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O Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará – SEBAM/CE: Breve Estudo de uma Política Pública para Bandas de Música no Ceará

Confira um apresentação das políticas públicas desenvolvidas no Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará!

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RESUMO

O Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura – SECULT, criou o Sistema Estadual Bandas de Música do Ceará – SEBAM/CE, sob os auspícios da Lei nº 13.605 de 28 de junho de 2005, vinculado à Coordenação de Ação Cultural – CODAC, com o objetivo de sistematizar e implementar políticas de integração e incentivo às bandas de música de todo o Estado do Ceará, com diretrizes estabelecidas de forma democrática e participativa por estas instituições. O objetivo central deste trabalho é apresentar as políticas públicas desenvolvidas, no âmbito do Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará – SEBAM/CE, história e evolução, sua problemática, ações e aplicação, analisando o papel desempenhado pelos diferentes eixos, direta e indiretamente envolvidos na implementação de ações no âmbito das políticas públicas, se essas políticas foram ou não bem aplicadas, se contribuíram ou não para elevar a qualidade deste projeto e, por conseguinte, das bandas de música, instrumentistas, regentes e gestores, se as relações sociais com os jovens foram fortalecidas, quando levamos em conta todo o apoio que foi viabilizado por meio desse sistema, cujo resultado poderá servir de diagnóstico do conjunto de ações realizadas.

Palavras-chave: Política Pública Cultural, Educação Musical, Banda de Música.

Abstract: The Government of the State of Ceara by Secretary of Culture - SECULT created the Music Bands State System of Ceará - SEBAM / EC under the auspices of Law No. 13,605 of June 28, 2005 linked to the Department of Cultural Action - CODAC with the objective of organizing and implementing integration policies and incentives for music bands from around the state of Ceará, with guidelines established in a democratic and participatory by these institutions. The aim of this paper is to present the public policies developed within the Music Bands State System of Ceará - SEBAM / CE, history and evolution, their problems, actions and implementation, analyzing the role played by different routes, directly and indirectly involved in implementing actions in the context of public policy and, if these policies were or were not well implemented, and whether or not contributed to raising the quality of this project and therefore the bands, instrumentalists, conductors and managers, and social relations have been strengthened with the young, when we take into account all the support that was made possible through this system.

Keywords: Public Policy, Music Education, Music Band.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar as políticas públicas desenvolvidas no âmbito do Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará – SEBAM/CE, trazendo sua história e evolução desde a criação do projeto bandas, sua problemática, ações e aplicação, até como essas, bem aplicadas, puderam elevar a qualidade deste projeto e, por conseguinte, das bandas de música, instrumentistas, regentes e gestores, fortalecendo principalmente as relações sociais dos jovens quando levamos em conta todo o apoio que foi viabilizado por meio dos eixos de: Gestão, Formação, Produção e Difusão.

Para tanto, vamos apresentar um breve histórico que conceitua o termo ‘‘banda de música’’, sua história e evolução, desde sua origem no Brasil, bem como uma comparação da instrumentação entre as bandas de música do Brasil e de Portugal. Além de esclarecer o nascer da política pública no Brasil, direcionada especificamente para este segmento, tanto no Ceará quanto a nível nacional.

Com isso, vamos detalhar o passo a passo das ações realizadas pelo projeto bandas, no Ceará, o que permitiu sua evolução e transição de projeto para política pública, tornando-se o Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará – SEBAM/CE, conforme a Lei nº 13.605 de 28 de Junho de 2005.

Assim, este artigo contém, além desta introdução e das referências bibliográficas, a fundamentação teórica desmembrada em dois itens que tratam das políticas públicas e das bandas de música, história e evolução, a metodologia, a legislação sobre o referido tema e os resultados obtidos e, por fim, uma breve conclusão sobre o exposto.

OBJETIVOS

O objetivo central deste trabalho é apresentar as políticas públicas desenvolvidas no âmbito do Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará – SEBAM/CE, trazendo sua história e evolução, desde a criação do projeto bandas, sua problemática, ações e aplicação, analisando o papel desempenhado pelos diferentes segmentos, direta e indiretamente envolvidos, na implementação de ações no âmbito das políticas públicas; se essas políticas foram ou não bem aplicadas, se contribuiram ou não para elevar a qualidade deste projeto e, por conseguinte, das bandas de música, instrumentistas, regentes e gestores; se as relações sociais com os jovens foram fortalecidas, quando levamos em conta todo o apoio que foi viabilizado por meio dos eixos de: Gestão, Formação, Produção e Difusão.

