Whatsapp

Caminhando com a tecnologia: reflexões sobre o progresso educacional

Confira sobre as transformações estruturais atreladas a tecnologia no sistema de ensino de nosso país ao longo das últimas décadas.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Resumo                                                                                 

Esta produção textual trata de modo simplificado, porém consistente sobre as transformações estruturais atreladas a tecnologia no sistema de ensino de nosso país ao longo das últimas décadas. Propomos uma reflexão acerca dos avanços educacionais mediante o vasto acervo tecnológico disponível ao público. Fomentar a aprendizagem e a construção do cidadão através da interface digital. Através de Gadotti (2001), Assis (2007), Brandão (2007 e 2002) e outros livros e pesquisas relativas à temática abordada, para discutirmos acerca da educação digital, e posteriormente como repensarmos uma educação voltada para com a cidadania e desenvolvimento humano. A interface virtual tornou-se veículo de intercâmbio entre o individuo e o seu meio existente, mais do que um simples acessório educativo de mera interatividade e pesquisa, é também uma ferramenta essencial na aprendizagem escolar, além de ser um novo modelo de sistema instrucional na sistemática do educar. Todavia, a aprendizagem em conjunto com a tecnologia no contexto social, introduz um novo conceito na formação do cidadão.

Palavras-chave: Educação. Aprendizagem. Tecnologia.

Abstract

This textual production is so simplified, but consistent about the structural changes linked to technology in the education system of our country over the last several decades. We propose a reflection on educational advances through the vast technological collection available to the public. Foster learning and the construction of citizen through digital interface. Through Gadotti (2001), Assisi (2007), Brandão (2002 and 2007), and other books and researches concerning the issue addressed, to discuss about the digital education, and later as a rethink education facing with citizenship and human development. The virtual interface became a vehicle of exchange between the individual and his/her existing means more than a simple accessory of mere educational interactivity and research, is also an essential tool in school learning, besides being a new model of instructional system in systematic education. However, in conjunction with the learning technology in social context, introduces a new concept in the formation of the citizen.

Keywords: Education. Learning. Technology.

1. Introdução

O presente trabalho pretende expor de forma breve, objetiva e clara, as modificações surgidas no sistema de ensino de nosso país com a implantação da tecnologia virtual nas instituições de ensino. Ao longo da História da Educação no Brasil, nem sempre ocorreram modificações estruturais significativas do ponto de vista social, que trouxessem realmente a democratização e universalização do ensino. Contribuíram para este quadro a conjuntura política e econômica nacional, que sempre teve como uma de suas principais características o atendimento aos interesses da estrutura econômica, em detrimento às reais necessidades da grande massa da população. Em outras palavras, o Estado, instituição responsável pela promoção da educação pública, laica e de qualidade, historicamente deixou a desejar na estruturação do sistema de ensino. Atualmente, este mesmo órgão administrativo, felizmente, vem promovendo a inovação do sistema educacional, visando à inclusão de pessoas oriundas das classes mais pobres da sociedade, através de projetos e políticas públicas e educacionais, além das ferramentas virtuais (fruto da ascensão explosiva da internet e seus avanços tecnológicos). Através da Educação à Distância, o Estado vem ampliando sua capacidade de garantir aos indivíduos, oportunidades de ascensão escolar, a valorização do sujeito promovendo sua educação qualitativa, legitimando a ideia segundo a qual o nosso país torna-se plenamente em Estado-nação desenvolvido, em parte, contendo uma população produtiva com grau elevado de formação profissional.

2.  Educar visando cidadania

Vivemos em uma sociedade onde ações de cidadania são bem raras, onde o ser humano não respeita sua própria cultura e discrimina o seu semelhante, vivemos em uma sociedade movida pelo interesse capitalista, movida pela luta da sobrevivência, onde muitos se afastam da escola, para que possam trabalhar para o sustento da família e o seu próprio. A educação propicia uma compensação do “tempo perdido”, todavia o mesmo individuo deveria ter consciência de si mesmo como um membro participante de uma sociedade com uma cultura democrática, e esta conscientização requer a existência de uma educação voltada para si.  Segundo Brandão:

“A educação existe onde não há a escola e por toda parte podem haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado” (BRANDÃO, 2007, p. 13).

