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O caráter dialógico das ciências sociais e das artes visuais

Este artigo busca discorrer sobre a investigação de uma possível relação entre a Sociologia e o estudo das Artes Visuais. Confira

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RESUMO

Este artigo busca discorrer sobre a investigação de uma possível relação entre a Sociologia e o estudo das Artes Visuais, propondo uma junção entre estes campos científicos como desenvolvimento do saber entre os [1]pesquisadores de fenômenos sociais contemporâneos. Estuda a Sociologia enquanto disciplina, como uma área em sistematização a partir da contextualização pedagógica e histórica de sua prática na escola brasileira e pensa na arte como uma atividade livre que pode ser ferramenta de um ensino para uma sensibilidade coletiva; relacionando conteúdos e utilizando o saber fazer das artes visuais com o saber ‘entender’ para a formação pessoal e social dos envolvidos com a educação. Aborda o eixo de pesquisa dos processos e práticas no ensino de artes visuais, trazendo a reflexão sobre questões relativas ao ensino que podem surgir nas investigações e análises de suas práticas educacionais.

Palavras-chave: Parâmetros Curriculares. Sociologia. Artes Visuais.

INTRODUÇÃO

Este artigo, com base em uma revisão bibliográfica, vem discutir as Orientações   Curriculares  para o   Ensino  Médio  –  Ciências Humanas  e   suas Tecnologias, Filosofia, Geografia, História e Sociologia, documento criado a partir de ampla discussão envolvendo equipes técnicas dos Sistemas Estaduais de Educação, professores e alunos da rede pública, representantes da comunidade acadêmica, sendo apresentado em 2008 pelo Ministério da Educação. As orientações trazem como objetivo o conhecimento dos temas considerados fundamentais para o ensino destas disciplinas e a construção de estratégias para tal ensino. Preocupando-se em fugir do jargão de formar um ‘cidadão crítico’, transmitir conceitos com leveza e sem a orientação ‘academicista’ da formação superior, trazendo para a área do ensino das ciências humanas, em particular a sociologia e as artes visuais, no projeto pedagógico como um todo. Investiga a inclusão da Sociologia nos espaços curriculares da escola secundária e do ensino superior e propõe um encontro entre as teorias e a metodologia das áreas das Ciências Sociais com os Parâmetros Curriculares Nacionais para as Artes Visuais, que trazem as artes como um possível elemento humanizador, evidenciando um ser humano com sentidos, emoções e desejos de bem estar e prazer.

O cruzamento dos pressupostos contidos nestes dois documentos, interfaceados com conteúdos históricos de análises e referenciais próprios das ciências sociais, criando o campo para a sociologia multidisciplinar, amplamente utilizada na contextualização das áreas das artes visuais. Propõe uma reflexão sobre os processos de ensino-aprendizagem, às práticas metodológicas, que exigem análises contextualizadas historicamente e uma leitura sobre as diversas modalidades de experiências artísticas.  

Dialógico

O termo aponta para um processo educativo que utiliza conteúdos geridos pelo diálogo; envolve as circunstâncias de visão de mundo do educador e os resultados do encontro de diversas visões de mundo. Trazer o caráter dialógico no encontro da sociologia com os estudos e entendimentos das artes visuais é oportunizar a busca por encontrar a singularidade da arte e de fenômenos sociais específicos; enquanto passa a buscar o reconhecimento da arte como acontecimento da vida social, a sociologia pode ser utilizada como ferramenta para interação da linguagem visual com conteúdos escolares. Suscita, ainda, perguntar se precisamos dos encontros da sociologia com a arte; são importantes estes encontros? Como transformar estes encontros de áreas que possuem o caráter dialógico em recurso e ferramenta para a relação ensino-aprendizagem?  

“Para  o educador-educando, dialógico,  problematizador,  o conteúdo    

programático da educação não é uma doação ou  uma imposição, um conjunto de ideias a ser depositado nos educandos, mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles  elementos que este lhe entregou de forma desestruturada”  (FREIRE,   2005, p.47).