História e Evolução

Desde o início dos tempos, o homem interage com o próximo, inicialmente por suas questões fisiológicas, de segurança, sentimento de pertença, autoestima e, posteriormente, de autorrealização[4]. Por conseguinte, esta evolução elevou suas necessidades a outros graus de demandas por meio do aprofundamento destas relações na sociedade em que vivemos, na qual a participação num grupo ou em diversos grupos torna-se comum a partir da identificação de interesses comuns, onde pessoas de raças, credos e distintas classes sociais se reúnem para a realização de um bem ou interesse comum.

Quando um grupo de pessoas com o interesse comum pela música se reúne, podemos dizer que podem formar distintos grupos descritos por sua formação, finalidade e devida constituição e serem classificadas em subcategorias por seu respectivo adjetivo, quando for o caso. No que diz respeito à banda, encontramos pelo menos 38 subcategorias que vão desde banda de música à banda de rock, entre outras.

Em setembro de 2006, Fernando Binder conclui seu trabalho “Bandas Militares no Brasil: difusão e organização, entre: 1808-1889”, no qual define a banda de música como:

(...) Genericamente, banda é um conjunto musical formado por instrumentos de sopro e percussão. Sua instrumentação moderna começou a se estruturar na França quando Jean Baptiste Lully (1632-1687), no reinado de Luís XIV (1638-1715), substituiu por oboés e fagotes as antigas charamelas[5] e dulcianas[6]. Nesta época, as bandas de música atuavam basicamente nas cortes e nas igrejas da elite aristocrata, sem a conotação de conjunto popular que possui hoje (BINDER, Fernando, 2006, p. 8).

Já Vicente Salles foi um dos poucos musicólogos brasileiros que estudou com mais interesse a história das bandas brasileiras. Para ele, as formações “modernas” começaram a ser introduzidas no Brasil a partir de 1808, com a transferência da corte portuguesa ao Rio de Janeiro:

(...) O grande impulso dado à formação das bandas militares no Brasil começou como vimos, com a transmigração da corte portuguesa para o Rio de Janeiro. Mas a banda da Brigada Real trazida por D. João VI, em 1808, ainda era arcaica. Em Portugal, a banda de música começou a se modernizar somente em 1814, quando seus soldados regressaram da guerra peninsular, trazendo brilhantes bandas de música, onde predominavam executantes contratados, principalmente espanhóis e alemães [...]. A música militar claramente aparecida em bases orgânicas, na metrópole, em 1814, forneceria o modelo para a formação das bandas civis (SALLES, 1985, p. 20).

Apesar de verificarmos que as bandas portuguesas não eram tão diferentes das que dispúnhamos aqui no Brasil, no que diz respeito à sua estrutura, como vemos na planilha abaixo (BINDER, Fernando, 2006, p. 32).

Quadro 1: Formações instrumentais de bandas luso-brasileiras e portuguesas entre 1793-1825.

Bandas Portuguesas

Bandas no Brasil

 

1793

1802

1810

ca.1826

ca.1800

1809

1817

1825

Flautim

 

1 (flauta?)

1

4

1

2

1 a 2

2

Flauta

2

Requinta

2

1

1

1

Clarinete

2 (oboés?)

3

2

4

2

3 a 5

2

Trompa

2

2

2

2

2

2

2

2

Clarim

1

1

2

2

1 a 2

2

Fagote

1

1

2

2*

1*

1

1 a 2

1

Trombone

1 a 2

1

Serpente

1

1

Percussão

2

3

1

1

1

2

1

TOTAL

9

11

16

13

5

8

11 a 16

12

Em ambas as partituras, Baxo e Bassi referem-se a um baixo instrumental genérico, considerado nesta tabela como fagote.

Histórico - Bandas de Música - Política pública no Brasil

Ao nível nacional à política pública direcionada para bandas de música antecede a criação da FUNARTE (1976) e do próprio Ministério da Cultura (1985), sendo idealizado pelo Instituto Nacional de Música (1976) com o título: Projeto Bandas, posteriormente vinculado à Fundação Nacional de Artes – FUNARTE, funcionando até 1990, sob a coordenação da mesma. Entre 1990 e 1996 foi desativado com a sua extinção, sendo retomado posteriormente quando do retorno da FUNARTE. O Programa de Apoio às Bandas de Música foi retomado pela Fundação Nacional de Artes - FUNARTE, em 1996, e posteriormente assumido pelo Ministério da Cultura ao ser gerido pela Secretaria da Música e Artes Cênicas que se encarregou de implantá-lo em parceria com as Secretarias Estaduais da Cultura, as prefeituras e com o suporte técnico da FUNARTE. Em 2007, na gestão do ministro Gil, esta Secretaria foi extinta, retornando a gestão do Projeto Bandas à FUNARTE, sendo gerida pela Coordenação Nacional do Projeto Bandas, vinculada à Diretoria do Centro da Música.