Compartilhando desse pensamento de Brandão, ao olharmos a prática educativa nas escolas de hoje, veremos uma sociedade em transformação, e não apenas a escola é responsável por tamanha responsabilidade, o sistema educacional tem como base os ensinamentos básicos, os primeiros saberes, a primeira letra, o primeiro número. Isto ocorre em toda civilização, os primeiros ensinamentos educativos são passados de geração a geração, conduzindo a trajetórias e a formação de culturas.

No decorrer da história educacional, muitas transformações ocorreram em vistas à promoção da alfabetização, da educação do cidadão, da sociedade em si em uma luta constante a fim de melhor desenvolver seu caráter e dever moral e cívico.

A base da educação nos sistemas públicos foi enraizada em suprir a ausência da escolaridade, em suprir o tempo perdido dos seus membros comunitários e que com o vasto crescimento industrial se adequou a complexidade de mudanças tecnológicas, mas também o afastamento entre valores sociais onde o contato humanizado tem ocorrido de forma virtual, instantânea, e dessa forma vai surgindo novas formas de condução do ensinar-aprender e vice-versa, e novos métodos vão surgindo, estabelecendo um sistema teórico com regras e possibilidades produtivas com a necessidade de um executor.

“O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação), cria situações próprias para o seu exercício, produz os seus métodos, estabelece suas regras e tempos, e constitui executores especializados” (BRANDÃO, 2007, p. 26).

O tempo molda o ensino formal á medida que, os pensamentos teóricos convergem com novas metodologias acerca de melhorias na educação, formulando situações próprias que visam à aprendizagem do aluno, construindo regras e estruturas. A história educacional no Brasil, nem sempre acarretou modificações estruturais significativas para com a sociedade, que primassem realmente pela democratização e universalização do ensino, que viessem abranger toda a educação nacional.

Mas, com o avanço da revolução industrial, a organização política-administrativa do sistema público do brasileiro passou a priorizar a educação a nível nacional visando atender naquele momento a classe industrial que carecia de mão-de-obra barata e especializada, pois naquele marco não havia civis capacitados, alfabetizados para que desempenhar determinadas atividades junto às máquinas. Entretanto, a educação carecida e aclamada pela sociedade não era apenas profissional, mas também escolar social e cultural e mais tarde também tecnológica, vivendo, e aprendendo o saber com o cotidiano da sociedade.

Por conseguinte, a modernização nos trouxe um enorme acervo tecnológico versátil, no qual o individuo inserido passa a ter mais acessibilidade com o meio que vive, podendo obter sua formação cidadã, social e cultural em uma interface virtual, a internet por sua vez, à medida que vai passando os anos, cada vez mais vai se afirmando como um objeto essencial para a sociedade. E para que possamos concretizar uma imagem analítica de como educar o cidadão fazendo uso dos atributos da tecnologia, precisamos compreender o termo cidadania, que por sua vez é muito rico e abundante.

Ser um cidadão é construir-se como sujeito, assumir-se como pessoa, ter consciência de que possui direito e deveres. O sinônimo do termo cidadania é um conceito evolutivo, tende a crescer, principalmente com a inserção da tecnologia a disposição da ação educativa no cotidiano da sociedade, o mesmo conceito assenta na igualdade de todos perante a lei, podendo se alargar devido à abertura de lacunas provocadas por processos derivantes da contínua transformação da sociedade brasileira.

Para muitos o conceito de cidadania, ainda se encontra totalmente ligado apenas ao dever do nacionalismo e patriotismo, como se fosse uma identidade inalterável que com isso acaba rejeitando uma educação com vistas à promoção de uma melhor aprendizagem, de um maior aproveitamento do ato de educar, dessa forma não gera novas perspectivas que fujam da rotina, onde a escola deve ter uma atitude desmistificadora, que busque a realidade, entender o que é de fato a política, a sociedade, a economia, os problemas sociais, entre outros, além do significado opaco dos tabus ideológicos e suas intenções distorcidas.

A educação para muitos se torna apenas um processo de formação profissional, no qual se inserem noções cívicas de direitos e deveres. Mas educar vai muito, além disto, e podemos usar o acervo tecnológico na expansão de conhecimentos, salientando aos cidadãos usuários dessas ferramentas como aprender de modo produtivo, como praticar o exercício social onde não há um ensino formal, de acordo com Brandão:

“Em todo o tipo de comunidade humana onde ainda não há uma rigorosa divisão social do trabalho entre classes desiguais, e onde o exercício social do poder ainda não foi centralizado por uma classe como um Estado, existe a educação sem haver a escola e existe a aprendizagem sem haver o ensino especializado e formal, como um tipo de prática social separada das outras” (BRANDÃO, 2007, p. 32).