1. PCN SOCIOLOGIA

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Sociologia no ensino médio, as razões que justificam seu ensino são amplas e variadas e dependem do seu próprio desenvolvimento histórico no Brasil. Considerando que “O ensino médio pode ser entendido como momento final do processo de formação básica, uma passagem crucial na formação do indivíduo – para a escolha da profissão, para a progressão nos estudos, para o exercício da cidadania, conforme diz a lei-, por isso a presença ou ausência da Sociologia é desde já indício de escolhas, sobretudo no campo político.” (PCN, 2008, p. 111).

Como disciplina mais recente na história acadêmica, a Sociologia traz em sua produção os sentidos de construção de saberes a partir de experiências e testes de validação no movimento de busca de metodologias próprias. O contexto prático do exercício pedagógico, sua leitura e sistematização, é que trará as dimensões de sua estruturação como ciência e certamente oferecerá as bases para sua transformação, aceitação e fortalecimento, definindo assim seus principais referenciais. Em outras palavras: a área se revela através de um conjunto de saberes ainda difuso tecnicamente que circulam em seu quadro teórico; precisando de mais prática e embasamento teórico desta prática.

A disciplina Sociologia precisa definir campos para transmitir os conceitos de si própria e apontar em quais debates e questões se firma como ciência; que pode mensurar de que forma seus conteúdos ampliam as oportunidades de trabalho sistematizados na formação educacional dos jovens. “A Sociologia como espaço de realização das Ciências Sociais na escola média, pode oferecer ao aluno resultados das pesquisas as mais diversas, que acabam modificando as concepções de mundo, a economia, a sociedade e o outro, isto é, o diferente – de outra cultura, tribo, país, etc. Traz também modos de pensar ou a reconstrução e desconstrução de modos de pensar. (...)” (OCEM, 2008, p.105).

O movimento intrinsecamente dialógico da Sociologia, que a faz buscar seu papel transformador ou conservador da cultura e da educação, vivenciando os jogos existentes de interesses da sociedade, cria uma grande necessidade da disciplina. Os PCN na sociologia apontam para uma importante e necessária consolidação da disciplina, enfatizando a interdisciplinaridade, na interlocução com as outras disciplinas ou com o próprio projeto pedagógico da escola como um todo. Quando as Ciências Sociais trazem para si a tarefa de 'humanizar o homem', propondo que ele analise criticamente o meio em que vive e atua, tecendo modos de agir e percebendo-se um sujeito de valor, e que sua maneira de pensar vai influenciar toda a sociedade; ela define seu campo de atuação e traz ao ensino médio a importância do desenvolvimento do conhecimento científico fundamental de formação.

2. SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

Através da leitura dos teóricos da Sociologia e o reconhecimento que ela ainda não chegou a um conjunto mínimo de conteúdos para compor seu currículo básico e as suas perspectivas para o ensino, entramos em outro universo dialógico: possuímos as 'Introduções à Sociologia', temos a 'História da Sociologia', seguimos seus atores principais; e assim, compondo as partes, construímos seus objetos. O saber ensinar sociologia surge com as ferramentas metodológicas, os temas e conceitos. Continuamos trabalhando com indicativos, transformando a Sociologia em uma cadeira por vir-a-ser científico, mesmo que ela contenha carga horária, estabilidade, recursos humanos e didáticos dentro das escolas.

O objeto introdutório da Sociologia mostra que os autores dialogam com seu tempo e deve ser conhecido por alguns de seus autores clássicos como Marx, Weber e Durkheim; assim como a importância de se discutir os temas contemporâneos.

