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O massacre da Gramática

O massacre da Gramática, importância do estudo de português, o poder do professor de português, como deve ocorre o ensino da língua portuguesa, a utilidade do português no dia-a-dia.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Antes de tudo, penso para que devemos estudar a língua portuguesa, e de imediato me reporto ao conceito em que ela cabe como sinônimo de compreensão do mundo. Diante de situações objetivas: quando chega em nossa casa a conta de energia... Diante da subjetividade: quando pensamos em escrever um poema a alguém de quem gostamos... Diante do preconceito, em situações em que alguém nos discrimina, por nosso vocabulário e sotaque que diferem. Enfim, a comunicação em suas variadas formas e situações, pode ser um instrumento de ascensão, ou seu inverso.

Para que ensinar/estudar a língua portuguesa se ela não tem utilidade, não promove nosso desenvolvimento social, espiritual e intelectual, e ainda, para que foi feita a palavra? Para ser classificada em mil fragmentos fonéticos, morfológicos e lexicais? É a partir da palavra que dominamos o mundo, existe ai uma relação intrínseca (poder <--> palavra); a língua é o principal sistema com o qual o homem constrói sua cultura, existindo como instrumento de concentração de poder ideológico, político e econômico, como afirma Jéferson Assunção: “A língua culta está impregnada é de perversidade, de dominação, pois quer queira, quer não, ela é mecanismo de poder”.

O professor de Língua Portuguesa exerce este poder de forma arbitrária, quando “ensina uma outra língua”, quando os conhecimentos dos educandos são usados para mostrar o que não se deve fazer, em se tratando dos usos de fala e escrita da nossa língua. As aulas de português poderiam ser assim: o educador afastando tudo o que não contribui para tornar o estudante um produtor de textos competente, o equívoco começa na idéia de que, para ler, falar e se comunicar bem, o indivíduo precisa conhecer todas as regras da gramática normativa. "As pessoas podem fazer tudo isso sem precisar saber o que é uma oração subordinada substantiva objetiva direta ou a listinha de dígrafos. Aprender a ler e escrever depende do contato com a leitura e com a escrita". “Não importa quantos livros você lê por mês, ou por ano. Tudo vai depender do que se faz com aquilo que se lê, o que se pode absorver da leitura, que tipo de transformação provoca no leitor". O argumento é do professor, educador e psicanalista Rubem Alves.

Pois o ensino da Língua Portuguesa se dá na medida em que professor e aluno se percebem sujeitos de um processo espiral, em constante construção, do qual resulta uma experiência significativa para ambos: primeiramente é preciso entender a lógica das falhas, identificando em que ponto e o porquê da correção, de forma que permita uma reflexão construtiva, uma chance de pensar critica e cientificamente a língua, em suma, o pleno respeito pela diversidade e peculiaridades que formam os sujeitos. Afinal, a quem servirá as aulas de língua materna, se for construída uma ponte intransponível para uma língua culta que se torna oculta a maioria de seus “filhos”? Marcos Bagno diz que a língua é como um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a água do igapó, que envelhece, não gera vida nova a não ser que venham as inundações. A principal tarefa das aulas de língua materna deveriam ser a de nos ensinar a pensar... Pois, é a gramática quem ornamenta os seres e os objetos, e é a palavra que constrói o nosso mundo.

Afinal, qual sua utilidade no nosso dia-a-dia se este acesso, não nos possibilita melhoras na expressão de pensamentos, sentimentos, sonhos e idéias? Se ela não desperta o prazer da leitura? E se com ela eu não descubro o mundo que há por trás das letras? Não devíamos aprender letras e silabas, precisamos aprender totalidades. E as aulas de português não deviam servir, para me mostrar o que não conheço, não sei falar e nem escrever a minha língua materna... Pois como afirma, Rubem Alves "O estudo da gramática não faz poetas”.


Publicado por: Adriana Melo

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