Baseado nas palavras de Brandão (2007) já supracitadas, podemos dizer que a ação educativa se estende além da escola, é um processo no qual a família tem um papel primordial, elo fundamental e essencial na educação de uma sociedade. Não haverá resultados favoráveis para com a qualidade educacional se a escola não trabalhar em conjunto a sua proposta educacional com a família e atrelar a realidade tecnológica a qual vivenciamos, somos reféns de nossa criação, transformados pelo que produzimos.

A educação deve participar de forma mais ativa na vida escolar dos estudantes, colaborando para o aprendizado, contornando a ausência de espaço e infraestrutura nas escolas através da navegação na Internet e sistemas onde possam incluir os pais nesse processo educativo. Família e escola, trabalhando unidos em pró de um único objetivo: garantir melhores resultados na educação de seus filhos, o educando para a cidadania.

Diante do caos urbano instalado no seio da sociedade, necessitamos de um sistema educacional onde possa haver interação entre diversas categorias de classes sociais, almejando um sujeito aceito no tratamento cultural de teor politico, nas diferenças e nas desigualdades na mesma inserida. O aluno estuda para torna-se um cidadão, um homem capaz de recriar o mundo social em que existe como homem educado. Para Brandão (2002), a educação qualifica o sujeito pensante através do saber, e que a ação educativa torna-se responsável pela instrução e capacitação do aluno.

“Ela instrui e capacita o sujeito aprendente, sem dever pretender criar nele ou sobre ele uma imagem de ator social complexo, qualquer que seja. Seu propósito é realizar a pessoa capaz de utilizar inteligentemente os seus conhecimentos para fazer-se a si mesma em seu mundo. Um mundo de sociedade e de cultura em que vive e para o qual deve contribuir de maneira consciente, competente e ajustada, através de seu trabalho neutro, qualificado e produtivo. Pois a educação qualifica sujeitos sociais através do saber, não através de valores” (BRANDÃO, 2002, p.55).

A aprendizagem quando voltada para a cidadania instrui e habilita o ser humano para a vida social, para o mercado de trabalho, além de formar pessoas conscientes, pessoas críticas, criativas e participativas na construção e consolidação de uma sociedade democrática, pessoas capazes de produzir, de transformar o que está ao seu redor. O exercício da cidadania é de fato uma adequação da conduta pessoal aos preceitos da sociedade capitalista, e a escola ainda pode contribuir muito mais para o desenvolvimento do ser humano, “acredito que subsiste uma questão essencial entre nós, praticantes convergentes e diferenciados de uma pedagogia crítica, de uma proposta de educação dialética, de uma educação popular” (BRANDÃO, 2002, p. 71).

Partindo deste pensamento de Brandão, pensar em uma educação destinada a formação do aluno, é criar saberes, reconstruir a educação como um valor fundador da experiência humana, integrando a realidade vivida, a afetividade, o respeito mútuo. Necessita-se dar ênfase a educação no desenvolvimento humano e não apenas econômico, consolidá-la priorizando a infraestrutura adequada, e o dialogo, que seja aberto e mais amplo a comunicação através do saber e do aprender.  

3. O labirinto Educacional

A escola, ao educar uma criança, caminha por um labirinto perplexo, diante de contextos sociais como a marginalização e a violência. É preciso buscar a compreensão da nova forma de compromisso político na qual o educador e o educando precisam praticar, dizendo a necessidade do valor da dúvida e da indagação como método de expor suas dificuldades de aprendizado, é preciso usar de uma interdisciplinaridade, mais expansiva ao questionamento fundamentado. Além de compreender o processo cultural do aprendizado cotidiano através da reflexão, “uma reflexão abrangente sobre o tema de tal maneira que possamos passar de um tema a outro, apreendendo ou nos predispondo para aprender suas necessárias inter-relações” (FREIRE, 2001, p.21).

“Creio, porém, que o melhor caminho para o processo desta busca de apreensão das inter-relações dos temas tem como ponto de partida uma reflexão crítica em torno de Educação e Qualidade. Não propriamente uma reflexão crítica sobre a educação em si ou sobre a qualidade, mas em torno de educação e qualidade que nos remete à educação para a qualidade, qualidade da educação e educação e qualidade de vida” (FREIRE, 2001, p. 21).