O que nos trazem os conceitos:

“Os conceitos são elementos do discurso científico que se referem à realidade concreta.” (OCEM, 2008, p.117). Intrinsecamente, esta importante estrutura da área da sociologia, o conceito também articula os pressupostos da ciência com fatos e temas concretos, articulando o significado e relacionando-o a contextos conhecidos. Esta definição traz a noção de construção histórica dos conceitos e o sentido social de sua aplicação. Exige do estudante do Ensino médio a competência de abstração intelectual para análise de algum conteúdo ou mesmo de uma sociedade. Os conceitos também carregam a noção de sentido e diversidade de olhares, exercício necessário para se produzir ciência. Neste território a Sociologia encontra com muita naturalidade o campo das Artes Visuais. Os sentidos podem ser diversos ao mesmo conceito. Quando a Sociologia traz em seus programas para o Ensino Médio o estudo da cultura, dos indivíduos, da sociedade, das implicações do trabalho e suas relações sociais; discute as questões de classe social, ideologia, permite a construção de relações do termo com o entendimento da vida social e consegue empoderar os alunos no conhecimento da linguagem específica desta ciência. Traz, também, que “a arte sistematiza um campo inteiramente específico do psiquismo do homem social – precisamente o campo de seu sentimento.” (VIGOTSKI, 1999, p.12). Nesta reflexão sobre os sentimentos que afloram quando estamos envolvidos nos processos educativos, desenvolvendo projetos de artes visuais inseridos no cenário prático escolar, passamos para os níveis de compreensão e valorização do ensino de arte, de sua importância contemporânea e da revisão contínua de seus conceitos, “(...) Nosso intuito é, principalmente, estimular a discussão sobre os métodos de ensino adotados, as dificuldades presentes em sala de aula e as possíveis soluções que você mesmo, professor atuante, pode encontrar para fazer um ensino com melhor qualidade.” (ZAGONEL, 2008, p.7).

O que nos trazem os temas:

O professor de sociologia pode optar por trabalhar com temas para dar conta de manifestações percebidas na sociedade. O uso de temas permite, a partir de casos concretos, analisar e articular conceitos e teorias. Levantando opiniões sobre o tema, depois de pontuar o sentido do senso comum sobre o tema, o educador poderá buscar a articulação aos conceitos, das teorias e da história para transmitir outra dimensão do tema abordado, conectando-o com a realidade perceptível do grupo de estudo. Por exemplo, o tema globalização – é um fenômeno meramente econômico? Revela-se nos grandes controles econômicos, no imediatismo das relações e na velocidade da informação? O professor pode iniciar discutindo o pós-moderno, onde após a crise estrutural do capital e das relações sociais de poder, levaram a humanidade global a questionar fatos que se tornaram importantes para todos, como o esgotamento da água e dos recursos naturais, a manipulação genética dos cientistas, as transformações nos sistemas políticos e nos sistemas de produção da vida, tentando fazer sentido histórico e buscando legitimar os nossos atos aos alunos. Mais uma vez, existe o encontro da Sociologia podendo auxiliar os professores de Artes na reflexão da sua prática na escolha dos temas, buscando os mais próximos à realidade social dos alunos, como “ética, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo.” (ZAGONEL, 2008, p.59).

O que nos trazem as teorias:

Por definição filosófica, uma teoria é:

“Um modelo explicativo de  um fenômeno ou conjuntos de fenômenos

nos que pretende  estabelecer a verdade sobre esses fenômenos, de-

terminar  sua natureza. Conjunto  de hipóteses  sistematicamente  or- 

ganizadas que pretende, através  da sua verificação, confirmação, ou

correção,  explicar uma  realidade  determinada.”  (JAPIASSÚ, 2006,

p.266).

Para construir o processo de ensino-aprendizagem das teorias, é preciso contextualizar historicamente os autores e perceber as influências intelectuais estabelecidas que surjam na origem de seus estudos. Fechando o ciclo de trabalho com a teoria científica sobre a sociedade, o educador transmite a diversidade de enfoques teóricos que permite aos educandos perceberem que um fenômeno social não tem apenas uma explicação. É quando a Sociologia se encontra no caminho dialógico das artes visuais em todas suas expressões culturais. Tal como ela, cumpre os objetivos iniciais de sua volta ao Ensino Médio em 2008, sob a Lei nº11684: permitir ao estudante o domínio de conhecimentos necessários ao exercício da cidadania. Aqui, enquanto a Sociologia aponta dados historicamente coletados e analisados, o encontro destas áreas essencialmente dialógicas torna-se imprescindível: a Arte, aliada ao conhecimento do mundo, traz a transformação dos indivíduos de maneira irreversível.