Atualmente, o Projeto Bandas tem mais de duas mil bandas de música cadastradas, em metade dos municípios brasileiros[7]. Desde sua criação, foram distribuídos cerca de 40 mil instrumentos de sopro (Madeira e Metais), atendendo a mais de 1769 cidades em todos os Estados brasileiros[8]. Além de criar e reaparelhar as bandas, foram ministrados cursos de reciclagem para mestres e de reparo e manutenção de instrumentos, criando condições para o contínuo aperfeiçoamento desses grupos musicais.

Como atuam  

Para alcançar seus objetivos, o Projeto Bandas atua em diversas frentes:

  • Organiza cadastramento das bandas, mediante informações por elas enviadas;
     
  • Realiza doação de instrumentos musicais de sopro;
     
  • Promove o aperfeiçoamento prático e teórico de mestres e instrumentistas, por meio de cursos realizados em todo o país; realiza oficinas de iniciação à manutenção e reparo de instrumentos de sopro, nos diversos Painéis Funarte de Bandas de Música;
     
  • Edita e distribui partituras de músicas de compositores brasileiros, especialmente arranjadas para bandas, bem como manuais.

Essas ações são desenvolvidas pela Funarte em parceria com instituições culturais estaduais, municipais e privadas de todo o país.

Painel Funarte de Bandas de Música

Sendo o principal braço de formação, o aperfeiçoamento profissional teórico e prático de mestres e músicos é um dos objetivos do Projeto Bandas e se dá por meio do Painel Funarte de Bandas de Música.

Por meio dos Painéis Funarte de Bandas de Música são realizados diversos cursos de curta duração ao longo do ano, em diferentes pontos do Brasil, normalmente divididos em pelo menos um por cada macrorregião do país,[9] conforme disponibilidade de recursos e viabilidade de logística.

Todos os participantes dos Painéis já realizados estão cadastrados e são permanentemente informados sobre novos cursos e atividades, facilitando, assim, o conhecimento não somente dos painéis, mas também de editais e de outras informações pertinentes ao projeto.

Histórico - Bandas de Música - Política pública no Ceará

O Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura - SECULT, antes de implantar o Projeto Bandas no Ceará, elaborou uma pesquisa junto às Bandas de Música, instrumentistas, regentes e especialistas por meio da apreciação e análise dos relatórios e cadastros obtidos. Após definir diagnóstico, montou estratégias de ações, lançando em 22 de Dezembro de 1996 a criação do Plano Estadual de Música, que envolveu ações para a área da música nos seguintes eixos:

  • Gestão;
  • Formação;
  • Produção;
  • Difusão.

Este Plano viabilizou vários Projetos, tanto na capital como no interior nas oito macrorregiões que compõem o Estado do Ceará.

Por nove anos, de 1996 a 2005, estas ações foram desenvolvidas com muitos resultados práticos, pois a problemática levantada no diagnóstico realizado por meio da pesquisa feita junto às bandas de música amenizou tais questões, haja vista as ações serem feitas de modo coordenado e acompanhado com objetividade, tendo como resultado reversão nos quadros dos indicadores do projeto bandas.

O Plano Estadual de Música envolvia ações de: gestão, formação, produção e difusão na área da música nos seguintes eixos:

  • Gestão: Elaboração e Acompanhamento de Projetos;
  • Formação: Capacitação nas Mostras de Bandas de Música;
  • Produção: Banco de Partituras;
  • Difusão: Informativo A Banda, Pra Ver a Banda...

