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A enfermagem frente à polifarmácia e o cliente idoso

Um estudo sobre os métodos eficazes de como promover à saúde do idoso em polifarmácia.

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Resumo

Este estudo teve como objetivo descrever alguns métodos eficazes de como promover à saúde do idoso em polifarmácia, visando otimizar o tratamento e o bem-estar do cliente. Trata-se de uma revisão narrativa de literatura com publicações de 2006 a 2013. Diante de um contexto cronológico, o ato de envelhecer inicia-se aos 60 anos nos países em ascensão, como o Brasil, e aos 65 anos nos países desenvolvidos. Alguns estudos apontam que, até 2025 o Brasil ficará em 6º lugar no ranking da maior população idosa do mundo. Diante disso aumenta-se a preocupação com a capacitação dos profissionais de saúde, pois, a maioria não está preparada para atender tal demanda, tendo em vista que os idosos que possuem maior número de diagnósticos, consequentemente adotam maior uso de medicamentos. Com isso a chance de aparecimento de novos problemas relacionados à farmacoterapia aumenta, ampliando também a necessidade de profissionais com conhecimento ostensivo sobre medicações e alterações fisiológicas apresentadas em idosos, e ao mesmo tempo examinando prescrições ou sugerindo possíveis mudanças para aprimorar tratamentos. O Profissional de Enfermagem tem em sua formação a capacitação para realizar estes procedimentos.

Descritores: Polifarmácia, enfermagem, idoso, qualidade de vida.

Abstract

This study objective to describe the most effective methods on how to promote the health of the elderly in polytherapy and aiming optimization between the treatment and the well-being of the client. This is a narrative review of the literature with publications from 2006 to 2013. Before the chronological context, the act of aging begins at 60 years in emergent countries, such as Brazil, and at the age of 65 years in developed countries. Some studies indicate that up to 2025 the Brazil will be in 6th place in the ranking of the largest elderly population in the world. As a result it increases the concern to health professionals, because they are not prepared to meet this demand, with a view that the elderly who have the largest number of diagnoses consequently adopt greater use of medications. Therefore, the likelihood of the appearance of new problems related to pharmacotherapy increases, thus increasing the need for health professionals with knowledge ostentatious about the medication and physiological changes presented in the elderly, in order to assess requirements or suggest possible changes to improve treatments. The nurse is able to perform these procedures.

Descriptors: Polypharmacy, nursing, elderly, quality of life.

Introdução

Considerando que a incidência do envelhecimento tende a aumentar, entende-se também que a prevalência de doenças crônico-degenerativas aumenta, tornando este grupo o mais medicado da sociedade, progredindo assim a suscetibilidade deste aos problemas de saúde.

Devido ao aumento de alterações inerentes à transição epidemiológica expressa pelos idosos, o consumo de medicamentos cresce consideravelmente, podendo-se desencadear dois estados: a polifarmácia e a iatrogenia.1,2,3 A polifarmácia nada mais é que o uso de fármacos prescritos, alguns por sua vez de forma desnecessária, motivando a desistência da terapia, reações adversas, erros de medicação, e, ampliando hospitalizações. Já a iatrogenia é o surgimento de patologias oriundas do uso regular de medicamentos ou a reação mútua de vários fármacos.1,2,3

O resultado do grande consumo de medicamentos interfere diretamente no âmbito clínico e econômico do cliente. Apesar dos resultados provocados pelas mudanças orgânicas que o envelhecimento proporciona, a farmacoterapia é o processo mais empregado no cuidado à pessoa idosa.

A influência do uso exacerbado de medicamentos pode ser enquadrada então, como um potencial problema de saúde pública, já que estão inerentes à expansão da morbimortalidade.4 5

Este trabalho tem por objetivo revisar estudos que mostrem a efetividade da enfermagem em relação aos cuidados com o cliente idoso polimedicamentado, relacionando-os às ações que levem a agregação ou redução da polifarmácia em idosos.

Revisão da Literatura

Este estudo trata-se de uma revisão narrativa da literatura, em artigos publicados no período de 2006 a 2013, obtidos na base de dados SciELO, Lilacs, Bireme, em português. Para o busca dos artigos foram utilizados como descritores: polimedicação, enfermagem, idosos, qualidade de vida. Para clareza do texto, o artigo foi dividido nas seguintes categorias: polifarmácia, a adesão terapêutica na polifarmácia, metabolismo do idoso e a abordagem do profissional enfermeiro.

Polifarmácia

A polifarmácia pode ser definida como a utilização de cinco ou mais medicamentos, tendo origem multifatorial, entretanto as doenças crônicas e as manifestações clínicas provenientes do envelhecimento são destacadas como principais elementos para adesão da polifarmácia.4 6 7

Relaciona-se com a polifarmácia, à acedência do risco e da gravidade das reações adversas a medicamentos, como a precipitação de insuficiência cardíaca, toxicidade cumulativa, erros de medicação, redução da adesão ao tratamento e a culminância da morbimortalidade. 6 7 9

Classifica-se a polifarmácia em duas partes: quantitativa e qualitativa. A quantitativa está diretamente ligada ao número de medicações utilizadas por um único cliente, enquanto a qualitativa se refere à racionalização da polifarmacologia. A polifarmácia quantitativa, por representar somente número de medicações, não leva em consideração os riscos e benefícios que isso causará. Porém, na polifarmácia qualitativa, em termos gerais, existe a análise desde a necessidade da prescrição até o tratamento de uma reação adversa causada pelos fármacos prescritos. 5 7

