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Afetividade na Educação Infantil

Descubra qual é a importância da relação afetiva entre aluno/professor na aprendizagem.

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RESUMO: Este artigo relata a relação afetiva entre aluno/professor que é de extrema importância para o desenvolvimento de aprendizagem saudável entre os educandos, e adaptação dos mesmos ao meio físico e social. O desenvolvimento do aluno tem um valor imprescindível para o processo de construção de conhecimentos e da realidade em que ele vive. Percebe-se que o afeto é um grande laço que liga o professor e aluno, é um conjunto onde estão relacionados á autoestima, amor, sentimentos e valores, são essas relações entre educador e educando que faz uma aprendizagem agradável e sadia. A afetividade é a mistura do todo, de todos esses sentimentos, que ensina aprender e cuidar adequadamente de todas essas emoções é que vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada.

Palavras-chave: Aprendizagem. Desenvolvimento. Afetividade.

ABSTRACT: These articles reports the affective relationship between student/teacher who is of utmost importance for the development of healthy learning among students, and adapt them to physical and social environment. The development of the student has a value essential to the process of knowledge construction and the reality in which he lives. It is perceived that the affection is a big loop that connects the teacher and student, is a set where will relate self-esteem, love, feelings and values, these are relations between educator and student that makes learning enjoyable and healthy. The affection is a mixture of all of those feelings, and learns to teach properly care for all of these emotions is going to give the subject a full and balanced emotional life.

Key-words: Learning, development, affectivity.

  1. INTRODUÇÃO

O objetivo principal deste artigo é demonstrar, porque a relação afetiva entre professor/ aluno é de extrema importância para que o aluno possa se desenvolver de forma gratificante dentro da sala de aula, e ter um bom relacionamento não só com o seu educador, mas também com os colegas e a família. A afetividade envolvida na educação infantil revela que o educando serve de continente para a criança, para que ela possa depositar seus sentimentos, onde ela se sinta acolhida, protegida, e o professor deve lhe demonstrar paciência e atenção para que a criança possa ter mais interesse em aprender e a lidar com as pessoas que estão ao seu redor. A relação de laços de afeto entre educador e educando permite desenvolver sujeitos que sejam responsáveis para assumirem seus próprios atos, honestos, responsáveis e críticos, para que o educando desenvolva boas diferenças individuais e comportamentais.

A participação da família na escola também ajuda no desenvolvimento de aprendizagem do aluno, o educador também deve demonstrar afeto à família para que todos se sintam acolhidos pelo professor e pela escola, demonstrando segurança quanto ao aluno.  É necessária também a presença do lúdico, pois através dele que se ensina com afeto e desenvolve-se a afetividade no educando, e a aprendizagem do aluno pode ser de forma integral, garantindo um envolvimento intelectual que é demonstrado através do brincar e se divertir revelando uma série de sentimentos ocultos pelos próprios alunos.

O embasamento teórico deste artigo para a melhor compreensão da afetividade na educação infantil e a moralidade humana seguiu através de Piaget, Chalita, Vygotsky e Wallon. É preciso manter laços afetivos entre educando e educador, escola e família, e o desenvolvimento da afetividade do lúdico com a educação infantil.

  1. AFETIVIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com o dicionário Aurélio (1994), o verbete afetividade esta definido da seguinte forma:

“Psicol. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções; sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza”.

Portanto, a afetividade exerce um papel fundamental nas correlações psicossomáticas básicas, além de influenciar decisivamente a percepção, a memória, o pensamento, à vontade e as ações, e ser assim, um componente essencial da harmonia e do equilíbrio da personalidade humana. Ambas, existe acentuada confusão terminológica em relação à afetividade e ao grande número de vocábulos associados ao seu conceito. Os estados afetivos fundamentais são as emoções, os sentimentos, as inclinações e as paixões. A palavra emoção vem do latim movere, mover-se para fora, externalizar-se. É a intensidade máxima do afeto.