De acordo com as palavras de Paulo Freire, como educadores necessitamos ter como ponto de partida para almejar a educação que desejamos fazer uma reflexão acerca da qualidade, pensar em quais aspectos deve ser aprimorado. Vivemos em uma sociedade onde não se respeita mais ao próximo, onde se oprime uma criança negando-a o direito de ir à escola. O desenvolvimento educacional brasileiro além de ser lento, arrasta uma gama de problemas sociais evidenciados nos autos déficits de escolarização: altos índices de analfabetismo, baixo rendimento escolar, analfabetismo funcional, índice de desenvolvimento abaixo das perspectivas durante muitos anos, além dos TDHA (transtornos de déficit de atenção e hiperatividade).

O analfabetismo funcional atinge grande parte da população, compreende-se como analfabeto funcional aquele que tem em si noções de aprendizado, que sabe ler e manusear a escrita, embora apresente muitos erros tanto na grafia quanto em sua ortografia. Isto ocorre devido à baixa qualidade da educação (tanto no sistema público, quanto o privado), ao baixo salário dos educadores, à desvalorização e desmotivação dos professores, além da ausencia de infraestrutura das instituições de ensino.

Historicamente, foi iniciado um processo de transformação em meados da Era Vargas que revolucionou o modo de ensino no Brasil. Várias mudanças ocorreram e colaboraram para a expansão educacional: a criação do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), a criação do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), a criação de universidades públicas, a Reforma Francisco Campos na reorganização do ensino a nível nacional (até aquele momento não havia um sistema de ensino organizado), até as primeiras formulações da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) voltada para a educação, além de uma forte politica pública educacional.

O Ministro da Educação na era Vargas, Sr. Francisco Campos, executou uma reforma no campo nacional da educação criando decretos, organizando o sistema de ensino a nível nacional, a essa reforma foi lhe atribuído o seu nome, e estes foram os decretos relacionados: Decreto n° 19.850 – 11 de abril de 1931(cria o Conselho Nacional de Educação); Decreto n° 19.851 – 11 de abril de 1931(dispõe sobre a organização do Ensino Superior no Brasil e adota o Regime Universitário); Decreto n° 19.852 – 11 de abril de 1931(dispõe sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro); Decreto n° 19.890 – 18 de abril de 1931(dispõe sobre a organização do Ensino Secundário); Decreto n° 20.158 – 30 de junho de 1931(organiza o Ensino Comercial, regulamenta a profissão de Contador e dá outras providências); Decreto n° 21.241 – 14 de abril de 1932 consolida as disposições sobre a organização do Ensino Secundário.

Durante Ditadura Militar (1964-1985), a aceleração do processo educacional foi notável em âmbito nacional, visando obter bons resultados seguindo de perto o modelo da “Reforma Francisco Campos”. Devido ao elevado índice de analfabetismo foi inserido, no sistema de ensino brasileiro, programas de educação compensatória, objetivando minimizar a ausência de escolaridade instrutiva educacional da sociedade. Foram implantados programas educacionais para suprir esta necessidade como: Madureza Ginasial, Projeto Minerva, Mobral, Logus II, cursos supletivos, entre outros.

Consequentemente, estes programas tornaram-se incentivos escolares tanto para aprendentes quanto para educadores, o objetivo do sistema educacional compensatório era formar profissionais educadores e cidadãos capacitados, inclusos na escrita e na leitura, e isto lhes permitiria melhores condições a termos de qualidade de vida posteriormente. Evidentemente, toda ascensão de vida obtêm-se através da educação, único processo pelo qual o ser humano, o indivíduo em si toma as rédeas de sua própria história, e isto só é possível se for realizado por conscientização dialógica no contexto educador/aprendente, buscando o aperfeiçoamento de suas habilidades, produzindo socialmente a linguagem a partir de sua própria vontade de autoafirmação.

Constantemente presenciamos a relação entre educador e estudante se deparando com uma interface intercultural que vai além das limitações físicas, onde se tornam perceptíveis o conflito e a discriminação com relação à distinção de raça, de religião, de gênero e de classe. Essas diferenças geram ideologias ambivalentes, de um lado discriminatórias, de outro, com caráter de resistência, sendo ambas as formas contraditórias de conduta social e individual que variam no tempo e espaço.

