COMPETÊNCIAS REQUERIDAS DO PROFISSIONAL DOCENTE NA PERCEPÇÃO DOS ALUNOS
Analisar o grau de relevância concedido às competências dos profissionais docentes na percepção dos discentes, verificando se os professores dos alunos participantes às possui.O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.
RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar o grau de relevância concedido às competências dos profissionais docentes na percepção dos discentes, verificando se os professores dos alunos participantes às possui. A metodologia do estudo tem natureza descritiva e caráter quantitativo, tendo como amostra 101 estudantes matriculados em uma instituição de ensino superior privada no interior do estado de Goiás. O levantamento foi realizado por meio de um questionário adaptado de Rezende e Leal (2013) e dividido em três blocos composto por uma seção de dados de identificação do respondente (gênero, idade, curso e período) com o intuito de tracejar o perfil do estudante; uma outra seção que exibiu definições de algumas competências (didática, relacionamento, domínio da área de conhecimento, experiência de mercado, exigência, flexibilidade, criatividade, comunicação, liderança, planejamento, comprometimento e empatia) requeridas dos profissionais docentes na qual os respondentes iriam avaliar o grau de importância de cada uma; e a última seção em que os alunos teriam que analisar se os seus professores possuem as características apresentadas na seção anterior. Os resultados apontaram que para os estudantes respondentes as competências que são fundamentais e possuem maior relevância aos profissionais docentes estão relacionadas ao planejamento, comprometimento, domínio da área de conhecimento e comunicação, estas competências também estão presentes nos professores dos alunos respondentes. A competência exigência não é considerada relevante e a competência flexibilidade não é evidenciada nos docentes dos alunos participantes do estudo.
Palavras-chave: Competência. Docentes. Percepção discente.
INTRODUÇÃO
O papel exercido pelo docente é de extrema importância na formação dos discentes e na preparação dos mesmos para se tornarem excelentes profissionais. Vasconcelos (2010) alega que as competências dos docentes influenciam de maneira formidável no processo de aprendizagem e que o conceito “competência” vem sendo bastante discutido na atualidade devido as evoluções ocorridas no mundo. Essa discussão permite que todos os campos, seja acadêmico ou qualquer outro, possa se aperfeiçoar para acompanhar as inovações e obter resultados incríveis em suas tarefas.
Bittencourt (2001) alega que a expressão competência possui várias definições, porém, a grande maioria delas está relacionada ao conhecimento, às habilidades e às atitudes. Tais características quando postas em prática proporciona aos indivíduos um diferencial imenso nas atividades realizadas e nos resultados atingidos. A competência é elemento indispensável para contribuir com o sucesso nas tarefas realizadas por qualquer pessoa, mesmo que ela seja vista como qualificada e competente para exerce-las é sempre bom melhorar e aperfeiçoar o que se faz. Boyatzis (2004) afirma que aquele indivíduo que sabe o que se deve fazer, quando e como, tem chances extraordinárias de obter melhores resultados em suas funções.
Nesse contexto, o presente estudo tem a finalidade de avaliar: quais são as competências requeridas dos docentes na percepção dos discentes? Sendo então, o objetivo da pesquisa o de identificar as competências que um profissional docente tem que ter e se os professores dos alunos respondentes possuem tais características, tendo como base o estudo feito por Rezende e Leal (2013).
Considera-se que esta pesquisa possa oferecer contribuições reflexivas aos alunos e professores sobre os saberes necessários à docência, além de proporcionar conhecimento no que se refere ao desenvolvimento, à qualificação e às melhorias. Segundo Karawejczyk e Estivado (2003, p. 8) “é preciso aprender, transmitir e acima de tudo, inventar novas formas de trabalhar”. Vasconcelos (2010) afirma que o estudo sobre as competências requeridas à docência possibilita aos professores e alunos entender quais são suas funções e responsabilidades dentro do processo de ensino-aprendizagem, além de proporcionar reflexões sobre técnicas que podem ser utilizadas.
O trabalho está dividido em cinco seções. De início uma breve introdução que descreve o tema, logo em seguida tem-se o referencial teórico que apresenta as principais definições do assunto abordado e sua fundamentação. Posteriormente a metodologia e logo após os resultados apurados. Por fim, as considerações finais da pesquisa.