Os principais problemas levantados na pesquisa e amenizados pelo projeto foram:

  • As bandas de música estavam com instrumentos musicais velhos e muitos desses nem com reparos teriam mais condições de uso novamente, além disso, não existia orientação nem acompanhamento de Projetos relacionados às Bandas de Música;
  • Não existiam conhecimentos mínimos necessários à manutenção dos instrumentos, tampouco eram oferecidos cursos de manutenção, permitindo assim o prolongamento da vida útil dos mesmos;
  • Não existiam cursos de reciclagem e capacitação nas áreas de regência e técnica instrumental para os diversos naipes[10] que compõem uma Banda de Música;
  • Não existia acesso a repertórios para execução em apresentações;
  • Não existia oportunidade de apresentações em locais dignos e com estrutura mínima necessária para apresentação onde a principal atração fosse a Banda de Música;
  • Não sabíamos quantas bandas tínhamos e onde estavam, tampouco quem as coordenava, principalmente quem eram seus regentes;
  • Não existia relação e sinergia entre as bandas de música.
  •  Com os resultados alcançados pelo projeto Bandas no Ceará, observamos que a comunidade envolvida (Fernandes, 2007 p. 203) passa a perceber a compreensão do significado das políticas públicas e que estas podem corresponder a um duplo esforço:
  •  De um lado, entender a dimensão técnico-administrativa que a compõe, buscando verificar a eficiência e o resultado prático para a sociedade das políticas públicas;
  •  E, de outro lado, reconhecer que toda política pública é uma forma de intervenção nas relações sociais em que o processo decisório condiciona e é condicionado por interesses e expectativas sociais.
  • A partir dos resultados alcançados por este projeto, tornou-se política pública por meio da criação do Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará - SEBAMCE.

POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS E APLICAÇÕES

O conceito de políticas públicas vem sendo bastante empregado para definir as ações governamentais, principalmente de cunho social. No entanto, será que quando falamos em políticas públicas, empregamo-las de forma correta?

Para melhor entendermos o significado do conceito de políticas públicas, analisemos do ponto de vista acadêmico. Trata-se de um assunto das Ciências Humanas e Sociais, mais precisamente das Ciências Políticas, porém, a Economia, a Geografia, a Arquitetura, a Antropologia e a Sociologia também se interessam pelo assunto.

Souza (2006) afirma que as políticas públicas estão, em sua essência, ligadas fortemente ao Estado, que determina como os recursos serão utilizados para o benefício de seus cidadãos, de como o dinheiro, sob a forma de impostos, deve ser acumulado e investido e, no final desse processo, fazer a prestação das contas públicas.

Fernandes (2007) caracteriza as políticas públicas em suas duas dimensões, que são complementares:

  • A primeira, como a atividade técnico-administrativa mais voltada para a parte prática;
     
  • A segunda, direcionada para o processo decisório, político propriamente dito.

                Nesse trabalho, tanto a visão de Souza como a de Fernandes nos ajudam na leitura, na medida em que as duas visões concordam que o debate político está presente, principalmente em Souza, pois, segundo a autora, as políticas públicas são em sua essência ligadas fortemente ao Estado.

O desenvolvimento local: pensar o território de forma holística

Desenvolvimento local pode ser compreendido como um novo paradigma no desenvolvimento regional atual, como afirma Bandeira (2004). Cada economia regional deve ser encarada como o resultado de suas atividades culturais e pelo contexto local, sujeitas às mudanças condicionadas pela história da região e por outros aspectos sociais e institucionais específicos. Em outras palavras, esse novo paradigma defende que, diferentemente de desenvolver algum setor especifico da economia, deve concentrar suas ações num desenvolvimento voltado para dentro, aproveitando as potencialidades internas, construídas ao longo dos anos, incluindo aí o capital social encontrado nas organizações locais, tais como associações, sindicatos e cooperativas. Esse capital social precisa ser constantemente apreendido e aperfeiçoado pela população local, cabendo ao Estado o dever de ajudar através das universidades, por exemplo. Ao mesmo tempo, essas organizações precisam enxergar o Estado como um parceiro no seu fortalecimento.

Envolver a comunidade em práticas democrático-participativos; viabilizar projetos locais na cidade e no campo de cooperativismo, capazes de gerar um “motor” de desenvolvimento local, aumentando a renda da população e a arrecadação de tributos para o município de forma sustentável e atingindo minimamente o meio ambiente é, sem dúvida, o objetivo.

Matos e Miranda (2002) chamam a atenção para o fato de que a sustentabilidade deve ser encarada como fator primeiro. Antes de qualquer interesse econômico, seu princípio deve ser respeitado por uma ética construída a partir de uma solidariedade social. Além dessa base ética, a sustentabilidade se apóia num tripé que consiste em: distribuição de renda; crescimento econômico e preservação ambiental.

Na prática, a aplicação desse tripé para um desenvolvimento sustentável nos obriga a desdobrar nossa visão em vários aspectos, sendo eles: ambiental, econômico, tecnológico, social, cultural e político-institucional (MIRANDA e MATOS, 2002). Porém, separar esses aspectos é algo complexo, pois suas fronteiras são muito próximas, integrando-se umas nas outras. Isso obriga o gestor a desenvolver uma visão integrada e holística do território.