3. PCN ARTES VISUAIS - BREVES COMENTÁRIOS SOBRE O ENSINO DE ARTES NO BRASIL -

Em um primeiro momento, as artes estavam entendidas como atividades, como o desenho, a música e trabalhos manuais e para transmissão de conhecimentos artísticos. Em seguida se transforma em função-atividade: a Educação Artística, oficializada em 1971 com a Lei de Diretrizes e Bases nº5692, e com a LDB de 1996, nº9394, juntamente com o surgimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a arte ganha status das demais disciplinas e ganha a dimensão de pertencer e ser uma área do conhecimento. Mesmo sendo relacionada com uma espécie de atividade, ainda não era exigida a correspondência com a formação acadêmica propriamente dita, ficando livre o entendimento individual dos alunos com relação a este tema. A partir da nova redação da LDB (1996), a área de arte integra os objetivos gerais compostos pelas outras áreas, como a língua portuguesa, a matemática, a geografia, a áreas das ciências naturais, e outras; e tem em sua elaboração a caracterização generalista da somatória de todas as áreas para atingir variados temas de entendimento, como a ética, o meio ambiente, a saúde, a pluralidade cultural, entre outros. 

Os PCN das artes trazem um conjunto de objetivos de formação que apontam para o exercício da critica em situações e decisões coletivas. “Questionar a realidade, formulando-se problemas e tratando de resolvê-los utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise critica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.” (PCN Artes, 1997, p.5). Os diversos saberes que se espera do aprendiz de arte é uma fina composição de conhecimento, de si e do mundo.

Os PCN postulam que as Artes Visuais utilizam formas de conhecimento como linguagens construídas de expressão, e, como na arte, seu ensino “constituirá componente curricular obrigatório (…), de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.” (LDB nº9. 394/96, artigo 26, § 2º). Seus atos podem caracterizar um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana.

Ao continuar sua aprendizagem em arte, o educando desenvolve o pensamento artístico e introduz a temática da percepção estética, um dos ramos tradicionais do ensino de filosofia por exemplo. Criado por Baumgarten no século XVIII para designar o estudo das sensações, o termo estética significava então aquilo que agrada aos sentidos e poderia nos traduzir a ideia do 'belo'. Já em Kant, um dos filósofos que influenciou a formação da filosofia contemporânea, a estética foi vista no início de seus estudos como um princípio de sensibilidade a priori, sendo 'apenas' uma critica do gosto, definindo o 'belo' como uma finalidade sem fim.

O caráter dialógico nos PCN das Artes vem da contextualização da área que propõe releituras de obras consideradas como expressivas de uma época ou de movimentos artísticos e históricos; descobrem os seus símbolos e seus significados e discute a cultura da sociedade onde estas obras foram geradas e inseridas, podendo ser interpretadas de variadas maneiras. “As artes visuais, além das formas tradicionais (pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, artefato, desenho industrial), incluem outras modalidades que resultam dos avanços tecnológicos e transformações estéticas a partir da modernidade (fotografia, artes gráficas, cinema, televisão, vídeo, computação). Cada uma dessas visualidades é utilizada de modo particular e em várias possibilidades de combinações entre imagens, por intermédio das quais os alunos podem expressar-se e comunicar-se de diferentes maneiras.” (PCN Artes, 1997, p.46). A arte contemporânea que também contribui com novas ferramentas (os multimeios, a performance, fotografias digitais, artes emergentes como a web arte e as instalações) propõem e necessitam da abordagem teórica, histórica e crítica para trazerem sentido.

Cabem ainda à análise sociológica os postulados de algumas funções da arte: treina o olhar para novas descobertas e amplia o repertório cultural, ativando a mudança de foco do olhar, aproximando-o para o momento vivido, daí suas qualidades questionadoras e transformadoras.

Pontuando o recorte da discussão da prática escolar no ensino de Arte, enquanto a pedagogia tradicional organizava os currículos objetivando a fixação de conteúdos e o desenvolvimento do raciocínio, o educador contemporâneo pode delinear suas experiências construindo projetos de pesquisas que ultrapassem a abordagem teórica, histórica e crítica, conseguindo uma aproximação dos alunos criando tecnologias que façam sentido ao grupo como um todo.