REFENCIAL TEÓRICO
Conceitos e a caracterização de competências
Por conta da necessidade de se tornar melhor e de aperfeiçoar no que se refere as práticas gerenciais, o estudo sobre conceito, definição e características de competências vem sendo extremamente abordado, principalmente no âmbito acadêmico e empresarial. Segundo Cardoso, Riccio e Albuquerque (2009, p. 366), “o termo competência tem como origem a palavra competentia, do latim, que significa a qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, de fazer determinada coisa, com capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade”.
Ainda que o conceito e características das competências vem sendo estudado e discutido há algum tempo, na atualidade essa discussão vem ganhando mais ênfase. Vasconcelos (2010) afirma que isso é devido às evoluções do mundo como um todo, aumento das concorrências, avanço da tecnologia, entre tantos outros acontecimentos. Com isso, consequentemente, todos os campos: acadêmico, empresarial ou qualquer outro, teve que e deve estar sempre aperfeiçoando as práticas gerenciais, as relações de trabalho, as metas propostas e as tarefas a serem postas em prática.
Por estar sendo explorado ao longo dos últimos anos, o termo competência é imensamente complexo e não possui uma definição específica e, por isso, acaba apresentando várias definições, porém elas estão sobretudo associadas ao conhecimento, às habilidades, às atitudes, às estratégias, às responsabilidades e em saber aprender, realizar, modificar, ensinar, estimular e cativar (BITTENCOURT, 2001).
Pereira (2007) ressalta que apesar das competências de cada indivíduo estarem relacionadas ao seu desempenho independente da atividade executada por ele, existem dois tipos de concepções referentes ao tema competência que sobressaem sobre quaisquer outros, sendo eles: concepção comportamentalista que consiste em condições capazes de aumentar o desempenho do indivíduo e a concepção construtiva que relaciona trabalho com educação e destaca que a competência é resultado de aprendizagem.
A competência é um conjunto composto por conhecimento, habilidades e atitudes, tais características influenciam na qualidade de cada indivíduo, sendo assim, quando utilizadas na prática de atividades exercidas pelas pessoas acaba proporcionando um diferencial no desempenho e, consequentemente, nos resultados e objetivos alcançados (RABAGLIO, 2006). O Quadro 1 busca facilitar o entendimento sobre os requisitos citados por Rabaglio (2006).
Quadro 1 - Vamos tomar um CHA de competência?
C |
H |
A |
Conhecimentos |
Habilidades |
Atitudes |
Saber |
Saber fazer |
Querer fazer |
O que sabemos mais não Necessariamente colocamos em prática. |
O que praticamos, temos experiência e domínio sobre. |
As características pessoais, que nos levam a praticar ou não o que conhecemos e sabemos. |
Fonte: Rabaglio (2006, p. 22).
Competência é uma característica contida nas pessoas podendo ser uma habilidade, expressão, imagem pessoal, papel social ou conhecimento. Boyatzis (2004) explica que para compreender a definição de competência basta explorar no que se diz respeito ao conhecimento, às habilidades e às atitudes. O indivíduo por mais que seja considerado capaz naquilo que faz às vezes não consegue atingir os resultados que almeja ou às vezes quer simplesmente se tornar excelente em sua função para melhores resultados. Para isso, ele precisa pôr em prática todo o seu conhecimento, suas habilidades e ter atitude (agir), dessa forma, ele irá saber adequadamente o que precisa ser feito, como e quando será feito e o porquê, o que possibilitará que ele se torne um ótimo profissional, melhorando seu desempenho nas atividades que exerce.
Parry (1996) define competência como a conciliação entre conhecimentos, habilidades e atitudes. Para ele, esse conjunto atinge diretamente as tarefas realizadas pelo indivíduo que, por meio da prática, treino, disposição, estratégias, procedimentos, adequações, estudos, melhoras e desempenho, acaba tendo ótimos resultados no âmbito em que atua (PARRY, 1996).
A competência é constituída por ingredientes fundamentais, tais como: formação profissional, características pessoais (biografia e socialização) e a experiência profissional. Le Bortef (1994) acredita que competência é “saber mobilizar” e que não adianta o indivíduo ter conhecimento e capacidade se ele não os pôr em prática. Para o autor, competência é ter conhecimento e saber quando e como agir e não simplesmente em apenas ter conhecimento e não usufruí-lo. O indivíduo apresentar conhecimentos e capacidades não quer dizer, necessariamente, que ele seja competente.
Para Fleury e Fleury (2000, p. 187):
A noção de competência aparece assim associada a verbos como: saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber engajar-se, assumir responsabilidades, ter visão estratégica. Do lado da organização, as competências devem agregar valor econômico para a organização e valor social para o indivíduo.