Alcançado esse modelo de políticas públicas integradas, o desenvolvimento de uma região, que geralmente é aplicada a uma localidade definida, em território delimitado por determinantes culturais, sociais, biogeográficas e políticas, firmando parcerias com os três níveis de governo e, também, com a iniciativa privada, terá grandes chances de melhorar a qualidade de vida da população. Objetivo primeiro de qualquer política pública.

A partir desse olhar é que foi pensada a Politica Pública voltada para bandas de música no Ceará, através da qual buscamos ver a problemática como um todo. Assim, o diagnóstico fica mais claro de ser percebido e aplicado.

Desse modo, sempre foi buscado, desde o inicio, trabalhar sempre os 04 (quatro) eixos de forma integrada:  Gestão, Formação, Produção e Difusão. Com o olhar voltado para o fortalecimento e desenvolvimento sustentável com vistas a contribuir para a qualidade de vida deste segmento e, por conseguinte, de toda a população, sempre respeitando as diferenças regionais, níveis de conhecimento e saberes, com vistas ao nivelamento de soluções, a fim de que se perceba o desenvolvimento sistemático a partir da aplicação de Políticas Públicas específicas e estratégicas.

METODOLOGIA

"É o objeto que é determinar o método apropriado para o seu estudo, e não desprovida de considerações éticas de base racional ou científica espúrias, obcecado com o prestígio das ciências da natureza." M. Beltrán, 1986 citado por Young, Trabalho e Identidade, escrito por Stephen Agulló Tomás.

Metodologia (meta μετη grego "além", οδως Odos "estrada" e λογος logos "estudo"), refere-se ao conjunto de procedimentos baseados em princípios lógicos usados ?para alcançar um conjunto de objetivos que regem a pesquisa científica ou uma declaração doutrinal. O termo método é utilizado para o processo usado para atingir os objetivos e metodologia do projeto é o estudo do método.

TIPO DE ESTUDO

Nesse estudo, vamos adotar tanto o processo quantitativo como o qualitativo. Para fins de conceituação, entendemos que investigação se define como um conjunto de processos sistemáticos e empíricos que se aplicam ao estudo de um fenômeno.

O processo quantitativo é sequencial e probatório, onde cada etapa precede a seguinte e não podemos fugir desse contexto, pois a ordem é rigorosa, embora naturalmente possamos redefinir alguma fase.

Já o processo qualitativo é em espiral ou circular, onde as etapas interagem entre si e não seguem uma sequência rigorosa.

  • QUANTITATIVA

Esse enfoque busca coleta de dados para provar hipóteses com base na medição numérica e análises estatísticas, para que se possam estabelecer padrões de comportamento e provar teorias.

Dados confiáveis a partir de informações numéricas com um desenho de investigação estruturado e predeterminado precedem a coleta de dados, envolvendo muitos sujeitos na investigação, porque se pretende generalizar os resultados do estudo, apresentando seus resultados de modo objetivo e impessoal, nada emotivo.

A investigação quantitativa nos oferece a possibilidade de generalizar resultados de modo mais amplo, outorga-nos o controle sobre os fenômenos, facilitando a comparação entre estudos similares.

  • QUALITATIVA

Esse enfoque utiliza coleta de dados sem medição numérica para descobrir e refinar suas perguntas de investigação no processo de interpretação. Utiliza como investigação elementos da natureza fenomenológica, interpretativa ou etnográfica, inclusive com várias concepções e visões, técnicas e estudos não quantitativos (Grinnell, 1997).

Assim, a investigação qualitativa se fundamenta num processo indutivo (explorar e descrever e logo gerar perspectivas teóricas), onde cada entrevistado deve ser considerado único, mas universal, e, ao final desse momento, deve-se analisar e extrair observações contextualizadas.

Posteriormente, continua seu processo investigativo com outra pessoa, analisando os resultados da nova informação, devendo sempre revisar e comparar as respostas na busca de resultados e conclusões. Desse modo, torna-se mais fácil se perceber o que se busca e, assim, procede-se durante todo o processo, até se chegar a uma conclusão mais ampla.

Nessa linha de investigação não se efetua medição numérica, pois a análise não é estatística. A coleta de dados consiste em obter as perspectivas e pontos de vista dos participantes (suas emoções, experiências, significados e outros aspectos subjetivos).