Interface possível entre as duas áreas:

A Caixa de Pandora – artefato trazido da mitologia grega que traz dentro de si todos os males do mundo e que ao abri-la, Pandora traz aos homens o tormento da existência e a eterna atitude de questionamentos em relação ao mundo. O psicólogo suíço Jean Piaget argumenta que todo o nosso conhecimento sobre o mundo vem da curiosidade de sabê-lo, de conhecê-lo e assim sair do estado de ignorância. A 'interface' possível entre a sociologia e os territórios das artes visuais vem do sentido de suas qualidades dialógicas de terem sinais gravados, como composição do próprio caráter destas disciplinas que possuem uma espécie de ‘controle sobre si mesmas’.

Em suas explicações da vida em sociedade e em seus paradigmas e teorias que as distanciam do senso comum, as ciências sociais carregam o caráter dialógico de poder sempre ser intencional, assim como a prática escolar que se constitui sistemática e planejada para crianças e jovens durante um período contínuo e extenso no tempo. Já no campo das artes visuais, na aproximação das artes e da diversidade de objetos e olhares para a análise, encontramos a prática no sentido da formação da cidadania, do encontro de saberes e a busca de compreensão de fenômenos sociais para construção de valores. Os dois campos – a discussão dos fenômenos sociais e a singularidade da arte – não se predem a limites disciplinares tradicionais.

Conforme citação encontrada durante a pesquisa, de João F. P Cabral:

(...) o mito da caixa de Pandora quer significar que ao homem  imprudente e temeroso são  atribuídos os males  humanos como  consequência da sua falta de conhecimento e previsão. Também é curioso observar como o homem  depende de  sua própria inteligência para não ficar nas mãos do  destino, das intempéries e  dos próprios  humanos”.

Então, aquele sentimento de esperança que conforme o mito grego sobra dentro da Caixa de Pandora, cria o contexto para o educador dialógico: na atividade didática e no acúmulo de experiências criadas na escola, a discussão dos fundamentos da linguagem visual e dos materiais a serem utilizados; assim como as intervenções na paisagem cultural como um todo.

METODOLOGIA

A pesquisa realizada foi do tipo bibliográfico, utilizando procedimentos metodológicos na construção e busca do conhecimento científico, com a leitura dos documentos de referência das áreas da sociologia e das artes visuais inseridos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que indicam os objetivos de sua aplicação no ensino fundamental e no ensino médio. Ler, referenciar, criar resumos técnicos, foram ações necessárias para definição do método na escolha dos objetos de pesquisa. Houve a importante utilização das leituras referenciais de conteúdo do Curso de Especialização Metodologia do Ensino de Artes do Centro Universitário Uninter.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As conclusões alcançadas com a pesquisa documental bibliográfica são de que os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio - OCPEM, documentos que trazem em suas diretivas para a composição curricular a indicação da necessária melhora de qualidade nas escolas brasileiras, criam o ambiente dialógico de contextualização, onde pode existir um território de aprendizagem e diálogo entre a Sociologia e as Artes Visuais, como um lugar comum, e que seja possível seguir um caminho capaz de superar as particularidades individuais e impor uma universalidade (algo como um caminho da verdade). Utilizando a ciência como cultura escolar, exercê-la para elaborar as aulas, criar conteúdos, selecionar materiais para utilização no ensino. Estas são formas válidas para organizar as práticas educacionais que necessariamente tenham que dialogar com a história construída pela humanidade através das diferentes modalidades de experiências artísticas. Entendem os estudantes contribuindo com o processo ensino-aprendizagem em abordagens colaborativas para definir o fio condutor das aulas, projetos, calendários escolares, para viver a escola na eleição de projetos em conjunto com os alunos.