Portanto, o termo competência está ligado de forma direta ao sucesso das organizações e também ao sucesso do profissional. Competência se resume basicamente em responsabilidades e estratégias que devem ser usadas de maneira correta para que agregue valor às atividades feitas.
É responsabilidade do próprio profissional o progresso, evolução e desenvolvimento da competência, já que é ele quem realiza as suas ocupações por meio de um agrupamento de tarefas. O diferencial das tarefas exercidas está na forma de como realizá-las e nem sempre em ter que substituí-las por outras ou até mesmo acrescentar mais algumas, sendo assim, é importantíssimo que o profissional reveja suas tarefas e consiga detectar, distinguir e prever as competências que contribuiriam de forma positiva, agregando valor às atividades executadas em seu trabalho e, consequentemente, proporcionando melhores resultados, alcances de metas e/ou objetivos com mais excelência, qualidade, transparência e eficiência (ZARIFIAN, 2001).
Deste modo, Nassif, Hanashiro e Torres (2010, p. 367) concluem que “o senso comum entende a semântica da palavra competência como: as pessoas é que são ou não competentes”.
Competências requeridas do profissional docente
As competências necessárias à docência vem sendo um tema estudado e discutido nos últimos tempos. Para Zabalda (2000), as competências necessárias a um professor estão simplesmente baseadas em saber planejar, selecionar e organizar processos e conteúdos disciplinares e de ensino-aprendizagem, estar disposto a todo momento a oferecer informações e explicações aos discentes procurando ser comunicativo e esclarecedor, estar sempre em busca de novas referências e conhecimento, procurar identificar e se adaptar as novas tecnologias e ao ambiente no qual exerce sua função, saber avaliar e, por fim, porém não menos importante, trabalhar em equipe.
Para que haja sucesso nos resultados das atividades exercidas pelo docente, ele deve ter algumas competências ditas como necessárias, entre elas destaca-se: a arte de ensinar utilizando procedimentos e técnicas, que é extremamente importante e significativa no âmbito educacional (competência pedagógica-didática); a capacidade de atender a diferentes demandas, adaptar-se à novas táticas, à ambientes distintos e, principalmente, ao local onde trabalha (competência institucional); ter eficácia em gerar novos resultados e/ou melhorar resultados já existentes e ser produtivo (competência produtiva); ter interatividade e ser comunicativo (competência interativa); ser preciso, esclarecedor, compreensível e claro (competência especificadora) (BRASLAVSKY, 1999).
O termo competência engloba muitos fatores e tem valor significativo na qualidade dos resultados atingidos no campo educacional. Machado (2002) acredita que as competências fundamentais que a docência precisa ter estão relacionadas com pessoalidade, o ambiente que é exercido as atividades e mobilização, isto é, um profissional docente deve ter personalidade própria, entender e conhecer significados, materializar-se e familiarizar-se com seu ambiente de trabalho e mobilizar-se a novos saberes, estando sempre disposto a obter conhecimentos novos para repassá-los aos discentes.
Perrenoud (2000) pressupõe que o indivíduo adquire competência antes mesmo de saber que se tornará docente, as características de competência são adquiridas com o tempo e com as experiências de vida, ou seja, tudo que o indivíduo vivencia antes de decidir ser professor acaba, de certa forma, influenciando-o e preparando-o para a execução de suas atividades como docente. Alguns exemplos de competências adquiridas pelo indivíduo com suas experiências de vida e que serão de extrema importância para quando se tornar docente são: a capacidade de compartilhar conhecimento e saberes; comunicação; capacidade de ensinar, organizar, administrar, evoluir, enfrentar problemas situações, deveres e dilemas; transmitir transparência e confiabilidade; influenciar; saber analisar; ser reflexivo; e saber conviver, lidar e agir em equipe e/ou com pessoas de personalidades diferentes.
As competências requeridas ao profissional docente estão relacionadas com o comportamento e o ato de conhecer e ser hábil, isto é, com conhecimento, habilidades e atitudes. Tais competências são apontadas como relevantes para a vida do profissional em seu papel como professor e quando postas em prática proporcionam sucesso em todas as tarefas realizadas por ele, como: na preparação dos conteúdos, nas técnicas de ensino, na interação em sala de aula, na relação do professor com os alunos, nas adaptações efetuadas, em toda didática e em tantas outras, sejam elas envolvendo a parte social ou pedagógica. Altet (2001, p. 28) entende “por ‘competências profissionais’ o conjunto formado por conhecimentos, savoir-faire e posturas, mas também as ações e as atitudes necessárias ao exercício da profissão de professor”.