O pesquisador deve ter sensibilidade para perceber detalhes que vão além das respostas escritas e/ou faladas, mas observar e registrar a comunicação não verbal por meio dos gestos e atitudes que resultarão numa análise que será convertida em tema de debate, conduzindo a indagações de uma maneira subjetiva dos processos e reconhecendo tendências pessoais (Todd, Nerlich e McKeown, 2004). A partir das partes, busca-se compreender o todo em sua plenitude: visão holística.

Enfim, na investigação qualitativa, a reflexão é o ponto que vincula o investigador ao participante (Mertens, 2005) na busca por uma visão interna, mas mantendo-se uma perspectiva analítica ou uma distância, sem alterar ou impor seu ponto de vista como observador externo (Neuman, 1994).

  • DE CORTE TRANSVERSAL

Segundo Hernández Sampieri, (2006, p.208): “Os dados devem ser coletados num único momento e tempo”. Seu propósito é descrever variáveis e analisar sua incidência e interrelação em um momento dado.

  • DESCRITIVA

Considerando que esse estudo se propõe a coletar dados sobre as variáveis selecionadas para submetê-las a análises correspondentes e, dessa maneira, possibilitar uma descrição detalhada da implementação do Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará – SEBAM-CE.

  • EXPLICATIVA

Segundo Hernández Sampieri (2006, p.108): “Os estudos explicativos vão além da descrição e dos conceitos, fenômenos ou do estabelecimento das relações entre conceitos. Seu interesse se centra em explicar o porquê do fenômeno e em que condições se manifesta, ou o relacionamento das variáveis”.

  • NÃO EXPERIMENTAL

Porque a investigação não se manipula deliberadamente às variáveis, os fenômenos são observados em seu contexto natural para, depois, analisá-los.

Área de estudo

Este estudo foi desenvolvido no Estado do Ceará, que está localizado na região Nordeste do Brasil, limitando-se a Norte com o Oceano Atlântico; ao Sul com o Estado de Pernambuco; a Leste com os Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba e a Oeste com o Estado do Piauí.

O Ceará possui uma área de 148.825,6 km², o que equivale a 9,57% da área pertencente à região Nordeste e 1,74% da área do Brasil. Desta forma, o Estado do Ceará é o quarto maior da região Nordeste e o 17º entre os Estados brasileiros em termos de extensão.

No que tange à Divisão Político-Administrativa, o Estado é composto atualmente por 184 municípios. A regionalização atual dos municípios adotada pela Secretaria do Planejamento e Gestão (SEPLAG) é composta por 8 macrorregiões de planejamento, 02 Regiões Metropolitanas e 18 microrregiões administrativas. Já a regionalização adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) compreende 7 mesorregiões e 33 microrregiões geográficas, regiões estas formadas de acordo com os aspectos físicos, geográficos e de estrutura produtiva. Ressalta-se que outras regionalizações são adotadas pelas diversas Secretarias do Governo do Estado como, por exemplo, as Secretarias da Saúde, Educação, Cultura e Fazenda.

As diversas regionalizações citadas para agrupar os 184 municípios do Estado do Ceará podem ser visualizadas no mapa temático abaixo elaborado.

O Estado do Ceará dispõe de 202 bandas de música que se vinculam a Prefeituras Municipais, Organizações Não-Governamentais e do próprio Governo do Estado presentes em todos os 184 municípios do Ceará. 

Universo

A presente investigação foi realizada na Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, pois o Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará – SEBAMCE vincula-se à Coordenadoria de Ação Cultural – CODAC, nas Prefeituras Municipais, na sede das Bandas de Música Estaduais, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, bem como nas sedes de Organizações Não-Governamentais, entrevistando gestores municipais de cultura, educadores musicais, regentes e instrumentistas envolvidos diretamente no processo da metodologia pedagógica musical das 202 bandas de música do Estado do Ceará, para as quais aplicamos o questionário numa mostra.

Estimativa do universo total

Este item discorre sobre o número estimado de pessoas que trabalham e/ou interagem com o Sistema Estadual de Bandas de Música do Ceará – SEBAM-CE, assim distribuídos:

  • 184 Gestores Municipais de Cultura (Dirigentes de cultura), considerando que o Estado do Ceará dispõe de 184 municípios, em todo seu território;
  • Cerca de: 202 Educadores musicais (Professores de música), considerando que o Estado do Ceará dispõe de 202 Bandas de Música, distribuídas nos 184 municípios, onde cada unidade de Banda tem um Educador Musical;
  • Cerca de: 100 Regentes (Maestros de Bandas de Música) que atuam nos 184 municípios do Estado, considerando que, em muitos casos, esses regentes conduzem mais de uma banda de música;
  • Cerca de: 6000 Instrumentistas (Média de 30 componentes por Banda de Música), esse número é estimado, levando-se em conta que em média as bandas de música do Estado do Ceará dispõem de 30 instrumentistas.