O individuo sem acesso à educação se transforma em uma presa fácil da ignorância de uma estranha nação democrática que goza do direito de excluir o seu semelhante, de manter uma criança fora da escola. A sociedade pós-moderna tende a uma assimilação mais rápida das mudanças provenientes da revolução tecnológica, adaptando-se às transformações sociais e comportamentais, embora não tenha apresentado soluções para atender a todas as necessidades educacionais vigentes, onde prática e teoria se mantêm afastadas, onde as divergências sociais colocam o processo construtivo educacional em um denso estado de repouso ou em movimento retrógrado.

Com o aglomerado de avanços tecnológicos, o mesmo introduziu uma gama de ensinamentos a distancia, inseriu-se a educação virtual, apoderando-se do fluxo de internet como uma espécie de intercambio, passando a expandir a aprendizagem, garantindo acessibilidade à educação mesmo que a distancia. Isso significa mais um método compensatório no sistema educacional brasileiro, uma vez que compensa para aqueles aprendentes que não dispõe de uma carga horária disponível para frequentar diariamente uma instituição, uma sala de aula devido a inúmeras justificativas.

Mas, além de expandir o sistema educacional através de mecanismos de seleção de cursos, e inserção da modalidade virtual, as novas políticas educacionais proporciona uma maior quantidade de acesso ao aprendizado, maior fluxo de formandos, à medida que, a sociedade intensifica o seu foco para com a educação social, cultural e profissional. Segundo Freire (1996, p. 21) “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

Uma das maiores dificuldades no ensinamento da prática educativa é propiciar as condições necessárias tanto ao educador quanto ao aprendente, de forma que ambos venham assumir e relacionar a prática com a teoria, e a teoria evidenciando a sua prática, produzindo o pensamento próprio do aprendente em comunhão com o seu educador. Refletindo sobre a prática de hoje e a aprimorá-la para o amanhã.  A condição básica da prática-educativa idealiza como essência a curiosidade em aprender, o estimulo ao aprender, condicionar o prazer de ler e relacionar as experiências cotidianas já vividas, e questionar de forma construtiva o seu aprendizado.

“É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento – não apenas precisa de ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser – ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, mas também precisa de ser constantemente testemunhado, vivido” (FREIRE,1996,p.21).

A relação entre professor e aluno não pode ter barreiras, precisa haver respeito mútuo, para que o aprendente fique à vontade para questionar e ser questionado, expor seu ponto de vista e conhecer os de outros colegas, procurando uma interação mais eficaz entre alunos e professores, segundo Freire (1987, p.78) é através deste que se opera a superação de que resulta um termo novo: não mais educador do educando, não mais educando do educador, mas educador - educando com educando-educador.

4. Educação e Inclusão Digital

A sociedade do século XXI deve considerar na construção de cidadania, a inclusão digital. O individuo tem o direito a participar dessa inclusão digital e este mesmo tem o dever de reconhecer que este direito deve ser estendido para todos. Este processo conduz uma aprendizagem no uso das TICs e ao acesso a informação disponível na internet, conciliando educação e acervo de informações digitais, dinamizando a aprendizagem do individuo. A progressiva transformação da sociedade impulsionada pela revolução tecnológica acarretou a possibilidade de informações em rede mundial instantaneamente.

O termo inclusão digital nas escolas serve de parâmetro para a gestão educacional, promovendo a acessibilidade continua ao espaço comum em sociedade. Com o avanço tecnológico a era da informação também chegou ao meio educacional. A sociedade está inserida num ambiente em que tudo está ligado dependentemente em uma rede mundial de computadores (internet), bem como da informática com a utilização de programas que facilitam de forma ágil, e eficiente o funcionamento da vida social, da educação, da comunicação, do trabalho a exercer, desde instituições públicas, privadas, ONGs, etc.

E como a educação é uma preparação para o indivíduo atuar neste meio de constantes inovações, há a necessidade de exercê-la com a utilização de tais recursos, com o intuito de sempre acompanhar o desenvolvimento da humanidade, aproveitando o que a tecnologia tem de favorável para o progresso educacional.

“As novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornam-se educativo. Cada dia mais pessoas estudam em casa, pois podem de casa acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem à distância [...]” (GADOTTI, 2001, p.13).