A emoção é definida assim, pelo Dicionário Aurélio: “Psicol. Reação intensa e breve do organismo a um lance inesperado, a qual se acompanha de um estado afetivo de conotação penosa ou agradável”. A afetividade é uma das forças mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. É um sentimento que se inicia a partir do momento em que um sujeito se liga a outro pelo amor, que traz no seu núcleo, um complexo e profundo medo da perda. Quanto maior o amor, maior o medo da separação, da perda e da morte, o que acaba desencadeando outros sentimentos, como ciúme, ódio, a inveja, e saudade...

A afetividade é a mistura do todo, de todos esses sentimentos, que ensina aprender e cuidar adequadamente de todas essas emoções é que vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada. Muitas vezes somos movidos pelo impulso em direção ao prazer. Por isso o viver é um sentimento doloroso, como a raiva ou o medo, é natural reagirmos à situação que provoca dor. Entretanto, ao fazê-lo não temos consciência de estar bem destruindo a fonte do prazer, do amor. É neste momento que o sujeito necessita de um cuidador, outro sujeito (já cuidado) que vai estabelecer os limites necessários impedindo-o de destruir a sua fonte de amor.

Esse sujeito cuidador, em nome do afeto que sente pelo jovem, vai ajudá-lo a não destruir a própria fonte do amor impedindo-o de agir em nome da raiva ou do medo. Deve-se permitir a manifestação do sentimento, pôr impedir de desprazer. Pode-se sentir medo e/ou raiva; pode-se expressá-los através do choro ou palavras; só não se pode destruir a fonte de tais sentimentos, pois ela é também a fonte de seu prazer maior: o amor. (http://www.facaparte.org.br. acesso dia 31 de julho de 2012).

Na verdade, quando falamos de emoções e sentimentos, estamos falando de ativação, de atividade do simpático e do parassimpático, ramos do sistema neurovegetativo. Mas, é evidente que não podemos reduzir esses fenômenos a um nível estritamente fisiológico. Emoções e sentimentos são estados psicológicos que acompanham o estado motivacional, e manifestam-se por reações tão complexas que geralmente é preferível descrever a situação antes de tentar compreender o estado afetivo pelas expressões faciais e pela mímica da pessoa. Mas, é claro todos nós estamos interessados em saber o que ocorre com o organismo de uma pessoa quando há uma sensível alteração, como quando reage emocionalmente.

É a Afetividade que dá valor e a representa nossa realidade. Essa afetividade também é capaz de representar um ambiente cheio de gente como se fosse ameaçador, é capaz de nos fazer imaginar que pode existir uma cobra dentro do quarto ou ainda, é capaz de produzir pânico ao nos imaginar que podemos morrer de repente. (http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=62. Acesso dia 15 de abril de 2012).    

Sabendo-se que a afetividade valoriza tudo em nossa vida, tudo aquilo que está fora de nós, como exemplos os fatos e acontecimentos, bem como que está dentro de nós (causas subjetivas), como nossos medos, nossos conflitos, nossos anseios, etc.

A afetividade também valoriza os fatos e acontecimentos de nosso passado e nossas perspectivas futuras.

Para que se possa compreender de forma mais ampla o tema da Afetividade na Educação Infantil. Primeiramente faz-se necessário tratar da psicologia do desenvolvimento infantil, especialmente o desenvolvimento cognitivo estudado por Jean Piaget.

A infância é uma etapa biologicamente útil, que se caracteriza como sendo o período de adaptação progressiva ao meio físico e social. A adaptação, aqui, é “equilíbrio”, cuja conquista dura toda a infância e adolescência e defina a estruturação própria destes períodos existenciais. Se tratando da educação infantil no contexto da educação moderna é preciso considerar quatro pontos fundamentais:

A significação da infância, a estrutura do pensamento da criança, as leis de desenvolvimento e o mecanismo da vida social infantil.

Ele concluiu pela existência de quatro estágios ou fases do desenvolvimento da inteligência. Em cada estagio há um estilo característico através do qual a criança constrói seu conhecimento.

  • Primeiro estágio: Sensório motor (ou prático) 0-2 anos.

Trabalho mental. Estabelecer relações entre as ações e as modificações que elas provocam no ambiente físico; os exercícios dos reflexos, manipulação do mundo por meio da ação, ao final constância, permanência do objeto.

