apenas na transmissão de conteúdos. O aluno que está a nossa frente, depende de nós para desenvolver-se de forma integral, tanto intelectual como socialmente. Para ele, a relação que estabelecermos entre professor-aluno será de grande importância neste processo. Precisamos ter em mente que somos adultos e nosso aluno ainda está em processo de aquisição de conhecimentos e de formação da sua personalidade. Por isso, temos de "tentar" saber como "tocá-lo", sensibilizando-o para a construção de valores construtivos.

7. REFERENCIAIS:

PICHON-RIVIÈRE, ENRIQUE, Teoria do vínculo_1907-1977, tradução Eliane Toscano Zamikhouwsky.

RADESPIEL, MARIA, UEMBK_MANUAL de Valores Maria Radespiel, 2009.

ANTUNES, CELSO, Relações Interpessoais e autoestima, 6ª Ed., Ed. Vozes, 2009.

SCHOLES KATHERINI E INGPEN ROBERT, Tempos de Paz, Ed. Global, 1999.

ROIZMAN, Manifesto 2000, 2002.


Publicado por: Simone Da Rosa Pizzio

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