Para Gadotti (2001) as ramificações da tecnologia possibilitaram as pessoas ao encontro de informações em meio ao ciberespaço (espaço virtual oriundo de uma vasta rede de computadores e satélites interligados), transformando o espaço domiciliar em um espaço de educação a distancia, a aprendizagem agora vai além dos muros concretos de uma escola, navega livremente no espaço virtual, conhecendo, explorando e adquirindo novas aquisições, fomentando a construção de uma identidade.

4.1. Informatização no ensino e na formação docente

Devido às exigências da nova sociedade movida pela tecnologia, inúmeras instituições escolares, começam a seguir como o seu guia os programas governamentais, para promover a inclusão social, vêm realizando a inclusão dos alunos no mundo virtual através dos Centros de Inclusão Digital, Programa Banda Larga nas Escolas, Programa Estação Digital e o Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades (os Tele - Centros). Isto é, promove-se uma sistemática que visa acessibilidade para a população, a fim de amenizar a desigualdade social, popularizando o uso da internet.

O objetivo é ensinar aos estudantes a usufruírem a tecnologia da melhor forma possível, aproveitando seus pontos favoráveis para ampliar e facilitar assimilação do conhecimento e da aprendizagem do aluno, do educador, e do indivíduo cidadão. Através de sites educativos e programas que ensinam a trabalhar e entender a informática aproximando a relação do ser humano com o seu próximo através da internet. A informática e a tecnologia são fatores que a sociedade atual exige como inserção em todas as escolas públicas, para que possa ser viável uma melhor qualidade educativa para o desenvolvimento do indivíduo, e que possa abranger toda a população.

A sociedade contemporânea é composta por uma população completamente dependente da tecnologia. Os modernos jovens estudantes são ligados às inovações que a tecnologia oferece. Dessa forma, os educadores devem utilizar os recursos disponíveis para inovar suas aulas; torná-las atrativas, visando um processo de ensino-aprendizagem satisfatório com a preparação adequada para que o corpo discente esteja apto para enfrentar as condições e situações do cotidiano, além do rigoroso mercado de trabalho.

É inútil utilizar uma metodologia tradicional em que os recursos usados são apenas giz, quadro e livro didático; a mentalidade, a consciência e a forma de aprendizagem dos alunos da atualidade é outra. O docente vive o grande desafio de conquistar o interesse do aluno através da metodologia e recursos utilizados, e quando esses recursos são ligados à tecnologia se torna bem mais fácil porque todo jovem e adolescente é fascinado por inovações, por novidades. O professor tem vários recursos a sua disposição que podem tornar a aula interessante, dinâmica e produtiva, tais como vídeos, Datashow, laboratório de informática entre outras ferramentas que podem vir a ser instrumentos didáticos.

Com o decorrer do processo educacional em conjunto com a tecnologia como uma ferramenta de estudo, passa a existir novos métodos de ensino, assim torna-se possível estudar a distancia, ter uma acessibilidade a uma aprendizagem sem a obrigação de frequentar diariamente uma sala de aula. De acordo com ASSIS (2007): a Educação a Distância (EAD) no Brasil ganhou força nos anos 90 com a chegada da internet, mas foi em 1996 que a formação de professores por esse método de ensino teve um maior impulso devido à determinação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) de que em 10 anos todo professor deveria ter curso superior.

Porém, as vagas nas instituições públicas não eram suficientes para tal exigência e também havia um grande número de professores leigos, que não sabiam transmitir o conhecimento necessário para seus alunos. Dessa forma, o projeto de educação virtual em larga escala foi instalado, e apesar de encontrar barreiras preconceituosas, tornou-se sucesso tal modalidade de ensino superior, desde a sua expansão pelo MEC em 2005: a Universidade Aberta do Brasil (UAB), com objetivo de aumentar a demanda de professores em todo território nacional e de capacitar os considerados leigos.

Com o ensino e a tecnologia interligados, na Educação à Distância o processo de aprendizagem é mediado pelo computador juntamente com o auxílio de livros de apoio, textos, e internet a disposição do aluno, aulas virtuais, fóruns de dúvidas, que promovem a interação entre a turma e o professor, navegando nos chats, no acervo da biblioteca virtual, a além de colaboração digital. É um novo cenário que exige uma aprendizagem colaborativa e dinâmica, logo a exigência de participação, dialogo e interação entre alunos, tutores e professores para que possa ser desenvolvido o seu processo educacional com sucesso.