Amostra para estudo quantitativo

É uma parte representativa do todo para ser investigada, desde que contenham de maneira ampla todos os elementos. Assim, para esta investigação propusemos a criação de um grupo menor, que possui as características do universo que estamos estudando, com o intuito de generalizar as descobertas a toda população.

Para esse estudo se recorreu à amostra probabilística, pois pretendemos esclarecer se o SEBAM-CE realmente fortalece e desenvolve as bandas de música de todas as regiões do Ceará.

Trabalhar com uma amostra probabilística significa dizer que cada um dos integrantes do universo da investigação tem a mesma possibilidade de integrar a amostra. De acordo com a conformação e tamanho do universo, podem-se utilizar diferentes técnicas de extração da amostra.

Para nossa pesquisa, a amostragem estratificada proporcional se enquadra melhor, considerando que trabalhamos com distintos atores no nosso universo de pesquisa que dispõem de quantitativos distintos, mas que se relacionam sobre o nosso tema.

Para tanto, vamos convidar os agentes que atuam diretamente nesse universo, que são os Gestores Municipais de Cultura, Educadores Musicais, Regentes e Instrumentistas para que possam nos responder, de acordo com suas impressões como o SEBAM-CE fortalece e desenvolve as bandas de música nas perspectivas: Gestão, Formação, Produção e Difusão:

  • 20 Gestores (Dirigentes de cultura) por representar cerca de 10% do seu universo total;

  • 20 Educadores musicais (Professores de música) também por representar cerca de 10% do seu universo total;

  • 10 Regentes (Maestro da Banda de música) número estimado que representa cerca de 10% do seu universo total;

  • 50 Instrumentistas (Componentes das Bandas de música) por representar cerca de 5% do seu universo total;

Unidade de análise

Ao fragmentarmos a estrutura de nossa pesquisa, sua menor parte é denominada de unidade, e nessa investigação específica dispomos de 04 unidades, sendo os Gestores Municipais de Cultura, Educadores Musicais, Regentes e os Instrumentistas, assim distribuídos:

  • 20 Gestores (Dirigentes de cultura) 
  • 20 Educadores musicais (Professores de música)
  • 10 Regentes
  • 50 Instrumentistas

Unidade de amostra:

Considerando que essa investigação trata de um sistema em nível de Estado que trabalha com bandas de música, ao fragmentarmos esse sistema em sua menor parte vamos dispor de uma banda de música.

  • Uma banda de música

Estratégia de coleta de dados

  • Questionário: junto aos gestores municipais de cultura, educadores musicais, regentes e instrumentistas integrantes do Sistema Estadual Bandas de Música do Ceará – SEBAMCE;
  • Entrevista: Colóquio com os gestores municipais de cultura, educadores musicais, regentes e instrumentistas integrantes do Sistema Estadual Bandas de Música do Ceará – SEBAMCE, para obtenção de esclarecimento, avaliação e emissão de opinião.
  • Análise bibliográfica: De jornais, revistas e mídias eletrônicas: blogs, artigos, resenhas, trabalhos científicos na internet; matérias sobre o trabalho realizado pelo SEBAM-CE;
  • Observação de ensaio e classe prática e teórica: Será realizada por meio da visita ao ensaio de uma banda de música, onde serão observados diversos aspectos (Número de componentes, diversidade instrumental, repertório, nível de execução, nível do regente, organização do ensaio, etc.), bem como a observação da aula teórica, analisando material didático, metodologia, conteúdo, estrutura física, número de alunos, nível do professor, etc.

Instrumento de coleta de dados

  • Questionário estruturado: Sequência de perguntas ou série de questões feitas para servir de guia a uma investigação ou entrevista, sendo estruturado porque dispõe de opções de respostas pré-formuladas (Fechadas) para o entrevistado. Enfim, dispõe de uma sequência lógica de perguntas que não podem ser modificadas, nem conter inserções pelo entrevistador. As perguntas são feitas exatamente como estão escritas no formulário de coleta de dados (Samara e Barros, 1997).