  • Segundo estágio: Pré-operatório (ou intuitivo) 2-6 anos.

Desenvolvimento da capacidade simbólica (símbolos mentais: imagens e palavras que representam objetos ausentes); explosão linguística, características do pensamento (egocentrismo, intuição, variância): pensamento dependente das ações externas.

  • Terceiro estágio: Operatório-concreto 7-11anos:

Capacidade de ação interna, características da operação reversibilidade, invariância, conservação, quantidade, peso, volume, capacidade de seriação e de classificação.

  • Quarto estágio: Operacional-formal (abstrato) 11 anos.

Realiza-se através da linguagem (conceitos). O raciocínio é hipotético-dedutivo, levantamento e hipotético de deduções. Essa capacidade das palavras em relação ao recurso concreto permite ganho de tempo, aprofundamento do conhecimento e domínio.

  1. A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O que ocorre para Jean Piaget, que a afetividade é uma espécie de “temperatura”, ou seja, intensidade, qualidade, modalidade, etc. por afetividade entendemos os sentimentos, prazer e desprazer, simpatia e antipatia, propriamente ditos e, em particular as emoções e as diversas tendências aí compreendidas, como as tendências superiores e, em particular, a vontade. “Como se vê, a afetividade é fator fundamental, na socialização do ser humano”. 

Pois, a afetividade se manifesta pelos interesses, pela motivação, pelo grau de dinamismo e pelo dispêndio de energia. Jean Piaget, admite que desregulações de caráter afetivo podem obstruir o funcionamento da atividade cognitiva, da mesma forma como as motivações afetivas intensificam a operacionalidade intelectual. Mas a volta á normalidade, na área afetiva, não dispensa a recuperação dos prejuízos causados na área cognitiva.

  1. AFETIVIDADE, O LÚDICO E A APRENDIZAGEM

O aprendizado do educando é garantido quando o afeto e o lúdico também estão presentes. A palavra lúdico vem do latim ludus que também significa brincar. O jogo tem como objetivo desenvolver a aprendizagem do educando, pela compreensão do mundo, do saber, e o jogo aborda atividades com brinquedos, jogos e a diversão que é relativa com a conduta de quem joga. A integração do lúdico e a afetividade se tornam mais valorizados devido ao processo de aprendizagem que é desenvolvida com os alunos por esse método. Segundo Vygotsky (1991), a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de faz-de-conta, como nas que exigem regras. Pode aparecer também no desenho, como atividade lúdica.

A socialização e a criatividade ganham destaques porque garantem um bom relacionamento entre as pessoas que estão no jogo e perante a sociedade. Através desses objetivos o educando cria seu próprio mundo de fantasias que os levam ao encontro do eu. Como o brinquedo é objeto que tem papel fundamental na vida da criança, isso possibilita que o trabalho pedagógico estimule a afetividade na criança, e é através deste brinquedo que o aluno vai demonstrar seus sentimentos e as suas necessidades. Por isso o educador deve acrescentar em seu projeto de educar as atividades lúdicas que envolvam o desenvolvimento integral dos alunos para que eles possam compreender o seu real valor na sociedade.

  1. O DESENVOLVIMENTO DO JUÍZO PIAGET E AFETIVIDADE NA TEORIA DE JEAN PIAGET.

Jean Piaget escreve: “Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o individuo adquire por estas regras”. (LA Taille, 1992, p.49). Inspirado por esta definição Piaget inicia suas pesquisas escolhendo um campo muito peculiar da atividade humana: o jogo de regras La Taille, (1992). Para Piaget, os jogos coletivos de regras são paradigmáticos para a moralidade-humana.

Segundo La Taille, a três razões, pelos menos, em primeiro lugar, representa uma atividade interindividual necessariamente regulada por certas normas que, embora geralmente sejam herdadas de gerações anteriores, e que podem ser modificadas pelos membros de cada grupo familiar, fato este que explica a condição de cada um deles. Em segundo lugar, embora tais normas não tenham em si caráter moral, o respeito a elas devido e, ele sim, moral e envolve questões de justiça e honestidade. Finalmente, tais respeitos provem de acordos entre as famílias, e não da mera aceitação de normas impostas por autoridades. Vale dizer que, ao optar pelo estudo do jogo de regras, Piaget deixa antever sua interpretação contratual da moralidade humana.