Embora esta modalidade de ensino seja ignorada por algumas pessoas leigas, a referida modalidade de ensino tem algumas das mesmas exigências de um curso presencial como enfatiza ASSIS, 2007:

“Alguns procedimentos e práticas rotineiras da vida de uma estudante tradicional você certamente já conhece: assiduidade nas aulas, participação nas discussões com o professor e com os outros alunos, realização de provas e avaliações constantes, cumprimento de tarefas, interação face a face com o professor, esclarecimento de dúvidas, realização de pesquisa, estudo do material do curso, além de dedicação de algumas horas diárias para estudo.” (ASSIS, 2007, p.22)

Tais procedimentos e exigências foram dando maior credibilidade a este sistema de graduação virtual, tanto para as EAD públicas quanto para as privadas, no nosso cotidiano diariamente vemos o curso de capacitação profissional ou do próprio ensino básico através do já conhecido TELECURSO2000 e outros com a mesma dimensão, em cursos de licenciaturas e outros. Dessa forma as intenções objetivadas das políticas governamentais vêm sendo alcançadas, como inclusão da grande massa da população no ensino superior principalmente das pequenas cidades interioranas, onde o estudante tem dificuldades geográficas e financeiras para frequentar uma universidade.

Segundo a Revista Agitação (2008), outro motivo vem contribuindo para o grande aumento no número de estudantes matriculados na educação à distância: “pessoas que querem estudar, mas não têm o tempo para cursar como uma graduação tradicional exige.” Ou seja, através da UAB, por exemplo, o graduando pode trabalhar para suprir sua sobrevivência e em tempo simultâneo se capacitar profissionalmente com um curso superior, onde este não exige determinações fixas de horário podendo então conciliar com mais tranquilidade o trabalho e o estudo.

“O aluno de EAD, segundo especialistas, ainda apresenta alguns diferenciais, como disciplina, iniciativa, autodidatismo, maturidade, maior nível de exigência, organização, autonomia, empenho, objetividade na comunicação e habilidade no uso das novas tecnologias [...]” (Revista Agitação, mar/abril 2008, p.19).

Entretanto a EAD ainda está em fase de desenvolvimento e reconhecimento pela sociedade e mercado de trabalho; existe uma falta de conhecimento com esta modalidade de ensino superior, ao imaginar que por ser à distância o aluno não estuda ou aprende devidamente. Onde na verdade a principal diferença entre ambas se encontra em não poder interagir pessoalmente, fisicamente presente com o professor e a turma.

Mas, esse processo acontece através das tecnologias da informação e comunicação (TICs) em tempo real por meio de vídeo conferência, sala de bate papo e e-mails, ou ainda no caso de algumas instituições, quando o aluno julgar necessário o apoio de um professor, o mesmo aprendente tem o dever e o direito de procurar os professores pessoalmente na sua instituição assim credenciada, onde muitos mediadores das disciplinas compõe o núcleo de professores tanto na virtual quanto na presencial.

Ao ser entrevistado o ex-ministro da Educação o senhor Fernando Haddad pela revista Agitação (2008), com relação à educação a distancia, afirmou: “o bom desempenho dos alunos de cursos a distância se deve, em parte, ao perfil deles [...] alunos de cursos a distância são em geral, trabalhadores de faixa etária mais elevada que veem o curso como oportunidade de se promover no trabalho”.

A referida revista supracitada na citação anterior, enfatiza ainda que, segundo comparação realizada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Educacionais Anísio Teixeira) pesquisas entre o desenvolvimento dos alunos das modalidades tradicional e a distância no Exame Nacional de Desenvolvimento dos Estudantes (Enade), sete das treze áreas pesquisadas registraram melhor desempenho de alunos da EAD com relação ao ensino presencial. Já o professor Dr. Luciano Sathler afirma a mesma revista que “o ensino está à beira de uma revolução, que passa pela incorporação de novas tecnologias”. Acredita que no futuro, não será possível diferenciar o estudante do presencial daquele de EAD, podemos dizer que estamos caminhando a educação em virtude a necessidade de atender uma demanda que vivencia o progresso virtual.