  • Guia de análise de documentação: Instrumento que permite uma análise da bibliografia, visando agrupar textos impressos por meio de critérios sistemáticos diversos (cronológico, autoral, temático, geográfico, histórico, etc.), com vista a facilitar o acesso e a compreensão destes.

  • Guia de observação: Instrumento que dará suporte, permitindo uma melhor análise da visita in loco, a ser observada nos ensaios, aulas práticas e teóricas, bem como no acervo de repertório das bandas de música.

Procedimento:

  • Preparar lista de perguntas para compor questionário para aplicação de uma prova piloto a partir desse conteúdo;

  • Solicitar permissão para aplicação dos questionários junto aos possíveis entrevistados, as visitas in loco, observações e coleta de dados documentais;

  • A permissão de entrevista será formulada aos Gestores Municipais de Cultura, considerando que as bandas de música vinculam-se a suas gestões, bem como aos maestros das bandas de música cujos instrumentistas estão vinculados, ação a ser repetida em cada banda de música;

  • Analisar e interpretar os resultados obtidos.

Prova Piloto:

Lista de perguntas formuladas a partir das variáveis levantadas e aplicadas numa pequena mostra de entrevistados por meio de questionário para uma pequena mostra estratificada do universo de pesquisa: 01 gestor, 01 educador musical, 01 regente e 02 instrumentistas, que não farão parte da totalização da pesquisa, visando uma análise sistêmica da compreensão desses entrevistados e do conteúdo das perguntas formuladas com vista a realização de algum ajuste, caso seja necessário, para que possamos dispor de um questionário testado, revisado e com um conteúdo claro, curto e objetivo.

PLANO DE ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO

A partir dos depoimentos colhidos por meio do questionário estruturado, levantamento bibliográfico, artigos jornalísticos e visitas in loco sobre o Sistema Estadual Bandas de Música do Ceará – SEBAMCE será verificada a seguinte hipótese:

HIPÓTESE

A criação do Sistema Estadual Bandas de Música do Ceará - SEBAMCE contribuiu para o fortalecimento e desenvolvimento das bandas de música no Ceará.

Segundo (FREITAS, 2000), para a geração de ideias, a verificação de hipóteses e a elaboração de conclusões, o uso das técnicas quantitativas, tanto para coleta como para análise de dados, permitem, quando combinadas, estabelecer conclusões mais significativas a partir dos dados coletados, conclusões estas que balizam condutas e formas de atuação em diferentes contextos.  

Conclusão é a síntese concisa das confirmações obtidas nos resultados ou na discussão, concernentes à proposição ou objetivo e à metodologia. Devemos concluir somente sobre o que foi comprovado e não com base em suposições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ASSOCIATION, American School Band Directors. (2009) The New Asbada curriculum guide: A reference book for wind band directors. New York: Warner Bros. Publications,

  • CEARÁ (1998) Governo do Estado do. Diagnóstico e Macrozoneamento Ambiental do Estado do Ceará: Diagnóstico Geoambiental. V.1. Fortaleza: Convênio FCPC/Semace,

  • FREIRE (2002) Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra.

  • IPLANCE (1995. 64 p.) Atlas do Ceará. Fortaleza, McELHERAN (2009) Brock. Conducting Technique: For beginners and professionals. EUA.

 


[1] SEBAM/CE – Lei n.º 13.605 de 28 de Junho de 2005.

[2]Funcionário público estadual, músico, maestro e arranjador.

[3]Bertold Brecht (10 de Fevereiro de 1898 – 14 de Agosto de 1956) foi um influente dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.

[4]Abraham Maslow – Teoria da hierarquia das necessidades.

[5]Charamela: A charamela é um instrumento musical de sopro construído em madeira, considerado o antecessor do clarinete.

[6]Dulcianas: É provável que tenha sido uma pequena escala doce, um diapasão miniatura.

[7]O Brasil dispõe de 5565 municípios divididos em cinco regiões e um Distrito Federal (Brasília).

[8]O Brasil dispõe de 26 Estados e 01 Distrito Federal (Brasília).

[9O Brasil dispõe de cinco macrorregiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

[10] Naipes: São as cessões que se dividem à banda de música (Madeiras, Metais e Percussão) que por sua vez se subdivide em: Madeiras (Flauta, Flautim, Oboé, Fagote, Clarinete Alto, Clarinete, Clarone, Saxofone), Metais (Saxhorn, Trompete, Trombone, Euphonium, Tuba) e Percussão (Caixa, Bombo, Prato, Bateria) dentre outros instrumentos, sendo estes os mais utilizados na formação básica de banda de música.


Publicado por: Eduardo Fideles

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