De acordo com La Taille, a evolução da prática e da consciência da regra pode ser dividida em três etapas.

A primeira delas é a etapa da Anomia:

Crianças de até cinco, seis anos de idade não seguem regras coletivas. Interessam-se, por exemplo, por bolas de gude, mas antes para satisfazerem seus interesses motores ou suas fantasias simbólicas, e não tanto para participarem de uma atividade coletiva.

A segunda etapa é aquela da Heteronomia:

São crianças de até nove, dez anos em média, que se interessem em participar de atividades coletivas e regradas, as crianças destas mesmas fase jogam, mais umas ao lado das outras do que realmente umas contra ou com as outras.

A terceira e última etapa que é a Autonomia:

As características são justamente opostas às da fase de heteronomia, e correspondem à concepção adulta do jogo. Deve-se também acrescentar que a autonomia demonstrada na prática da regra aparece um pouco mais cedo do que aquela revelada pela consciência da mesma, ou seja, o respeito a regras é entendido como acordos mútuos entre os jogadores, sendo que cada um consegue conceber a si próprio em regime de cooperação entre todos os membros do grupo.

Ainda de acordo com La Taille (1992), o estudo do desenvolvimento do juízo moral é uma forma de avaliar a articulação entre afetividade e inteligência. Além disso, o comportamento moral não se resolve apenas pela razão e inteligência, depende sim do contexto das crenças e da afetividade. No campo especifico da moral, qual será então objeto que desperta no ser humano este sentimento do sagrado, este sentimento complementar de obrigatoriedade e desejo.

Porque a sociedade é. Ao mesmo tempo, fonte e guardiã da civilização, porque ela é o canal pelo qual a civilização chega até nós, ela nos aparece como uma realidade infinitamente mais rica, mais alta que a nossa individual, uma realidade de onde vem tudo o que é importante os nossos olhos e que, no entanto, nos ultrapassa, porque destas riquezas intelectuais e morais, das quais ela guarda o depósito, apenas algumas parcelas chegam até cada um de nós. (...) Ao mesmo tempo em que nos ultrapassa está dentro de nós, já que não pode viver a não ser em nós e por nós, (La Taille, 1992, p.56).

A sociedade, por conseguinte, exterior a nós, superior, poderosa, e a moral que há entre ela e nós faz dela uma autoridade perante a qual nossa vontade se inclina sentimento de obrigatoriedade, portanto o dever. A sociedade está também dentro de nós, ela é nós, e assim a amamos, nos sentimentos a ela apegados, ou seja, a desejamos sentimentos de desejabilidade, por tanto o bem.

  1. O PROBLEMA DA AFETIVIDADE PARA VYGOTSKY

Vygotsky propôs a construção de uma nova psicologia, fundamentada no materialismo histórico e dialético. Aprofundou seus estudos sobre o funcionamento dos aspectos cognitivos, mais precisamente as funções mentais e a consciência. Vygotsky usa o termo função mental para referir-se a processos como pensamento memória, percepção e atenção. A organização dinâmica da consciência aplica-se ao afeto e ao intelecto La Taille (1992).

Conforme La Taille (1992, p.76) Vygotsky explica que o pensamento tem sua origem na espera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção. Nesta esfera estaria à razão última do pensamento e assim uma compreensão completa do pensamento humano só é possível quando se compreende sua base afetivo-volitiva. Apesar de a questão da afetividade não receber aprofundamento em sua teoria. Vygotsky evidência a importância das conexões entre as dimensões cognitivas e afetivas do funcionamento psicológico humano, propondo uma abordagem unificadora das referidas dimensões.