Dessa forma, a relação entre professor e aluno passa a ganhar uma nova dinâmica, ao atribuir os acervos tecnológicos em sala de aula, o aluno e o professor são estimulados a explorar, a buscar formulação do conhecimento através da internet, através de Tablets, entre outros aparelhos oriundos desse avanço, mediando a matemática entre outras disciplinas com programas softwares adaptados para compreensão de determinadas teorias. As experiências em sala de aula nos remetem a experimentar este acervo, como forma de eliminar a rotina de ensino, e familiarizar o aluno com o conteúdo, o permitindo participar de modo mais ativo, vivenciando, refletindo, produzindo, e transformando o conhecimento.

Considerações Finais

Para que venha deixar de ser um sonho e se tornar uma realidade, um sistema de ensino de melhor qualidade educacional ao alcance de todos, tanto educandos quanto educadores, devemos analisar a estrutura que nos é oferecido, mas também, temos que se conscientizar do importante papel de educar um ser humano, formar um cidadão, permite condições ao aprendente para que este possa compreender qual a sua função em meio à sociedade. Buscando uma reflexão e aprimoramento de seus procedimentos didáticos, seus conteúdos apresentados no espaço sala-de-aula, o que ocorre no meio popular, nas periferias, no centro urbano, o efeito do homem na natureza, termos que devem ser aglutinados e refletidos, para a construção da aprendizagem.

E através da tecnologia a disposição da educação, é possível implicar aos educandos uma melhor compreensão da história, vivê-la com possibilidade de tornar o sujeito homem um ser sociável, um grande homem, um grande cidadão, sempre aberto ao diálogo. A educação virtual deve ser acolhida pela sociedade, constituir-se através de sua prática educativa-social e suas múltiplas atividades.

Precisamos estender e ampliar essa educação como um projeto por toda uma vida, tornar o ser humano adaptável às transformações decorridas com a construção e inovação de outros saberes, inseridos no contexto social. Nas últimas décadas obter uma formação a nível superior obteve maior acessibilidade das demais classes sociais, fruto dos novos mecanismos de seleção de alunos instalados por políticas públicas que visaram à inclusão ao ensino. Seja através do SISU (Sistema de Seleção Unificada) seja através do PROUNI (Programa Universidade para Todos), entre outros, todos gerenciados pelo MEC e tem como forma de ingresso o ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio), garantindo o acesso ao ensino técnico e superior nos sistemas públicos e concedendo bolsas parciais e integrais em instituições privadas, ampliando o processo de inclusão.

Ao incluir no processo de inclusão social e digital a EAD, fez-se presente mais uma vez em sua estrutura histórica educacional mais um modelo de ensino compensatório, suprindo assim a ausência de tempo para muitos brasileiros ao frequentar uma instituição diariamente, além de capacitar muitos profissionais. A educação virtual possibilita infinitas oportunidades de aprendizado, tornando a UAB um atrativo a mais para incorporar este público em busca da construção do conhecimento, além de educar o indivíduo que antes não tinha acessibilidade à aprendizagem escolar, contextualiza a cidadania, tornando seus aprendentes aptos com competências e habilidades para o mercado de trabalho, caracterizando um progresso educacional.

Referências Bibliográficas

ALDRIGUE, Ana Cristina De Sousa. Linguagens: usos e reflexões/ Ana Cristina     de Sousa Aldrigue, Evangelina Maria de Brito Faria (organizadoras). – v.4 – João Pessoa: Editora da UFPB, 2009.

ASSIS, Cibelle de Fátima. Introdução à Educação a Distância. Matemática à Distância. Volume 1. João Pessoa: Liceu, 2007. p 13-68.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação popular na escola cidadã.  Petrópolis, RJ:        Vozes, 2002.

_________________________. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura)

_____________. Pedagogia do oprimido. 17ª. Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

_____________. Política e Educação. 5ª. Ed. São Paulo, Cortez, 2001.

GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Educação: novos caminhos em um novo milênio. 2. ed. João Pessoa, editora: autor associado, 2001.

RESENDE, Ênio J. Cidadania e outros avanços culturais. Cidadania: o remédio para as doenças culturais brasileiras. São Paulo. Editora Summus, 1992. p. 65-85

REVISTA AGITAÇÃO. Do mundo virtual ao real. Ano XIV-n80-mar/abril de 2008. p. 18-20. Disponível em http://issuu.com/neuronios/docs/agitacao80. Acesso em 13 de Mar. de 2014.


* Clenilson dos Santos Silva
* Maria José da Silva Pequeno


Publicado por: Clenilson dos Santos Silva

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.