Há a indicação clara para inserção de temas transversais na área das artes: no ensino fundamental, além de destacar as grandes áreas como a música, as artes visuais, o teatro e a dança, as ferramentas para este processo seriam o fazer, a fruição do conhecimento sociológico e artístico adquirido e a reflexão que pode resultar deste movimento. Já no ensino médio, apesar de não relacionar conteúdos, o ensino de artes tem a tarefa de estar em consonância com o 'Projeto Político Pedagógico' desenvolvido na escola e 'preservar' temas como a história da arte, arte e cultura, arte e organizações político sociais, temas estes caros para a sociologia.

“Muitos trabalhos de arte expressam questões humanas fundamentais falam de problemas sociais e  políticos, de relações  humanas,  de sonhos,  medos, perguntas  e  inquietações de artistas, documentam fatos históricos, manifestações culturais particulares e assim por diante. Neste sentido, podem contribuir para uma reflexão  sobre temas como os  que são enunciados  transversalmente,  propiciando   uma aprendizagem  alicerçada pelo testemunho vivo de  seres  humanos que transformaram tais questões em produtos de arte.”  (PCNEF Artes,1998, p.74).

Os alunos trazem uma bagagem de interpretação do mundo para a sala de aula, e, ao não levar em conta estas experiências pessoais, como afirma Pierre Bourdieu (1964) em sua aula ‘Capital-Cultural’: “as estruturas escolares ajudam a manter diferenças sociais, estratificam a sociedade e perpetuam a dominação de uma classe sobre a outra”. O alcance de sua ação, quando consegue dialogar com a área das artes visuais, criando uma abordagem que ultrapasse barreiras formais, ampliando a prática pedagógica através do planejamento das aulas e da criação de roteiros que façam sentido aos educandos. No campo da multidisciplinaridade, que busca unir a sociologia com as artes visuais, o fator dialógico é o 'perfeito' dos movimentos contrários: ora serve à história dos homens, ora surge carregado de ideologias temporais, ora ganha força como direito de adquirir conhecimento e cultura aos mais jovens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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ANDRADE, Mario de. O movimento modernista. In:- Aspectos da literatura brasileira. São Paulo, Martins Fontes, 1974.

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BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental: Arte. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

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BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio – Ciências Humanas e suas Tecnologias. MEC/SEB, 2008.

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BUENO, Luciana Estevam Barone. Linguagem das Artes Visuais. Curitiba: Editora Ibpex, 2008.

DABUL, Lígia. Sociologia e Artes Visuais. Revista de Ciências Sociais. Universidade Federal do Ceará, v.41, n. 1, p.7-8, 2010. Disponível em   http://www.rcs.ufc.br/edicoes/v41n1/RCSv41n1.pdf. Acesso em 20 dez.2013.

ENGELMANN, Ademir Antônio. Filosofia da Arte. Curitiba: Editora Ibpex, 2008.

JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 4ª Edição Atualizada. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

ZAGONEL, Bernadete. Arte na Educação Escolar. Curitiba: Editora Ibpex, 2008.

http://www.uel.br/grupo-estudo/geeep/pages/sintese-das-discussoes/educacao-dialogica-e-as-relacoes-homem-mundo.php, site acessado em 20/01/2014.

https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/caixa-de-pandora.htm, site acessado em 01/09/2014.

http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/paulofreire/paulo_freire_pedagogia_do_oprimido.pdf, site acessado em 11/09/2014.


*Regina Azevedo Miguel – Bacharel em Ciências Sociais e Políticas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1986-1989); Especialista em Educação e Ensino de Sociologia pelo Centro Universitário Claretiano (2011-2012) e cursa Metodologia no Ensino de Artes pelo Centro Universitário Uninter.

**MÁRCIA REGINA MOCELIN – Doutora em Educação (2011-2014) – Universidade Tuiuti do Paraná (UTP); Mestre em Educação (2007) – Universidade Tuiuti do Paraná (UTP); Especialista em Educação de Jovens e Adultos (1998) – IBPEX; Licenciada em Educação Artística/Música (1996) – UFPR (Universidade Federal do Paraná); Licencianda em Pedagogia (2011 -2015) UNINTER (Centro Universitário Internacional Uninter); Orientadora de TCC do Centro Universitário Internacional Uninter.


Publicado por: Regina Azevedo Miguel

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