  1. AFETIVIDADE E A CONSTRUÇÃO DE SUJEITO NA PSICOGENÉTICA DE WALLON

Por sua vez na psicogenética de Henry Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento (La Taille, 1992 p.85). Para este pensador a emoção ocupa o papel de mediador. O processo de desenvolvimento infantil se realiza nas interações que objetivam não só a satisfação das necessidades básicas; como também a construção de novas relações sociais, com o predomínio da emoção social, com o predomínio da emoção sobre as demais atividades. As interações emocionais devem se pautar pela qualidade a fim de ampliar o horizonte da criança e levá-la a transcender sua subjetividade e inserir-se no social. Na concepção de Wallon tanto a emoção quanto a inteligência são importantes no processo de desenvolvimento da criança, de forma que o professor deve aprender a lidar com o estado emotivo da criança para melhor poder estimular seu crescimento individual.

La Taille 1992. A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas umas das dimensões da pessoa: ela é também uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincronicamente misturadas, como o predomínio da primeira. Isto significa que a afetividade depende, para evoluir, de conquistas realizadas no plano da inteligência, e vice-versa.

A inteligência humana deve ser entendida como um sistema cognitivo, sistema este ao mesmo tempo aberto e fechado; aberto no sentido em que se alimenta, através da ação e da percepção do sujeito, de informações extraídas do meio social e físico, e fechado no sentido em que o sistema em questão não se confunde com uma página em branco, sobre a qual as informações recebidas simplesmente se inscreveriam, mas é sim dotado de capacidade de organização. (La Taille, 1992).

No âmbito da educação infantil, a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um é constante, dá-se o tempo todo, na sala, no pátio ou nos passeios, e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetos e a construção de um conhecimento altamente envolvente. Neste caso, o educador serve de continente para a criança. Poderíamos dizer, portanto, que o continente é o espaço onde podemos depositar nossas pequenas construções e onde elas tomam um sentido, um peso é um respeito, enfim, onde elas são acolhidas e valorizadas, tal qual um útero acolhe um embrião. Neste caso, o educador serve de continente para a criança.

Conforme Magrit, a escola, por ser o primeiro agente socializador fora do círculo familiar da criança, torna-se a base da aprendizagem se oferecer todas as condições necessárias para que ela se sinta segura e protegida. Portanto, não nos restam dúvidas de que se torna imprescindível a presença de um educador que tenha consciência de sua importância não apenas como um mero reprodutor da realidade vigente, mas sim como um agente transformador com uma visão sócio crítica da realidade.

A criança ao entrar na escola pela primeira vez precisa ser muito bem recebida, porque a um rompimento de sua vida familiar para iniciar-se uma nova experiência, e esta deverá ser agradável, quando a criança nota que a professora gosta dela, e que a professora apresenta certas qualidades como paciência, dedicação, vontade de ajudar e atitude democrática, a aprendizagem torna-se mais facilitada; ao perceber os gostos da criança, o professor deve aproveitar ao máximo suas aptidões e estimulá-la para o ensino. Ao contrário, o autoritarismo, inimizade e o desinteresse podem levar o aluno a perder a motivação e o interesse pelo aprender, já que estes sentimentos são consequentes da antipatia por parte dos alunos, que por fim associarão o professor à disciplina, e reagirão negativamente a ambos.

A todo o momento, a escola recebe crianças com autoestima baixa, tristeza, dificuldades em aprender ou em se entrosar com os coleguinhas e as rotulamos de complicadas, sem limites ou sem educação e não nos colocamos diante delas o seu favor, não compactuamos e nem nos aliamos a elas, não as tocamos e muito menos conseguimos entender o verdadeiro motivo que as deixou assim. A escola facilita o papel da educação nos tempos atuais, que seria construir pessoas plenas, priorizando o ser e não o ter, levando o aluno a ser crítico e construir seu caminho.

Segundo ainda a ideia de Magrit: “O bem-estar emocional ajuda o desenvolvimento normal da personalidade da criança e a formação de qualidades que a tornam positiva, fazendo-a mostrar-se benevolente com outras pessoas”.

