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Antes do Amanhecer

Resenha do filme "Antes do Amanhecer".

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Entre as surpresas reservadas para cada um ao longo da vida, nenhuma consegue marcar mais do que um encontro amoroso fortuito. Esse tema, por mais batido que seja na literatura, cinema ou televisão, sempre consegue tocar as pessoas, principalmente se for trabalhado de um jeito simples e eficiente. E é exatamente o que revela o filme "Antes do Amanhecer", de Richard Linklater, que tem uma ótima atuação dos jovens atores Ethan Hawke e Julie Delpy.

Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim, em 95, ele já entrou no rol dos pouco vistos, uma vez que não é lançamento. Como eu sempre chego atrasado ao Vídeo Sul para me "abastecer" para o final de semana, tenho que correr atrás de fitas que já não são os sucessos do momento. Mas, não acho tão ruim assim, pois isso me possibilita descobrir ou redescobrir (no caso de Antes do Amanhecer) pérolas do cinema que merecem ser recomendadas. E como eu não sou um crítico da área, que é pago para colocar estrelinhas nos filmes bons e ruins, prefiro escrever apenas sobre o que me toca.

Antes do Amanhecer é uma história de amor leve, contada de forma simples e recheada por uma bela fotografia de paisagens européias, principalmente de Viena. Tudo começa em uma viagem de trem (naquele que atravessa grande parte da Europa) com um encontro entre os personagens Jesse (Ethan Hawke – sucesso em Sociedade dos Poetas Mortos) e Celine (a belíssima Julie Delpy). Ele, um americano de visão racional das coisas, decepcionado com o último relacionamento; ela, uma estudante francesa romântica e independente, que volta das férias para Paris.

Após os primeiros olhares e conversas triviais, que servem para aproximá-los e levá-los ao vagão-restaurante, inicia-se uma relação que está marcada para durar apenas uma noite. O desenrolar do enredo se dá a partir de uma proposta inusitada feita por Jesse, que, claro, não vou contar aqui para depois não ser chamado de chato. O que posso comentar é que os diálogos são inteligentes e fluem cada vez mais que os dois vão se conhecendo, se inteirando de pequenas peças do passado e do presente, que fazem ou não sentido naquele duplo "quebra-cabeça".

O tempero de Antes do Amanhecer é feito de ingredientes perfeitamente identificáveis por qualquer pessoa. As sintonias e choques de visões de mundo entre dois desconhecidos colocam em confronto razão e emoção, que terminam por convergir para amor, desejo, amizade, para a poesia do primeiro encontro. O momento mágico do ansiado beijo após longas conversas, o medo de ver uma realidade se confundir como um sonho que se acaba, a distância física anunciada, a efemeridade da vida, a dor da despedida... Tudo isso numa só experiência, que pode ser deixada prá trás, mas nunca esquecida.

É Celine, no entanto, que consegue definir, numa frase em meio à conversa, todo o significado e dimensão que podem caber num encontro: (...) "se Deus existe, ele não está em nós. Nem em você, nem em mim, mas no espaço que nos separa. Se há algum tipo de mágica, ela está na tentativa de entender e compartilhar (...)". Se você é como eu, que gosta de garimpar filmes antigos ou até já vistos, taí uma boa dica. As releituras sempre podem ser feitas sob um novo prisma.


Publicado por: Roberto D´arte

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.