Vasconcelos (2010) afirma que para o docente apresentar melhores resultados em suas tarefas e melhor desempenho, ele precisa ter competências que sejam significativas, tais como: dominar a área de conhecimento (possuir conhecimentos sólidos, estar disposto a adquirir novos saberes e procurar entender afundo sobre as disciplinas das quais ministra); possuir conhecimento didático-pedagógico (procurar obter conhecimentos fundamentais e conceituais didáticos e pedagógicos); estabelecer relacionamento interpessoal (ser harmônico, prestativo e compreensivo com os alunos, e ter equilíbrio e saber agir e administrar situações em casos de conflitos); trabalhar em equipe (trabalhar de forma coletiva e se dedicar ao trabalho em conjunto); ser criativo (procurar inovar e criar soluções); ter visão sistêmica (refletir com os alunos sobre o que e porque eles estão aprendendo); ser comunicativo (saber conversar, permitir-se ouvir e compreender as necessidades dos alunos); ser líder (influenciar, liderar e incentivar os alunos); ter planejamento (elaborar e organizar planos, ementas e estratégias); possuir comprometimento (comprometer-se em querer obter resultados positivos em suas atividades e se mostrar disponível); ser proativo (obter iniciativas pessoais que contribuam para o aprimoramento do processo educacional como um todo); ter empatia e ser flexível (criar relações de confiança com os discentes, colocar-se no lugar dos alunos, tentar aconselhar e auxiliá-los, e se adaptar a novas situações e estar disposto a rever suas tarefas e fazer uma auto avaliação do seu trabalho como docente).
Saber interpretar, como se comportar, proceder, lidar, quando e como fazer algo, são algumas das consideradas características de competências que um professor deve ter. O diferencial nas competências de um profissional docente está na aprendizagem (individual, grupal e referente ao ambiente em que atua). A aprendizagem é um processo pelo qual as competências são adquiridas ou modificadas, possibilitando que as pessoas adquiram conhecimentos, informações e habilidades por meio da prática, vivência de certas situações, leitura, observações e de tantas outras formas sendo elas verbais ou simbólicas (FLEURY; FLEURY, 2000).
Para Nunes (2000, p. 70):
O professor que investiga e reflete sobre sua prática; planeja, organiza e avalia o seu processo educativo; articula experiências pedagógicas; cria e recria formas de intervenções didáticas, demonstra habilidades e capacidades que estão sendo exigidas pelo mundo contemporâneo, contribuindo para a melhoria de sua competência profissional e da qualidade da educação escolar.
Portanto, o profissional docente que permite a si mesmo mudar, inovar, novos métodos e novas técnicas acaba obtendo resultados positivos em todas as atividades que exerce em seu ambiente de trabalho. O docente quando põe em prática suas competências (conhecimento, habilidades e atitudes) acaba atuando competentemente, compreendendo os problemas, buscando e tendo soluções com mais facilidade de forma rápida e precisa.
Rezende e Leal (2013) realizaram uma pesquisa cujo objetivo foi verificar quais competências são requeridas para os docentes na perspectiva dos discentes de Ciências Contábeis e avaliar o grau de importância atribuída às competências dos docentes desse curso. Os resultados indicam que os alunos acreditam que as competências que possuem maior relevância estão relacionadas ao domínio do conhecimento, à didática e à experiência de mercado.
METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se como descritiva, pois descreve a opinião dos alunos sobre as competências dos docentes. Segundo Gil (2002), a pesquisa descritiva expõe características usando padrões textuais e/ou técnicas padronizadas para coletar dados sobre as variáveis propostas, como, por exemplo, a utilização de questionários.
Quanto aos procedimentos, a pesquisa é classificada como quantitativa. A pesquisa quantitativa quantifica dados e informações visando responder um problema de pesquisa, normalmente são utilizadas para validar hipóteses (D’ANGELO, 2016).
O levantamento de dados foi feito por meio da aplicação de um questionário adaptado de Rezende e Leal (2013) visando obter informações dos alunos quanto as competências requeridas ao profissional docente. Gil (2002) afirma que um questionário é um conjunto de indagações com objetivos específicos e destinado à um público-alvo com o propósito de obter informações sobre algum conteúdo.