A serenidade e a paciência do educador mesmo em situações difíceis fazem parte da paz que a criança necessita. Observa a ansiedade, a perda de controle e a instabilidade de humor, vai assegurar à criança ser o continente de seus próprios conflitos e raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador. A serenidade faz parte do conjunto de sensações e percepções que garantem a elaboração de nossas raivas e conflitos. Ela conduz ao conhecimento do si mesmo, tanto do educador quando da criança. Conforme Davis (1990) é na interação que o professor e aluno estabelecem na escola, os fatores afetivos e cognitivos de ambos exercem cada parceiro busca-o atendimento de alguns dos seus desejos, de proteção, de subordinação, de realização etc. Através dela, tanto os alunos quanto o professor vão construindo imagens do seu interlocutor, atribuindo-lhe determinadas características, intenções e significados. Cria-se assim, uma rede de expectativas recíprocas entre professores e alunos, que pode ser ou não harmoniosa.

Para que haja a interação entre professor-aluno é preciso levar à construção de conhecimento, a interpretação que o professor faz do comportamento dos alunos é de fundamental importância. É preciso que o professor esteja atento ao fato de que existem muitas significações possíveis para os comportamentos assumidos por seus alunos, buscando verificar quais delas melhor traduzem as intenções originais. Além disso, o professor necessita compreender que os aspectos da sua própria personalidade, seus desejos, preocupações e valores influem em seu comportamento, ao longo de interações que ele mantém com a classe.

De acordo com Chalita (2003) ódio não se combate com ódio, agressividade não se combate com agressividade, violência não se combate com violência...

Mostra que muito diferente disso, os instrumentos sugeridos para combater todas as agruras do mal, são a ternura, o afeto e a inteligência. Não resta dúvida que a amizade pertence ao rol de sentimentos nobres que regem o afeto entre as pessoas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação entre a afetividade e a aprendizagem tem influência fundamental que garantem ao aluno um ensino de qualidade. A participação da família e a presença do professor ajudam no aprendizado, no comportamento, na socialização, no respeito, na autoestima para que o desenvolvimento da criança na inserção na escola seja efetivo. O afeto e amor são as principais chaves para uma boa aprendizagem, e os educadores precisam estar atentos para que o fator afetivo entre o educador e o educando seja essencial para que o próprio sujeito envolva valores e o caráter para o desenvolvimento integral. Além disso, os educadores têm que se preocupar com a participação e a formação para que as crianças sejam críticas, solidárias, atuantes, criativas e felizes, onde os vínculos afetivos promovam pontos positivos no processo de aprendizagem e socialização.

O vínculo de afeto quanto ao professor e educando é estimulada através da vivência que garantem um envolvimento maior e emocional de envolver a aprendizagem. O estímulo desse laço proporciona uma maneira eficaz do educando se desenvolver melhor com a presença do lúdico no seu cotidiano, que estimulam e enriquecem um total processo de aprendizagem, garantindo ao educando uma forma de expressar seus sentimentos e de talvez ver o mundo de um jeito que ela não imagina. É preciso também integrar a participação dos pais e da família na vida escola do educando e trabalhar com o afeto nas relações familiares.

O professor deve se ver em questão não só de estar ali para ensinar, mas que é preciso que os sentimentos como o afeto, amor, carinho, atenção e respeito, estejam presentes em um conjunto chamado aprendizagem, e o educando assim pode-se sentir que o educador é seu amigo que tem e espera respeito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BALLONE GJ – Afetividade: A afetividade é a função psíquica responsável pela qualidade da vida emocional.  Disponível em: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=62. Acessado 17 de abril de 2012

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2009.

Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/ SFF, Volume 1: Introdução, 1998.

CAPELLATO, Ivan Roberto. Educação com Afetividade. Fundação Educar D´Paschoal. Disponível em: http://www.facaparte.org.br/facaparte/biblioteca/EduccomAfetividade.pdf. Acessado dia 31 de julho de 2012

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor, São Paulo, Gente. 2003.

DAVIS, Cláudia. OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Psicologia na Educação, São Paulo, Cortez. 1990.

LA TAILLE, Yves. Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão,___________, Marta Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas. São Paulo: Summus, 1992. 

LIMA, Lauro de Oliveira: Piaget. Sugestões aos educadores. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.


[1] Graduada pela Instituição Tangaraense de Ensino e Cultura e pós-graduada pelo Instituto Cuiabano de Educação.


Publicado por: Berenice Neves Grisoste Oliveira

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