A adesão terapêutica na polifarmácia

Vários fatores estão ligados à terapia medicamentosa, a começar na harmonia entre prescrição médica e o comportamento do cliente. A relação cooperativa entre o cliente e os profissionais de saúde faz com que a terapia tenha maior resolutividade. Já a não consonância terapêutica requer um conjunto de pressupostos que podem envolver idade, sexo, patologia e a própria equipe de saúde a qual o acolheu. 1 2 7 8

A assistência de enfermagem na terapia farmacológica de cliente idoso é um passo primordial para impulsionar o uso correto de medicamentos. Neste sentido, a abordagem educativa promove colaboração, tanto por parte dos profissionais, que proporciona elucidação de dúvidas e amenizando ansiedades produzindo um efeito real sobre a adesão das condutas terapêuticas, como por parte dos clientes que, consequentemente, se tornam adeptos da qualidade de vida. 10 11 13

Metabolismo do Idoso

Com o passar do tempo, algumas características fisiológicas se transformam, alterando a distribuição, o metabolismo e a excreção das medicações utilizadas pelo cliente idoso. Sendo assim há alteração na ação e na concentração do sítio receptor.9 Como já é sabido, o organismo começa a reduzir suas funções: apresenta xerostomia, diminuição dos movimentos peristálticos, o estômago produz menos ácido gástrico e, consequentemente reduz a perfusão gastrointestinal.10 11 12

O ato de envelhecer resulta em mudanças de alguns órgãos, o que compromete a formação da síntese proteica como também a intolerância a algumas substâncias. Isso implica na disfunção da absorção permitindo que o fármaco fique no organismo por mais tempo. A função renal é prejudicada, fator esse que não pode ser ignorado.12 Tais características levam o cliente idoso a ter drásticas transformações metabólicas gerando assim maior número de enfermidades e resultando na necessidade de aderir a polifarmacoterapia. 9 10

A abordagem do profissional enfermeiro

O papel do enfermeiro está estritamente conectado nos métodos educativos, estimulando o cliente a efetivar o autocuidado empregando técnicas de ensino-aprendizagem e interligando a informação sobre o cliente e a expressão dos seus problemas. O enfermeiro passa a ser reconhecido como um componente confiável no que se refere aos problemas e questões de acondicionamento físico, social, familiar, econômica e emocional.14 15 16

Além de executar atividades pertinentes à profissão como, monitorização de sinais vitais, avaliação, interpretação de diagnósticos e direcionar assuntos psicossociais, o enfermeiro se responsabiliza pela administração de serviços, acompanhamento do tratamento de clientes, encaminhamento ao médico nos casos de descompensação de agravos, como também na divisão de tarefas entre profissionais da saúde. 3 17 18

Portanto, a enfermagem adota a incorporação de métodos educativos para, por meio destes, enfatizar a participação ativa do cliente na promoção da saúde, e, além disso, produzir co-responsabilização com a permuta de experiências, questionamentos e humanização dos clientes, deixando de lado atitudes autocráticas, colaborando assim para uma conscientização e participação ativa na promoção, prevenção e reabilitação da saúde, favorecendo uma interação salubre entre profissionais e clientes idosos que estão em terapia polimedicamentosa. 4 5 20 21

Considerações Finais

Este estudo revela que o profissional de enfermagem, que gerencia cuidados de saúde do idoso, tem tributos notáveis, e, junto à equipe multiprofissional, pode avaliar e propor o uso de fármacos em que determinado cliente idoso irá iniciar, continuar ou interromper, desde que seja para propiciar mais conforto e qualidade de vida, diminuindo riscos e custos. 8 11 12

Neste contexto, enfatiza-se também como papel do enfermeiro, o mais evidente esforço para a prevenção de adversidades arroladas aos medicamentos em clientes idosos polimedicamentados. Para isso, é necessária a contínua avaliação e promoção da utilização coerente de medicamentos, com o intuito de acompanhar prescrições e possivelmente ajudar a reduzir complicações oriundas do uso de vários fármacos. 1 4

Deve-se preconizar a racionalização da polifarmacoterapia. É uma situação complexa tanto para a enfermagem como para a família, sendo imprescindível agregar um contexto biopsicossocial voltado especificamente para o cliente, reconhecendo que sempre haverá reclamações que, clinicamente não serão elucidadas. Portanto é necessário acautelar pseudo diagnósticos e imposições, tornando assim, a relação enfermeiro-cliente a mais amigável possível, envolvendo sempre o cliente na tomada de decisão. 6 7

Conclusão

Com base no estudo realizado, conclui-se que, para alcançar as metas estimadas, o enfermeiro deve colaborar para que os clientes idosos em polimedicação dê ênfase à utilização coerente dos medicamentos. Através da educação, o enfermeiro deve instigar ao cliente idoso à conscientização de que a farmacoterapia é coadjuvante no desfecho de situações de saúde atuais e na prossecução da vida sem extrair dela a magnanimidade. Importantes medidas a serem seguidas são o seguimento e a análise frequentes dos medicamentos, além de avaliação constante da adesão politerapêutica. Sendo assim, terão êxitos o aprimoramento, tanto do conhecimento por parte dos profissionais como das atitudes do cliente idoso em polimedicação.

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Publicado por: VIVIANE BISPO DE LIMA

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