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As bases religiosas e científicas do racismo

Clique e veja um artigo que expõe sobre as bases religiosas e científicas do racismo.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Preconceitos são provenientes de diferenças. "Existem muitos tipos de preconceitos, que se manifestam como uma forma de proteção ao desconhecido". Essa seria uma definição conformista e romântica sobre um  dos mais terríveis fenômenos sociais existentes e praticados pela humanidade.

Rostos de Branco e Preto

O Preconceito de cor, etnia e origem é um mal social que persiste em nosso país e em nossa cultura. Na prática podemos dar um exemplo clássico. Duas pessoas com a mesma idade, sexo, grau de escolaridade e condição socio-econômica que concorrem a uma mesma vaga de emprego no Brasil passam por um simples e objetivo processo de seleção: a cor. Duas pessoas que apresentem as mesmas condições intelectuais, sociais e fisicas para ocupar uma vaga de vendedor, por exemplo, serão selecionados pelo quesito boa aparência, que no Brasil significa ser branco, e de preferência de origem caucasiana. Esse é um fenômeno que existe em todos os países em que brancos, negros, indios e mestiços convivem juntos. Há também, como nos EUA, os árabes, latinos e outros, que sofrem o preconceito de origem.

A ética de um povo é construída pela ideologia dominante. Como já disse Nelson Mandela “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” Desse modo a ética cristã é uma das bases responsáveis pela construção dessa ideologia.

Obs: Cabe ressaltar que a ética cristã, não é a ética de Jesus, mas sim aquela construída pela Igreja Romana a partir da releitura, reinterpretação e adaptação da cultura e da ética hebraica aos objetivos da Instituição religiosa romana. Se todo mundo que se diz cristão seguisse um centésimo do que “o homem” Jesus de Nazaré ensinou, a humanidade seria bem melhor.

Quando da época das colonizações a Igreja foi grande incentivadora econômica do empreendimento escravista, e tinha que justificar as ações da escravidão biblicamente. Para isso recorreu-se ao mito da Arca de Noé.

Após o dilúvio que daria fim ao caos em que se encontrava a humanidade, os filhos de Noé, Cham, Sem e Jafé, foram os responsáveis por repovoar a terra com seus descendentes. Cada um cuidou de repovoar cada continente dos três conhecidos no velho mundo. Sem repovoou a Ásia. Jafé a Europa e Cham a África. O fato que justificou a inferioridade dos Africanos foi uma passagem bíblica em que Cham, seu filho Canaã e toda sua descendência foram amaldiçoados por Noé. No capítulo 9, versículos 18-27 do Gênesis diz: após beber vinho, Noé ficou nu dentro de sua tenda, dormindo. Cham, pai de Canaã, viu a nudez de seu pai e chamou os dois irmão, Sem e Jafé, que tomaram um manto e o cobriram. Ao acordar, Noé soube do acontecido e pronunciou o terrível veredicto: “maldito seja Canaã, que ele seja para seus irmãos o último dos escravos. Bendito seja Javé, o Deus de Sem, e que Canaã seja seu escravo e que Deus dilate a Jafé, e que Canaã seja seu escravo.

Pois bem, estava dado o veredicto de todo o povo africano, uma vez que são descendentes de Cam e Canaã. Um veredicto que fez do povo africano escravos dos Europeus que são descendentes de Jafé.

Posteriormente, os descendentes de Sem também são associados a maldiação no Novo Testamento. Os Judeus, ou semitas (descendentes de Sem), são culpados pela condenação e crudificação de Jesus. Assim prevalece, segundo a “sagrada” interpretação da “Bíblia Sagrada”, a superioridade “sagrada” dos Europeus “sagrados”.

Imagem de homens Lendo a Bíblia

Mas então veio o Iluminismo e lançou “luzes” ao pensamento humano sobre todas as concepções científicas, sociais e culturais. Logo grandes pensadores e pesquisadores procuraram novas justificativas para os conceitos de raça  e superioridadde do povo Europeu. Naturalistas e filosofos do séc. XVIII, a partir de suas observações, pesquisas e reflexões chegaram à conclusão de que o nível de desenvolvimento e evolução de um povo se mede pelos seus hábitos de vida nos âmbitos da economia, cultura e religiãoe pelas suas características físicas. Após separar os seres humanos dos primatas enquanto gênero, subdividiu-se nossa espécie em quatro grupos assim denominados e caracterizados: homem europeu (europeus albus), “engenhoso, inventivo, branco, sanguíneo, governado pelas leis”; o homem americano(indio) (americanus rubescus), “satisfeito com sua condição, gostando de liberdade, pardo, irascível, governado pelos costumes”; o homem asiático (asiaticus luridus), “avarento, amarelo, melancólico, governado pela opinião”; o homem africano (afer niger), “manhoso, preguiçoso, negligente, negro, fleumático, governado pela vontade arbitrária se seus amos.” Tal definição foi elaborada pelo sueco Lineu na obra Systema Naturae. A partir dessas e de outras teorias os europeus justificaram cientificamente sua superioridade sobre os outros povos. Superioridade que sustentou séculos de escravidão, massacres, extermínios em massa sobre africanos, americanos e asiáticos. Superioridade que ainda sustentou o Holocausto judeu, a Apartheid na Africa do Sul, e ainda sustenta o preconceito étnico em muitas sociedades.

Atualmente, após o Projeto Genôma, e muitos estudos que provam que não existem diferenças biológicas entre os seres humanos, e que, cultura e religião são expressões subjetivas que não podem ser julgadas a partir de juízos de valores, o preconceito ainda vive e se manifesta constantemente. A ética ocidental é eurocentrica e, portanto, expressa e reproduz as ideologias sociais preconceituosas e excludentes.

E você é? É “racista?   

Fonte: BORGES, Edson. Racismo, preconceito e Intolerância. Espaço & Debate. 2010.


Publicado por: Myleo Geraldo

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