O questionário foi estruturado com uma divisão em três blocos de questões. O primeiro bloco remete a uma caracterização dos respondentes (gênero, idade, curso e período); o segundo bloco apresentou definições de algumas competências dos docentes, no qual os respondentes atribuíram nota de 0 a 10 sendo que respostas próximas a 0 são características desnecessárias à pratica docente e notas próximas de 10 expressam características extremamente necessárias; e o terceiro bloco solicitou que os discentes avaliassem de 0 a 10 se os seus professores possuem as características apresentadas no bloco anterior, sendo que notas próximas de 0 não apresentam tais características e notas próximas de 10 apresentam tais características.
A amostra da pesquisa foi composta por discentes matriculados em uma instituição de ensino superior privada do interior do estado de Goiás que tiveram acesso ao link da pesquisa e que aceitaram participar de forma voluntária do projeto. O período de coleta de dados ocorreu nos meses de março e abril de 2018. O questionário foi aplicado diretamente aos alunos por meio de um link enviado a eles via e-mail e WhatsApp e que os direcionava ao Google Docs, local em que o instrumento foi armazenado.
A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva que buscou resumir e simplificar os conjuntos de dados que foram obtidos por meio das respostas dadas pelos alunos participantes do estudo. Para realizar os cálculos necessários e alcançar a média das respostas foi utilizado o Excel.
RESULTADOS
Caracterização dos respondentes
A amostra total desta pesquisa foi composta por 101 alunos, dos cursos de Administração, Agronomia, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Direito, Educação Física, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Psicologia, Química e Sistema de Informação, dos quais 58,41% são do gênero feminino e 41,59% do gênero masculino. Com relação a idade dos alunos, 12,88% estão na faixa etária de 17 a 19 anos, 74,25% de 20 a 29 anos, 8,91% se situam na faixa etária de 30 a 39 anos, 2,97% se encaixam na faixa etária de 40 a 49 anos e 0,99% estão na idade de 50 anos ou mais.
A Tabela 1 apresenta o gênero, cursos dos respondentes e o período em que eles estão cursando.
Tabela 1 - Caracterização da amostra
Gênero |
n |
% |
Feminino |
59 |
58,41 |
Masculino |
42 |
41,59 |
Cursos |
n |
% |
Administração |
17 |
16,84 |
Agronomia |
7 |
6,93 |
Ciências Biológicas |
1 |
0,99 |
Ciências Contábeis |
30 |
29,70 |
Direito |
21 |
20,79 |
Educação Física |
9 |
8,91 |
Engenharia Civil |
3 |
2,97 |
Engenharia de Produção |
2 |
1,98 |
Psicologia |
6 |
5,94 |
Química |
4 |
3,96 |
Sistema de Informação |
1 |
0,99 |
Períodos |
n |
% |
Primeiro |
6 |
5,94 |
Segundo |
7 |
6,93 |
Terceiro |
9 |
8,91 |
Quarto |
8 |
7,92 |
Quinto |
9 |
8,91 |
Sexto |
9 |
8,91 |
Sétimo |
28 |
27,73 |
Oitavo |
10 |
9,90 |
Nono |
6 |
5,94 |
Décimo |
9 |
8,91 |
Fonte: Dados da pesquisa.
Verifica-se que o público feminino se sobressaiu ao masculino. Nota-se que a maioria dos respondentes pertencem respectivamente aos cursos de Ciências Contábeis (29,70%), Direito (20,79%) e Administração (16,84%). É importante ressaltar que a duração dos cursos varia de um para o outro, sendo alguns com duração de 4 anos e outros com duração de 5 anos, assim os respondentes foram estudantes do primeiro ao décimo período, porém, percebe-se um maior número de respondentes no sétimo período (27,73%).
Análise dos resultados
Foram apresentadas aos respondentes 12 competências, sendo elas: didática, relacionamento, exigência, domínio da área de conhecimento, experiência de mercado, flexibilidade, criatividade, comunicação, liderança, planejamento, comprometimento e empatia. Com base nas competências apresentadas, os alunos avaliaram o grau de importância de cada uma delas na docência e logo em seguida classificaram o quanto seus professores as possuem.
Na Tabela 2 é apresentada a média de cada competência, baseada na perspectiva dos estudantes.
