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Textualidade: Os limites do texto.

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O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Em uma das minhas aulas de português perguntei aos alunos o que eu precisava para fazer um texto, e eles me falaram “palavras”, “sentidos”, “estrutura”, “caneta”, “papel”, “computador”. Dando continuidade para a aula, e para que eles pudessem comparar, perguntei também o que eu precisava para construir uma casa, aí falaram: “pedreiro”, “tijolos”, “alicerce”, “terreno”, “dinheiro”, “planta”. Surpreendeu-me essas respostas e disse a eles que construir um texto é como construir uma casa, se para construirmos uma casa precisamos de um pedreiro, para construir um texto precisaríamos de quê?
 
A presença dos sujeitos
 
Alguém levantou a mão e falou “de um autor”. Isso. E quando eu faço um texto, eu preciso apenas de um autor? Eles se calaram e depois de um tempo, “e de um leitor”. Comparar a construção de um texto com uma casa foi eficaz, pois quando pensamos na casa lembramos do pedreiro, afinal, é um trabalho duro. Agora e o texto? Por que ninguém lembra do autor? Ele também constrói o texto, ele também aplica determinada energia na produção de um texto, mas me dá a impressão de que as escolas, no ensino de português, se esquecem de falar isso para os alunos, que fazer um texto é um compromisso e esse compromisso requer uma prática. Eu não preciso me esconder no texto. Em todos eles há um autor.
Agora, o processo inverso também é verdade. O leitor é tão importante quanto o autor. Sem o leitor o texto não existiria. É para ele que produzimos o texto. Sempre devemos ter em mente ao produzir um texto que o leitor deve ler o texto e deve ter alguma reação ao lê-lo. Ao escrever um texto deve-se ter em mente quem será o leitor do meu texto?
 
O contexto no texto e o texto no contexto
 
Também os alunos falaram em terreno para a construção da casa, mas para o texto não falaram nenhum correspondente. Fica claro para eles que sem terreno não há casa, e devemos levá-lo em conta, analisar quem está em volta, os vizinhos, se o terreno agüenta o peso da casa, etc. No texto é a mesma coisa, devemos olhar em nossa volta, o contexto em que o texto está sendo produzido é extremamente importante na produção do texto tanto para servir de tema, quando para servir de base teórica. É o contexto que vai nos indicar o que podemos escrever, o que podemos ler, o como proceder para transformar o texto, etc. Terreno e o contexto irão sustentar o texto, servir tanto de tema como base para um bom texto. Sem contexto não há texto, já que esse existe em determinado espaço-tempo. O texto está inserido na história. E a história também servirá de trama para este texto.
 
A estrutura e o alicerce
 
Outra questão importante é o alicerce. Ele servirá de esqueleto para a casa da mesma forma que para o texto realmente é importante a estrutura, cada tipo de texto terá seu alicerce, ou seja, sua forma. Uma dissertação não se escreve da mesma forma que uma narração e vice-versa. Isso precisa ficar claro para o aluno. Também, se para a casa precisamos de uma planta, ou seja, um esboço anterior à construção, para o produtor de um texto é importante um planejamento. Antes de escreve eu devo pensar “o que eu vou escrever?”, “para quê?”, “Como eu pretendo escrever?”. Se respondermos essas perguntas antes de produzir um texto, então ele ficará mais organizado.
 
A palavra como material interacional
 
  Porém, de todos os elementos que os alunos falaram, o mais importante para o texto é sem dúvida a palavra. É através dela e para ela que escrevemos. A palavra é o momento sublime da linguagem. A ponte entre os sujeitos da comunicação (autor e leitor), a ponte que passa do sujeito para o contexto (o mundo), a palavra é o trator que derruba impérios e muros, a ponte que liga a infelicidade da felicidade. É a palavra que faz com que nos tornemos humanos, demasiadamente humanos. É a palavra o tijolo da linguagem, é ela o material do texto, a substância, é através dela que vamos nos refugiar no mundo e do mundo, expressando o que temos em nosso interior, seja ódio, seja o medo, seja o sonho, seja a vontade de passar uma idéia. Produzir um texto, assim como ler, é mostrar para o que é externo em nosso corpo, a fúria do eu. A fúria que ronda toda e qualquer subjetividade. A fúria da libertação de qualquer escravidão. Produzir texto é respirar. A palavra é o produto material do texto, direcionando o sentido dele. A palavra é o que interage os homens e as mulheres do nosso planeta.

Publicado por: Eduardo Eide Nagai

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