Tabela 2 - Análise dos resultados
Competências |
Alunos acreditam ser necessário ao profissional docente |
O quanto os alunos acreditam que os seus professores possuem |
1 Didática |
8,93 |
8,55 |
2 Relacionamento |
8,72 |
8,55 |
3 Domínio da área |
9,24 |
8,92 |
4 Experiência de Mercado |
8,64 |
8,37 |
5 Exigência |
7,51 |
8,50 |
6 Flexibilidade |
8,19 |
8,10 |
7 Criatividade |
8,80 |
8,44 |
8 Comunicação |
9,35 |
8,80 |
9 Liderança |
7,82 |
8,52 |
10 Planejamento |
9,37 |
8,91 |
11 Comprometimento |
9,35 |
8,94 |
12 Empatia |
8,94 |
8,57 |
Fonte: Dados da pesquisa.
Observa-se, na Tabela 2, que na percepção dos discentes respondentes, as competências mais importantes e requeridas aos profissionais docentes são: planejamento (9,37%), comprometimento (9,35%), comunicação (9,35%) e domínio da área de conhecimento (9,24%), ou seja, para os estudantes respondentes é necessário que o profissional docente planeje e programe o conteúdo a ser passado e as atividades que serão executadas (planejamento), que ele assuma responsabilidades em busca de obter resultados positivos no que se diz respeito ao ensino-aprendizagem (comprometimento), que saiba se expressar, transmitir o que sabe e trocar experiências com seus alunos (comunicação) e, por fim, que ele tenha domínio e conhecimento sobre os assuntos que serão discutidos em sala (domínio da área de conhecimento).
A Tabela 2 também possibilita verificar que comprometimento (8,94%), domínio da área de conhecimento (8,92%) e planejamento (8,91%) são as três competências que os estudantes respondentes acreditam que os seus professores possuem. De acordo com as respostas obtidas com a pesquisa, a competência exigência (7,51%) não é considerada importante ao profissional docente e a competência flexibilidade (8,10%), item com menor média, é a menos atribuída aos docentes dos alunos participantes da pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como propósito avaliar quais são as competências requeridas aos docentes na percepção dos discentes e se os professores dos alunos respondentes possuem tais características. Foi aplicado um questionário adaptado de Rezende e Leal (2013) aos alunos de uma instituição de ensino superior privada do estado de Goiás, no qual eles deveriam analisar 12 competências associadas aos docentes.
Verificou-se, na primeira parte da pesquisa, que os discentes nomearam o planejamento, o comprometimento, a comunicação e o domínio da área de conhecimento como as competências requeridas ao profissional docente com maior grau de importância. Os resultados, por mais que tenham apresentado ordens desiguais no que se diz respeito as prioridades de tais competências, foram similares com os resultados de alguns estudos feitos sobre o tema, como os de Braslavsky (1999), Perrenoud (2000), Zabalda (2000), Vasconcelos (2010) e Rezende e Leal (2013). Constatou-se também que os estudantes respondentes não consideram fundamentais e com menor grau de importância as competências: exigência e liderança, pois estas apresentaram as menores médias.
Na segunda etapa da pesquisa, os resultados permitiram identificar que as três competências que os professores dos estudantes respondentes mais possuem são respectivamente comprometimento, domínio da área de conhecimento e planejamento. Por outro lado, flexibilidade e experiência de mercado apresentaram as menores médias, mostrando que para a maioria dos estudantes essas competências não estão entre os quesitos de seus professores.
As competências planejamento, comprometimento e domínio da área de conhecimento ficaram com as maiores médias nas duas partes da pesquisa, na que se refere ao grau de importância de cada competência na docência e na parte em que os alunos tiveram que avaliar se os seus professores possuíam tais competências, mostrando, assim, ter maior grau de importância e que são competências existentes na docência dos professores dos estudantes respondentes.
Acredita-se que este estudo possa contribuir aos alunos e professores proporcionando a eles reflexões sobre os saberes necessários à docência, sobre as competências requeridas e fundamentais que um profissional docente deve ter, além de conhecimento referente à qualificação, desenvolvimento e melhoria da profissão docente. Espera-se que os resultados também possam contribuir para futuros estudos sobre o tema.
Aconselha-se que pesquisas futuras possam abordar uma amostra maior e com alunos de diferentes cursos e universidades de modo a possibilitar que haja comparação entre os resultados.
REFERÊNCIAS
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ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001.
Por Dara Rodrigues Gouveia Silva, Daniela Camasso de Oliveira, Tamires Sousa Araújo e Rayanne Silva Barbosa.
Publicado por: Dara Rodrigues Gouveia Silva
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.